As pressões contra a Lei do Cabo

Coluna Econômica – 17/05/2010

A Lei do Cabo foi aprovada ainda no primeiro governo FHC visando garantir a rede Globo. A lei impedia as teles de entrar no cabo. Mas, na época, anterior à privatização, havia apenas a Telebras.

A Globo tinha pretensões de entrar no setor de telecomunicações, além de manter sua posição de geradora de conteúdo e de distribuidora de conteúdo pago. Para isso, comprou a Net e se preparou para consolidar-se no mercado.

Quando se enredou em problemas financeiros, praticamente paralisou o desenvolvimento do mercado de conteúdo pago.

***

Na dura crise que atravessou foi obrigada a se desfazer de inúmeros ativos, inclusive da parte principal da Net. Mudou seu campo de interesses mas não sua influência.

Ela conseguiu manter o capital estrangeiro limitado na distribuição de conteúdo pago; impedir as teles de atuar de forma ampla no mercado. Mas permitiu a compra de conteúdo por parte de outros grupos, que não os de mídia – o que passou a ser de seu interesse. E quer a todo custo impedir a concorrência estrangeira na produção de conteúdo.

Essa estratégia ficou claro quando concedeu três minutos do Jornal Nacional para defender essa proposta – sem informar os telespectadores de que era parte interessada (isso em uma concessão pública) — e quando acionou a Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão) para pressionar o congresso a impor essa limitação.

***

Tudo isso em um momento em um momento em que a revolução tecnológica sai da mídia impressa, televisiva e dos conteúdos pagos (cabo) e começa a explodir em outro campo, a Internet.

***

Na imprensa escrita, a geração de conteúdo digital começa a disputar mercado, especialmente na publicidade. Na radiofônica, em um computador já é possível captar rádios do mundo inteiro, sem inserção comercial e com alta qualidade de programação. No caso da TV, disponibilidade de conteúdo de todas as TVs do mundo – inclusive as nacionais – através da Internet.

Com a Internet tecnologicamente cada vez mais robusta, o céu será o limite. Mudará todos os hábitos, inclusive os aparelhos domésticos.

***

Até 2005, uma casa possuía TV de plasma, DVD, setup boxe para a TV a cabo, home theater, computador com biblioteca musical e fotografia. Se quisesse ir para outro ambientes, os aparelhos teriam que ser replicados.

Hoje em dia, com a tecnologia blue ray (nova geração de discos óticos), mais as novas caixas de cabo (setup box), muda completamente o desenho doméstico. Tudo estará conectado pela Internet, seja para atualização de software ou compra de produtos.

O consumidor terá TV que se conecta diretamente na Internet, através de telas ultrafinas de 2 cm de diâmetro, com HD, baixando conteúdo de alta definição.

Através de redes sem fio, esses ambientes serão replicados em vários pontos da casa, permitindo assistir simultaneamente vários filmes diferentes, intercambiando músicas, fotografias, vídeos e informações.

Tudo isso gerou uma crise no sistema de TV aberto. Mudará completamente o cenário não apenas da TV mas de quase todas as formas de negócio.

Luis Nassif

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador