Economia instável vai influenciar balanços do primeiro trimestre

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Os indicadores antecedentes mostram que a economia brasileira não apresentou um comportamento muito consistente durante o primeiro trimestre – segundo o Banco Central, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica, considerado uma espécie de sinalizador do PIB – Produto Interno Bruto) de fevereiro recuou 0,52% em relação a janeiro, devido ao fraco desempenho do setor industrial e do varejo. E a tendência é que essa instabilidade se reflita nos balanços financeiros referentes aos primeiros três meses deste ano.

“Ainda não temos os dados do PIB, mas o que se pode perceber é que o primeiro trimestre ainda patinou um pouco, e ainda não foi um período de recuperação consistente”, comenta José Francisco Cataldo, estrategista para pessoas físicas das corretoras Bradesco e Ágora. “Apesar disso, o que a gente vislumbra é que as empresas com maior exposição ao mercado local devem ter uma performance boa”. Para o estrategista, várias empresas com exposição no mercado brasileiro tiveram altas expressivas nos últimos anos, em especial aquelas ligadas ao comércio e varejo, sem contar que o desemprego permanece em patamares baixos e o nível de renda do consumidor melhorou.

Contudo, deve-se lembrar que os primeiros três meses do ano sempre são períodos de menor consumo devido a grande incidência de encargos e obrigações que os consumidores precisam arcar, como IPTU, IPVA e as despesas com material escolar. E isso divide um pouco os analistas quando ao desempenho das empresas mais concentradas no segmento doméstico.

“A gente não conseguiu ver uma direção clara em relação ao geral das empresas”, afirma Marco Aurélio Barbosa, analista-chefe da corretora Coinvalores. “Acreditamos que um setor que, surpreendentemente, deve apresentar dados melhores seja o setor industrial. Para os setores de serviços, varejo e commodities, não conseguimos enxergar melhora no primeiro trimestre, não vemos a atividade refletindo”.

Para o ano, Cataldo, da Bradesco e Ágora Corretora, acredita que as empresas mais focadas no mercado local devem se destacar ante o segmento de commodities e outras que dependem do cenário internacional, onde existe uma volatilidade maior. “Também existem aquelas empresas que fizeram abertura de capital mais recentemente, tem bons fundamentos, mas que ainda tem espaço para serem precificadas”.

Em termos setoriais, a retomada industrial estimada por Barbosa deve ajudar a melhorar o dinamismo e a recuperação da atividade no ano como um todo, como efeito decorrente dos incentivos adotados a partir de 2012. Por outro lado, companhias como a Vale – grande dependente da economia chinesa – podem sentir o golpe da desaceleração. “Existe uma decepção aparente com relação ao crescimento chinês, e esse avanço na casa de 8% é um novo patamar, o mercado vai se acostumar. E a Vale tem bastante receita atrelada à economia chinesa. Pelos dados de produção e venda de minério de ferro, a empresa tem notado queda”. No caso da Petrobras, tudo indica que os dados devem ser melhores ante o quarto trimestre de 2012 por conta do recente reajuste de diesel. Quanto ao mercado de siderurgia, o cenário ainda mostra complicação devido ao excesso de oferta de aço e à luta para otimizar sua produção, em um quadro que deve se manter ao longo do ano.

O quadro deve ser melhor no segmento de bancos. Para o analista-chefe da Coinvalores, “na parte de operações bancárias, devemos ver a continuidade do efeito dos juros menores repassados a partir do ano passado”, em algo semelhante ao visto nos dados trimestrais do Bradesco (lucro líquido ajustado de R$ 2,943 bilhões, com alta de 3,4% sobre o ano anterior).

No caso do setor de construção, acredita-se que os dados devem ser semelhantes aos do primeiro trimestre do ano passado no tocante a lançamentos, ou seja, um patamar abaixo do visto em 2011. “A fase de ajuste de maior parte das empresas deve ter acabado, e vamos ter um impacto menor sobre os números”.

Entre os outros setores avaliados, a área de concessão de rodovias deve apresentar dados melhores, em que pese que o movimento das rodovias ainda não tenha sido grande por conta da dinâmica macro que se mostrou abaixo das expectativas.  E essa melhora pode impactar o segmento de autopeças que, apesar da base comparativa fraca (2012 foi um ano difícil para o setor), deve apresentar um desempenho melhor não só nos primeiros três meses do ano como em 2013 como um todo.

Na visão de Barbosa, o setor de papel e celulose deve ser o destaque do período devido a parte de celulose, que melhorou seu volume de vendas, principalmente para o mercado chinês, ao passo que o desempenho do segmento de consumo deve ser puxado pela área de shopping centers, deve mostrar dados melhores ante aqueles setores que atingem o consumidor final de forma mais direta (como varejo) por conta da melhora das taxas de ocupação.

 

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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