Alegoria da bolha

Muito tem-se debatido, dentro da bolha obviamente, sobre a necessidade do universo progressista furar essa bolha e comunicar com grupos fragmentados ideologicamente, que perambulam ociosamente na escuridão, vulneráveis aos gatilhos dos interesses de uma classe que não os representam.

A alegoria da bolha, de certa forma, assemelha-se às avessas, à alegoria da caverna de Platão. As pessoas que habitam a caverna estão amarradas e enxergam apenas sombras da vida real nas paredes; Na bolha, as pessoas são livres, só que não produzem luz suficiente para fazer sombra na caverna que faça com que as pessoas lá dentro enxerguem a realidade.

A discussão que se faz é: Para fazer sombra é necessário furar a bolha, ou seria mais eficiente estender a bolha para que haja espaço onde caibam mais gente?

Enquanto a esquerda perde tempo discutindo o que é sombra e o que é real, a direita e a extrema direita descartou a bolha e a caverna, decidindo pela alegoria da teia.

A estratégia da aranha é confeccionar as teias com substâncias diferentes para cada parte. Os fios que entram na confecção da parte interna e que servem para prender as vítimas têm a mesma aparência de diversos tipos de flores, vistos naquela faixa de luz. Os insetos não percebem a diferença e são atraídos para a armadilha mortal.

Talvez os parlamentares do PCdoB e parte do PT, que estão na bolha e que votaram a favor do projeto que perdoa R$1 bilhão em dívidas das igrejas, tenham sido iludidos pela aparência e confundiram a teia com uma mão segurando uma rosa.

O pronunciamento do ex-Presidente Lula acendeu um fósforo de iluminação temporária, mas que pode fazer sombra e despertar a curiosidade e o interesse dos que vivem na caverna, fazendo com que saiam da escuridão e da escravidão, indiferentes sobre se a bolha foi furada, estendida, ou se existe dentro da realidade.

Ricardo Mezavila, escritor, pós-graduado em ciência política, com atuação nos movimentos sociais no Rio de Janeiro.

Redação

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