As eleições colombianas e a Velha Mídia

Por Jorge Furtado

A mídia brasileira e o segundo turno na Colômbia

Procurando um exemplo que sirva a uma teoria, qualquer que seja, encontra-se.

Imagino, nesta noite de domingo, quando as pesquisas apontam para a realização do segundo turno nas eleições presidenciais na Colômbia, que a mídia brasileira esteja pensando para quem torcer. O segundo turno deve ser disputado entre o candidato do presidente Álvaro Uribe, Juan Manuel Santos, do Partido Social da Unidade Nacional, e Antanas Mockus, do Partido Verde.

Álvaro Uribe é muito amigo do governo americano e, por consequência, da mídia brasileira. Tentou mudar a constituição para poder concorrer via plebiscito, como Chaves, e também não conseguiu. (Talvez tivessem mais sorte se agissem como os tucanos e democratas, que mudaram a constituição brasileira em causa própria sem plebiscito algum.)

Juan Manuel Santos é de direita e seria, portanto, o candidato natural da nossa mídia. Acontece que Uribe tem grande aprovação popular, só um pouco menor que a de Lula no Brasil, e se não conseguir transferir os votos para o seu sucessor traria algum alento à oposição brasileira, e olha que ela bem está precisando.

Antanas Mockus é do Partido Verde, como Marina Silva, e era um azarão, como ela. Marina tem poucas chances de se eleger, mas pode levar a eleição para o segundo turno o que seria – com Serra em queda, Dilma subindo, desemprego baixo, crescimento alto, etc. – talvez a melhor performance possível para a oposição em 2010 por aqui.

A mídia e a equipe de estrategistas da oposição vacilam entre criticar o governo e elogiá-lo, mas não há dúvida que o crescimento de Marina interessa. O mais provável é que passem a criticar o candidato de Uribe (“não se transfere prestígio”) torcendo para que ele ganhe, e a elogiar Mockus (“novo, “verde”), torcendo para que ele perca.

Luis Nassif

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