Bin Laden e o show da notícia nos EUA

Da Folha

Toda Mídia

NELSON DE SÁ – [email protected]

No imaginário

No destaque do “New York Times” para o obituário “A face mais procurada do terror”, “Osama bin Laden foi elevado à esfera do mal no imaginário americano antes reservada a Hitler”. Ele era “media savvy”, hábil com a mídia, e “cultivou uma imagem de guerreiro, sua própria lenda” para se contrapor à, como dizia, “lenda da suposta superpotência que é a América”.

Em meio a um sem-número de análises postadas, Christopher Hitchens escreveu na Slate que, “no que chamam irritantemente de ‘icônico’, não tinha rival”, mas agora “ao menos não vamos aguentar um vídeo sorridente no 10º aniversário de sua atrocidade”.

Porém a AP já informa que a inteligência diz que ele deixou um vídeo pronto, para divulgação em breve.

// GUERRA SEM FIM?
Richard Haas, do Council on Foreign Relations, escreve que “o confronto segue sem fim à vista” e a Al Qaeda “continua letal”.

Já Peter Beinart, no Daily Beast, se diz grato porque “a guerra ao terror acabou”. Avalia que ela abriu portas para “ditadores em Washington” e para “a América descer à tortura”. E “pôs a Ásia de lado no auge da ascensão chinesa”.

Na “Foreign Policy”, David Rothkopf vê “ressonância simbólica” na morte de Bin Laden, mas lembra que por dez anos os EUA “caíram na armadilha de Osama”, com reação “tão impensada que será preciso décadas para nos recuperarmos da desonra”.

“Nightly News”/nbc.com

DE VOLTA
Os telejornais de NBC, ABC, CBS, CNN e Fox News foram ancorados do “Ground Zero”. Abrindo o “Nightly News”, acima, “Osama bin Laden is dead”

CNN & “NYT”
A CNN bateu a Fox News em audiência nos EUA nas cinco horas seguintes ao anúncio da morte, segundo o TVNewser.
E o site do “NYT”, segundo o blog Romenesko, saltou 86% em “page views” até o começo da tarde.

Da direita
Os radialistas conservadores Rush Limbaugh e Glenn Beckelogiaram Obama, ontem. “Graças a Deus pelo presidente Obama”, falou Limbaugh. “Eu não achava que ele seria realmente capaz de puxar o gatilho”, falou Beck.

time.com
 

PÓS-HITLER
Com a morte de Bin Laden, os jornais americanos elevaramtiragem e as revistas correram a fechar edições especiais. A”Time” surgiu à noite com um desenho que remete à capa que usou quando Hitler caiu

// UMA DÉCADA DEPOIS
O site da “New Yorker” destacou, do correspondente em Pequim, que os chineses se dividiram sobre a operação -alguns deixando o “pragmatismo” usual e defendendo Bin Laden, a começar de um diretor da estatal da CCTV.

E o “China Daily” abriu a manchete “EUA matam Bin Laden uma década depois”. Segundo a “New Yorker”, muitos chineses acreditam que “a ascensão desimpedida da China na última década se deve ao fato de que os EUA estavam preocupados demais com o terror islâmico para perceber”.

DE LÁ PARA CÁ
O “Financial Times” abriu página para relatar que “alunos internacionais estão reconhecendo vantagens de fazer um MBA nos Brics” -com foco no Brasil, onde, por exemplo, 600 já estudam hoje no Ibmec. “Todo mundo quer vir”, declara o diretor da Coppead, da UFRJ

// CETICISMO E FORÇA
A Reuters destacou do Fórum Econômico do Rio que, “após a visita de Obama, autoridades dos EUA tentam abrir um dos mais promissores mercados emergentes do mundo, que continua cético”. E o representante comercial dos EUA, Ron Kirk, em longa entrevista à nova “FP”, prioriza os cinco Brics como “um grande mercado para nós” e afirma que vai “usar força [enforcement] para obter acesso”. 

Luis Nassif

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