A morte do fundador da Penthouse

Por Luiz Gonzaga da Silva

Os puritanos, conservadores e neo-religiosos da campanha serrista vão comemorar, afinal morreu mais um pecador.

Do G1

Fundador da revista Penthouse morre aos 79 anos

Bob Guccione criou império de mídia erótica e pornográfica. Revista faturou entre US$ 3,5 e US$ 4 bilhões.

Agencia EFE

Bob Guccione, fundador e editor da revista para adultos “Penthouse”, morreu nesta quarta-feira (20), aos 79 anos, na cidade de Plano, no estado americano do Texas, de câncer de pulmão.

A família de Guccione informou em comunicado que o fotógrafo morreu em um hospital, ao lado da mulher, April Dawn Warren Guccione, e dois de seus filhos, Bob e Tonina, tal como indicou a emissora “CNN”.

Após lançar sua revista em 1965, Guccione criou um império de mídia erótica e pornográfica que rompeu tabus, ofendeu os mais conservadores e o levou a faturar milhões de dólares.

NoenNo entanto, vários investimentos ruins e a concorrência com a internet acabaram com a obra de sua vida.

Bob Guccione era um dos três editores de revistas eróticas mais conhecidos, junto a Hugh Hefner – criador da “Playboy” – e Larry Flynt – fundador da “Hustler”.

Nascido Brooklyn, trabalhava como caricaturista e gerente de um lava-rápido em Londres quando teve a ideia de lançar uma revista mais explícita, diante da “Playboy”, que cultivava uma imagem mais moderada.

Tudo começou com um empréstimo, uma ideia e um acidente, lembra o jornal “The New York Times”.

O crédito era de US$ 1.170. A ideia era criar uma nova revista para adultos que superasse o sucesso da “Playboy”. E o acidente ocorreu por causa de uma antiga agenda com endereços postais. Ele enviou os folhetos pornográficos a clérigos, alunas, aposentados e esposas de integrantes do Parlamento britânico.

A indignação e os protestos perante o conteúdo dos folhetos foram enormes e Guccione recebeu uma multa de US$ 264 por enviar por correio material “indecente”.

Mas graças a esta publicidade, as 120 mil cópias do primeiro exemplar da “Penthouse” se esgotaram em poucos dias e Guccione, que então tinha 35 anos e era um artista que tentava sobreviver a duras penas, estava a caminho de se transformar em um dos grandes da indústria pornográfica.

Guccione, que viveu na Europa durante mais de dez anos, levou a revista aos Estados Unidos em 1969 e transformou a “Penthouse” em uma das maiores e mais conhecidas marcas do setor.

No início dos anos 1980, já era um dos homens mais ricos dos EUA, líder da General Media, um império editorial avaliado em US$ 300 milhões, dono da “Penthouse”, que registrava circulação mensal de 4,7 milhões de exemplares em 16 países.

A revista “Forbes” situou, em 1982, o patrimônio de Guccione em US$ 400 milhões. Sua coleção de obras de arte, que tinha um valor estimado de US$ 150 milhões, incluía quadros de Degas, Renoir, Picasso, El Greco, Dalí, Matisse e Chagall. Antiguidades decoravam sua casa em Nova York.

A “Penthouse” atingiu sua maior popularidade em setembro de 1984, quando publicou fotos eróticas de Vanessa Williams, a primeira afro-americana eleita Miss Estados Unidos e que hoje é cantora e atriz. Vanessa teve de devolver a coroa, mas a revista conseguiu com ela vender 6 milhões de exemplares, faturando US$ 14 milhões.

Revista faturou entre US$ 3,5 e US$ 4 bi

Calcula-se que a “Penthouse” tenha faturado entre US$ 3,5 bilhões e US$ 4 bilhões durante o reinado de Guccione como editor. Mas o americano perdeu boa parte de sua fortuna pessoal por maus investimentos e negócios arriscados.

Talvez o maior fracasso tenha sido o investimento de US$ 17,5 milhões na produção de 1979 do filme “Calígula”, com atores como Malcolm Mcdowell, Helen Mirren, John Gielgud e Peter O’Toole.

O filme não agradou os estúdios cinematográficos pelas cenas de sexo lésbico explícito e de incesto, mas se transformou no DVD mais popular da General Media.

Em 2003, a empresa anunciou falência e um investidor da Flórida adquiriu a “Penthouse” no ano seguinte em um leilão. A revista tinha se transformado na primeira grande vítima da internet e pertence agora ao grupo FriendFinder Networks.

Os problemas financeiros obrigaram Guccione a vender em 2002 sua coleção de artes em um leilão. Quatro anos depois teve que se desfazer de sua mansão nova-iorquina.

Guccione se casou quatro vezes. Ele deixa quatro filhos. 

Luis Nassif

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