A imprensa e o monopólio do discurso

Por Rogerio Faria

Comentário ao post “A influência da TV aberta na violência difusa

A grande imprensa brasileira faz mal para o país. Não é questão apenas de banalização da violência. Esta, em si, sempre foi confundida com diversão, prazer e justiça.

O mais grave é que desde as “Diretas Já”, da Constituição de 88, o país vem tentando criar mecanismos de particpação popular, de influência do povo nos rumos do país. Esses instrumentos vêm se aperfeiçoando. São conselhos, leis de responsabilidade, publicidade, transparência. Porém, a mídia vai na contramão dessas intenções. Ela quer manter o monopólio do discurso, o monólogo dos editoriais.

A grande imprensa não influência um debate de democracia, de cidadania. O discurso é sempre desesperançoso. Estão sempre a procurar a gota d’água, o escândalo, o cadáver. O consumidor desses meios, o povo em geral, e aí, principalmente, pela TV aberta, é imbecilizado. Parafraseando Forrest Gump, aí o idiota faz idiotices.

E são grandes meios de comunicação nas mãos de poucas famílias. Jornalões, revistas e canais de tevês concentrados exclusivamente na região sudeste, levando as demais regiões a reboque.

Essas famílias, praticamente dominando a imprensa, usam-na na defesa de seus interesses financeiros. É assim que são escolhidas as manchetes de capa, são ditados os editoriais, são apoiadas causas, são selecionadas denúncias. E toda a população leitora é utilizada como massa para essas manobras. A opinião publicada, ainda que represente aquela minoria, acaba sendo chamada de opinião pública.

De repente, vemos, principalmente a elite e a classe média tradicional, repetindo os mesmos argumentos das manchetes. Sem reflexão. Incapaz de filtrar a opinião, ou interesses, por trás da dita notícia.

A solução é a democratização da mídia. Facilitar à sociedade o acesso aos meios de comunicação. Aumentar o número de pessoas capazes de se expressar para um público maior. Quanto mais gente, mais opiniões diferentes, mais democracia. A questão não é calar ninguém, mas dar vozes a todos. Porém, isso mexe com interesses financeiros, com o bolso, do pessoal lá do topo. É um grande debate público que a nossa imprensa não vai dar no jornal.

É preciso outro discurso. Comunicadores se vendo como cidadãos e voltados à cidadania, como o excelente trabalho feito pelo Nassif. Os leitores deste blog não saem fazendo idiotices.

Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”. Joseph Pulitzer

Redação

13 Comentários

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  1. São os mesmos que endossaram a ditadura.

    E sabe qual é o novo discurso dissimulado dos patrões da grande imprensa através de seus soldadinhos?

    “São os blogs sujos que estão dissimulando a violência

    Vou pedir desculpas aos demais comentaristas para incomodá-los com simplório comentário postado anteriormente:

    “Nassif,

    Toda nossa solidariedade aos parentes do cinegrafista. Não é admissível que manifestantes se utilizem dessa estratégia, dessa selvageria para demonstrar toda sua indignação. Isso é inadmissível. Toda a sociedade condena.

    Outra coisa, igualmente inadmissível é o que acabo de escutar na CBN. Um canalha, travestido de jornalista da CBN fez um discurso culpando os blogs – a que ele atribui financiados pele governo federal – de pregar violência contra jornalistas e de serem indiretamente responsáveis pela morte do cinegrafista da TV BANDEIRANTES.

    Essa gente parece que não tem limites. Insiste em fomentar o ódio entre as forças vivas e legítimas da sociedade.

    Do jeito que as coisas vão os filhos do Roberto Marinho estão trilhando o mesmo caminho do pai que apoiou a ditadura formalmente, emprestando suas páginas para dar sustentação aos arbítrios dos coturnos.

    Parece que está no sangue dessa gente. Os Marinho querem criminalizar toda forma de manifestação social e ligá-las a partidos políticos, políticos, blogs, jornalistas progressistas, juristas e a quem quer que seja que não se alinhem ao que praticam e pensam.

    Parte importante da sociedade já percebeu que os mesmos órgãos de imprensa que no passado envenenaram o povo brasileiro tornam a fazê-lo. E para tal se utilizam de soldadinhos para pregar o ódio e a discórdia.  Certamente isso não vai acabar bem.  Todas as vezes que as eleições presidenciais se aproximam os filhos do Roberto Marinho tentam envenenar a população.

    Só que eles nunca dão as caras. Ficam lá, encastelados pastorando toda sua grana, inclusive as oriundas da sonegação. Por enquanto o mensageiro desse ódio é o soldadinho que esta na ponta. Que faz o serviço sujo.

    Eu não sei onde isso vai dar, mas em boa coisa não será.

    Esperava-se que no momento do stress, das tensões sociais as mentes responsáveis e pensantes da sociedade, de todas as áreas, viessem para pregar a paz, mostrar saídas e soluções, mas o que se constata é a pregação do ódio e de mais tensão.

    Isso não vai acabar bem.

    E mais uma vez essa gente vai negar o que está evidente.”

      

  2. Não apenas a democratização da mídia

    …. mas também opções de mídia que sejam abertas ao contra-ponto com bom nível de argumentação. Não adianta haver um canal que diga que a bandeira é verde enquanto o outro brade que não, a bandeira é amarela. Trocar um status de “opinião única” por outro de ‘guerra insana de opiniões” só irá reproduzir o quadro de intolerância e radicalização que já observamos nas redes sociais. Precisamos mesmo de uma mídia que exercite o diálogo, o nível tem que melhorar, não basta diversificar.

      Eu lembro da grande promessa que foi a criação da TV, com sua poderosa penetração nas massas. Um meio que poderia facilmente difundir educação, cultura, arte… no que se transformou esta promessa? Apelação, sensacionalismo, culto a futilidade e ao consumismo, entretenimento vazio de conteúdo como ferramenta de alienação. Hoje vejo que o povo estaria melhor sem essa TV que esta aí, o tempo gasto assistindo é tempo perdido em vão.

     

  3.  
                Resumindo:
       

     

                Resumindo:

               O avião decolou normal- não é notícia.

                O aviãO caiu- é notícia.

                  E a imprensa está sempre a procura de um avião que caia.

                       Me fiz entender?

                        Normal,né?

    1. Manchete da Folha:
      Projeto de

      Manchete da Folha:

      Projeto de Hadad na cracolândia tem 25% de não adesão – ANORMAL

      O normal:

      Projeto de Hadad tem 75% de adesão

  4. Quando vc assiste ”corta pra

    Quando vc assiste ”corta pra mim na 23”  ou o outro acerelado expor crimes,tudo é feito pela metade.

      A outra metade que não é noticiada é quantos anos eles pegaram de cadeia.O que aconteceu com sua região glútea.O inferno que vivem nas prisões.

          O dia que, além do ctime, tbm as consequências dele, sejam expostas, provavelnte teremos a diominuição dos delitos praticados.

                Mas essesd 2 apresentadores viverm de sangue.Recebem por rle.Brigam por audiência pora causa dele.

                 Não estão interessados em atenuar.Ao contrário.

                     Sem sangue não há audiência.

                    E com um detalhe: Com voz grave e preocupada.

                     Preocupada o cacete,Eles necessitam de sangue mais que vampiros.

                        E O PÚBLICO DELIRA.===COMO NA ROMA ANTIGA. COMO OS CRISTÃOS SENDO DEVORADOS PELOS LEÕES,

                É IBOPE NA CERTA.  E QUEM LIGA PRO RESTO? É MAMÃO COM AÇUCAR PROS Anunciantes.

               Foda=se o resto.

  5. O medo é uma tática de dominação

    O PIG é muito mais antigo e universal do que se pensa. Gramsci já o definia nos Cadernos do Cárcere durante o fascismo.

    A promoção ininterrupta da violência pelos grandes meios de comunicação visa criar um estado de medo permanente na população e, portanto, uma empatia e até mesmo uma satisfação com um Estado policial que, na realidade, pretende reprimir o povo inteiro e, sobretudo, as forças progressistas.

    É como se vivêssemos num eterno estado de sítio, ameaçados por inimigo desconhecido mas sempre rechaçado pelo mesmo exército salvador. Ficamos dependentes dessa proteção, mesmo que esse exército nos domine mais do que proteja.

    Essa promoção legitima uma violência incompatível com uma democracia. Dessa maneira as classes dominantes podem baixar o sarrafo, manter sua dominação, posarem de democrática e ainda receberem nossos agradecimentos…

    “Na Itália [só lá…?], pela falta de partidos organizados e centralizados, não se pode prescindir dos jornais: são os jornais, agrupados em série, que constituem os verdadeiros partidos”.[15]

    Antes e durante os injustos, sombrios e extremamente penosos anos do cárcere, Antonio Gramsci demonstrou ter exata noção do papel-chave da imprensa como aparelho privado de hegemonia sob influência de classes, instituições e elites dominantes. Os meios de comunicação procuram intervir nos planos ideológico-cultural e político com o intuito de disseminar informações e ideias que concorrem para a formação e a sedimentação do consenso em torno de determinadas concepções de mundo. A maioria deles funciona como alicerces para a conservação da hegemonia do que José Paulo Netto bem definiu como “a ordem social comandada pelo capital”. 
    http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia/O-jornalista-Antonio-Gramsci/12/29684

  6. Quem é o culpado?

    No discurso da mídia (que de tanto ser repetido, acabou se tornando o padrão do pensamento de quase todo mundo), sempre que é dada uma notícia, vem embutido um julgamento.

    Ocorreu um assalto. Quem é o culpado?

    Ocorreram distúrbios em uma manifestação. Quem é o culpado?

    Ocorreu um acidente. Quem é o culpado?

    Vai ocorrer um apagão. Quem é o culpado?

    Santa Maria. Uma conjunção de fatores causou um acidente terrivel. Todos tem culpa, autoridades, bombeiros, proprietários, músicos, seguranças. Podemos escolher o culpado que acharmos melhor, mas tem que haver um culpado, por mais que tenha sido uma conjunção de fatores que desencadearam a tragédia, tal qual ocorre em qualquer acidente aéreo.

    Mas se existe um culpado, tem que haver punição! Não pode ficar assim!! Este é o país da impunidade!!!

    O discurso se repete todos os dias em ABSOLUTAMENTE TODAS as notícias que são dadas. Formadores de opinião são na verdade juízes. Uma notícia não pode ser dada de forma isenta e imparcial, sempre vem embutido nela um julgamento, e é isso que alimenta a indignação que se torna em algum momento em violência.

    Enquanto uma notícia não for apenas uma notícia, a imprensa está prestando  um desserviço à população, tangendo o gado para o curral onde vai ser abatido.

    1. Apontar responsabilidades (ou

      Apontar responsabilidades (ou culpados, como você diz) pode fazer parte da notícia. O problema está em selecionar culpados segundo interesses inconfessáveis, editar, distorcer, manipular. Não ser isento não é crime, mas a desonestidade de querer se passar por isento deveria ser, pois é uma espécie de falsidade ideológica.

      Noticias sem julgamento e isenção dos meios de comunicação fazem parte de um mundo ideal, é uma utopia. Qualquer ser humano, jornalista ou não, se alinha a correntes políticas, sociais, etc. que tem mais afinidade e ponto. É a falsa aura de santidade dos meios de comunicação que deve ser desmascarada.

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