Acusado de ligações com terrorismo, professor quer deixar o país

Jornal GGN – O professor franco-argelino Adléne Hicheur, visitante do Instituto de Física da UFRJ, diz que pretende sair do país após repercussão de matéria da revista Época que levantava sua prisão, na França, sobre suposto envolvimento com terroristas.

Em 2012, ele foi condenado pela Justiça do país europeu com base em mensagens eletrônicas trocadas com supostos integrantes da Al Qaeda. O julgamento não conseguiu levantar provas de que ele tenha tomado ações concretas sobre dos comentários que fez em e-mails. 

Em carta, pesquisadores da UFRJ, PUC-Rio e do entro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) defenderam o professor franco-argelino e sua permanência no país.

Da Folha

Físico condenado por elo terrorista quer deixar Brasil, diz colega
 
FELIPE DE OLIVEIRA
 
O professor franco-argelino Adlène Hicheur pretende deixar o Brasil e voltar à França, afirmou à Folha o diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Ronald Shellard. “Ele quer sair do Brasil. Está decepcionado com tudo que fizeram com ele. Pegaram acusações infundadas e o acusaram”, disse Shellard.
 
Segundo Shellard, Hicheur levava uma vida comum no Brasil e falava abertamente sobre sua prisão. O professor não demonstrava ter relações com terroristas e inclusive criticava grupos extremistas como o Estado Islâmico, de acordo com o diretor.
 
“Teve um episódio, por exemplo, que o Estado Islâmico ocupou uma cidade do Iraque que ele veio à minha sala e falou que aquilo era estupidez, que estavam soltando o diabo”, disse.

Hicheur, que é professor visitante do Instituto de Física da UFRJ, foi condenado em 2012 a dois anos de prisão por “associação com criminosos com vistas a planejar um atentado terrorista”. Ele chegou a ficar preso por dois anos e meio, entre 2009 e 2012, e foi colocado em liberdade condicional no mesmo ano.

A Justiça francesa o condenou com base em mensagens eletrônicas trocadas por ele com supostos integrantes da rede terrorista Al Qaeda na Argélia. O julgamento não conseguiu levantar indícios nem provas de que ele tenha tomado ações concretas a respeito dos comentários que faz em e-mails.

Em carta assinada por 14 pessoas, pesquisadores da UFRJ, PUC-Rio e do CBPF, ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, defenderam, nesta quarta-feira (13), a permanência de Adlène Hicheur no país.

O caso do professor foi revelado na última sexta-feira (8) pela revista “Época”. Depois da repercussão nacional, o franco-argelino teria manifestado a intenção de deixar o país. A decisão do físico teria sido informada em e-mail enviado ao CBPF e ao ministro Aloizio Mercadante (Educação).

A reitoria da UFRJ confirma que colegas receberam e-mails de Hicheur em que ele manifesta sua intenção de deixar o país. A universidade, porém, afirma não ter recebido nenhum pedido de desligamento do professor franco-argelino.

CARTA

A carta desta quarta (13) se junta a outras duas manifestações de apoio ao professor —a primeira de nove cientistas brasileiros e a segunda, de cinco estrangeiros.

A última correspondência foi escrita pelos cientistas do Laboratório de Física de Partículas Elementares (Lape). O laboratório participa do experimento do acelerador de partículas LHCb, do CERN (Centro Europeu para Física de Partículas), conhecido como “máquina do Big Bang”.

Ex-pesquisador do CERN, Hicheur era quem mantinha contato com o centro europeu. “[Hicheur] assumiu a liderança de vários projetos no âmbito da Colaboração LHCb, aumentando a visibilidade do Instituto de Física e da UFRJ no CERN”, diz a carta.

Os colegas do franco-argelino afirma que o professor cumpriu sua pena e está quite com a Justiça. Isso, então, o faria um “cidadão livre, que pode entrar e sair de seu país quando assim o desejar”. A missiva lembra que sua condenação foi repudiada à época por várias entidades científicas e de direitos humanos.

“O professor Hicheur veio ao Brasil de maneira totalmente legal e, como qualquer outro cientista, chegou após um estudo detalhado do seu currículo e da avaliação das contribuições que ele poderia trazer para a área no Brasil. Os responsáveis por sua contratação e as autoridades brasileiras responsáveis pela concessão de visto foram informados do seu caso judicial”.

A carta critica, principalmente, a cobertura da imprensa brasileira sobre o caso. “As matérias contém, quase que exclusivamente, informações retiradas da internet, apresentando de forma tendenciosa parte dos fatos ocorridos. Estas matérias feriram princípios básicos de ética e não mencionaram informações que possibilitassem uma análise isenta do caso”, critica a carta dos cientistas.

De acordo com a reportagem da “Época”, a Polícia Federal levantou o histórico do professor quando investigavam um suposto simpatizante do Estado Islâmico no Brasil. O suspeito apareceu enaltecendo a milícia radical em reportagem do canal americano CNN.

O vídeo foi gravado na Mesquita da Luz, na Tijuca (zona norte do Rio), mesmo templo frequentado por Hicheur. Na carta, os cientistas consideram a repercussão do caso “uma mancha na tradição brasileira de ser um país aberto, humanitário e acolhedor”, além de “grave retrocesso em nosso processo na direção de uma sociedade democrática”.

Assinam a carta os seguintes pesquisadores do laboratório LHCb do Rio: Erica Polycarpo (UFRJ); Irina Nasteva;(UFRJ); Carla Gobel (PUC-Rio); Sandra Amato (UFRJ); Leandro de Paula (UFRJ); Juan Otalora Martin Goicochea (UFRJ); Murilo Rangel (UFRJ); Bruno Souza de Paula (UFRJ); Miriam Gandelman (UFRJ); Jose Helder Lopes (UFRJ); Kazuyoshi Akiba (UFRJ); Ignacio Bediaga (CBPF); Alberto Correa dos Reis (CBPF); Jussara Miranda (CBPF). 

Redação

13 Comentários

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  1. o que dizer?

    Sómente duas considerações:

    1) Folha é e sempre será Felha

    2) Mediante tudo que se apresenta nas manifestações da direita brasileira, seja na Paulista, seja na orla carioca, eixo monumental de Brasileira e demais locais pelo Brasil afora; era de se esperar outra coisa de uma mídia que apoia 100% aquelas barbariedades?

     

    1. Bom, o Ministro da Educação

      Bom, o Ministro da Educação disse que o sujeito jamais deveria ter ingressado no Brasil, que houve um erro.

      O que a Folha tem a ver com isso ?

  2. Eu sei quem é terrorista no

    Eu sei quem é terrorista no Brasil: os capos da imprensa que querem explodir o país para impor o seu poder. Simples assim. O povo, a nação que se lasque.

    Vergonhosa essa imprensa que produz conteúdo por vazamentos criminosos e consultas de internet sem responsabilidade de apurar os fatos.

  3. Se for por falta de adeus,

    Se for por falta de adeus, que o diabo te carregue.

    Já basta os terroristas que temos aqui na imprensa.

    E se puder leve junto, Reinaldo Azevedo, Constantino, Mainard, Merval…

  4. Claro que nada foi feito

    Claro que nada foi feito gratuitamente por esses lixos que se auto intitulam jornalistas… tsc, tsc,…. Atentar para o detalhe: 

    “Ex-pesquisador do CERN, Hicheur era quem mantinha contato com o CERN (Centro Europeu para Física de Partículas)”.

    Parabéns ao retrocesso que estão conseguindo causar ao Brasil, eliminando quem pode vir a fazer algo de bom para o país.

  5. Inteligencia francesa

    esta mais para o  Inspector Jacques Clouseau do que Inspector Maigret!.

    E a imprensa venal continua a lesma lerda!

    Deixa o cara em paz, fez mais pelo Brasil em meses que esteve aqui do que esta quinta coluna em anos!

     

  6. aloísio mercadante é uma

    aloísio mercadante é uma vergonha como ministro da educação. É, na verdade, um sucessor de Jarbas Passarinho e Ney Braga no ministério. Este senhor mercadante já foi vice-presidente no ANDES-SN, sendo liderança da greve de 1984 contra a transformação das universidades autarquicas em fundações. Pior é ver o PT calado, mudo, em uma situação dessas. Outra coisa: qual é a posição da UFRJ a respeito? O atual reitor é fundador do PSOL. 

  7. O eterno dilema

    Recordando:

    O cientista nazista Werner Von Braun, finda a Segunda Guerra, sem ser submetido à qualquer julgamento, e, porisso, sem cumprir qualquer pena, é trazido para os EUA onde implanta o programa aeroespacial norte-americano.

    Os foguetes por ele desenvolvidos naquele programa aeroespacial basearam-se em muito naquilo que ele e membros de sua antiga equipe, os quais, do mesmo modo, com ele vieram, desenvolveram para as bombas teleguiadas V2 de Peenemunde.

    As mesmas bombas V2 que devastaram Londres deixando um rastro de mortos cívis inocentes, principalmente, idosos, mulheres e também, de crianças, aquelas que não puderam ser mandadas para o campo, longe da metrópole, por suas famílias.

    Um caso exacerbado de pragmatismo ou hipocrisia mesmo dos norte-americanos? Ou os dois?

     

  8. Pais está pirando

        O PIG ( Partido da Imprensa Gloriosa by Mestre Hariovaldo ) quer deixar o país completamente louco, paranóico, claro que o “governo” CAGÃO da Sra. Rousseff colabora bastante, como nesta brilhante declaração de explicita covardia do Ministro ( Socorro ) Merdandante.

         O imbecil afirma que ele jamais deveria ter entrado no País, como ? Quer dizer que o MJ/DPF é incompetente, e que uma Universidade Federal, subordinada ao MinEducação tambem é inconsequente e um refugio para “terroristas” condenados, e de nada sabia ? 

         E, como sempre no governo Rousseff, tem a piada pronta : O perigoso terrorista condenado, quer sair do País, não para se juntar a Al-Qaeda do Magreb, ou para a Siria e alistar-se no Estado Islamico, mas para a França onde terá liberdade para trabalhar, afinal lá ele já cumpriu sua pena, ninguem vai lhe encher o saco com matérias de jornal, ou estapáfurdias declarações ministeriais, pode até ser vigiado, mas dificilmente execrado publicamente.

          P.S.:  Caro Prof. Hicheur, para um cientista de sua experiência, o Paquistão paga bem mais que Paris ou Rio de Janeiro.

  9. Tem mais coisa por trás deste caso

    A destruição da reputação e desassocego da vida do cientista (físico de particulas)  franco-argelino Adlé Hicheur não foi só porque a revista Época com seu alarmismo quer nos proteger de ataque terrorista. No fundo tem a ver com a atividade que o professor veio desenvolver no país. Ele faria mais estrago ao Ocidente se ingressasse em um programa nuclear com fins bélicos em um país como o Iran, por exemplo. Como a Revista Época descobriu, dentro do instituto de Física que tinha um cientista que foi condenado na França? Qual o projeto que o cientista está desenvolvendo. Acho muito estranho a bisbilhotice da revista. No creo em brujas, pero, que las hay, hay!

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