Governo tenta se eximir da responsabilidade pela venda da Embraer

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Divulgação
 
Jornal GGN – Apesar de o governo federal afirmar publicamente que não foi consultado sobre as negociações entre a Boeing e a Embraer, tentando afastar a responsabilidade da atual gestão Temer na possível venda da nacional à empresa norte-americana, o próprio comandante da Aeronáutica defendeu nesta quarta-feira (04) o discurso da fusão.
 
O tema veio à tona nesta semana porque a Câmara dos Deputados realizou uma audiência pública nesta quarta, participando como representante do governo de Michel Temer o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna. Questionado sobre uma posição da gestão atual na venda da empresa brasileira, o ministro tentou se eximir.
 
“Como são empresas que têm ações no mercado, qualquer decisão […] que não implica a decisão que o governo for tomar quando for consultado fica por conta delas [empresas] revelarem”, disse, após ser questionado.
 
Ainda assim, preferiu garantir que o governo de Michel Temer tampouco foi consultado sobre a parte que depende da gestão atual, considerando que é preciso uma aprovação do governo federal por ser ele o detentor da ação que lhe garante o “golden share”.
 
Na prática, desde 1994, quando a Embraer foi privatizada, todos os assuntos estratégicos da empresa dependem da última palavra do governo. Por isso, a venda da brasileira para uma norte-americana dependerá da palavra da gestão federal. “Mas o governo não foi consultado sobre nada”, continuou o ministro.
 
Entretanto, do outro lado da bancada também estava presente na audiência pública o comandante da Aeronáutica, Nivaldo Luiz Rossato. Aos parlamentares, ele confirmou que os estudos para a venda ainda não foram apresentados ao governo e que, portanto, não haveria nada de concreto. 
 
Mas de maneira quase pessoal, o representante das Forças Armadas na audiência defendeu a fusão da Embraer com a norte-americana Boeing como forma de garantir o acesso da brasileira a “novos mercados” e gerar empregos.
 
“É justo que a empresa analise as oportunidade sem a perda desse conhecimento que tem. Mas eles estão estudando, analisando através do apoio de todo mundo, para oportunamente apresentar isso ao governo que ainda não foi apresentado. Não existe nada de concreto. Existem estudos sendo feitos”, disse.
 
Por outro lado, o brigadeiro defendeu que seja mantida a soberania brasileira no setor. “No Ministério da Defesa, nossa grande preocupação – e que, eu diria, o Brasil como um todo deveria ter – é a preservação de nossa capacidade tecnológica e da nossa soberania nesta área”, disse.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

15 Comentários

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  1. O Departamento de Justiça do

    O Departamento de Justiça do tio Sam, em nome da pseudomoralidade do xerife do mundo, colocou na Embraer e na Petrobrás, espiões para acompanhar de perto as operações destas empresas e evidentemente relatarem às suas concorrentes norte-americanas. O resultado: a Petrobrás rifa as reservas do Pré-Sal a preço de banana e a Embraer é doada à sua maior concorrente Boeing.  Tudo em nome do combate à corrupção. zzzzz……..

    1. Comandantes Militares são entreguistas

      Após o golpe de 64, os militares nacionalistas foram perseguidos e eliminados: fisicamente ou das forças armadas. Por exemplo, o Marechal Lott.

      O capitão do exército Wilson Dias Machado (aquele da bomba do RioCentro) foi promovido. O capitão Willian Pina Botelo (aquele infiltrado num grupo de jovens que protestava contra Temer) foi promovido. Estes são dois exemplos de militares brasileiros, do passado e da atualidade, que agem CONTRA o povo brasileiro (cuja liberdade deveriam defender).

      Os novos oficiais são educados nas academias com valores fascistas. Por isso Bolsonaro é chamado de “mito” (não sabem sequer o que significa este termo).

      1. Pois
        Como eu já disse aqui algumas vezes, nada mudou nos governos do PT. Se continuou premiando os sociopatas no serviço público, não só no exército.

  2. Então quem decidiu sobre essa

    Então quem decidiu sobre essa nova trolha???  Tem ojista metido até nisso?????

     

    E o cidadão é mais desinformado que ogro ermitão……….a boing vai engolir ae mbraer, ela sumirá, novos mercados só ganhará a boing……..ou nao, já que nem todo país é feito de otoridades ingenuas, desonestas, ou imbecis como o Brasil e não compra esse tipo de equipamento de estadunidense…………

     

  3. Entreguistas = traidores da pátria

    As Forças Armadas estão sob o comando de militares entreguistas.

    São tão hipócritas que ainda ousam falar em “preservação da soberania”.

  4. Golden Share

    Golden Share

    Ação de Classe Especial da União

    ART. 9º – A ação ordinária de classe especial confere à União poder de veto nas seguintes matérias:

    I. Mudança de denominação da Companhia ou de seu objeto social;

    II. Alteração e/ou aplicação da logomarca da Companhia;

    III. Criação e/ou alteração de programas militares, que envolvam ou não a República Federativa do Brasil;

    IV. Capacitação de terceiros em tecnologia para programas militares;

    V. Interrupção de fornecimento de peças de manutenção e reposição de aeronaves militares;

    VI. Transferência do controle acionário da Companhia;

    VII. Quaisquer alterações: (i) às disposições deste artigo, do art. 4, do caput do art. 10, dos arts. 11, 14 e 15, do inciso III do art.18, dos parágrafos 1º. e 2º. do art. 27, do inciso X do art. 33, do inciso XII do art. 39 ou do Capítulo VII; ou ainda (ii) de direitos atribuídos por este Estatuto Social à ação de classe especial.

     PARÁGRAFO 1º – Estará sujeita a prévia aprovação da União, na qualidade de detentora da ação ordinária de classe especial, a realização da oferta pública de aquisição de ações referida no art. 54 do presente Estatuto Social.

    PARÁGRAFO 2º – Observado o disposto na Lei nº 6.404/76 e no art. 18, inciso III deste Estatuto Social, as matérias elencadas no presente artigo estarão sujeitas à deliberação do Conselho de Administração da Companhia, observando-se o seguinte procedimento:

     I. A matéria será objeto de deliberação do Conselho de Administração.

    II. Se aprovada pelo Conselho de Administração, o Presidente daquele órgão notificará o membro eleito pela União para que esta exerça seu direito de veto ou se manifeste favoravelmente à matéria, dentro do prazo de 30 dias a contar do recebimento da referida notificação.

    III. Decorrido o prazo referido no inciso II acima, será realizada nova reunião do Conselho de Administração para: (i) reconsiderar a deliberação, caso a União tenha exercido o seu direito de veto; ou (ii) ratificar a deliberação, caso a União tenha se manifestado favoravelmente ou não tenha proferido qualquer manifestação no prazo indicado acima.

    IV. Se a deliberação for ratificada pelo Conselho de Administração, a matéria, nos casos em que a legislação assim exija, será submetida à aprovação da Assembleia Geral, na qual a União poderá ainda exercer o poder de veto nos termos do presente artigo.

    PARÁGRAFO 3º – Sem prejuízo do procedimento estabelecido no § 2º acima, todas as matérias sujeitas a veto da União, na qualidade de titular da ação ordinária de classe especial, a serem deliberadas pelo Conselho de Administração, deverão adicionalmente ser objeto de notificação prévia da Companhia ao Ministério da Fazenda, a ser feita concomitantemente com a notificação mencionada no inciso II acima, para pronunciamento dentro do prazo de 30 dias a contar do recebimento da notificação referida no inciso II acima.

  5. Difícil encontrar ato mais

    Difícil encontrar ato mais consumado de estupidez e filhadaputice. Isso só acontece porque é um país de merda, com judiciário e militares devidamente amestrados pelo Tio Sam. “Amestrados”, porque pensar é um ato que está muito além das suas possibilidades.

    Mas era o que os coxinhas queriam, ou não era?

  6. O que diria, e escreveria hoje, Tim Maia?

    Cantor talentoso, exigente, com audição apurada (o que o transformava num artista tão chato e polêmico quanto João Gilberto, sempre reclamando dos equipamentos, músicos, dos técnicos e das instalações nos espaços em que se apresentava), Tim Maia se notabilizou também pelas declarações polêmicas acerca de sua vida amorosa e as decepções/traições que a marcaram. Mas a mais sábia e célebre frase proferida por Tim Maia foi uma que sintetiza bem as carcterísticas contraditórias que marcam o caráter do brasileiro médio:

    “Este país não pode dar certo. Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita.

    Tim Maia

    Se vivesse os dias atuais, é quase certo que Tim reescreveria essa frase, que ficaria mais ou menos assim:

    “Este País não pode dar certo. aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia, pobre é de direita e a maioria dos militares é vira-la e entreguista”

  7. Governo? Qual governo?

    Não é governo, é uma junta golpista. Um dos significados de junta: Reunião de pessoas convocadas para determinado fim.
    No caso deste grupo a convocação (por grupos internos e externos ao país) foi para dar fim a nossa soberania, humilhar e subjugar o povo brasileiro. Nunca deveríamos reconhece-los como governo. É um erro que atrapalha a luta para vence-los e desfazer tudo que eles fizeram.

  8. Se os militares brasileiros

    Se os militares brasileiros acham uma boa coisa vender a embraer ( não fazem nada pra impedir tal venda, mas se o governo impor amanhã uma lei que impede que as filhas deles continuem na mamata de nunca se casarem no papel e assim ter sua ‘virgindade’ paga por todos nós até a morte  os milicos cercam brasília rs ), os militares suecos devem estar putos da vida, pois a Saab concordou em passar não só a fabricação mas também a tecnologia envolvida. O que ele tiverem passado pra embraer na prática já parou na mão do boeing, portanto, do departamento de defesa dos ianques. Ou seja, mesmo que o próximo presidente desfaça a venda, vai demorar muito tempo pra que a embraer volte a ser visto como confiável a ponto pra partilhamento de tecnologia aerospacial de ponta. 

  9. Como disse o poeta…

    “Que país é esse?”  Pois é Cazuza, que país é esse. Sempre perseguiram os grandes brasileiros que pensaram no país e no seu povo. O último está numa cela porque ousou não tirar os sapatos para funcionários de uma certa alfândega e muito menos se abaixar e ficar de quatro para os interesses predadores da matriz dos vira latas. O condenaram depois de   anos de perseguição, sem mostrar uma prova sequer, na base de suposições e ilações. Como disse  Marcos Videira, nesse país até os militares patriotas também são caluniados e perseguidos por uma mídia sem escrúpulos, bandidos togados e por  certos políticos.  Posam de  “moralistas”, mas não passam de putrefatos nojentos.

  10. O que me dá mais nojo é

    O que me dá mais nojo é brasileiro achar que fusão com EUA qualquer empresa americana é bom para nós.

    Vão ser lambe botas assim lá nos EUA, dá nojo.

    Eu imagino o que pensa o americano que tá sugando nossas riquezas do brasileiro, que somos completos idiotas.

    Mas sabe o bom disso tudo, é que com o tempo vai surgir movimentos nacionalistas, pois o estrago que fica para população é enorme. Aí quero ver vcs EUA implantarem outros golpes.

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