Petrobras alavanca números com regras para reduzir a volatilidade

Mesmo com método polêmico para reduzir efeitos no câmbio, ações sobem e mercado recebe bem os resultados
Jornal GGN – Vários fatores fizeram com que a Petrobras conseguisse fechar o segundo trimestre com um lucro líquido de R$ 6,201 bilhões. Além da maior produção de petróleo no país – cerca de 21 mil barris diários, alta de 1% no semestre -, os resultados divulgados na última sexta-feira também apontaram o aumento da carga processada (19 mil barris por dia) e a menor necessidade de importação de derivados, e o uso de uma regra contábil até então inédita no país.
 
A empresa anunciou a extensão da chamada contabilidade de hedge – que são regras especificas e opcionais de contabilidade que permitem eliminar ou reduzir a volatilidade dos resultados contábeis por meio de efeitos compensatórios – para a proteção de exportações futuras, permitindo que perdas cambiais no total de R$ 7,982 bilhões (equivalente a aproximadamente 70% do endividamento líquido exposto à variação cambial) fossem contabilizadas no Patrimônio Líquido, e serão transferidas para o resultado à medida que as exportações forem realizadas. 
 
De acordo com a norma contábil adotada, o aumento em reais de sua dívida em moeda estrangeira teria seu impacto compensado pela receita futura com exportações de petróleo. O anúncio e o ineditismo da medida causaram alguma polêmica, uma vez que a dívida apresentada em moeda estrangeira poderia produzir perdas ou lucros exacerbados nos resultados da companhia – que não pode prever que terá um número suposto de exportações e voltar atrás, caso o mercado não corresponda, bem como evita que o prejuízo apresentado suba muito. Os números da companhia chegam num momento delicado, pouco depois do anúncio da Petrobras de criar uma nova forma de contabilizar o impacto do câmbio em seu balanço – o que, segundo especialistas, poderia amenizar uma queda no lucro da empresa no último trimestre. 
 
“Os números vieram bons: o que era um prejuízo de 4,5 bi por conta do efeito do câmbio transformou-se em vendas líquidas interessantes e até num crescimento de 2% em relação ao primeiro trimestre”, afirma Pedro Galdi, analista de investimentos da SLW Corretora. Para ele, o câmbio em 2012 causou um efeito nefasto e deu prejuízo de mais de R$ 1,3 bilhão e a modificação, embora questionável, é aceita. “Se não tivesse feito isso, também teria prejuízo. A BMF já fazia isso, a Braskem vai fazer, a Vale também pretende mudar. Independente disso, os números agradaram, as ações subiram quase 3%. O mercado gostou dos resultados apresentados, têm mais ativos pra vender”.
 
Entretanto, o especialista afirma que a realidade ainda é o prejuízo da companhia. “Há a preocupação com endividamento e importação. A empresa terá que se endividar mais para honrar compromissos, os investimentos precisarão ser monitorados, com o preço dos combustíveis defasados. Apesar destes cuidados que precisam ser tomados, a parte operacional veio boa.”
 
Além disso, a estatal está exposta a uma série de outros riscos. Entre os pontos listados pela Futura Corretora, estão a exploração em seu portfólio de exploração de petróleo, o risco de execução na nova produção e ativos, o preço das commodities no seu dia-a-dia, e o marketing e negociação de empresas, além dos riscos administrativos, devido à potencial mudança de gestão que a empresa enfrenta a cada quatro anos, em consonância com as eleições presidenciais do Brasil. 
 
“Os riscos mais relevantes para nossas previsões centram-se na capacidade da Petrobras de aumentar seu petróleo e produção de gás, sua capacidade de manter os preços do combustível doméstico altos o suficiente para manter a rentabilidade de seus ativos de refino e a taxa de câmbio brasileira”, diz a corretora.
Redação

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