O que os analistas esperam para a bolsa de valores no mês de junho

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Preços das commodities no mercado internacional são outro ponto de referência

Jornal GGN – A reviravolta no cenário político interno foi o principal evento a afetar o mercado em maio, o que se refletiu no desempenho da bolsa brasileira. Os eventos políticos devem continuar a dar o tom das operações em junho, assim como as sinalizações de ajustes na taxa básica de juros dos Estados Unidos.

O Ibovespa (índice da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo) fechou o mês de maio com queda acumulada de 10,09%, após registrar 33,4% de ganhos nos últimos três meses. Agora, o índice avança 11,82% ao longo de 2016, mas tem um recuo de 8,13% nos últimos doze meses. O índice doméstico principiou o mês em baixa e, apesar de tentar alguma reação na segunda semana, aprofundou sua tendência declinante a partir de meados de maio, até o fechamento.

“Se de fevereiro a abril o Ibovespa acumulou forte alta, de 24,4% no ano, em meio à euforia com o processo de impeachment e em relação às medidas de correção esperadas do governo interino de Michel Temer, maio foi um mês de ajuste para o índice”, explicam os analistas da corretora Socopa, em relatório.

De fato, o destaque no cenário brasileiro ficou com a aceitação do processo de Impeachment contra Dilma Rousseff pelo Senado no dia doze, o que era esperado desde a vitória na Câmara no mês de Abril. “Desde então, (o governo interino de Michel) Temer vem desenhando uma nova moldura econômica para o Governo, de uma forma bem mais conservadora que a administração anterior, o que vem sendo bem recebido pelo mercado”, diz a Ativa Corretora, em relatório. “A equipe econômica, sob a égide do “Superministro” da Fazenda Henrique Meirelles, vem se esforçando em adotar austeridade na área fiscal (…) A nova meta fiscal foi aprovada, na primeira vitória da Equipe, mas as reformas realmente relevantes, como a da previdência, a trabalhista e a desvinculação das receitas, possivelmente enfrentarão resistência no legislativo, mesmo com metade do ministeriado vindo das casas”.

Por outro lado, o vazamento de novas gravações levou ao afastamento de dois ministros da equipe interina em três semanas, levando Temer a perder seu articulador político. “Nossa perspectiva, desta forma, é de otimismo moderado, pela melhora nas expectativas. O maior fator de instabilidade seria a Lava Jato, que pode piorar a governabilidade para Temer”, diz a corretora.

No exterior, os dirigentes do Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos) voltaram a sinalizar que os juros devem subir em breve. No último dia 27, a presidente do órgão, Janet Yellen, disse que “se a economia continuar a melhorar, será apropriado subir juros cautelosamente, nos próximos meses”. Segundo os analistas do BB Investimentos, “os agentes ainda não compraram a ideia no curtíssimo prazo, não prevendo elevação na decisão de 15 de junho próximo. Todavia, a probabilidade implícita nos fed funds, que avançou de 26,1% no final de abril para 52,9% hoje, passou a sinalizar que poderá haver alta de juros na decisão subsequente, em 27 de julho”. Caso continue a subir esta plausibilidade, os agentes anteciparão sua precificação sobre os ativos e os mercados de renda variável deverão sofrer revezes.

Na China, os dados divulgados indicam que a desaceleração econômica prosseguiu, podendo pressionar para baixo ainda mais os preços das commodities e impactar negativamente as economias emergentes. No Brasil, o último relatório Focus deu indícios que o corte de juros poderá não ser tão grande quanto se estava esperando em 2016, bem como aumentou a chance de ocorrer mais tarde este ano. A próxima resolução do Banco Central está agendada para 8 de junho, onde não se espera alteração na taxa Selic.

“Se de um lado há a melhora nos indicadores de confiança do mercado, com Pesquisa Focus projetando crescimento de 0,55% em 2017, IPCA em 5,50% e Selic em 11,25%, há de se ponderar que o cenário político-econômico doméstico está permeado de incertezas e, portanto, devemos continuar observando forte volatilidade nos mercados financeiros”, ressalta a corretora Socopa. “Cabe lembrar que foi autorizada a delação de executivos da Odebrecht, o que poderá resultar em novas complicações para as negociações do governo no âmbito do Congresso. O grande teste para o governo deve ocorrer já em junho, quando o governo deve tentar aprovar a flexibilização do orçamento. Isto posto, decidimos seguir no mês de junho alocados em ações que, ao mesmo tempo, podem se beneficiar da recuperação da economia no próximo ano (expectativa) e possuem sólidos fundamentos para sustentar o crescimento, ainda que, no curto prazo, a economia não esteja colaborando”.

Confira abaixo as recomendações de algumas corretoras para o mês de junho. Contudo, antes de definir sua posição, entre em contato com seu banco ou corretora para delinear uma estratégia mais adequada ao seu perfil de investimentos.

Socopa: Cielo ON (CIEL3), Localiza ON (RENT3), ItauUnibanco PN (ITUB4), Even ON (EVEN3) e Lojas Renner ON (LREN3)

Ativa Corretora: Equatorial ON (EQTL3), ItauUnibanco PN (ITUB4), RaiaDrogasil ON (RADL3), Ambev ON (ABEV3), Petrobras PN (PETR4), Metal Leve ONN (LEVE3), Lojas Americanas PN (LAME4), BR Malls ON (BRML3), Suzano Papel PNA (SUZB5) e Via Varejo UNT (VVAR11)

BB Investimentos: CCR ON (CCRO3), Cielo ON (CIEL3), Equatorial ON (EQTL3), Fibria ON (FIBR3), ItauUnibanco PN (ITUB4), Lojas Renner ON (LREN3), RaiaDrogasil ON (RADL3) e Suzano Papel PNA (SUZB5)

Coinvalores: Bradesco PN (BBDC4), Ultrapar ON (UGPA3), Cetip ON (CTIP3), Fibria (FIBR3), Gerdau (GGBR4), Copel PNB (CPLE6), CCR ON (CCRO3), Itauunibanco PN (ITUB4), Suzano PNA (SUZB5), RaiaDrogasil ON (RADL3), Smiles ON (SMLE3), Vale PNA (VALE5), Valid ON (VLID3) e Weg ON (WEGE3).

Rico.com.vc: Braskem PNA (BRKM5), Ambev ON (ABEV3), BRF ON (BRFS3), Weg ON (WEGE3), Telefonica Vivo PN (VIVT4), BB Seguridade ON (BBSE3), Odontoprev ON (ODPV3), Fibria ON (FIBR3), Anima ON (ANIM3) e Alpargatas PN (ALPA4)

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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