Enviado por Felipe A. P. L. Costa
A imprensa como ela é
Por Euro Arantes [1]
O leitor que diariamente sai à rua para comprar ‘o seu jornal’ está pagando para ser ludibriado.
A notícia era apenas isso:
“Dois namorados, modestamente vestidos, passeavam ontem na Pampulha, quando foram colhidos por um caminhão da Standard Oil (hoje Esso), que rodava em direção a Belo Horizonte, transportando 6.000 litros de óleo destinados à Prefeitura da Capital. Os dois jovens, que mais tarde foram identificados como sendo Fulano e Fulana, tiveram morte imediata e o motorista foi preso por um inspetor de veículos que, casualmente, passava pelo local.”
Mas acontece que cada jornal costuma sempre interpretar os fatos ao seu modo e o resultado foi que, no dia seguinte, os nossos matutinos (com exceção do Informador Comercial, que é órgão especializado, e do Estado de Minas, que só publica anúncios, e por isso não noticiaram o fato) apareceram com os seguintes títulos:
FOLHA DE MINAS (jornal do governo)
“Notável eficiência do Serviço Estadual de Trânsito” – “O inspetor prendeu em flagrante o motorista assassino” – “O governador visitou pessoalmente as duas famílias enlutadas” – “Aberto rigoroso inquérito por ordem da Chefia de Polícia.”
O DIÁRIO (jornal da Cúria Metropolitana)
“Castigados os infiéis” – “Entregavam-se à prática de atos imorais, quando foram colhidos por um caminhão.”
TRIBUNA DE MINAS (de propriedade do ex-governador de São Paulo, Ademar de Barros)
“Ademar de Barros está com o povo” – “Amparada pela caixinha do ex-governador de São Paulo, a família do rapaz que faleceu ontem na Pampulha.”
DIÁRIO DE MINAS (do sr. Otacílio Negrão de Lima, inimigo público do prefeito da Capital)
“Responsável é o prefeito Américo René Giannetti” – “O veículo estava desenvolvendo velocidade excessiva porque o Visconde tinha pressa em receber a mercadoria” – “Para o sr. Giannetti duas vidas valem menos do que 6.000 litros de óleo.”
JORNAL DO POVO (órgão do antigo Partido Comunista)
“Proletários brasileiros vítimas do imperialismo norte-americano” – “Cena revoltante na Pampulha: dois humildes operários nacionais esmagados sob as rodas de um possante caminhão da Standard Oil.”
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Nota
[1] Euro [Luiz] Arantes (1927-1993). Artigo extraído de Rabêlo, J. M. 1997. Binômio: edição histórica. BH, Armazém de Idéias & Barlavento Grupo Editorial.
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Já vi uma
Já vi uma assim com a Chapeuzinho Vermelho.
Compro jornal quse todo dia , EM PAPEL , gosto de mudar o jornal revesando Globo , Folha , Dia , Estadão e o JB (temos poucos no Brasil) sendo enganado por vários ao menos…
Muito bom. Da hora. Mitou (?)!
Amplia o estrago para uma rede de tv no lar, na sala, de 98% dos habitantes do País inteiro.
Formatando a realidade, despejando e filtrando 24 horas por dia a versão dos fatos que melhor sirva aos seus interesses.
Um Cavalo-de-Tróia hipnótico, por décadas e décadas, ocupando o espaço central do convívio familiar. De norte ao sul do Brasil, dos barracos das favelas e periferias até os apês e condomínios, cercados ou não, da classe-média tupiniquim. O poder absoluto foi consolidado pelo casamanto do marinho com os milicos da ditadura.
A rebeldia deixou de ser vermelha, foi transubstanciada no mascar de uma coisa chamada chicletes; é verdade, o mundo consumiu e mascou feito ruminante em nome da liberdade, contra a opressão da família burguesa.
Não, os coxinhas não nasceram ontem, a escola-sem-partido só vem se aperfeiçoando com o passar do tempo planeta afora.
ps: Goebbels, onde estiver, morre de inveja.
MAD
“JOGOU RECEM NASCIDO NA LIXEIRA DO PRÉDIO.”
“Fui eu mesma, disse dona Maria do terceiro andar, dei Racumin pra ele e ele morreu logo.”
( Publicado na revista MAD há “milhares” de ano.)
Tratava-se de uma ninhada de ratos, mas o leitor só saberá se ler a matéria, como a maioria só lê a manchete e sai alardeando temo este caos informativo que impera no país.
A proósito, o DCM apresenta
A proósito, o DCM apresenta uma matéria, com vídeo, pra mostrar o nível baixíssimo de informação d Globo News.
Trata-se de uma entrevista de uma repórter a um Professor de finanças da UFRJ. O tema é a Petrobrás, e os desdobramentos dos problemas que vimos assistindo. Como o Professor defendia a população, e se declarava contra a política adotada pelo governo, simplesmente foi descartado. A repórter o interrompe, pedindo os comerciais, e em seguida “cadê o homem que tava aqui?”. Simplesmente sumiu.
Jingle Bell
Jornal agora só serve mesmo para embrulhar peixe na feira ou para cantar jingle bell acabou o papel. Parei de comprar o Globo desde a campanha eleitoral de 2014 quando ficou escancarado o favorecimento midiático ao candidato do PSDB, Aecinho do pó. Eu ainda gastava meus trocados com esse jornal por causa da coluna do falecido e saudoso João Ubaldo Ribeiro, único acadêmico digno de uma cadeira na ABL. Hoje meus trocados se foram, assim como a feira, o peixe e o jornal.