Petrobras explica contabilidade de hedge

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – Para reduzir o impacto da variação cambial sobre seu balanço financeiro, a Petrobras passou a adotar em maio uma prática contábil denominada contabilidade de hedge junto às suas exportações.

“Essa prática, regulada no Brasil pelo pronunciamento contábil CPC38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração, permite que empresas reduzam impactos provocados por variações cambiais em seus resultados periódicos, desde que gerem fluxos de caixa futuros em moeda de outro país que se equivalham e tenham sentidos opostos”, afirma a estatal, em fato relevante divulgado ao mercado.

No caso da Petrobras, esse mecanismo contempla, inicialmente, cerca de 70% do total das dívidas líquidas expostas à variação cambial, protegendo cerca de 20% das exportações, por um período de sete anos. “Com a aplicação da Contabilidade de Hedge, os ganhos ou perdas oriundos das dívidas em dólares norte-americanos, provocados por variações cambiais, somente afetarão o resultado da Companhia na medida em que as exportações forem realizadas. Até que essas exportações sejam realizadas, as referidas variações serão acumuladas em conta do patrimônio líquido”. A aplicação dessa prática permite que os resultados contábeis da Petrobras sejam melhor alinhados à sua realidade econômica e operacional.

O mercado recebeu a informação com cautela. Para os analsitas da Ativa Corretora, a adoção da contabilidade de hedge melhora os resultados da emperesa no segundo trimestre, mas também compromete a transparência das informações divulgadas. “Em nossa opinião, a manobra contábil da estatal, que segue a vertente contábil “criativa” de seu controlador, deve afetar negativamente o sentimento dos investidores em relação a empresa, sobretudo os estrangeiros”, dizem os agentes.

Para a corretora, o compromisso “forte” defendido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de atingir a meta de superávit primário em 2013 (2,3% do PIB) pode ter influenciado na decisão, de forma que a União possa elevar o recolhimento de dividendos através das empresas públicas. “Dessa forma, cabe destacar que isto poderá impulsionar as ações da estatal ao elevar a expectativa de distribuição de dividendos para os demais acionistas”.

Tal visão foi reforçada pelo analista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi. “O mercado interpretou da seguinte forma: o governo precisa de dinheiro e recorreu à Petrobras, que foi buscar um argumento contábil existente, mas que não é usual. Esse mecanismo vai ser usado por sete anos, e ajuda a empresa a dar resultado e pagar dividendos. E como o governo está posicionado em ações ordinárias, isso ajudou o mercado”, explica, em entrevista ao Jornal GGN.

Às 12h48, a ação PETR4 operava em queda de 1,33% na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), negociada a R$ 15,59. Às 13h03, o Ibovespa caía 1,16%, aos 46.083 pontos.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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