Balanços trimestrais atingem expectativas, mas mercado doméstico pode melhorar

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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A temporada de balanços financeiros referentes ao primeiro trimestre de 2013 apresentou alguma melhora em relação ao visto no quarto trimestre do ano passado, mas analistas afirmam que os números evidenciaram o ritmo moroso apresentado pela economia durante os primeiros três meses do ano.

“Em linhas gerais, podemos falar que os resultados mostraram melhora em relação ao quarto trimestre do ano passado, mas mostraram certa morosidade da atividade. Isso já era esperado, não foi nada muito fora do que o mercado já estava olhando”, afirma o analista Felipe Silveira, da corretora Coinvalores. Tal visão é compartilhada por Ricardo Correa, diretor da Ativa Corretora. “No ano passado, a expectativa era de uma retomada da economia doméstica mais forte. Os números ficaram muito aquém do previsto no fim do ano passado, mas em linha com o que o mercado vinha revisando”.

Fora isso, fatores setoriais acabaram por influenciar alguns segmentos para o bem e para o mal mas, na visão de Siqueira, “deixando a impressão de que a melhora mais forte virá ao longo do ano”.

Embora a visão geral tenha sinalizado um comportamento favorável, a conjuntura acabou por influenciar algumas áreas. Na visão de Correa, a área de educação foi um destaque, uma vez que o primeiro trimestre acaba sendo o período mais intenso para os dados devido ao início do ano letivo. Por conta disso, o analista recomenda o acompanhamento dos indicadores de evasão escolar das instituições, que devem continuar em queda durante o segundo trimestre – e o FIES (Programa de Financiamento Estudantil) do governo federal tem uma parte importante nessa retenção.

Já a analista Karina Freitas, da corretora Concórdia, pontua que as blue chips da bolsa, em especial Petrobras e Vale, foram uma surpresa positiva, “e a sinalização é de tendência de continuidade de melhora, comparativamente ao ano anterior”. As companhias que atuam com consumo também foram alvo de comentário. “Setores ligados a frigoríficos, como BRF Foods, apresentaram ganho de margem após um período difícil a partir de meados do ano passado. Os setores mais ligados ao consumo recuperaram margens, venderam bem ou aqueles que não atingiram volume melhoraram a receita por conta dos reajustes de preços”.

Para Felipe Silveira, papel e celulose também apresentou resultados favoráveis. “Embora a demanda não tenha sido tão forte como se gostaria para o começo de ano, vemos perspectiva de crescimento para o papel ondulado. Mas mesmo assim, o resultado é bom principalmente pelo fator cambio, porque as empresas mais voltadas para celulose são exportadoras, e a realização é mais fácil. Mesmo empresas de papelão voltadas para o mercado interno se beneficiaram desse cenário por conta da dificuldade de importação”. Comportamento semelhante foi visto entre as empresas de material de construção.

 

Setores que não foram tão bem

 

Assim como várias companhias conseguiram melhorar seus resultados durante o primeiro trimestre, outras não obtiveram o mesmo desempenho. Na visão de Ricardo Correa, a área de commodities afetou os investidores com resultados abaixo das expectativas, assim como aconteceu com construção civil. “O setor foi um ponto fora da curva, com alavancagem pesada – a exceção foi a Cyrela, que está um passo mais avançada no processo de recuperação e opera com margens saudáveis e alavancagem sustentável, enquanto outras empresas continuam com alavancagem acima de 100% da receita”.

Já o analista da Coinvalores pontua que, como o segmento de construção civil apresenta um ciclo longo de investimento, “ainda vemos o impacto do ciclo de ajustes em algumas empresas, o que acaba puxando a média para baixo. Algumas companhias são sólidas e entregaram dados bons, mas na média o setor ainda apresenta sinais mais negativos que positivos”.

Para Karina, da Concórdia Corretora, o segmento de siderurgia também apresentou números abaixo do esperado, junto com construção civil. “Mesmo com o aumento do imposto de importação, elas tiveram dificuldade com ajuste de preço e com parte dos custos, levando o desempenho a ficar abaixo do esperado”. Segundo Felipe Silveira, a área de concessões rodoviárias foi outra que registrou números menos favoráveis. “O mês de janeiro foi muito forte, mas em fevereiro o tráfego veio bem abaixo da expectativa, assim como aconteceu com a recuperação no mês de março. Na média, as empresas divulgaram resultados com aumento de receita mais voltado para os reajustes feitos pela inflação do que pelo crescimento efetivo do tráfego”.

Diante desse quadro, o que podemos esperar para o segundo trimestre? Em linhas gerais, a analista da Concórdia Corretora diz que os números de alguns setores devem apresentar uma recuperação gradual, como ocorre com bens de capital. “A gente ainda não enxerga que será um período de significativa recuperação, mas vemos que empresas que não foram tão bem vão continuar sofrendo com os efeitos”, diz Karina. “A recuperação gradual da economia tem muita pressão por parte de custos, e não tem demanda reaquecida nem no Brasil e nem no mercado externo. E a sazonalidade vai continuar, e setores que vimos sofrer ainda não vão entregar dados mais robustos no segundo trimestre”.

Segundo Ricardo Correa, o segundo trimestre deve ser de melhora nos resultados voltados para o mercado doméstico, como no setor bancário, favorecido pela queda da inadimplência, e com o setor de siderurgia, por conta da melhora das vendas no mercado doméstico em relação ao ano passado.

 

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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