Ariana Huffington e o lançamento do Brasil Post

Sugerido por Lair Amaro

Do Brasil Post

Boas-vindas: apresentando o Brasil Post

Arianna Huffington

Olá. Estou no Brasil para o lançamento do Brasil Post, em parceria com o Grupo Abril, uma das empresas de mídia mais importantes da América Latina. A Abril vem contando a história do Brasil há mais de meio século nas páginas de revistas icônicas como VEJA, Claudia e Exame e em seu crescente portfólio de produtos online. Estamos satisfeitíssimos em receber na família HuffPost o Brasil Post — a primeira edição sul-americana do The Huffington Post, que nos situa em nosso quinto continente — e a fabulosa equipe da Abril.

Os brasileiros são sociáveis por natureza, na rede e fora dela, fato que faz do Brasil o lugar perfeito para o Huffington Post ampliar sua plataforma, que tem tudo a ver com iniciar conversas e promover engajamentos. Com seus mais de 100 milhões de internautas — número que faz dele o quinto maior público do mundo — e com 50 milhões desmartphones, o Brasil é um país tão hiperconectado quanto qualquer outro no mundo. É hoje o terceiro maior mercado do mundo para o Facebook e o quinto maior para o Twitter. Em um país tão grande e diversificado quanto é o Brasil, o Brasil Post vai receber suas muitas vozes — políticos, empresários e acadêmicos, lado a lado com estudantes, ativistas e artistas — sem hierarquias e será um portal onde todos os brasileiros poderão vir para compartilhar suas paixões ou simplesmente postar o que já estão escrevendo em seus próprios blogs, como canal de distribuição adicional.

Meu primeiro encontro com a equipe da Abril se deu há pouco mais de dois anos, em setembro de 2011, quando Roberto Civita, então presidente e CEO do Grupo Abril, convidou a mim e a Nicholas Sabloff, nosso editor-executivo internacional, para almoçar na sede do grupo, com Fabio Barbosa, que estava prestes a se tornar o CEO da Abril Mídia, e Manoel Lemos, o diretor executivo digital da empresa. Foi um daqueles momentos em que tudo se encaixa: nos sentimos totalmente atraídos pela hospitalidade de nossos anfitriões, seu humor e sua paixão por utilizar todas as ferramentas à sua disposição para contar a história do Brasil e seu povo.

Alguns meses depois, Roberto, Fabio e Manoel nos visitaram em Nova York e me convenceram mais que nunca que a Abril seria a parceira perfeita para o HuffPost no Brasil. Nosso lançamento hoje carrega um toque de tristeza, porque em maio passado Roberto morreu inesperadamente de aneurisma abdominal. Apenas dois meses antes disso, nosso CEO, Jimmy Maymann, e eu tínhamos almoçado com ele em Nova York, altamente estimulados pelo fato de tudo ter sido resolvido, e ansiosos por celebrar o lançamento juntos em São Paulo. Quando jovem, Roberto tinha dito a seu pai, Victor, o fundador da Abril, que queria abrir uma revista semanal na tradição da TIME — onde tinha trabalhado como estagiário –, e por mais de meio século ele moldou a mídia brasileira, publicando tanto revistas originais quanto as edições brasileiras da Cosmopolitan, InStyle, Men’s Health, Women’s Health e Playboy e lançando a MTV Brasil e o site MdeMulher, imensamente popular. A presença da esposa de Roberto, Maria, e seus filhos, Giancarlo e Victor, no lançamento significa muito para mim.

Assim, hoje a Abril e o HuffPost celebram sua união, e o namoro longo (pelos padrões de hoje) que a precedeu torna a consumação desse romance ainda mais instigante. Sou muito grata a Fabio, que esteve conosco desde o início e que tem dado tanto apoio à parceria. Aprendi muito com Fabio e Manoel nesta jornada que começou em um almoço em 2011 e que culmina hoje com este lançamento. Juntamente com Ricardo Anderáos, nosso diretor editorial, e Otávio Dias, nosso editor-chefe, eles contribuem com um conhecimento profundo do Brasil e seu povo, e eu aprendi muito com eles.

O Brasil em 2014 é um país que ao mesmo tempo enfrenta grandes desafios e transborda oportunidades. Em contraste dramático com o que está acontecendo nos Estados Unidos,cerca de 40 milhões de pessoas no Brasil passaram da pobreza para a classe média nos últimos dez anos, alimentando um senso palpável de que as coisas estão melhorando. Como diz Otávio Dias, o editor-chefe do Brasil Post: “Em menos de 25 anos o Brasil estabilizou sua economia, promoveu uma redução grande da desigualdade e gerou milhões de empregos, dando lugar a uma nova classe média. Não é uma conquista de um governo ou presidente específicos, mas fruto da democracia e de uma sociedade mais madura.”

Contudo, ainda restam muitos desafios, desde o desemprego e a desigualdade graves até a corrupção, a qualidade do ensino e a infraestrutura brasileira.

Na semana passada em Davos, e em conjunto com um grupinho de jornalistas do Conselho Internacional de Mídia, tive um encontro com Dilma Rousseff, a primeira presidenta do Brasil, após o discurso que ela fez numa sessão especial. Aproveitando um dos grandes temas do Fórum Econômico Mundial deste ano, ela nos disse que existe grande necessidade de os investidores olharem mais além do curto prazo e focarem sobre as tendências econômicas e os desenvolvimentos de longo prazo do Brasil.

Ela falou dos recursos naturais abundantes do país, que geram grandes oportunidades de desenvolvimento sustentável, e da melhoria da qualidade de vida dos brasileiros, dizendo: “Vamos transformar um recurso finito, o petróleo, em um recurso duradouro: uma população educada”. E, nas carências de infraestrutura do país — rodovias, ferrovias, portos e sistemas de saneamento que precisam ser modernizados –, Dilma enxerga uma oportunidade do tipo “ganhar ou ganhar” para brasileiros e investidores estrangeiros, sob a forma da parcerias público-privadas.

Quando perguntei a ela sobre o alto índice de desemprego juvenil no país (está em torno de 20%), ela focou na necessidade de melhorar as oportunidades educacionais e nos avanços que o Brasil teve nos últimos dez anos, tirando 42 milhões de pessoas da pobreza para a classe média, e elevando a renda per capita em 78%. Em resposta a uma pergunta que partiu da premissa de que ela ganhará a eleição de dezembro, Dilma riu: “Ninguém pode prever o que vai acontecer na cabeça de um juiz, no útero de uma mulher ou numa urna”. Então ela se corrigiu rapidamente: “Bem, hoje, graças à ciência moderna, é possível saber o sexo de um bebê, mas ainda não há como saber as outras duas coisas!”

Todas essas questões serão fundamentais para as conversas que vão levar às eleições gerais de outubro, para a escolha do presidente, Congresso, governadores e Legislativos estaduais. E a Copa do Mundo, que o Brasil vai sediar em junho, vai não apenas celebrar a grande tradição esportiva do país — e trazer a Copa para a América Latina pela primeira vez desde quando aconteceu na Argentina, em 1978 — mas também lançar luz sobre a realidade brasileira de tela dupla, sobre seus desafios e seu potencial.

E o Brasil Post vai cobrir tudo isso. Por meio de um misto de reportagens originais e a abertura de nossa plataforma de blogs para vozes tanto novas quanto conhecidas, vamos não apenas contar as histórias das notícias e dos fatos que moldam o Brasil, mas também captar o espírito de seu povo. Com o lançamento de novas edições internacionais — o Brasil é o décimo país em que estamos presentes –, descobrimos quão ansiosos estão nossos leitores em todo o mundo para saber sobre as vidas e tradições das populações de outros países. Assim, vamos dar destaque não apenas à vida política e empresarial do Brasil, mas também aos modos em que os brasileiros se desligam da tomada e se recarregam, inclusive a dinâmica noite brasileira e a tradição dos botecos onde as pessoas se reúnem para drinques, tira-gostos, bate-papo e música. E, é claro, vamos cobrir a paixão dos brasileiros pelo futebol, além da cultura de praia que colore muitas comunidades litorâneas deste país.

Além de suas publicações, a Abril administra a Fundação Victor Civita, que desde 1985 ajuda a melhorar o ensino básico em todo o país. Um aspecto central de nossa cobertura será o destaque ao que está funcionando no Brasil, incluindo o setor privado e iniciativas filantrópicas. Nossa parceria posiciona o Brasil Post para reunir o melhor do velho e o melhor do novo para contar as histórias que são mais importantes no Brasil — e, o que é igualmente importante, ajudar os brasileiros a contarem as histórias, eles próprios.

E agora falarei um pouco mais sobre nossa equipe. Nosso diretor editorial, Ricardo Anderáos, foi diretor de mídias sociais do Grupo Abril e trabalhou como repórter e editor de vários veículos brasileiros, incluindo o Estadão.com.br, onde foi editor-chefe, e a MTV Brasil, onde foi chefe do setor digital. Ele e eu nos identificamos não apenas por compartilharmos uma visão de nossas prioridades editoriais, mas devido ao estilo de vida dele, típico do Outra Medida. Com sua mulher e três filhos, ele vive em Ilhabela e trabalha no escritório em São Paulo. Na ilha, ele medita na tradição tibetana Nyingma e alimenta sua paixão pelo meio ambiente, cuidando de um viveiro de árvores nativas da Mata Atlântica, a floresta tropical mais ameaçada do Brasil.

O editor-chefe do Brasil Post, Otávio Dias, já trabalhou em alguns dos jornais e sites mais influentes do Brasil. Durante 12 anos na Folha de S. Paulo, foi correspondente em Londres e editor-adjunto do caderno Mundo do jornal; no Estado de S. Paulo, foi editor de Tecnologia e editor do site do jornal. Ele gosta de cantar e fazer ioga.

Estamos lançando o site com posts de blogs do deputado Marcelo Freixo, sobre os problemas do sistema carcerário brasileiro; do renomado jornalista Gilberto Dimenstein sobre a prática do jornalismo na era das novas mídias; do cartunista Laerte, com uma história em quadrinhos sobre como é a sensação de virar gente grande; da feminista e empreendedoraBianca Santana sobre a experiência de usar turbante em seu cotidiano; e da jornalistaRenata Rangel, falando sobre como sua decisão de se mudar da cidade para o campo foi influenciada por valores Outra Medida.

Então, seja bem-vindo ao Brasil Post. Como sempre, use a seção de comentários para nos dizer o que você pensa.

12 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Na França, o Huffington Post acabou no nascimento quando

    escolheram a mulher do Strauss Kahn, Anne Sinclair, uma ex-jornalista de TV, como editora chefe.

    Pelo visto com o engajamento da “fabulosa equipe da Abril.”, traduzindo no popular “a quadrilha do Caneta”, vai acontecer a mesma coisa. 

    Bem feito.

    1. Seja bem-vinda, pena que em ma companhia…

      Lionel, 

      você esta sendo injusto com Anne Sinclair, que é competente, foi jornalista de politica e sempre esteve mais à esquerda que o proprio Strauss-Khan.  

      O problema é que a Ariana Huffington se deixou seduzir por Civita, caiu na cilada de que a Veja é o maior semanario do Brasil, blablabla e entrou na parceria com a Abril. Vamos ver onde isso vai dar.

  2. Não precisamos de outro

    Não precisamos de outro gringo criando espaços jornalísticos no Brasil. Na verdade precisamos é do contrário. Reduzir o absurdo espaço que os EUA tem no jornalismo político/econômico dentro do nosso país, inclusive para deslegitimar a política externa formulada pelo Itamaraty, deveria ser uma saudável meta governamental. 

  3. começou mal
    Ninguém cutucou ela e disse que a Abril não presta? Ninguém avisou que lá trabalha um tal de Reinaldo?
    eu me acostumei a ler a edição espanhola, numa linha claramente de esquerda e aqui se unem com a gang do civita.
    Não dá Pra entender.

  4.   Passo inteligente da

      Passo inteligente da Editora 1º de Abril, que caminha a passos largos para a insolvência, apesar de ganhar mesada de governos.

      Agora conseguir espaço no mundo virtual é que são elas… os Civita podem ter conseguido a grife, mas se for pra cair no trinômio “notícias irrelevantes/colunismo de prostíbulo/articulistas dementes” eles estão fritos. O espaço já está bem ocupado pelo UOL, Globo.com, Terra, etc.

  5. Que ironia.
    A dona de um

    Que ironia.

    A dona de um grupo de mídia “progressista” vindo para o Brasil fazer parceria com o Tea Party brasileiro.

    Ou tá mal assessorada ou tá cag* e andando com a credibilidade do seu Brasil Post.

  6. Não gosto do estilo do

    Não gosto do estilo do Huffington Post. Traz alguns articulistas interessantes, é verdade, mas é baseado num jeitão meio sensacionalista e com muitas bobagens deste tipo “Disputados, MCs ensinam manual do xaveco” ou esta outra aqui, que está entre as mais lidas. E isso nem é culpa da Abril, a versão original já é assim, com umas chamadas enormes e com uma combinação de cores de gosto duvidoso.

    Agora,  é curioso ver que estes jornais estrangeiros (HuffPo, El País,e parece que o Público de Portugal também planeja uma versão brasileira) estão aterrisando por aqui em suas versões nacionais justamente quando as grandes empresas de mídia do país só falam em crise no seu mercado.

    Como esses gringos não jogam dinheiro fora, minha tese é a de que eles perceberam que não é o mercado que está ruim, e sim os produtos das empresas daqui é que é ruim, e que o público quer e procura coisas novas.

  7. Ciente.

    Ciente, anotado. Vou dar uma olhada, mas desconfio que será mais do mesmo, linha auxiliar da fábrica de dossiês. Se for isso, estou fora. 

    Vamos dar o benefício da dúvida.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador