Instrumentos de dívida concentram captação no terceiro trimestre

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – As empresas brasileiras concentraram suas captações no terceiro trimestre em instrumentos de dívida, voltados aos mercados local e internacional. Segundo dados divulgados pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), as ofertas efetuadas no mercado doméstico somaram R$ 17 bilhões, o volume mais baixo não apenas entre os trimestres de 2014, mas também em comparação ao mesmo período dos últimos sete anos. No primeiro e segundo trimestres de 2014, as captações com títulos de dívida haviam somado, respectivamente, R$ 25 bilhões e R$ 37 bilhões, isso desconsiderando a captação de R$ 20 bilhões por parte de uma companhia de leasing, realizada em maio de 2014.

Em relação ao mesmo trimestre de anos anteriores, a entidade afirma que o volume apurado em 2014 se equipara apenas ao de 2009, quando as captações com dívida alcançaram também R$ 17 bilhões, “mas coexistiram com ofertas de renda variável no montante de R$ 11 bilhões, o que elevou a captação doméstica total do período para R$ 28 bilhões versus apenas R$ 17 bilhões em 2014”.

De acordo com a Anbima, fatores como a conjuntura doméstica pré-eleitoral e a consequente volatilidade dos indicadores permanecem justificando tanto a ausência de ofertas de ações como o ritmo moderado das operações com instrumentos de renda fixa nos últimos meses. “No acumulado do ano, contudo, o resultado das ofertas com títulos de renda fixa tem se mostrado levemente positivo (6,1%) em comparação ao mesmo período de 2013. Porém, tal resultado se deve, especialmente, ao crescimento de captações com notas promissórias no ano (45%), seguidas da ampliação dos instrumentos de securitização como os CRIs (37,5%) e FIDCs (29%). Por outro lado, as debêntures – títulos que ainda se mantêm como os principais entre os de renda fixa, em termos de volume – apresentaram, no mesmo período de comparação, uma redução de 7,9%.

Contudo, a entidade destaca que as operações com debêntures realizadas nos últimos dias de setembro e na primeira quinzena de outubro podem chegar a R$ 4,3 bilhões, e encontram-se em andamento uma série de operações voltadas para a infraestrutura, como a oferta de debêntures incentivadas da Vioeste – Concessionária de Rodovias do Oeste de São Paulo, cuja série com incentivo fiscal deve movimentar R$ 150 milhões, mas que ainda encontra-se em processo de distribuição; e a nova operação da Concessionária do Sistema Anhanguera Bandeirantes, que acaba de receber registro da CVM e deve movimentar R$ 545 milhões.

Segmento de renda variável tem pouca movimentação

O início de outubro foi marcado pela expectativa de precificação da primeira oferta pública de ações a ser realizada no ano. A única operação com ações em 2014 foi o follow-on da Oi, que movimentou R$ 15 bilhões em abril, enquanto seguem em análise na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) cinco ofertas de renda variável.

No campo regulatório, em setembro foram feitas alterações que devem afetar as emissões de valores mobiliários pelas companhias brasileiras. No último dia 25, a CVM editou a Instrução 551, que alterou, dentre outras, a Instrução CVM 476, que aborda as ofertas públicas de valores mobiliários distribuídas com esforços restritos. Entre as principais mudanças, está a inclusão das ações e das debêntures conversíveis entre os valores mobiliários que podem ser ofertados com esforços restritos, desde que emitidos por emissores registrados na CVM na categoria A, que permite a negociação de quaisquer valores mobiliários do emissor em mercados regulamentados.

A nova instrução também ampliou o número de investidores que podem ser procurados nas ofertas com esforços restritos – que passou de 50 para 75 – e o número de subscritores que podem adquirir os ativos, de 20 para 50. Tal medida deve ampliar ainda mais o uso da ICVM 476 entre as modalidades de oferta. Em 2014, as ofertas com esforços restritos já correspondem a 92% de todo o volume captado no mercado local com títulos de renda fixa.

No exterior, as companhias, instituições financeiras e Tesouro aproveitaram o quadro de elevada liquidez e das baixas taxas de juros nos mercados centrais. Em setembro, as emissões externas chegaram a US$ 3,8 bilhões.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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