Atualizado às 13:19
Extrato do artigo de hoje de Janio de Freitas na Folha.
Parece piada.
Aquela do personagem da “Escolinha do Professor Raimundo” que dizia: “Isso só acontece na França”.
Sendo Jânio quem é, tendo a perspicácia que o texto anterior demostra ter, por que se dar a esse ridículo?
Só se está enviando algum recado.
Da Folha
JANIO DE FREITAS
O escândalo dos grampos telefônicos usados pelo jornal “News of the World” tem inúmeros precedentes na imprensa inglesa. De igual e até de maior gravidade, inclusive com a decorrência de suicídio.
A cada episódio, discutiram-se a função e a ética da imprensa, códigos de conduta pessoal, mais comissões de orientação.
Tudo com o efeito apenas de proporcionar e tornar mais enganoso o intervalo até o seguinte escândalo de ordinarice jornalística. A existência de jornalismo decente e brilhante não nega que o sensacionalismo repugnante é da natureza da imprensa feita na Inglaterra. E seu grande êxito empresarial.
Não há razão alguma, portanto, para supor que o atual escândalo resulte em alguma inovação saudável por lá. A mecânica será diferente, mas o escândalo futuro da imprensa suja não faltará. Lá.
Aqui, como você pode comprovar graças ao escândalo inglês, a qualidade jornalística é inferior à da imprensa inglesa decente, mas não o padrão ético. A imprensa de sarjeta não chega, aqui, a alterar a média ética da imprensa de que você tanto se queixa. E nós, jornalistas, quase todos também.
Comentário
Gozado! Minha leitura foi a de que, em que pesem todas as limitações profissionais de trabalhar na velha mídia, Jânio faz uma crítica ao jornalismo de esgoto que dominou o cenário nos últimos anos. E o faz na condição de quem defende uma outra forma de jornalismo, mais legítimo. Ou seja, apresenta-se como o jornalista tradicional condenando o esgoto. É muito mais um voto de fé no futuro e uma proclamação, tipo “não sou desse time”.
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