Mídia brasileira está 10 anos defasada no debate político, por Alessandro de Argolo

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Comentário referente ao post Dilma, a regulação dos oligopólios de mídia e as meninas do Jô

A mídia brasileira está defasada no debate político uns 10 anos

A verdade é que a mídia brasileira, isso de uma forma geral, está defasada, desinformada mesmo, no debate político sobre o cenário internacional em pelo menos uns 10 anos. Isso vale tanto para a grande imprensa quanto para a blogosfera. Os jornalistas brasileiros são de uma pobreza nas análises políticas impressionante e o exemplo na cobertura sobre o bolivarianismo é emblemático nesse sentido. O que a grande imprensa brasileira hoje reverbera sobre o assunto é o que sujeitos como Olavo de Carvalho falavam há 10 anos quando se debruçavam sobre entidades como o Foro de São Paulo, o que é evidentemente uma piada e mostra a pobreza política das análises que campeiam na grande imprensa brasileira, a qual sempre foi limitadíssima ao analisar o cenário latino americano, sul-americano em particular. A mesma coisa pode ser dita sobre a situaçãoa na Ucrânia e sobre o cenário político russo, dos quais os órgãos de imprensa brasileiros sabem muito pouco. Por exemplo, a imprensa brasileira, inclusive a blogosfera, sabe muito pouco sobre figuras complexas como Putin, o que ajudou a produzir lamentáveis análises por parte de setores de esquerda que encamparam, ridicularmente, a ideia de que Putin seria um contraponto à esquerda ao neoconservadorismo dos EUA, o que evidentemente é falso e mostra o grau de desinformação que marca o jornalismo político brasileiro.

Por incrível que pareça, Olavo de Carvalho e até mesmo Júlio Severo estavam mais informados sobre Putin do que 99% dos que escreveram sobre ele na grande imprensa e na blogosfera durante a crise da Ucrânia, que ainda se arrasta. Os analistas mal sabiam o que significava eurasianismo e ainda hoje não sabem o que é a Tradição de que falam autores como Dugin, que recentemente esteve no Brasil e deu palestaras na USP num encontro evoliano, organizado, de uma forma um tanto amadora, sem grande apoio político ou financeiro, por estudantes de filosofia em homenagem ao pensador italiano Julius Evola, ao lado de Alan Soral, ativista francês um tanto maldito em seu país, que é inclusive alvo de acusações de antissemitismo. O Encontro Evoliano é organizado com interesses puramente acadêmicos, sem maiores pretensões políticas. Eu conheço inclusive a pessoa que organiza, que é doutoranda em filosfia pela USP e é natural de João Pessoa, na Paraíba, Dídimo Matos. Quem hoje tenta escrever com um mínimo de propriedade sobre a Ucrânia, Putin e que tais é Pepe Escobar, que também corre atrás do prejuízo, um tanto tardiamente comparecendo à festa. Enfim, no Brasil, os jornalistas estão defasados no debate e patinam para entender o cenário político internacional que emergiu de dez anos para cá.

O bolivarianismo, por exemplo, é muito pouco compreendido no Brasil. Não existem grandes estudiosos sobre o assunto. Os jonalistas europeus, a exemplo dos ingleses Robert Fisk, do The Independent, e John Pilger, do The Guardian, escreveram ao longo dos últimos anos e no período de maior efervescência, artigos muito interessantes sobre a situação na Venezuela e na Bolívia do que um dia fizeram os órgãos de comunicação brasileiros, o que é realmente uma vergonha para o jornalismo político brasileiro e para os próprios grupos de esquerda brasileiros. Sem falar de monumentais jornalistas independentes, como o americano Alexander Cockburn, do CounterPunch, infelizmente falecido de câncer no ano passado, um dos melhores exemplos do que é fazer jornalismo verdadeiramente independente e de qualidade, engajado politicamente, sempre na vanguarda. Esses caras escreveram artigos realmente elucidativos sobre o cenário político Venezuelano e sobre o bolivarianismo de uma forma geral nos últimos 10 anos que no Brasil os leitores simplesmente não tinham acesso a partir de textos de jornalistas brasileiros. Era preciso estar atento ao órgãos de imprensa internacionais para se informar melhor sobre o que estava acoantecendo, seja no Resistir.Info, site português que publicava artigos traduzidos desses jornalistas, seja diretamente nos sites dos órgãos de imprensa internacionais.

Eu vi no vídeo o Jô Soares falar sobre um suposto contato do MST com grupos venezuelanos, notícia que foi recentemente divulgada, em tom alarmista, no Brasil, por jornalistas como Cláudio Tognolli, que é da turma que faz oposição raivosa e direitista um tanto paranóica na linha defasada que eu apontei anteriormente. O pior é constatar que ese espírito era o mesmo que existia nos escritos de Olavo de Carvalho de 10 anos atras, lá por 2004, por aí. Ou seja, a grande imprensa está pautada por visões distorcidas e nada embasadas sobre o bolivarianismo, vendendo preconceitos e ideias falsas, sem sequer fazer um trabalho jornalístico sério mínimo que seja.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

22 Comentários

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  1. Excelente

    Argolo quando sai da picuinha provocativa se torna um excelente escritor.

    Nesse artigo vai no âmago das deficiências do nosso jornalismo; pouco conhecimento dos jornalistas e falta de aprofundamento das matérias.

    Nosso jornalismo político e econômico tem menos conteúdo do que o jornalismo de coluna social.

    1. O texto longo apenas acusa a mídia de atrasada. Bastava o título

       

      Assis Ribeiro (terça-feira, 11/11/2014 às 12:20),

      Sei não. O texto é longo, mas a não ser dar nomes de pessoas que para mim eram absolutamente desconhecidos ou datar encontros ou reuniões não há uma informação útil que alguém possa aproveitar para utilizar em algum argumento. Enfim, é um texto que não instrui.

      O título, que diz tudo que é repetido no longo texto, em si também não diz nada. Quer dizer, o que significa dizer que a mídia brasileira está defasada no debate político uns 10 anos?

      Com frequência para mostrar o nosso atraso em relação aos Estados Unidos, eu menciono que há cinquenta anos os Estados Unidos levaram o homem a Lua e talvez nem daqui a 50 anos nós conseguiremos esse feito. Trata-se de informação mais objetiva. Com esta informação você consegue avaliar como eu vejo as condições materiais atuais dos Estados Unidos e do Brasil. Ainda assim, eu tenho que lembrar que como democrata eu avalio que na eleição para presidente o modelo brasileiro está muitos anos à frente do modelo americano.

      E ele teve oportunidade ao falar sobre Putin em dizer algo além de acusações vagas. Bastava por exemplo ter dito que Putin realiza na Rússia praticamente sozinho aquilo que no Brasil exigem-se dois partidos, ou seja, Putin na Rússia evita que algum aventureiro chegue ao poder fazendo o papel que no Brasil está sendo desempenhado pelo PT e pelo o PSDB.

      Clever Mendes de Oliveira

      BH, 11/11/2014

        1. Poi é,Falou muito, disse

          Dona Tereza que saiu da escola para tratar da familia com sua faxina e depois com sua “vendinha de tudo um pouco, no morro onde conseguiu formar dois engenheiros que votaram no Aecio.Desabafou comigo seu fornecedor há 40 anos:

          -Fui traida dentro de casa.Votaram no moleque. A dona Dilma querendo pegar ladrão e eles colocando um plaboy para tomar conta dos cabritos.Dona Tereza “passou mal” imaginado derrota da Dilma.ja encomendou uma missa para agradecer a reeleiçao.Para nao colocara pilha,não mostrei o texto da moça  da folha: ” A revelaçao da pista de pouso pavimentada peleo entao governador Aecio neves em terras de parentes,provada,documentada,e noticiada pela Folha em Julho.Ja li tambem na coluna do Janio de Freitas que jornalismo do Salvelindo sofre de “barganhismo”. Na qualidade de analfabeto funcional,alienado e burro,sempre acredito que qualquer pingo é letra.Concordo com a duvida do Capile do midia Ninja que nao sabe se é cartel ou quadrilha a associaçao dos  donos  da nossa liberdade de expressao.Dos nossos “saberes”,do nosso atraso.

      1. O texto é claríssimo, inclusive dizendo a razão da conclusão

        Expliquei por que a mídia brasileira está defasada. O post foi feito em outro post, um que comentava o que Jô Soares disse sobre o que a imprensa brasileira fala em relação ao Brasil se tornar bolivariano sob o governo do PT. A partir disso, me lembrei do quanto a imprensa brasileira anda atrasada no debate político sobre o que acontece no cenário internacional. Além de falar sobre o bolivarianismo em si, falei do caso da Ucrânia e de Putin. Expliquei que a mídia brasileira sabia muito pouco sobre estes assuntos, quando inclusive alguns setores de esquerda escreveram sobre a crise da Ucrânia enxergando em Putin um contraponto à esquerda ao neoconservadorismo dos EUA totalmente inexistente, pois quem conhece Putin e o seu governo, suas bases ideológicas, sabe que isso é falso. Citei Dugin, que é um pensador ouvido pelo governo Putin, que fala de Eurasianismo, Tradição etc. Nada a ver com esquerda ou com o contraponto existente durante a época da Guerra Fria, como muita gente no Brasil enveredou a analisar.

        Falei sobre a cobertura da imprensa internacional, inglesa e americana em particular, em relação ao bolivarianismo e à Venezuela, citando inclusive jornalistas que escreveram sobre o assunto, tudo para evidenciar que a cobertura da mídia brasileira era fraca, desencontrada, pobre em análises e politicamente enviesada se comparada com o trabalho dos jornalistas que eu citei. A análise da grande imprensa brasileira sobre bolivarianismo é um rescaldo do que Olavo de Carvalho escrevia há 10 anos, com as acusações sobre um grande plano comunista a tomar de assalto a América do Sul. Isso é argumentar e mostrar a defasagem a que o texto se refere, o que evidencia um jornalismo capenga, que não se esforça para produzir boas matérias, que corram atrás dos fatos e faça análise política minimamente decente.

        Tudo foi explicado no post. Teus reclames são completamente improcedentes. Nem tinha em mente essa comparação entre países como a que vc fez. Falei sobre a mídia brasileira mesmo e o quanto as análises políticas dela sobre o cenário internacional estão fracas. Você pelo menos poderia argumentar para dizer que eu estou errado, defendendo a qualidade e atualidade da análise política da mídia brasileira sobre o cenário internacional. Mas nem isso você fez.

        1. Em regulação de conteúdo seu comentário é irregulável

           

          Alessandre de Argolo (terça-feira, 11/11/2014 às 15:05),

          Pela atenção ao meu comentário eu agradeço, mas não ao ponto de não considerar válida minhas críticas a você. Não vi conteúdo no seu comentário. A mesma crítica que está incompleta – a mídia brasileira está defasada – foi dita de vários modos diferentes. Cresceu o comentário mas o cerne dele – a mídia brasileira está defasada. No exemplo que eu dei: levar o homem a lua, é possível fazer uma quantificação. Pelo meu exemplo dá para concluir que os Estados Unidos produzem mais que o Brasil, tem uma tecnologia mais avançada e que precisaremos de 100 anos para os alcança se eles ficarem parados.

          Critiquei aquilo que eu tenho criticado em textos que a pretexto de se apresentarem como inovadores ou iconoclastas ficam circundando o objetivo deles e não chegam a lugar nenhum. Em razão disso eu tenho sido muito crítico de alguns textos críticos de Luis Nassif porque vem com uma idéia já preconcebida de crítica, mas que no geral são generalistas com acusações abstratas que servem para qualquer coisa. A seu favor eu reconheço que eu não deveria acusar você de uma falha que muitas vezes eu cometo e que é ser prolixo para ao fim não dizer muita coisa.

          Agora, o seu texto em minha avaliação ficou com as características que eu critico em Luis Nassif, contendo só generalidades e acusações abstratas e ao fim e ao cabo ficou prolixo e sem dizer muita coisa. Você se repete para dizer que a mídia brasileira é atrasada e o faz de tal modo que se em vez de mídia brasileira você tivesse mencionado a mídia americana, bastava substituir o Olavo de Carvalho por par semelhante nos Estados Unidos, citar algum fórum que tenha acontecido na América Central (Na Nicarágua, por exemplo), e o autor do texto poderia se passar como grande entendedor da mídia americana. E no fundo não teria dito nada importante sobre a mídia americana.

          E veja que há ainda nesta primeira parte uma frase que não corresponde a realidade. Diz você:

          “Por exemplo, a imprensa brasileira, inclusive a blogosfera, sabe muito pouco sobre figuras complexas como Putin, o que ajudou a produzir lamentáveis análises por parte de setores de esquerda que encamparam, ridicularmente, a ideia de que Putin seria um contraponto à esquerda ao neoconservadorismo dos EUA, o que evidentemente é falso e mostra o grau de desinformação que marca o jornalismo político brasileiro”.

          Como o seu texto pareceu-me bem tautológico e também vou me dar o direito de o repetir. Assim, o que não corresponde a realidade foi você dizer:

          “parte de setores de esquerda . . . encamparam, ridicularmente, a ideia de que Putin seria um contraponto à esquerda ao neoconservadorismo dos EUA”.

          Em meu entendimento a esquerda encampou “a idéia de que Putin seria um contraponto à direita ao neoimperialismo dos EUA”. E que se ressalve que o imperialismo dos EUA não é novo. Aliás como também não é novo o conservadorismo dos EUA. O Barry Goldwater da década de 70 é semelhante ao conservadorismo atual nos EUA. O que diferencia o conservadorismo americano de hoje do conservadorismo americano de 40 anos atrás é que hoje há no conservadorismo mais correntes religiosas e no conservadorismo de antigamente o anticomunismo era mais presente.

          E por último talvez eu tenha compreendido menos o seu texto por não ter lido o post “Dilma, a regulação dos oligopólios de mídia e as meninas do Jô”. Li o comentário de Mateus Domingues depois que o comentário dele foi transformado no belo post “O programa de Jô na estratégia política da mídia” de sexta-feira, 07/11/2014 às 19:27, aqui no blog de Luis Nassif e que pode ser visto no seguinte endereço:

          https://jornalggn.com.br/noticia/o-programa-de-jo-na-estrategia-politica-da-midia

          O texto de Mateus Domingues é muito bom e eu pensei que o texto dele fora um ponto fora da curva no post que me pareceu que seria ruim e que foi o post do qual também o seu comentário originou ou seja o post “Dilma, a regulação dos oligopólios de mídia e as meninas do Jô” de sexta-feira, 07/11/2014 às 19:19. Não tinha ido no post, mas para responder a você eu acabei indo. Não tive tempo para ver o áudio, mas o texto de Luis Nassif não foi o que eu pensava. Texto bom e falando também corretamente do Jô Soares. Pelo que eu li no post e pelo que eu já acompanhei de Jô e de alguns programas com os comentários das meninas do Jô, também me pareceu que Jô teria mudado. Mudança, entretanto, que me parece mais fruto de uma inteligência com poder de representação do que uma real mudança de ideologia.

          E foi bom ter ido porque eu queria parecer diferente e ia expor no primeiro post em que o assunto fosse tocado uma análise com proposta de distinção entre regulação econômica da mídia e regulação de conteúdo, e pelo que Luis Nassif disse foi isso que a presidenta Dilma Rousseff teria proposto. Ainda assim deixo aqui algo que penso que deva ser considerado. São três pontos. Primeiro, na regulação econômica há que se considerar o conteúdo na medida que a mídia repassa um bem público que é a informação. De todo modo a regulação econômica precisa ser feita com mais conhecimento do sistema capitalista. Será que não seria bom para o Brasil que aqui existissem grandes oligopólios editoriais e de mídia de telecomunicação para que houvesse recursos para ancorar a difusão do conhecimento?

          Segundo ponto, e que é um pouco ainda dentro da idéia de se formar grandes oligopólios, para mim o PIG deve ser alimentado com verbas do governo sem ficar dependente do governo e ainda que o PIG faça o que a Veja fez nesta eleição. De todo modo, a grande mídia tem que se manifestar previamente quando ela emite uma opinião, dizendo a opinião a seguir é do grupo econômico. E no caso de opinião de alguém o grupo econômico tem que manifestar ao fim e ao cabo dizendo que a opinião que acaba se ser expressa não representa a opinião da grande mídia. E fica sempre submetida ao direito de resposta e ao pagamento de indenização por danos de qualquer natureza que ela for causadora. No caso do que a revista Veja fez na eleição, ela causou danos ao país, e a Advocacia Geral da República deve cobrar uma indenização ao país por esses danos assim como causou danos à candidatura de Dilma Rousseff e o PT tem também obrigação de pedir ressarcimentos por esses danos.

          E o terceiro ponto é que a regulação de conteúdo só dá para ser feita nos veículos públicos de comunicação. As emissoras estatais não podem apresentar apenas uma visão e de modo uniforme. Nas emissoras estatais seria sempre necessário que os noticiários fossem apresentados tendo dois ou três debatedores defendendo posições diferentes. Um lado que representaria o governo e outro da oposição e um terceiro lado também quando possível.

          Agora a presença de um Villa, de um Diogo Mainardi, de um Arnaldo Jabor, etc sem contraposição em qualquer das grandes redes faz parte da democracia e o máximo que se pode obter como contrapartida é o direito de resposta, para alguma informação falsa.

          Quanto ao seu texto, talvez o fato de você ter discutido o bolivarianismo e ter feito referência a Olavo de Carvalho tenha levado a você ter sido bem superficial nas suas acusações. Sim, são ridículas as falas da direita sobre o que seria o bolivarianismo. Sim são ridículas as falas de Olavo de Carvalho (Se não me engano ele trabalhava com a possibilidade de se fazer o impeachment de Barack Obama com base na certidão de nascimento). Ou seja não dá para não ser superficial se o intuito é criticar a crítica ao bolivarianismo e as falas de Olavo de Carvalho (Por mais culto que Olavo de Carvalho seja). O problema foi que você se estendeu muito para, além de dizer do ridículo da crítica ao bolivarianismo no Brasil e dos argumentos do Olavo de Carvalho, só datar em dez anos o atraso da nossa imprensa e sem se especificar em relação a quem é esse atraso.

          Clever Mendes de Oliveira

          BH, 11/11/2014

  2. Argolo, da uma olhada nos neo

    Argolo, da uma olhada nos neo evangelicos tambem…  Eles sao clones do que os TJ pregavam ha 60, 80, 100 anos atraz.

    Essas coisas acontecem de caso pensado.  Nao por acidentezinho da natureza.  E a razao de todas as involucoes eh o dinheiro mesmo.

  3. Post na íntegra, com correções e acréscimos feitos no original

    A mídia brasileira está defasada no debate político uns 10 anos

    A verdade é que a mídia brasileira, isso de uma forma geral, está defasada, desinformada mesmo, no debate político sobre o cenário internacional em pelo menos uns 10 anos. Isso vale tanto para a grande imprensa quanto para a blogosfera. Os jornalistas brasileiros são de uma pobreza nas análises políticas impressionante e o exemplo na cobertura sobre o bolivarianismo é emblemático nesse sentido. O que a grande imprensa brasileira hoje reverbera sobre o assunto é o que sujeitos como Olavo de Carvalho falavam há 10 anos quando se debruçavam sobre entidades como o Foro de São Paulo, o que é evidentemente uma piada e mostra a pobreza política das análises que campeiam na grande imprensa brasileira, a qual sempre foi limitadíssima ao analisar o cenário latino americano, sul-americano em particular. A mesma coisa pode ser dita sobre a situaçãoa na Ucrânia e sobre o cenário político russo, dos quais os órgãos de imprensa brasileiros sabem muito pouco. Por exemplo, a imprensa brasileira, inclusive a blogosfera, sabe muito pouco sobre figuras complexas como Putin, o que ajudou a produzir lamentáveis análises por parte de setores de esquerda que encamparam, ridicularmente, a ideia de que Putin seria um contraponto à esquerda ao neoconservadorismo dos EUA, o que evidentemente é falso e mostra o grau de desinformação que marca o jornalismo político brasileiro.

    Por incrível que pareça, Olavo de Carvalho e até mesmo Júlio Severo estavam mais informados sobre Putin do que 99% dos que escreveram sobre ele na grande imprensa e na blogosfera durante a crise da Ucrânia, que ainda se arrasta. Os analistas mal sabiam o que significava eurasianismo e ainda hoje não sabem o que é a Tradição de que falam autores como Dugin, que recentemente esteve no Brasil e deu palestaras na USP num encontro evoliano, organizado, de uma forma um tanto amadora, sem grande apoio político ou financeiro, por estudantes de filosofia em homenagem ao pensador italiano Julius Evola, ao lado de Alain Soral, ativista francês um tanto maldito em seu país, que é inclusive alvo de acusações de antissemitismo, o que levou alguns membros da comunidade judaica brasileira a falarem inclusive em denunciar o evento junto à Polícia Federal e ao MPF, pois seria um evento de índole racista e etc, uma bobagem completa que não deu em nada. A verdade é que o Encontro Evoliano é organizado com interesses puramente acadêmicos, sem maiores pretensões políticas. Eu conheço inclusive a pessoa que organiza, que é doutoranda em filosofia pela USP e é natural de João Pessoa, na Paraíba, Dídimo Matos. Quem hoje tenta escrever com um mínimo de propriedade sobre a Ucrânia, Putin e que tais é Pepe Escobar, que também corre atrás do prejuízo, um tanto tardiamente comparecendo à festa. Enfim, no Brasil, os jornalistas estão defasados no debate e patinam para entender o cenário político internacional que emergiu de dez anos para cá.

    O bolivarianismo, por exemplo, é muito pouco compreendido no Brasil. Não existem grandes estudiosos sobre o assunto. Os jonalistas europeus, a exemplo dos ingleses Robert Fisk, do The Independent, e John Pilger, do The Guardian, escreveram ao longo dos últimos anos e no período de maior efervescência, artigos muito interessantes sobre a situação na Venezuela e na Bolívia do que um dia fizeram os órgãos de comunicação brasileiros, o que é realmente uma vergonha para o jornalismo político brasileiro e para os próprios grupos de esquerda brasileiros. Sem falar de monumentais jornalistas independentes, como o americano Alexander Cockburn, do CounterPunch, infelizmente falecido de câncer no ano passado, um dos melhores exemplos do que é fazer jornalismo verdadeiramente independente e de qualidade, engajado politicamente, sempre na vanguarda com o seu estilo clássico da imprensa trotskista que marcava e ainda marca a esquerda americana. Esses caras escreveram artigos realmente elucidativos sobre o cenário político venezuelano e sobre o bolivarianismo de uma forma geral nos últimos 10 anos que, no Brasil, os leitores simplesmente não tinham acesso a partir de textos de jornalistas brasileiros. Era preciso estar atento ao órgãos de imprensa internacionais para se informar melhor sobre o que estava acontecendo, seja no Resistir.Info, site português que publicava artigos traduzidos desses jornalistas, seja diretamente nos sites dos órgãos de imprensa internacionais.

    Eu vi no vídeo o Jô Soares falar sobre um suposto contato do MST com grupos venezuelanos, notícia que foi recentemente divulgada, em tom alarmista, no Brasil, por jornalistas como Cláudio Tognolli, que é da turma que faz oposição raivosa e direitista ao Governo Federal, um tanto paranóica na linha defasada que eu apontei anteriormente. O pior é constatar que ese espírito era o mesmo que existia nos escritos de Olavo de Carvalho de 10 anos atras, lá por 2004, por aí. Ou seja, a grande imprensa está pautada por visões distorcidas e nada embasadas sobre o bolivarianismo, vendendo preconceitos e ideias falsas, sem sequer fazer um trabalho jornalístico sério mínimo que seja.

  4. A mídia não esta defasada

    A mídia não esta defasada. Engano seu meu caro. A mídia brasileira age em favor próprio, principalmente no âmbito financeiro, deixando de lado qualquer conteúdo e reputação em prol dos interesses daqueles que usam suas manchetes para derrubar governos e instalar o caos. Todavia, cabe a nós, que nem sempre somos seu publico alvo, dar credibilidade ou não. No Brasil não há e nunca houve jornalismo político, estamos vivenciando isso na prática a 12 anos e doravante veremos algo mais nojento e repugnoso. A blogosfera, em parte, ainda remando contra a maré, faz o papel de contra ponto aos jornalões e revistas procurando elucidar os fatos tantas vezes distorcidos.

    1. Por uma questão de bom senso

      Você tem que reconhecer que tudo isso que você disse apenas corrobora a ideia de defasagem, de uma mídia que não melhorou nem se esforça para fazer jornalismo verdadeiramente de qualidade e apegado aos fatos, com pertinentes análises políticas. Você apenas me deu razão, por outra via. Nada mais atrasado, em termos de jornalismo, inclusive do ponto de vista ético, do que se reportar aos fatos distorcendo e maquiando a verdade, de forma interessada. Isso tem que ser superado.

      1. Isso não é defasagem.

        Defasagem é quando tem a possibilidade de aprimoramento por exemplo: um fusca 1968 esta defasado em relação a um modelo 1978 mas os dois são fuscas, um foi um aprimoramento do outro.  Agora se a gente atualisar o jornalismo brasileiro vamos ter uma quadrilha uma mafia e não jornalismo de qualidade.

        1. Claro que é defasagem

          É um jornalismo que não se aprimora enquanto tal. Não muda nada disso dizer que a grande imprensa defende politicamente os seus próprios interesses. Dizer isso é uma forma de concordar comigo. O jornalismo continua sendo ruim, como era há muito tempo. Dizer que o jornalismo é ruim como era antes continua sendo atraso, não há melhoria ou avanço. O pior é quando as pautas são repetições atrasadas do que outras pessoas já diziam há tanto tempo, sem qualquer variação substancial. O que é isso? Um jornalismo defasado, que não melhora, sempre em dia com o seu atraso.

          1. “É um jornalismo que não se

            “É um jornalismo que não se aprimora enquanto tal. Não muda nada disso dizer que a grande imprensa defende politicamente os seus próprios interesses”:

            Entao estamos de volta ao assunto do post, nao eh?  Quando a blogosfera desmonta em menos de duas horas uma reportagem do PIG, pensaria se que eles seriam mais cuidadosos e…  nada.

            Eles estao na idade da pedra com seus interesses politicos. Ou sao tecnicos ATE MESMO a respeito do jornalismo ou estao demorando demais pra encontrar o caminho dos dinossauros.

  5. Exagero

    “Por exemplo, a imprensa brasileira, inclusive a blogosfera, sabe muito pouco sobre figuras complexas como Putin”    

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    Quanto a imprensa!! tudo bem, afinal de contas eles tem que agir como um partido de direita e ai só resta o artificio da mentira para desinformar o prezado publico; Agora querer homogenizar a blogosfera é brincadeira.

    A tempo o site português http://resistir.info/ é um velho conhecido aqui do blog.

  6. Citar o pré historico  Olavo

    Citar o pré historico  Olavo de Carvalho (que mora nos EUA) como filosofo e pensador me faz descrer da evolução humana, já que  seus  maiores discipulos são nada mais nada menos que Reinaldo “rola bosta” Azevedo, Arnaldo “raivoso” Jabor e Rodrigo “pateta” Constantino. 

  7. Quem é Julius Evola

    Ao que parece o autor sabe muito pouco sobre Julius Evola. Julius Evola foi espulso do partido fascista de Mussoline por ser considerado pelos fascistas, ‘muito radical’. Na décade 1980, as “Brigadas Negras” grupo terrorista de ultradireita italiana se reivindicava inspirada em Julius Evola. O ‘pensamento’ de Julius Evola é tradicionalista; mas tradicionalismo não significa um interesse museológico pelo passado, significa uma atitude política de criar uma sociedade que reviva um passado mítico, fundado na religião – que substituiria a ciencia e a filosofia – e organizado em castas. O astrólogo (ele não é filosofo!) Olavo de Carvalho e Lobão são adeptos do tradicionalismo. Em certa medida, o Estado Islâmico para as condições dos países árabes pode ser considerado um grupo ‘tradicinalista; inclusive o tradicionalismo foi em grande parte desenvolvido nos paíeses islamicos por fundamentalistas. Em resumo se trata da direita do fascismo e sobre isso o autor do ‘post’ ou não está informado ou omitiu.

    1. Hehehe, você fez bem o dever de casa rsrs

      É como se deparar com a boca aberta do “monstro” e escandalizar-se. Eu diria que você está prestes a entrar na boca do lobo rsrs. Mas, sendo racional e frio, são só ideias. Não passam disso. Conheço Julius Evola e sei o que ele significa no cenário político italiano, inclusive sei o que ele defendia em termos de Tradição. De qualquer forma, ele estava muito acima de briguinhas pelo poder. Estava interessado em outras coisas, mais ligadas ao cerne de suas ideias filosóficas. Era um crítico ferrenho da cultura e civilização ocidental, que ele considerava sumamente decadente em seu cientificismo racionalista, que autores como ele desprezavam profundamente. Há algo de belo e moral nisso, nessa crítica tradicionalista aos padrões da modernidade. Mas não significa que possamos concordar com certas implicações políticas, obviamente. A história mostrou onde muito disso ia dar.

      Falei de Evola para citar que Dugin foi convidado por estudantes de filosofia da USP para palestrar num encontro evoliano, realizado há cerca de dois meses, no máximo. Ou seja, Putin e seus ideólogos nada tem a ver com esquerda contra o neoconservadorismo ou o liberalismo americano. Eles defendem coisas como a Tradição, que autores como Evola e Guénon defendiam. É um crítico do liberalismo pela direita, inclusive do aspecto universalizante dos direitos humanos. Não que Dugin esteja vinculado conceitualmente a coisas como perenialismo, exatamente (ainda que defenda pontos em comum, mas certamente não no mesmo grau metafísico ou transcendental). Ele flerta com a ideia de Tradição porque também despreza o mundo moderno criado sob a égide do liberalismo.

      PS: Não era preciso falar que Evola foi um dos maiores pensadores que influenciaram o fascimo. Isso qualquer pesquisa básica no Google seria capaz de fazer.

  8. Talvez As Táticas Estejam Atrasadas. A Estratégia, Não.

    Boa noite.

    Não é que a mídia brasileira esteja, digamos, uns dez anos atrasada. É que este é o intuito. O mote da mídia piguiana, matricial, é obnubilar a realidade e interditar os verdadeiros assuntos a serem debatidos, além, caro, da fábrica de zumbis e de lobobões. Comparativamente, no tempo da “guerra fria”, a União Soviética não poderia ser taxada de “atrasada” por não destinar todo o pib para o social, pois parte importante do erário se destinava à defesa, e não podia ser, naquele contexto, diferente. Tratava-se de um Estado planificado rodeado de satélites dos EUA. É a mesma situação. A blogosfera tem que “apagar” os incêndios das infâmias da imprensa engajada da causa alienígena.

  9. Falta conteúdo, não só na mídia!

    Argolo, me parece que o Brasil está chegando numa verdadeira encruzilhada, tanto a mídia de direita e de esquerda como o país como um todo.

    Passamos em poucas décadas de um país periférico que era mais conhecido por suas belezas naturais do que qualquer coisa, para um país que quer se queira ou não é um país que se tornou protagonista.

    De um bebê elefante nos tornamos um elefante adulto, cada passo tomado pelo Brasil, ainda em pequeno grau, influencia o que se passa no mundo. Não diria que estejamos ainda na primeira divisão, mas estamos na segunda com possibilidades de ascenso a primeira.

    Por muitos anos fomos o país da improvisação, e nos orgulhávamos disto, nunca fomos o país da profissionalização. A aceitação da improvisação como um modus vivente serviu enquanto nos atrelávamos a blocos e grupos econômicos, atualmente estamos nos vinculando aos BRICs, mas este bloco tem uma peculiaridade que os anteriores não tinham, a não homogeneidade ideológica. O que tem de comum Brasil, Rússia e China, sem falar da Índia! O que tem de comum é mais uma negação do que uma afirmação única. Negamos os dois blocos hegemônicos os Estados Unidos e a Europa, mas não construímos uma pauta comum e de longo prazo nem com nossos vizinhos. Logo estamos soltos.

    O que a direita quer é simplesmente voltar ao conforto que existia no passado, o conforto de pertencimento ao bloco ocidental. Entretanto digo “que existia no passado”, pois mesmo esta direita sabe que este conforto passou para todos os países periféricos mesmo os evoluídos como Itália e Espanha.

    Por outro lado à esquerda, carente de espelhos não consegue definir um futuro para o Brasil, alguns grupos se atém a modelos que se mostraram insuficientes e inadequados para uma transição a um melhor futuro, outros grupos se lançam num reformismo sem ideologia aparente que vai moldando a ação pelo voluntarismo e pela reação à direita, Lula é e foi um representante deste voluntarismo que deu certo por um grande período de tempo mas aparentemente se não evoluir morre.

    A própria reação da direita tomando como “líderes” figuras patéticas como as citadas ou também como uma nova oposição “parlamentar” Aécio Neves, é algo que chega as raias do ridículo.

    Em resumo, podemos dizer que todas as linhas de pensamento brasileiro estão órfãs de qualquer substrato filosófico e político que impulsione o país para frente.

    Pode parecer desnecessário este substrato filosófico, mas dou como exemplo o estado do Rio Grande do Sul. No início do século XX, através de Júlio de Castillhos o positivismo forte com repercussões não só nas leis e constituição do Estado, mas como também na gestão pública do mesmo. Fez com que o estado do Rio Grande do Sul saísse do anonimato e passasse a ser um jogador importante na política nacional.

    O Rio Grande do Sul do início do século XX não trilhou o mesmo caminho de domínio de oligarquias rurais que era uma característica do resto do país, a “ditadura” castilhista, contestada durante décadas pelos adversários ruralistas, trouxe um desenvolvimento ao estado que só começa dar ares de estagnação depois que Getúlio Vargas, como governador do estado começa um governo de consenso e a gestão pública daí por diante perde um rumo, que certo ou errado em termos de outros fatores, levou o estado a um desenvolvimento notável.

    Não estamos numa posição de consenso, entretanto o nosso dissenso não tem nem posições antagônicas, temos programa de governo, mas não temos programa de país. E toda a atual desordem parece refletir bem esta ausência.

    Qual é a ideologia da direita? Ou melhor, quais são as ideologias das direitas? Se substituirmos na frase anterior direita por esquerda a dúvida ainda é válida.

    O que tenho a dizer finalmente, é que nos falta substrato e profissionalismo em tudo e enquanto não organizarmos nossas concepções de futuro o impasse perdurará.

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