A dívida bilionária do El País

Do Valor

Grupo Prisa negocia aporte com investidores

Mark Mulligan, Financial Times, de Madri

24/02/2010

A Prisa, maior grupo de mídia, em vendas, da Espanha (e que controla o jornal El País), negocia com investidores estrangeiros a venda de uma grande participação para ajudar a pagar seu endividamento líquido, de cerca de € 4,9 bilhões.

A companhia, que anunciou o refinanciamento de um empréstimo-ponte de € 1,9 bilhão na segunda-feira, confirmou em documento enviado ontem às autoridades reguladoras locais que os investidores poderiam injetar entre € 450 milhões e € 600 milhões em capital novo.

Toda a companhia, cujas ações vêm sendo prejudicadas pelo receio com as dívidas e a forte queda na receita publicitária, estava avaliada, ontem, em € 730 milhões, indicando que, em um acordo do tipo, haveria a emissão de novas ações.

A Prisa, no entanto, desmentiu as notícias de ontem de que a família Polanco, dona de quase 70% do capital da companhia de mídia, teria sua participação diluída pela metade.

“Nos últimos meses, houve negociação com vários grupos e a Prisa confirma que, em breve, poderia chegar a acordo com um grupo de investidores internacionais interessados em participar do capital social da empresa”, informou a companhia. “A participação do principal acionista poderia se reduzida como resultado dessa operação, mas isso não afetaria o controle da companhia”, acrescentou.

A Prisa, companhia que edita o “El País”, o jornal de maior circulação da Espanha, enfrenta pressões financeiras desde que se viu obrigada a comprar o capital total da Sogecable, sua empresa de participações no mercado de TV, pouco antes de a crise financeira atingir o setor de mídia e elevar os custos dos títulos de dívidas de companhias.

A pressão dos credores forçou a companhia a vender participações na maior parte de suas divisões de negócios, incluindo 44% da TV por assinatura Digital Plus para o grupo de mídia italiano Mediaset, controlado por Silvio Berlusconi, e para a companhia de serviços de telecomunicações espanhola Telefónica. A Prisa, contudo, recusou várias ofertas pelo controle da Santillana, uma das maiores editoras de livros em língua espanhola.

Recentemente, o grupo concluiu seu programa de vendas de unidades. A reestruturação da dívida, no entanto, continuará, já que a companhia busca “desenvolver uma estrutura de capital estável no médio e longo prazo”. Na semana passada, a Prisa anunciou uma queda de 39% no lucro de 2009, para € 50,5 milhões. A receita da companhia de mídia caiu quase 20%, para € 3,2 bilhões.

Luis Nassif

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