Comissão de Valores Mobiliários vai investigar mais a JBS

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Há informações de que o grupo J&F operou no mercado financeiro para lucrar com os efeitos da delação premiada

Da Agência Brasil

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda responsável pela regulação e fiscalização do mercado de capitais, abriu nesta sexta(19) novos processos contra a JBS. As investigações se somam a outras seis que apuram irregularidades na empresa no órgão. Três delas foram abertas em apenas uma semana, nos dias 12, 17 e 18 deste mês.

Os processos instauradosinvestigam indícios de eventual prática do crime de insider trading, detectados em operações realizadas no mercado de dólar futuro e em negócios com ações de emissão da JBS realizados no mercado à vista, bem como analisa a atuação da companhia no mercado de dólar futuro, informou a CVM. Insider trading é a negociação de valores mobiliários baseada no conhecimento de informações relevantes que ainda não são de conhecimento público, com o objetivo de auferir lucro ou vantagem no mercado.

Há informações de que o grupo J&F – que controla a JBS – operou no mercado financeiro para lucrar com os efeitos da delação premiada de seus controladores, que veio à tona ontem (18) e levou à forte queda na Bolsa de Valores e alta de 7,9% do dólar.

Em outros dois processos, também movidos nesta sexta-feira, é investigada a atuação do Banco Original, controlado pela J&F Participações, no mercado de derivativos; e analisadas negociações do acionista controlador da JBS, a FB Participações S.A., com ações de emissão da companhia.

A JBS é alvo da Operação Lava Jato e de outras operações deflagradas pela Polícia Federal para investigar possíveis desvios, pagamentos de propina e fraudes na liberação de recursos públicos.

Monitoramento

A Assessoria de Análise Econômica e Gestão de Riscos da CVM tem monitorado os principais indicadores de mercado e possíveis impactos sobre as atividades das companhias fiscalizadas, incluindo exposição da indústria de fundos a ativos afetados pelas últimas movimentações de mercado.

JBS

Em nota divulgada no começo da tarde, a JBS informou que gerencia de maneira minuciosa e diária sua exposição cambial e de commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado exterior).

“Tendo em vista a natureza de suas operações, a JBS tem como politica e prática a utilização de instrumentos de proteção financeira visando, exclusivamente, minimizar os seus riscos cambiais e de commodities provenientes de sua dívida, recebíveis em dólar e de suas operações.”

Na nota, a empresa acrescenta que as movimentações no mercado de câmbio feitas nos últimos dias estão “alinhadas à sua política de gestão de riscos e proteção financeira”.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1.  
    é mais uma impoluta

     

    é mais uma impoluta comissão da nossa república, onde exatamente o objeto é o dinheiro, real e virtual, de hoje e do futuro, onde a palavra de ordem é especulação. mais um grupo de intocáveis que nos tranquiliza contra os crimes do colarinho branco. 

    “E, na primavera de 1916, Lênin escreve um livrinho chamado O imperialismo, fase superior do capitalismo”, no qual atualiza Marx, examinando o crescimento do monopólio e a dominação do capital financeiro; o desenvolvimento da exportação de capital para o estrangeiro, substituindo a exportação de produtos (…) Os grandes lucros, enquanto isso, tinham sido usados para seduzir a camada mais privilegiada do proletariado, e os socialistas haviam virado imperialistas também”

    Edmund Wilson, em Rumo à Estação Finlândia (1987, Cia.das Letras, tradução de Paulo Henriques Brito do original de 1940, “To the Finland Station’).

  2. Ótimo! Que se investigue também a Globo.

    Afinal, ela também era detentora da mesma informação, o tal ” conhecimento de informações relevantes que ainda não são de conhecimento público”, pois o jornalista “autor” da matéria bombástica concedeu entrevista, na qual diz que com semanas de antecedência tomou ciência dos fatos.

    Aliás, a empresa é notória produtora de “informações relevantes que ainda não são de conhecimento público” e que causam impacto na Bolsa e no câmbio.

    1. Anunciante

      e não se esquecendo que q a JBS é um dos maiores anunciantes/”parceiros” da Globo.

      Isso sem falar da “parceria”, via delação premiada, com a Odebrecht.

  3. Golpe na praça

    Ontem, acompanhando as noticias sobre a delaçao,  sem criterio nenhum de averiguaçao anotava os valores e  a soma ficou entre 400 e 500 milhoes !  UAAAU ( diria Ppaulo Francis).

    Como uma empresa consegue maquiar um valor tao alto como esse em seus balanço e mandar o relatorio ao CVM aonde há especialistas em detectar fraudes e maquiagens nesses relatorios ?

    As notas entregues  para Aécio em 4 lotes estavam marcadas e sairam do banco central nao da JBS, é obvio que o dinheiro nao era deles.

     Mesmo para eles que se dizem maiores do mundo esses valores doados e mais o que gastam em pulicidade estao a beira da irracionalidade .

    O delator fala em milhoes com uma desenvoltura desconcertante uma narrativa centrada em dinheiro vivo , como se quisesse demonstra lo .

    A ascençao meteorica da empresa e essa misteriosa  distribuiçao de dinheiro me despertam a desconfiança de que estao prestes a quebrar e estao usando tudo isso como uma cortina de fumaça para encobrir isso dos seus acionistas !

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