A tradução da matéria do FT

Por Sanzio

Nassif,

Como já alertado por outros comentaristas, o título correto do editorial do Financial Times é “A bonança econômica da América Latina”,

Não sei onde o leitor Adriano Ribeiro viu “fanfarronice”. Pegar um artigo e jogar no Google translator não é a melhor forma de traduzí-lo.

A palavra swagger, no contexto da matéria do FT, pode ser traduzida por “gabar-se”, ou seja, a América Latina tem mais uma novidade com que se gabar (Latin America has a new swagger). Traduzir “strutter” por “cantar de galo”, além de errado seria uma grosseria para com os países da América Latina. No contexto a melhor tradução seria “se aprumando”.

A meu ver, a análise é bastante superficial sobre os fatores que permitiram à América Latina sair-se melhor que outras economias da crise econômica mundial, e traz um alerta, tantas vezes repetido por você, sobre os riscos da apreciação cambial desmesurada.

De quebra, coloca mais uma pitada de pimenta nos olhos da velha mídia brasileira, ao se referir à escolha de Lula como o líder mais influente do mundo pela revista Time.

Aqui uma tradução um pouco melhor que a do Google:

A BONANÇA ECONÔMICA DA AMÉRICA LATINA

Publicado em: 04 de maio de 2010 20:37

A América Latina tem mais uma novidade para se gabar. Na semana passada, a revista Time escolheu Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, como o líder mais influente do mundo. Manmohan Singh, o par mais próximo do Sr. Lula da Silva entre os Bric, claudicou em 19º. Mesmo Barack Obama somente apareceu em 4º. Enquanto isso, no mesmo dia, Francisco Luzón, diretor para as Américas do Santander, maior banco da Espanha, disse acreditar que a América Latina tem “o melhor sistema financeiro do mundo”. O elogio de Luzón é carregado de interesse próprio. Os bancos da região podem ou não ser “os melhores”; eles certamente estão entre os mais rentáveis. Ainda assim, é verdade que a América Latina teve uma boa recessão no ano passado. Venezuela à parte, também desfruta de uma boa recuperação. O que seria errado é pensar que tudo isso se deve a seus próprios esforços. Na verdade, o maior perigo financeiro que a América Latina enfrenta agora é a complacência, especialmente no Brasil. Afinal, as piores quedas vêm justamente quando você está se aprumando

O fator sorte tem tido um grande papel no sucesso recente da região. Escaldados por crises passadas, seus bancos passaram a maior parte do período de desgraças em casa, em vez de se aventurar no exterior. Eles, portanto, evitaram o lixo do “sub-prime” que envenenou seus pares no ocidente. Em seguida, o “boom” das commodities impulsionado pela Ásia ajudou grande parte da América Latina a atravessar o pior da recessão global. Taxas de juros nos EUA próximas de zero inundaram o continente com dinheiro barato. Qualquer um destes dois últimos fatores seria suficiente para sustentar um boom – e o fizeram muitas vezes no passado. Mas a América Latina está desfrutando de ambos ao mesmo tempo. Como o Fundo Monetário Internacional alerta em sua última previsão regional, é uma bonança sem precedentes.

O desafio é como saciar-se sem se empanturrar. Como Nicolás Eyzaguirre, diretor regional do FMI, diz: “Abacates são bons, assim como creme, uísque e tomate. Mas misturá-los todos pode deixá-lo muito doente”. Fundos soberanos têm absorvido uma parte dos estragos. Permitir que as moedas se apreciem – como Brasil e Colômbia já fizeram – pode, com o tempo, refrear o fluxo positivo de seus portfólios, embora o fortalecimento extremado da moeda traga por si só seus próprios problemas. Entretanto, os tão necessários investimentos em infra-estrutura, como portos e estradas, são uma utilização sensata dos recursos públicos.

Mesmo assim, ainda pode haver um excesso de capital. O crédito brasileiro está crescendo 47% direto, e os preços dos imóveis estão aumentando no Rio de Janeiro em cerca de 50% ao ano. Apenas dois avisos prévios de uma dor de cabeça pós-boom ainda por vir.

Luis Nassif

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