Adeus ao controle remoto, por Maurício Stycer

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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da Folha

Adeus ao controle remoto, por Maurício Stycer

Carlos Henrique Schroder, diretor-geral da Rede Globo, foi homenageado nesta semana pela Associação Brasileira de Propaganda com o título de “Profissional do ano”.

Ao receber o prêmio, agradeceu ao comprometimento dos funcionários da emissora, “que tem nos levado a ser, com muito orgulho e trabalho, a primeira opção para quem realmente tem o poder de escolha nas mãos, o controle remoto, para decidir onde vai se divertir, se informar e se emocionar”.

Destacada no “Jornal Nacional” de quarta-feira (29), a frase me chamou a atenção justamente pela menção a um objeto, o controle remoto, cuja utilidade vem sendo cada vez mais colocada em questão.

Uma semana antes do discurso de Schroder, nos EUA, uma das maiores redes de TV do país, a CBS, e o canal pago com melhor conteúdo, a HBO, anunciaram projetos que apontam para a aposentadoria do controle remoto, tal como o conhecemos.

A CBS começou a vender toda a sua programação on-line por US$ 5,99 (cerca de R$ 15) ao mês. A HBO informou que vai oferecer assinaturas on-line a partir do ano que vem.

A decisão das duas empresas atende a dois questionamentos importantes, entre outros. Primeiro, é uma resposta à insatisfação dos usuários com as operadoras de TV por assinatura, tanto por conta do valor que pagam por seus pacotes quanto pela dificuldade de encontrar o que interessa ver entre as centenas de canais oferecidos.

Segundo, e mais importante, mostra a necessidade de reagir ao avanço de serviços que tomaram a iniciativa de oferecer “TV à la carte” antes. O mais bem-sucedido entre todos é o Netflix, hoje com mais de 50 milhões de clientes em todo o mundo, que cobra uma assinatura mensal de cerca de R$ 20.

A principal função do controle remoto, além de ligar e desligar o aparelho de TV, sempre foi a de facilitar ao espectador navegar entre os diversos canais. Este hábito ganhou um nome sonoro –”zapping”– relacionado à velocidade do ato.

A Wikipedia diz que o termo foi citado pela primeira vez em 1986, no “Wall Street Journal”. No Brasil, o “Houaiss” tem o verbo “zapear” (“trocar seguidamente de canal de TV para percorrer sua programação”).

Em 2014, o controle remoto já foi aposentado por quem assiste ao conteúdo de TV em outras mídias, como computadores de mesa, laptops, tablets ou smartphones.

Quem tem seu aparelho de TV conectado a algum provedor on-line também não zapeia mais. A diversão agora é outra. Trata-se de encontrar, em meio ao cardápio, o filme, o desenho ou a série de sua preferência.

Apesar da menção de Schroder ao controle remoto, também é preciso lembrar que a própria Globo já oferece, no Brasil, todo o seu conteúdo on-line em sistema de assinatura mensal (R$ 12,90).

A diferença é que o acesso a computadores e, em especial, à banda larga de qualidade não estão tão difundidos quanto nos EUA, o que tende a dar alguma sobrevida ao zapping.

Outro hábito antigo que sobrevive, mas me parece cada vez mais anacrônico, é a insistência da Globo em anunciar os seus programas nunca pelo horário em que irão ao ar, mas sempre como “depois” de alguma outra atração. Esta fé em sua grade tende a ser cada vez mais desafiada pela “TV à la carte”.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

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  1. Nassif
    Adeus ao controle

    Nassif

    Adeus ao controle remoto não, adeus a TV…..

    Não há como aguentar diariamente o show de horrores que destilam todo tipo de maledicência. 

    Ainda bem que temos a internet.

  2. Pensei que fosse uma

    Pensei que fosse uma referencia a frase dita pela nossa presidenta sobre o controle da midia.

    De qualquer forma ela bem que poderia ir pensando tambem em dizer adeus a este tipo de controle, pois o mesmo ja provou mais do que suficientemente que n’o controla nada e a sociedade fica a merce dos donos da midia.

  3. e essas entidades de comunicação no Brasil ? alguém os releva?

    ABP,  ANJ, ABA, ABRA.

    Pensam e agem com cabeça de seculo 20. Pra nao dizer aquela Interamericana, em que o Estadao se agarra quando alguma instancia governamental “ousa” critica-lo ou contesta-lo.

    A continuar do jeito que ta, tendem a se tornar o tão relevantes quanto a Ordem dos Músicos do Brasil.

     

     

  4. Sou paulistano quatrocentão, me orgulho disso.

    Como vingança, depois de um ano e Dilma vitoriosa, sintonizei a GloboNews. Lá, Monica Vai-de-Volks “entrevistava” dois “especialistas”, ambos do PSDB sobre como seria o segundo mandato de Dilma Roussef. Os comentaristas, como devia ser, baixaram o cacete. Antes de vomitar, troquei de canal. GloboNews, canal  40, Adeus. GloboSó, só porcaria, informação distorcida, preconceitos e besteirol. Aqui em São Paulo, com meus conterrâneos tão fascistas e policamente atrasados reivindicando uma nova ditadura militar, dá até para entender a audiência da Vênus Platinada, mas o povo nordestino, tão humilhado, xingado, vilipendiado, agredido, como podem 30% desse povo aguerrido votarem no PSDB? Perderam a noção de decência, meus irmãos?.

  5. O futuro da TV é … a Internet

    Recentemente me foi ofertado um pacote de fibra ótica que inclui cerca de 200 canais de TV com gravadores em rede e Internet com velocidade de 100 mbps (chega a 115!!!). Depois de agressiva negociação minha, topei a parada.

    Além dos canais (mais de um terço em HD), pode-se agendar a gravação de vários programas simultaneamente e manter disponível as últimas horas de outros tantos canais selecionados. Além dos muitos canais de música, tem-se também a opção de escolher filmes, séries, documentários, para assistir na hora. 

    Por que falo isso? Não, não é propaganda. É porque agora tenho muitas e variadas OPÇÕES, que é o que uma sociedade precisa para ser saudavelmente diversificada, plural e bem (in)formada.

    Apesar de toda esta parafernália, tudo isso pode ser tranquilamente ofertado, com muito mais opções, pela Internet, desde que se tenha uma banda larga que permita video sob demanda (> 20 ou 30 mbps já começa a dar). O resto é formato de uso e acesso e organização de conteúdo.

    Sempre disse aqui que o que me preocupa não é acabar com a Abril, a Globo, A Folha, Estadão, Band, etc., mas ter de forma equilibrada (competitiva) suas contra-partes.

    E isso só pode ser encontrado na Internet, que já é competitiva em termos qualitativos. Onde vc se informa melhor? na Veja, Folha, Estadão, Band, CBN, Globo ou no GGN, CAfiada, Viomundo, Cidadania, Tijolaço, Escrevinhador e outros que não vou me estender?

    Mas ainda assim, ela não é competitiva em termos quantitativos. A difusão, disseminação, penetração, alcance e abrangência (“ddpaa”) da míRdia é avassadoramente maior.

    E não adianta fazer emissoras de rádio e TV, jornais e revistas que não tenham esta “ddpaa”. Existirão sem “existir”.

    Uma mídia qualquer precisa mais do que apenas conteúdo político-informativo ou posição editorial. Precisa de entretenimento, novela, show, esportes, eventos e mesmo, fofoca, policia, crime e bbb´s. Lamentavelmente! (existe BBB também na Holanda, onde foi inventado, Suécia, França, Reino Unido, EUA, Australia, etc.).

    Portanto, o (enorme) desafio é diversificar (social e politicamente falando) o que existe. Para isso é preciso ter dinheiro e portanto ganhá-lo. Além de anúncios (que pressupõem audiência) e venda física de exemplares, há evidentemente o que talvez seja o que mantém esta míRdia atrelada ao lado mais rico da sociedade: os “acordos” siameses, onde um depende do outro para as grandes (enormes) jogadas ou “facilidades”.

    Ou alguém acredita que a Veja (Abril) ou a Globo que já quase quebraram algumas vezes deixaram suas famílias BIlionárias vendendo jornais, revistas e anúncios? Pagando belas remunerações e benefícios a Faustões, Galvões, Reinaldos, Mainardis, Ana Marias, Hucks e quetais?

    Lembrando que a Internet é acessivel e utilizável por estes poderosos grupos, conforme perceberam tardiamente (2010) mas já pegaram o “jeitão” delas na coisa (infelizmente).

    Não consigo ver claramente como desatar este nó. Talvez um caminho seja mesmo o de uma legislação anti-truste, como a que pulverizou a Standard Oil ou a ATT – Bell.

    Fazer cumprir a saudável distinção entre produto (informação) x negócio (ganhar dinheiro) x cliente (o interesse público).

    Alguém irá dizer, de pronto, que é uma intervenção ou agressão à livre empresa, livre mercado ou liberdade de imprensa. 

    Eu respondo que não. Como Rockefeller, que viu seu império dividido, ele continuou a ser acionista de praticamente todos os pedaços. Pouco lhe mudou no lado “negócio”. No lado diversificação, a concorrência, embora nõo totalmente verdadeira, melhorou o produto através das diversas marcas e serviços e quem ganhou foi o público (embora pudesse ganhar mais).

    Sou contra qualquer censura prévia. Mas sou também contra a irresponsabilidade venal, a liberdade irrestrita ao cinismo, a cretinice, a hipocrisia, a falsificação, a mentira. Jogar plumas de um travesseiro ao vento é fácil, mas recolhê-las de volta ao travesseiro é quase impossível! Fale-se o que quiser, mas RESPONDA-SE pelo que se fala. Isto é cristalinamente óbvio!

    O que vivemos hoje (no mundo) é a liberdade (de empresa, de imprensa, etc.) sendo usada para sequestrar a informação e repassá-la (em massa) de forma filtrada por interesses que não são os do cliente, O legítimo direito de ganhar dinheiro com a informação transformou-se num monopólio da verdade, afetando a visão não apenas racional, mas até emocional do público, da sociedade, privilegiando o “sucesso” a qualquer preço e conduzindo-a para o desequilíbrio social (e político). 

    Como em vários momentos da História, este é mais um desafio a ser resolvido para uma Humanidade melhor.

    Que os (que pensam ser) donos do mundo (85? 2 mil? 360 mil?) percebam que, antes da riqueza excessiva, inútil por não conseguir ser desfrutada, vem o extermínio da fome e da pobreza. Talvez, convencê-los disso seja um caminho. Talvez o melhor, embora mais difícil.

    Gostaria de ter a resposta e detesto encerrar com uma pergunta:

    Como equacionar este desequilibrio?

  6. tem de ampliar as vozes da

    tem de ampliar as vozes da democracia na internet,

    com ampliação de sua abrangencia, para todosd.

    impossível acho que não é.

    temos de pressionar pela regulaçãos dos meios,

    mas esta ampliação da internet com multiplicidade de vozees é fundamental.,

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