A queda do viaduto em BH na imprensa estrangeira

Enviado por Maria Carvalho

Da Deutsche Welle

Imprensa europeia repercute queda de viaduto em Belo Horizonte
 
Acidente na cidade-sede da Copa do Mundo deixou dois mortos e foi destacado como falha nos preparativos para o Mundial. Causa do desastre ainda é desconhecida.
 
Após o colapso de um viaduto em construção em Belo Horizonte nesta quinta-feira (03/07), a notícia ganhou destaque na imprensa europeia. Até a noite, a Secretaria de Saúde de Minas Gerais registrou 21 feridos e dois mortos (uma morte confirmada e uma presumida).
 
“Desastre numa cidade-sede da Copa”, escreveu a revista alemã Der Spiegel. “O viaduto ainda estava em construção e era parte das obras de expansão bilionárias do transporte público no contexto da Copa do Mundo. Ele deveria ampliar a rede de faixas exclusivas de ônibus, mas não ficou pronto a tempo do Mundial.”

 
O Süddeutsche Zeitung também destacou que o viaduto foi construído “no contexto da Copa do Mundo”. “No cruzamento atingido, a imagem era de destruição. […] Vários helicópteros sobrevoavam o local do desastre, que fica a menos de dez quilômetros do estádio do Mineirão”, escreveu o jornal alemão.
 
O britânico The Guardian destacou que o acidente foi “o pior desde que o Mundial começou, em 12 de junho”. Depois que o Brasil foi escolhido, em 2007, para sediar esta Copa do Mundo, “políticos prometeram que bilhões seriam gastos em 56 aeroportos, linhas de metrô e outros projetos pelo país. Mas menos de dez desses projetos de infraestrutura foram abertos a tempo do torneio”, cita o diário.
 
O espanhol El País lembrou que o acidente desta quinta-feira foi precedido de “outros incidentes que marcaram a preparação para o Mundial: no total, nove trabalhadores perderam a vida em trabalhos de construção ou reformas dos estádios da Copa.”
 
O desastre
 
Por volta das 15h30, o viaduto – que ainda estava em obras e fica a cerca de cinco quilômetros do estádio do Mineirão – ruiu, atingindo um micro-ônibus, um carro e dois caminhões. A morte confirmada é do motorista do micro-ônibus, e a presumida, do motorista do carro, que ficou preso debaixo do viaduto. Entre os 21 feridos, estavam três trabalhadores da obra e uma menina de cinco anos.
 
A presidente Dilma Rousseff manifestou “solidariedade para com as famílias das vítimas. “O governo coloca-se à disposição da câmara (municipal) e das autoridades de Belo Horizonte para tudo o que for necessário”, escreveu no Twitter.
 
O viaduto passa sobre a Avenida Pedro 1°, que é uma das vias de acesso ao Aeroporto de Confins e ao Estádio Mineirão. A ponte estava em fase de acabamento e seria entregue no final do mês. O motivo do desabamento ainda é desconhecido.
 
No início de fevereiro, outro viaduto do mesmo complexo de obras para a instalação do sistema de transporte rápido por ônibus (BRT), o Montesi, teve que ser interditado devido a um problema estrutural – parte do viaduto em construção se deslocou, lateralmente, cerca de 30 centímetros em relação à estrutura. O BRT faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Urbana, segundo a Agência Brasil.
 
Belo Horizonte já recebeu cinco jogos desta Copa do Mundo e, na próxima terça-feira, hospedará uma semifinal, entre os vencedores das partidas Brasil x Colômbia e Alemanha x França desta sexta-feira.”
Redação

10 Comentários

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  1. Má vontade

    Maria Carvalho,

    Esta matéria é um ótimo exemplo quanto à falta de isenção do jornalismo internacional em relação ao mundo real do patropi.

    Para identificar o ente público diretamente  ligado ao desastre,o governo municipal de BH, o leitor precisará fazer uso de uma boa lupa, ma vez que o autor do lixo quer que o viaduto seja obra ligada ao PAC, ao governo federal.

    Se,antes,a alegação para tais matérias era porque se apoiavam na mídia tupiniquim, agora é possível perceber que era alegação fake, uma vez que toda a imprensa internacional está no país há mais de vinte dias, teve a oportunidade de acompanar todas as notícias in loco.

    A má vontade com o patropi é inequívoca, e parece não faltar motivo por parte da grande mídia internacional. Até mesmo o estrondoso sucesso da Copa das Copas deve estar causando dor de barriga na turma.

     

  2. PIG

    …revista alemã Der Spiegel

    O britânico The Guardian.

    O espanhol El País.

    Para completar o “time” de piguentos internacionais, faltou o finacial times.

    Agora cá pra nós, a maioria dos brasileiros está  fazendo aquilo e andando pro que escrevem  esses porta-vozes dos banqueiros internacionais.Foi-se o tempo em que diplomatas brasileiros se humilhavam  ficando  descalços  diante de funcionários subalternos.

    1. O The Guardian tem perfil de esquerda

      Não é de direita no contexto britânico, ao contrário, é de esquerda, bem liberal, em contraposição a conservador.

  3. El País, decadência e

    El País, decadência e arrogância

    – 8 DE DEZEMBRO DE 20139Share310ShareShareDemissões editoriais em massa, enquanto dirigentes ganham 1 milhão de dólares por mês e se aproximam dos grandes grupos empresariais europeus

    Demissões editoriais em massa, enquanto dirigentes ganham 1 milhão de dólares por mês e se aproximam dos grandes grupos empresariais europeus

    Endividado na Espanha, mais comprometido com poder e altos executivos que com informação, jornal chega ao Brasil como se viesse nos resgatar da barbárie…

    Por Mauro Satayana, em seu blog

    O lançamento, na semana passada, da seção em português da edição de internet do jornal espanhol El Pais, elucida e ilustra, com clareza, a visão neocolonial e rasteira que continua dominando o comportamento dos espanhóis com relação ao Brasil — apesar da condição de crise e de extrema fragilidade que caracteriza a Espanha neste momento.

    Sem entrar nos detalhes do regabofe promovido pelo Grupo Prisa em São Paulo, vale a pena analisar o fato, e o que se pode ler nas entrelinhas do evento e da publicação. Controlado em pouco mais de 30% pela família Polanco, e com o restante do capital na mão de investidores e fundos internacionais — não espanhóis — o Grupo Prisa, que edita o El Pais, tem atravessado sucessivas crises nos últimos anos. Em 2008, o valor de suas ações despencou 80%, o lucro diminuiu em 56%, foi preciso suspender o pagamento de dividendos aos acionistas e vender ativos imobiliários, entre os quais a própria sede do jornal El Pais, no valor de 300 milhões de euros, para fazer frente a compromissos. Isso não impede, no entanto, que o Grupo Prisa seja conhecido tanto pelos altíssimos salários que paga aos seus executivos — Juan Luis Cebrian ganha mais de 1 milhão de euros por mês — quanto pelos problemas que tem com os sindicatos locais. Os jornalistas do grupo têm ido às ruas protestar contra as frequentes ondas de demissões que varrem as redações de suas publicações e emissoras. A última, no mês passado, atingiu a revista ON Madrid. Com uma dívida de mais de 3 bilhões de euros, o Prisa multiplicou por 6 suas perdas até setembro deste ano. El Pais perdeu 25% de sua circulação desde 2008. A circulação do diário esportivo AS caiu 23% e a do diário econômico Cinco Dias, quase 30%, e o faturamento em publicidade — segundo informa também o jornalista Pascual Serrano, na revista asturiana Atlántica XXI — diminuiu pela metade nos últimos anos. Na mesma matéria, Serrano relata como coube a Javier Moreno — o mesmo executivo que veio lançar a seção em português do El Pais em São Paulo — em outubro do ano passado, explicar a seus jornalistas que o Grupo Prisa estava “arruinado”, para justificar a demissão de quase um terço do pessoal. Isso não impediu, no entanto, Moreno de adotar um tom entre paternal e triunfalista no seu pequeno discurso na capital paulista, para um grupo de seletos convidados. O viés neocolonial fica claro quando ele se refere ao El Pais como um veículo, procurado por inúmeros “intelectuais, artistas e políticos” de nossa região, para “defender seus projetos e conectar suas inquietações com o resto do mundo ibero-americano”, e expõe o caráter intervencionista — considerando-se que se trata de uma publicação estrangeira — quando diz que o jornal estará ligado às “inquietações e batalhas — da sociedade brasileira — para consolidar seus avanços econômicos e sociais, e as liberdades democráticas”. Dá a entender que a imprensa do Brasil não é livre, ou competente, na medida em que afirma que “centenas de milhares de brasileiros se informaram na edição América de El Pais, sobre as maciças manifestações de julho passado” — como se no Brasil houvesse censura ou necessidade de recorrermos a publicações estrangeiras para saber o que ocorre por aqui. E, finalmente, dispensou a modéstia quando se referiu “às expectativas que o projeto — de lançamento do El Pais Brasil— suscitou em amplos segmentos da sociedade brasileira”. Pelo hábito se reconhece o monge. Como se pode ver pelas primeiras matérias, o El Pais está vindo ao Brasil para defender nossas minorias; lembrar que o presidente Peña Nieto está — segundo o FMI — se comportando melhor do que o Brasil, embora o México vá crescer menos da metade do que nós neste ano; que gastamos muito com nossos estádios na Copa; que não conseguimos reduzir a criminalidade; que temos o menor crescimento entre os países emergentes, etc, etc, etc . A verdade sobre a Espanha dos dias de hoje não está no coquetel servido aos convidados em São Paulo, pago com o lucro auferido aqui mesmo no Brasil por empresas como a Vivo — devedora em mais de 1 bilhão de dólares do BNDES — ou do Grupo Indra, também espanhol, cuja publicidade já começa a aparecer na edição “brasileira” de El Pais. A Espanha real está na ausência sutil — como um elefante, desses que o pai gosta de abater — do príncipe Felipe, que deveria ter vindo ao Brasil na mesma ocasião, para abrir um seminário econômico e participar do lançamento de El Pais. Pouco antes da decolagem, foi localizada uma avaria em um flap do avião que deveria transportá-lo a São Paulo. Ao procurar o avião substituto, do mesmo modelo, descobriu-se que ele também estava em solo, sem condições de voar. Mecânicos tentaram, durante mais de sete horas, consertar o problema, sem conseguir, até que o infante e sua comitiva desistissem de fazer a viagem e voltassem para casa para desfazer a bagagem. Por causa do problema do avião, em solo e sem manutenção como o próprio país, no lugar de sua majestosíssima presença, o príncipe teve de mandar, ao Brasil, uma mensagem em vídeo pela internet. Tudo somado, pelo que se pode ver pelo lançamento de sua seção em português, o El Pais, apesar de, aparentemente, abrir espaço para comentaristas de diferentes tendências — até artigo do Lula já saiu na edição em português — continuará, agora na língua de Machado de Assis, fazendo o que sempre fez: defendendo e protegendo a cada vez mais combalida “Marca Espanha”; atuando como um Cavalo de Tróia dos interesses neoliberais e eurocêntricos em nosso continente; e das empresas espanholas — com milhares de reclamações de consumidores como o Santander e a Telefónica (do qual o próprio Grupo Prisa é acionista)— que atuam no Brasil. Nesse contexto, o melhor negócio que os futuros leitores podem fazer é “comprar” a Espanha pelo que vale — altamente endividada e com um crescimento de menos 1,6% este ano, segundo o FMI — e vender pelo preço que o El Pais acha que vale. Com a imagem e o valor que vai tentar nos impingir.

     

  4. É pura competência do Aécio.

    Faltou dizer que a responsabilidade pelas obras é do governo mineiro. Prefeitura e governo estadual são do PSDB, embora, formalmente, o prefeito seja do PSB. O governo federal só entrou com o dinheiro, agora entra com o lombo para as chibatadas internacionais.

    Ah, não soube de comentários a respeito da viga que caiu na obra do monotrilho do Alckmin, matando um operário. Uma obra absurda, um monotrilho que liga o bairrodo Morumbi ao Aeroporto de Congonhas e portanto, não pode fazer parte da linha física do metrô. Serão equipamentos e administrações separadas. O povo do Morumbi não queria misturar-se ao povo “diferenciado” que anda de metrô.

  5. O que fica claro é que os

    O que fica claro é que os CORRESPONDENTES INTERNACIONAIS COPIAM AS INFORMAÇÕES VINDAS DOS NACIONAIS.

    Por isso a mídia nativa joga a culpa nos internacionais:

  6. Estou há 30 dias na Europa,

    Estou há 30 dias na Europa, passei por diversos países. Nos canais de esportes o assunto é só Copa e Volta da França. A notícia da queda do viaduto passou aqui na tv uns 30 segundos e nem ligaram a queda à copa. Na tv e nas ruas  a  Copa no Brasil está sendo um sucesso. Muitas bandeiras brasileiras pra todo lado que vou, muitas lojas enfeitadas com temas da Copa. Alemanha, França, Espanha, Itália, Suiça, Inglaterra, etc.

    O resto é conversa pra boi dormir.

  7. Erro proposital? Sabotagem?

    De duas uma: Ou os tucanos e cia não dão conta construir sequer um viaduto ou fizeram isso de propósito para  gerar esse tipo de associação com a Copa, essa gente não brinca serviço, será que nào sabiam que se tirassem as vigas de sustentação antes de o cimento curar qualquer construção vai abaixo? Tem gato nessa tuba

    1. O primeiro, Avatar.  A

      O primeiro, Avatar.  A direita brasileira em geral, especialmente agora, nao saberia construir um banheiro publico.

  8. Eco do Eco

    Além de gerar futricos locais para a imprensa estrangeira, re-repercutem aqui o futrico lá ecoado (do ruído gerado por eles).

    Aí dão a conotação de que é um estrondo ensurdecedor (vide por ex. comentário de Marfig).

    Para azar deles, muitos correspondentes que vieram à Copa (e não são apenas correspondentes locais preguiçosos que eminentemente copiam as notícias daqui para lá) estão aprendendo que da imprensa local, o que se fala não se escreve. Ou será o que se escreve não se fala? Ou o que escreve e se fala não se diz?

    Bem, voces entendem…

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