Petrobras e investidores: uma relação delicada

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Uma das âncoras da Bolsa de Valores brasileira, a vida da Petrobras não tem sido um mar de rosas, seja pelo fato de ter sido colocada na posição de instrumento de política de governo no combate à inflação, seja porque os investidores não se mostram satisfeitos com o nível de rentabilidade das ações. Contudo, analistas dizem que os prognósticos para o longo prazo são bons.

Para os analistas Bruno Piagentini e Marco Aurélio Barbosa, da corretora Coinvalores, a empresa tem sido afetada por uma série de variáveis que superam as de ordem meramente operacional. Entre eles, a instabilidade internacional. “Essencialmente, boa parte (do investimento nas ações da Petrobras) é de investidores externos, e um aumento da aversão ao risco eleva a exposição do papel e de outras blue chips”.

A intervenção do poder federal também tem afetado a Petrobras, pois isso compromete a rentabilidade dos acionistas. Isso fica claro no preço dos combustíveis, que permanece defasado, embora a companhia reafirme que busca correção no longo prazo. A estatal importa gasolina a um preço mais alto do que vende aqui dentro, e fornece derivados no mercado doméstico por um preço mais baixo, o que gera prejuízo à empresa, mas ajuda no controle inflacionário. Um eventual aumento do preço do diesel e da gasolina acaba por influenciar o comportamento de outros preços.

Para os analistas da Coinvalores, a Petrobras não deseja captar a volatilidade do preço do petróleo no curto prazo, mas pretende acompanhar a tendência dos combustíveis no médio e longo prazo. Apesar de tal posicionamento ser importante, ele se equilibra na linha tênue entre a intervenção para o controle de preços e a rentabilidade para o investidor.

Quanto à questão política, a desconfiança dos investidores não é recente, pelo fato de a Petrobras ser uma companhia de capital misto. O que é novo é que o governo passou a intervir de forma mais clara em empresas de economia mista em geral, como bancos e no setor de energia. Para o investidor, esse é um indicativo de uma decisão política mais efetiva do Executivo, de manter as estatais na órbita de seus instrumentos de política econômica. “A questão está mais ligada a fatores econômicos, mas também envolve fatores políticos, com o conselho e o direcionamento das decisões de gestão da empresa. Essa intervenção tem como justificativa principal a questão econômica, que tem a ver com a inflação. Nesse sentido, é importante que exista maior zelo por parte do governo”.

Embora o quadro traçado faça com que o acionista seja mais cauteloso quanto aos investimentos, o mercado mantém a estatal como uma das estrelas em seus portfólios, principalmente no horizonte de médio a longo prazo. “Para o médio e longo prazo, a ação da Petrobras segue interessante, mas atualmente o momento não é ideal, uma vez que dados de produção seguem caindo. A partir de 2014 ela deve voltar a ser mais atraente em questão de retorno”, pontua Ricardo Correa, diretor da Ativa Corretora.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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