Quanto que vale um país?, por Rogerio Maestri

Quanto que vale um país?

por Rogerio Maestri

Com a discussão das criptomoedas em relação as moedas fiduciárias, é necessário se abrir uma nova discussão que ao meu ver se torna cada dia mais importante: Quanto que vale um país?

As críticas dos jovens liberais que adoraram as criptomoedas, pois por ideologia eles tratam todas as moedas fiduciárias (não lastreadas em ouro ou minerais valiosos) como moedas sem valor a varrer, não importa que a moeda se chame Dólar, Real, Libra Esterlina ou Rubro, em princípio para eles todas estas moedas são mero papel impresso.

Porém o que esquecem é que o que conta é a capacidade dos países em entregar produtos e serviços em troca de suas moedas. Muitos simplesmente contam com o PIB como uma métrica que quantifica a capacidade monetária do país, ou seja, se o PIB de um país é 1.000. Porém antes de continuar na discussão vamos colocar da Wikipédia a definição de PIB:

O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de quantificar a atividade econômica de uma região.

A grande sacada dos pequenos liberais é que a moeda em circulação deveria ser lastreada pelo PIB do país que ela representa, porém direi e provarei que algo que é corrente e se torna a maior bobagem de todo o mundo.

Vamos dizer que o mesmo país que tem um PIB 1.000 ele tem em circulação da sua moeda um valor convertido na mesma base 4.000. Ou seja, de acordo com os pequenos liberais a moeda deste país não tem lastro e deveria valer ¼ do valor atual.

Correto? Não erradíssimo. Por dois motivos, um temporal e outro material.

O temporal é que o PIB é anual e, pelo que eu saiba quando um país tem mais moeda do que seu PIB anual ele não chega no fim do ano, fecha o balanço e se é negativo, desparece do mapa!

O argumento acima parece uma verdadeira estupidez, alguém vai dizer que tem que somar a dívida pública e outras bobagens, porém se for somada a dívida pública a única coisa que o País como Nação Soberana, deve cumprir no fim do ano é pagar os juros de sua dívida externa (a interna se enrola).

Implicitamente todo o sistema financeiro aceita isto, não importando se há mais ou menos dinheiro do que o PIB, mas sim se ele consegue transferir para o exterior através da venda de bens e serviços o que ele deve.

Porém iria mais longe, mesmo um país que não tenha capacidade no ano em questão pagar a sua dívida externa ele receberá de boa vontade dos organismos públicos ou privados internacionais um refinanciamento de sua dívida se ele mostrar que tem capacidade de pagá-la ao longo do tempo.

Para calcular esta capacidade de pagamento é levada em conta o VALOR DO PAÍS, por exemplo, os USA tem uma enorme dívida externa, ou melhor seus títulos públicos estão nas mãos de outros países, como a China, por exemplo, mas o governo chinês sabe claramente que a capacidade dos USA em produzir bens e serviços a médio prazo numa situação de crise é suficiente para gerar recursos para pagar toda a dívida, inclusive o principal!

É uma verdadeira tolice que os países da zona do Euro limitem seus déficits a 3% do PIB, pois todos sabemos que países como a Alemanha e a França, apesar de não terem recursos naturais ou artigos primários a serem trocados tem uma imensa capacidade de bens não tangíveis que são transformados na contabilidade dos grandes grupos financeiros em um valor real.

Outra grande tolice temporal é a relação entre um valor anual de PIB, com uma moeda que não será emitida e gasta ao longo do mesmo ano fiscal, nenhum país civilizado no fim do ano coloca mais 100% do valor do seu PIB em circulação, ou seja, os USA não emite 100% do seu PIB em dólares por ano, ele simplesmente emite o suficiente para substituir as células velhas e um pouco a mais para cobrir o incremento do PIB anual e para realizar obras públicas que se forem mal empregadas no futuro criará uma inflação interna.

Da mesma forma por que até hoje o Real não sofreu um ataque especulativo dos fundos especializados nesta mixórdia, simplesmente se o Real perder valor perante as outras moedas a importação diminui e a exportação aumenta, cobrindo em parte a perda de valor da moeda em relação as outras.

Esta discussão toma corpo quando são criadas as criptomoedas, estas sim, diferentemente das moedas fiduciária nacionais não são cobertas por nada. Se uma criptomoeda perde o valor ela simplesmente desaparece levando tristeza e rancor aos seus proprietários, mas com impacto praticamente nulo nas economias dos países.

Se um BitCoin ou um Ethereum (ótimo nome para uma moeda que não existe, éter é por definição algo que existe mas não tem matéria nem energia) caírem a zero no seu valor, os que trocaram seus dólares, reais, euros ou qualquer moeda por essas criptomoedas vão perder tudo, porém eles trocaram de mãos as suas moedas fiduciárias, que os pequenos liberais acham que não valem nada, e quem recebeu estas moedas farão bom ou mal uso de seus lucros, mas independente do tipo de gasto elas continuarão na economia.

 

Redação

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