Para analista, investidor tem a oportunidade de variar suas aplicações na bolsa

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – A bolsa de valores apresenta um quadro diferenciado nos últimos tempos: enquanto seus pares no mercado externo cravam recordes sucessivos, o comportamento do Ibovespa tem sido de quedas consecutivas, com o mercado mostrando receio em atuar de forma mais efetiva – o que também representa que ações com potencial de valorização no longo prazo podem ser adquiridas por um preço considerado mais atrativo.

 

Diante disso, analistas de investimento detectaram uma brecha para aqueles que desejam realizar uma rotação de seus investimentos, isto é, diversificar sua posição a partir dos fundamentos futuros das companhias negociadas na bolsa.

 

Para o analista independente Richard Rytenband, as pessoas se preocupam demais em acompanhar apenas os índices gerais, como o Ibovespa, ao invés de avaliar o desempenho dos papéis de sua carteira de forma individual. “Quando você se desliga dos índices, começa a enxergar o comportamento da bolsa de outra forma. Então uma frase é: não importa se a bolsa subiu ou caiu, mas o que importa é se minha carteira subiu ou caiu”.

 

O analista explica que o acompanhamento da bolsa também depende do perfil do investidor. Basicamente, os perfis mais comuns no mercado são os chamados conservadores – que preferem posicionar-se em aplicações chamadas defensivas, que podem render menos, mas que apresentam estabilidade – e os arrojados, dispostos a correr mais risco em troca de uma rentabilidade melhor.

Rytenband explica que, por um bom tempo, os papéis de empresas que atuam em setores mais defensivos – ações voltadas para o mercado doméstico, que correm um risco menor e ainda dividem o lucro com seus investidores, como algumas companhias do segmento de energia e saneamento – apresentaram desempenho acima da média do Ibovespa e, agora, é possível perceber uma rotação para setores mais sensíveis aos ciclos econômicos, isto é, que mostram uma dependência maior das oscilações da economia global para o andamento de seus negócios, como empresas produtoras de commodities. “Vemos melhora principalmente nas ações ligadas a commodities, como Petrobras e Vale – como vem caindo, abrem oportunidade para se posicionar no papel”.

 

O noticiário econômico também influencia esse comportamento no setor de commodities, principalmente por conta do momento econômico chinês, com o governo mais preocupado em melhorar seu mercado doméstico via consumo – o que abre caminho para o aumento da exportação de itens básicos, como alimentos e minério de ferro, por exemplo. Tudo isso acaba por favorecer a migração dos investimentos de segmentos mais conservadores para as áreas com maior participação das commodities em sua pauta de negociação.

 

O “pulo do gato” e o futuro

 

Uma dica interessante para quem não possui tanto conhecimento dos mecanismos de estratégia do mercado é deixar seu dinheiro aplicado em empresas consideradas líderes de seus segmentos, o que é considerado “o pulo do gato” para quem deseja investir em renda variável. Contudo, Rytenband deixa claro que todas as classes de ativos são interligdas – “o essencial é que o investidor façaa uma análise intermercado, onde você pode comparar renda fixa (aplicação de longo prazo e com rendimento garantido, como títulos do governo), commodities, moedas e ações (aplicações que dependem mais do andamento da economia), pois uma pista de um mercado pode servir para outro”. Por exemplo: existe o momento certo de se entrar em determinados setores, assim como existem os momentos mais adequados para a exposição em renda fixa ou para a aplicação em determinadas moedas.

 

“Se você possui as ferramentas certas e entender quais setores são favoráveis naquele momento, e para onde elas vão caminhar no futuro, escolha as empresas líderes de cada segmento, pois ali você para de ser refém da bolsa no Ibovespa. Só em situação de crash (quebra do pregão devido a alguma circunstância excepcional) é complicado, mas a situação abre oportunidades e o mercado vai mostrar quando está caminhando para o problema ou fugindo dele”, ressalta Rytenband.

 

Porém, no mercado de renda fixa, existe uma regra básica: em tendência de alta de juros, não se fica posicionado em papéis prefixados – os títulos com taxa de pagamento já estabelecida no momento do vencimento do título. “Por exemplo: uma pessoa que comprou uma LTN (Letra do Tesouro Nacional) com vencimento em janeiro de 2016. Se ela acompanhar o desempenho, ela estaria em zero a zero ou com perdas e, se descontar inflação e encargos, tem rendimento negativo”.

 

Para o administrador de investimentos Fábio Colombo, o momento é interessante para se aumentar a exposição em bolsa, pois os investimentos em renda variável no Brasil estão baixos e não se sabe ao certo quando haverá uma reação, uma vez que as mudanças são graduais. “No momento, a bolsa é um dos ativos mais baratos que temos como um todo e, a qualquer hora, vai se sair do extremo pessimismo para o extremo otimismo, e nesse momento você tem que ter vantagem. Mas sempre gradativamente, pois não se sabe por quanto tempo a baixa ou a alta vai durar”.

 

Isso pode ser percebido no setor internacional, onde os mercados tem se recuperado ainda que estejam longe de suas máximas históricas – o avanço da bolsa do Japão em 2013 já ultrapassa os 40%, após um longo período de estagnação. Na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), uma série de fatores levou ao atual período de desvalorização. “Em algum momento isso vai se alterar, vai haver ânimo e a bolsa vai se recuperar. Temos que pensar que a bolsa é um sistema capitalista, e em algum momento vai se perceber que a bolsa é um bom negócio”, ressalta.

 

Diante disso, cai-se na máxima para qualquer investidor. Não coloque todos os seus ovos na mesma cesta. “Tem momento em que é interessante estar mais investido em ações, pois o potencial é melhor, mas tem momento em que se inverte”, comenta Colombo. “Na minha visão, o mais adequado é comprar ações gradualmente ao longo das baixas, e vender gradativamente ao longo das altas. Os recursos vão entrar ou sair da renda fixa. Por isso, o xis da questão é o tempo”.

 

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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