Das manchetes feitas para enganar:
O governo Lula, Celso Amorim a frente, afirmou desde a aprovação das sanções do CS da ONU, que elas seriam cumpridas pelo Brasil – sem discussão.
Aí a Folha mistura o cumprimento destas sanção, aprovadas também por China e Rússia, parceiros comerciais prioritários do Irã, com o cumprimento ou adoção de sanções unilaterais – também denunciadas e repudiadas por aqueles dois BRICs.
Se não há crise, se não há falha, se não há erro, a gente inventa.
Da Folha
Planalto e Itamaraty divergem sobre sanções
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
SIMONE IGLESIAS
DE BRASÍLIA
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
O governo não afinou o discurso diante das sanções que a ONU impôs ao Irã por causa de seu programa nuclear. O Planalto disse uma coisa, e o Itamaraty, outra.
Enquanto o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, dizia que o Brasil não cederá à pressão dos EUA para implementar as sanções, o Itamaraty informava que o Brasil foi voto vencido e só lhe resta acatar e aderir às sanções determinadas pela ONU.
Não”Não estamos movidos por esse tipo de pressão ou o que quer que seja. Estamos fazendo isso porque consideramos que corresponde à percepção que temos dos direitos humanos do mundo. [O Brasil] não vai mudar [de posição] de jeito nenhum. Não teríamos razão para mudar”, disse Marco Aurélio.Já no Itamaraty, diplomatas diziam que o país tem como norma e tradição seguir as determinações da ONU.
Para unir as duas pontas, o governo pode contar com a enorme burocracia para que uma decisão tomada na ONU se transforme em atos concretos dentro do Brasil. E isso pode demorar meses.
Conforme informou a Folha ontem, uma delegação dos departamentos do Tesouro e de Estado dos EUA esteve nesta semana no Brasil para pressionar o governo pela aplicação de sanções contra Teerã.
Deputados dos EUA anunciaram ontem a criação de um grupo de trabalho para chamar embaixadores estrangeiros em Washington com a intenção de “discutir” a implementação das sanções ao Irã.
Pretende promover a implementação não só das sanções da ONU mas das sanções unilaterais aprovadas pelos EUA, que punem países com negócios com o Irã.
Especula-se que o embaixador brasileiro em Washington, Mauro Vieira, será um dos convidados a discussões, dadas as divergências entre o Brasil e os EUA.
Diplomatas brasileiros afirmaram à Folha que, enquanto não há discussão sobre o respeito às sanções da ONU, a pressão sobre os riscos de desacato às sanções unilaterais americanas “são um problema”.
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