Belchior, uma morte anunciada, por Jorge Hélio Chaves de Oliveira

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Gustavo Pellizzon/ Rádio Verdes Mares 810

Morreu, aos 70 anos e meio, o cantor e compositor cearense Belchior, o mais complexo letrista da MPB. E o corpo do autor de “Coração selvagem” cumpre um estranho ritual de volta. Sai de Santa Cruz do Sul, no interior dos Pampas, para a Sobral de sua infância, na região norte do seu Ceará natal. Faz o caminho inverso daquele que as charqueadas empreenderam no final do século XVIII, quando um certo Pinto Martins tangeu suas últimas cabeças de gado rumo às campinas do extremo sul da então colônia portuguesa. Foram, ele e seu gado, os precursores da BR-116.

Nestes tempos de profunda apreensão nacional – para ficar apenas no território do eufemismo -, a morte de um pensador urbano, um contumaz leitor de clássicos da literatura nacional e mundial, um cronista musical da migração Nordeste-Sudeste, um repórter das inquietações típicas da juventude universal soa emblemática em ambiente de tanta desesperança. Partiu, sendo o mais importante de seus parentes, sem dinheiro no banco, de volta pro interior. “Acreditou no sonho da cidade grande e, enfim, se mandou um dia. E (v)indo, viu e perdeu”, como vaticinou em “Notícia de terra civilizada”, parceria sua com Jorge Mello, o mais presente de seus parceiros em sua discografia.

Suas composições foram gravadas por mais de 150 artistas, rol que inclui Gigliola Cinquetti, que gravou uma versão italiana de sua “Paralelas” em seu disco de 1978, no qual há, também, outra raridade, esta desconhecida no Brasil: a música “Frutaflor matutina” (originalmente, “Tu sei di me”), a única versão de que se tem conhecimento que Belchior fez para a língua de Camões e Guimarães Rosa.  Os cearenses Fagner, Ednardo e Amelinha, além de Elis, Roberto, Erasmo, Vanusa, Antonio Marcos, Jessé, Zé Ramalho, Elba, João Bosco, Zélia Duncan, Ivan Lins, Margareth, Daniela, Cidade Negra, Engenheiros do Hawaii, Los Hermanos, Jair Rodrigues, Ana Carolina, Sergio Mendes, Nelson Gonçalves, Simonal, Oswaldo Montenegro, Ney Matogrosso, Guinga e Leila Pinheiro, Anna Ratto, Renata Arruda, Zé Geraldo, Djavan, Emílio Santiago, Guadalupe, Chitãozinho & Xororó, Carol Saboya, Luli e Lucina, Trio Esperança… é uma imensidão de cantores e cantoras que registraram músicas como “A palo seco”, “Na hora do almoço”, “Mucuripe”, “Como nossos pais”, “Velha roupa colorida”, “Comentário a respeito de John”, “Paralelas”, “Senhoras do Amazonas”, “Todo sujo de batom”, “Notícias de terra civilizada”, “Alucinação”, “Coração selvagem”, “Galos, noites e quintais”, “Espacial”, “Incêndio”, “Noves fora”, “Sensual”, “Do mar, do céu, do campo” etc. 

Um capítulo especial, no quesito parcerias, é o encontro de Belchior com Toquinho. Saíram dali sete composições, seis das quais gravadas pelo eterno parceiro de Vinícius de Moraes, em seu disco de 1978, Toquinho Cantando – Pequeno perfil de um cidadão comum. Em seu sítio oficial, Toquinho demonstra profundo respeito pelo autor de “Tudo outra vez”, mas deixa claro que a parceria não deu certo. Para ele, as letras muito elaboradas e cheias de mensagens filosóficas não fizeram um bom casamento com sua música. “Meu cordial brasileiro” e “Pequeno perfil de um cidadão comum” foram registradas por Belchior em seu disco “Era uma vez o homem e o seu tempo”, de 1979.

Andava recluso, nos últimos anos. O cansaço do convívio com o incômodo civilizacional pareceu preceder a autorreclusão. Sabia e avisou: “Eu estou sempre em perigo e a minha vida sempre está por um triz” (em “Brincando com a vida”).

Contou, em já distante aparição pública, por volta de 2009, que estava traduzindo para o português A Divina Comédia, de Dante D’Alliguieri. Em sua “Divina Comédia Humana”, revelava-se um ser angustiado “como um goleiro na hora do gol”, pouco depois de reconhecer ser um “sujeito de sorte, porque, apesar de muito moço,”(sentia-se) “são e salvo e forte”: “Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro. Ano passado eu morri, mas este ano eu não morro.”

Também anunciou que estaria vertendo sua seleta obra para o espanhol. Em 1990, já gravara Eldorado, um álbum com os uruguaios Eduardo Larbanois e Mario Carrero. Algumas das pérolas de seu cancioneiro já se ouviam, ali, em castelhano, como “Na hora do almoço”, “Galos, noites e quintais”, “Como nossos pais” e “Quinhentos anos de quê?” – esta, uma ácida homenagem ao quinto centenário do descobrimento da América pelos espanhóis.

Antonio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes foi um escorpiano do Pós-guerra que viveu em conflito, que defendeu ser viver melhor que sonhar, mas que passou a vida sonhando de olhos abertos e mente ligada, sintonizada com o próprio umbigo, com sua oca original, com seu país e com o mapa mundi, cujo centro de preocupações sempre foi a Latino-América. “El Condor passa sobre os Andes e abre as asas sobre nós. Na fúria das cidades grandes, eu quero abrir a minha voz” (em “Voz da América”).

Sempre quis ser ouvido e assobiado pelo povão, sempre desejou tocar em rádio AM, nos alto-falantes das quermesses do interior do Brasil. Nunca curvou-se ao sucesso fácil, contudo, ressalvado o “Medo de Avião”, que mereceu críticas ásperas (e exageradas, convenhamos) de seu “alter guru” e parceiro de Robertinho do Recife em “Baby doll de nylon” Caetano Veloso. Ironicamente, “Medo..” ganhou uma versão-balada, com pequenas alterações na letra, e a parceria de… Gilberto Gil. Sim, existe “Medo de avião II”, insólita parceria do autor de “Conheço o meu lugar” e do compositor de “Pai e mãe”.

Belchior gravou 22 discos de carreira (além dos dois compactos simples – hoje, seriam “singles” – lá no início do início), alguns dos quais com regravações de sua obra e um deles em que interpretava canções de outros colegas de ofício.  Teve seu auge de público e crítica entre 1976 (ano do lançamento do cultuado “Alucinação” – um dos dez discos da minha vida) e 1980, período em que emplacou, em sequência, cinco discos espetaculares. A partir dali, os altos e baixos, vencendo finalmente estes, passaram a ser sua marca.

Em 2002, gravou Pessoal do Ceará, com Ednardo e Amelinha. Tirando os colecionadores, como eu, um disco dispensável, apesar das duas inéditas, uma dele e uma do criador de “Pavão mysteryozo”.

Em 2004, em parceria com a Editora Caras, o rapaz latino-americano fez publicar um combo com 31 retratos que ele mesmo pintara de Carlos Drummond de Andrade e 31 poemas musicados. “As várias caras de Drummond” foi o nome do projeto. 

Particularmente, na condição de estudioso da produção discográfica de Belchior, desenvolvi idêntico interesse com relação a seus CDs mais desconhecidos e de menor sucesso. Coincidem com parcerias mais frequentes e gravações de canções alheias. Escassearam, neste período, as obras-primas, embora as haja, a exemplo de “Senhoras do Amazonas”, esplêndida parceria com João Bosco.

Tomara que Belchior vire moda, ao menos neste período. É uma figura cult da nossa música. Uma figura “Brasileiramente linda”.

Mas a imensa maioria das pessoas está muito pouco, quase nada, nada mesmo preocupada com reflexões existenciais e já optou por manter “o ar condicionado no 15”, como vocifera um certo conterrâneo do autor de ”Princesa do meu lugar”, que, modestamente, se avalia “99% anjo, perfeito, mas aquele 1% é vagabundo.” “E que tudo o mais vá para o céu”. E, chegando lá, ouça, ainda, “Ipê”, “Aguapé”, “Dandy” e “Em resposta a carta de fã”, e, por último, e por quantas vezes for possível, “Pequeno mapa do tempo”.

Jorge Hélio Chaves de Oliveira é advogado e pesquisador musical. Estuda há alguns anos a obra de Belchior e trabalha em uma “não-biografia”

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

31 Comentários

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    1. puxa vida……………….que coisa linda sair escrito

      de peregrinos como ele, outros como eu, comuns, se alegram só de ouvir……………………………………….quem vem lá?

      existe um mundo nessa literatura, dele, da sua poética, que é apenas um quarto escuro repletode folhas que pendem das paredes………………………………..livro aberto………………………………vida é procurar, ouvir sem ver que os heróis, os santos, as fadas, as borboletas, e até as flores, jamais respondem

       

  1. “Ano passado eu morri, mas este ano eu não morro”
    https://goo.gl/n0VFAhMinha [re]descoberta do Belchior foi ‘cometida’ pelo meu filho mais velho Rafael, fã tardio dele, capturando vinis e registros dele por aí. Sua é a minha homenagem…”ano passado eu morri, mas este ano eu não morro”

  2. Belchior foi seminarista –

    Belchior foi seminarista – fala com domínio até o latim – e por pouco não virou padre, quando seminarista era referência do que melhor existia como ser pensante. 

  3. Belchior…..

    Então Belchior cantou que a Gestapo Ideológica era tão revoltada “mas vivia como nossos pais…” Isto nos anos 70/80 quando o vilão era o governo militar. Nossos anticapitalistas continuam os mesmos. Politica de interesses privados, muito dinheiro no bolso,  salários e pensões nababescas. Apartamentos em NY, Miami, Lisboa ou Paris. Não é mesmo Dona Marta? Ah! É verdade, agora não é mais esquerda. Anticapitalismo bom é anticapitalismo no bolso dos outros. Cachorro atrás do rabo. “Como nossos país…” 

  4. Como os Ratos do Clã Midiático Marinho trataram o Rapaz Latino

    Veja como as Baratas do Clã Midiático Marinho trataram Belchior num dos seus momentos mais difícieis, ou seja, quando ele mais precisava de apoio:

    “BELCHIOR: AGORA A BOA MÚSICA BRASILEIRA É TRATADA COMO CASO DE POLÍCIA

     (BLOG da LBI, 22 DE NOVEMBRO DE 2012) Era feito aquela gente honesta, boa e comovida/Que caminha para a morte pensando em vencer na vida/Era feito aquela gente honesta, boa e comovida/Que tem no fim da tarde a sensação/Da missão cumprida/Acreditava em Deus e em outras coisas invisíveis/Dizia sempre sim aos seus senhores infalíveis/Pois é; tendo dinheiro não há coisas impossíveis (“Pequeno perfil de um cidadão comum”). Desde domingo, 18/11, a mídia murdochiana vem promovendo uma série de ataques a um dos maiores ícones da autêntica música popular brasileira, o cantor Belchior, que beiram ao histerismo. Como veremos, este tratamento não é um fato isolado ou que esteja colocado apenas para pautar jornalecos ou programas sensacionalistas como a revista domingueira “Fantástico”. A emissora dos Marinhos, em reportagem especial de vários minutos, afirma que Belchior desapareceu de um hotel no Uruguai sem pagar a dívida de hospedagem e responde por diversas outras cobranças no Brasil. Mais uma vez, a mídia transforma em “espetáculo” um drama pessoal, obviamente não no sentido de buscar uma solução, mas sim para raivosamente incriminar e condenar a priori os envolvidos. Mas por que esta perseguição, que remonta desde 2009 pela também Rede Globo que afirmava na época Belchior teria desaparecido quando, na verdade, estava na ativa preparando disco e shows? Belchior foi um dos primeiros cantores nordestinos a fazer sucesso em todo o Brasil em meados dos anos 70, quando participava de um grupo de jovens compositores e músicos cearenses, ao lado de Fagner, Ednardo, Fausto Nilo, Rodger Rogério, Teti, Cirino e outros, conhecidos nacionalmente como o “Pessoal do Ceará” que, fruto desta parceria, compuseram o disco “Massafeira” em 1980. Nesta época consolidou-se não apenas como um cantor, mas cresceu sobre uma proposta (contra)cultural de crítica ao modo de vida imposto pelo regime militar pós-golpe de 1964, lançando canções ácidas e engajadas ao mesmo tempo sensuais do quilate de “Velha roupa colorida”, “Como nossos pais” (que sensibilizaram inclusive Elis Regina!), “Apenas um rapaz latino-americano”, “Divina comédia humana” e a genialíssima crônica da vida “Pequeno perfil de um cidadão comum”. Por isto mesmo o establishment burguês trata de colocar, em tempos de reação ideológica, na marginalidade este menestrel de tão lírica e coerente obra.” http://lbi-qi.blogspot.com.br/ 

  5. Texto muito legal. Em comum

    Texto muito legal. Em comum com outros textos sobre Belchior o fato de todos destacarem o auge entre 76-82 e depois um declínio de genialidade de suas músicas ou de seus sucessos. Há duas coisas importantes. 1) Belchior não era um cantor da moda. O tipo de música dele fez sucesso naquela época. Os sucessos de hoje são forró, sertanejo e funk. Se a pessoa não canta essas coisas dificilmente fará sucesso comercial. Mesmo que a música tenha qualidade estética e poética, terá um publico reduzido. Veja que os comentarios sobre a morte dele na internet vem, principalmente, de pessoas com mais de 30 anos. 2) Não é humano cobrar um desempenho genial durante toda a vida produtiva de uma pessoa. Imagine o qual difícil é fazer uma nova obra prima tão boa ou melhor que a anterior. Se fosse fácil fazer então a obra anterior não seria uma obra prima. Isso acontece COM TODOS NÓS. Tivemos, temos ou teremos nosso auge em algum momento da nossa vida, mas ele não vai durar por toda a nossa vida produtiva. O mesmo “fenômeno” aconteceu, por exemplo, com Einstein (que poderia ter se aposentado depois da relatividade), com Ronaldinho Gaúcho que poderia ter se aposentado depois de 2006, etc…

     

     

  6. Obrigado pelo texto irmão

    Obrigado pelo texto irmão Jorge. Agora aguardo ansioso a leitura da não-biografia. Abraços Dourados!

  7. Um lado de Belchior no encarte de BAHIUNO

    Em letras miúdas,arrumando meus cds há pouco tempo,resolvi pegar a lupa pra ver os créditos sobre o poema de Sergei Yessenin.Lá no encarte foi inserida a letra “L” transformando o sobrenome em YessLenin.Não encontrei nas principais línguas tal ortografia.Intencional por Belchior que musicou,traduziu (ele apenas deixa escrito “adaptado”).Sua interpretação é maravilhosa sobre aquele curto e lindo poema de despedida,de suicídio,com o sangue dos pulsos do poeta russo na parede do quarto de um hotel.Num antigo especial Brasil-URSS, na Globo,vários artistas,a interpretação dele foi divina.

  8. Na lembrança, no coração

    Tive a sorte de que um dia meu caminho encontrou-se com o caminho de Belchior e ali, naquele instante, conversar com uma figura absolutamente genial em sua ampla simplicidade, educação e gentileza. 

    1. Também

      tive a sorte e a desmedida honra de tê-lo conhecido pessoalmente. Embora não tenha falado com ele, assisti uma apresentação sua, bem de pertinho. Emoção em estado puro.

  9. um Doutor para os peregrinos…

    andava pelas suas noites, como se vivendo livremente de dia……………………………

    sempre morrendo ontem………………………………….mas hoje ou amanhã, não ainda

    um Doutor da poesia popular, a das folhas soltas, porque sempre direto, exato e genuíno

  10. “Até Mais Ver”, o nome que Belchior deu ao poema de suicídio de

    de Sergei Yessenin. Tem no youtube. Sobre o poeta russo homenageado por Belchior (“Serguei Yessenin, um dos grandes”, diz Belchior ao final da música), sugiro consultar a colaborativa internaciona Wkikipedia (em ingles) ou a enciclopedia brittanica. A wikipedia brasileira é geralmente falha, ou omissa. Claro que deve haver outras fontes (confiáveis) na web.

    https://www.youtube.com/watch?v=Cvc7WatT_vw

  11. Eterno amigo
    Tanto aprendi, mesmo jovem (tenho 17 anos), com o meu eterno amigo Bel. Obrigado Belchior! É uma pena não poder te encontrar, para bater aquele papo, o que tanto sonhei…

  12. Adeus a Belchior
    A imortalidade é para poucos e Belchior viverá para sempre em nossas memórias. Ele tinha a exata noção da vulgaridade de nossa cultura e sempre procurou eleva-la.Podemos dizer que a tentativa de vulgarização da música acabou  por fechar quase todas as gravadoras que queriam impor padrões puramente comerciais. Sofreram o castigo merecido.

     

    1. Obrigado pela dica

      Luiz de Souza

      Você tem completa razão.

      A letra descreve o “cidadão comum” com uma beleza poética reveladora.

  13. “Era uma vez um homem e o seu
    “Era uma vez um homem e o seu tempo, que, assim como nossos pais, vivia a alucinação de suportar o dia a dia.
    Não era um cidadão comum, como esses que se vê na rua. Sonhava voar, voar, voar, em que pese o medo de avião. Amar e mudar as coisas sempre lhe interessou mais. Era um sujeito de sorte que conhecia o seu lugar. Tinha o coração selvagem, que batia onde nasce o sol, mas um dia a morte o carregou feito um pacote no seu manto. Ano passado morreu, mas esse ano… Descanse em paz, Belchior.”
    Julio Andrade

  14. “Era uma vez um homem e o seu
    “Era uma vez um homem e o seu tempo, que, assim como nossos pais, vivia a alucinação de suportar o dia a dia.
    Não era um cidadão comum, como esses que se vê na rua. Sonhava voar, voar, voar, em que pese o medo de avião. Amar e mudar as coisas sempre lhe interessou mais. Era um sujeito de sorte que conhecia o seu lugar. Tinha o coração selvagem, que batia onde nasce o sol, mas um dia a morte o carregou feito um pacote no seu manto. Ano passado morreu, mas esse ano… Descanse em paz, Belchior.”
    Julio Andrade

  15.  

    Se tem algo do que os

     

    Se tem algo do que os brasileiros podemos nos orgulhar é da nossa MPB.

    Belchior, sem dúvida , é um dos gigantes que ajudaram a construir a beleza de nossa música popular, com suas dezenas de canções inspiradas, com letras atemporais e geniais, melodias agradáveis e de alta sensibilidade, ele foi mais do que um simples cantor, foi o poeta de uma geração tratando das inquietações que ainda são muito atuais.

     

    Está eternizado em sua poderosa e singular obra musical, que jamais cedeu à futilidade, à banalidade, ao puro entretenimento, Belchior fez uma grande arte, sem dúvida.

     

  16. Vida, vento, vela leva-me daqui

    A minha alucinação é suportar o dia-a-dia.

    E assim se foi quem até o mês passado lá no campo inda era flor.

    Que fim levaram todas as flores que o Preto Velho me contava?

  17. Coração Selvagem

    “Mas quando a vida nos violentar

    Pediremos ao bom Deus que nos ajude

    Falaremos para a vida:

    Vida, pisa devagar,

    Meu coração, cuidado, é frágil

    Meu coração é como vidro

    Como um beijo de novela.”

     

    RIP Belchior

  18. Belchior, uma morte anunciada, por Jorge Hélio Chaves de Oliveir

    Meu eterno professor Jorge Hélio, parabéns pela sensiblidade e profundidade do texto. Mesmo para a geração que não conheceu Belchior, essas linhas podem conceder o prazer de experimentar um pouco da  grandiosidade humana, intelectual e artística de Belchior.

    Gratidão, eterno Mestre!

     

    Liane Mendonça

  19. Artigo sobre Belchior

    Parabéns pela matéria. Abordagem precisa, com visões bem definidas sobre o homem e o artista Belchior. Bela panorâmica do percurso do cearense, com fatos e acontecimentos que marcaram sua vida e obra. Consegui recompor o jogo poético filosófico do “rapaz latinoamericano”. Espero que a não-biografia saia logo. Um abração.

     

    Luiz Carlos lmeida de Araujo – Músico, Jornalista, Musicólogo, Poeta e Artista Plástico

     

    [email protected]

  20. Medo de Avião

    Meu eterno professor e guru Jorge Hélio, que prazer!

    Faz parte da minha rotina ler e reler este teu texto que diz tanto, que fala da história e da filosofia do nosso bardo maior. 

    Amo Belchior quanto amo os Beatles e sei fazer as devidas diferenças e semelhanças desse amo.

    O que eu acrescentaria é que o Belchior deu a letra de “Medo de Avião” para o amigo Gilberto Gil musicá-la e o baiano, por sua vez, demorou a entregar de volta. O nosso Bel, cansado de esperar, já tinha feito uma nova melodia e até gravado, com todas as citações aos Fab Four de Liverpool. Mas não desperdiçou a melodia genial do amigo grande compositor, e a transformou em “Medo de Avião II”. incluindo-a, às pressas, no grande disco “Era uma vez um homem e seu tempo”.

    No mais, te peço: escreve mais!

    Kildare Rios

    (Jornalista de formação, músico de encanto, escritor desencantado)

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