Maré negra: um ano de escárnio

Há um ano, em 30 de agosto de 2019, começou a ser notificada a gigantesca lambança que até hoje vem assolando as praias do país, quando cargas de petróleo começaram a aparecer em praias brasileiras. Por mais de um mês, a ocorrência foi minimizada pelos meios de comunicação, apresentada como fenômenos esparsos resultantes de lavagem de navios.

No início de outubro, no entanto, em entrevista para a TV, o Presidente da República insinuou que se tratava de petróleo lançado por venezuelanos, sugestão completamente disparatada, mas alinhada com o incitamento a uma invasão da Venezuela que vinha tendo curso na ocasião. Os venezuelanos teriam jogado petróleo em nós levando-nos a revidar com bombas. A bufoneria em que nos vimos lançados não tem qualquer nexo.

Como que para acrescentar mistério e gravidade à ameaça, o Presidente da República decretou sigilo sobre o relatório da Petrobrás que esclarecia o incidente ao revelar o poço originário do petróleo. Todas as ações governamentais subsequentes alinharam-se ao propósito absurdo de minimizar o desastre monstro e ocultar o autor do crime ambiental sem precedentes.

O desmiolamento revela-se coerente apenas com a diretriz governamental de reverter todos os avanços realizados no país nas últimas décadas, paralisando os mecanismos de coerção a desastres ambientais e impossibilitando sanções aos infratores.

Brindes decorrentes da enorme gratidão dos infratores, liberados do pagamento de centenas de bilhões de dólares em multas que adviriam da condenação pelo maior crime ambiental já ocorrido no Atlântico Sul, certamente também garantiram o empenho do desmiolado na ocultação do crime.

O desastre monstro

Uma quantidade de petróleo sem precedentes vazou de poço situado na costa brasileira onde as correntes marinhas se bifurcam, levando o líquido em direção ao norte e ao sul.

A maré negra emporcalhou o litoral brasileiro documentadamente desde o Pará até o Rio de Janeiro, extensão sem precedentes no mundo inteiro, em desastres dessa natureza. Ações da Marinha chegaram até Roraima.

Em fins de junho, novas  levas de petróleo tornaram a assolar praias em 4 estados, revelando que o vazamento continuava ativo. É provável que continue jorrando.

A solução do caso

Teria sido extremamente simples descobrir a origem do desastre e o autor do maior crime ambiental decorrente de vazamento de petróleo em oceanos no mundo inteiro, bastando revelar o resultado dos testes de determinação dos perfis químicos de hidrocarbonetos de petróleo, biomarcadores que conferem um tipo de assinatura cromatográfica.

O decreto do Antipresidente da República instituindo sigilo sobre tal informação, contudo, permitiu ocultar a identidade do criminoso.

A  Marinha do Brasil também tem participado do conluio, empenhada em minimizar o desastre monstro e confundir a população sugerindo que as centenas de milhares de toneladas de petróleo recolhidas nas praias, parte ínfima do total derramado, tenham sido originadas de um navio.

A Polícia Federal trouxe à baila fotos de satélite revelando a origem do vazamento e a primeira mancha gigantesca, de tamanho comparável ao de Madagascar, com volume de óleo equivalente ao de milhares de navios, que acabou por causar a tragédia. O Ministério do Meio Ambiente, também partícipe do conluio, tratou de negar a validade do método padrão de detecção de vazamentos de petróleo no mundo inteiro.

Uma CPI foi criada para resolver o caso, mas o rabo preso dos senadores impediu que a comissão ao menos tentasse descobrir a origem do vazamento.

O tamanho do monstro

Esse é o maior vazamento de petróleo ocorrido em águas marinhas em todo o planeta. A ocultação do crime ambiental sem precedentes tem exigido o empenho do Presidente da República, ministros, pessoal de primeiro escalão governamental, da Petrobrás e de pesquisadores, ação que escarnece do povo brasileiro. Tamanha avacalhação constitui crime lesa-pátria.

Traidores tomaram o país.

Leia também:

Maré negra torna a assolar praias do Nordeste, por Gustavo Gollo

Maré negra e vergonha, por Gustavo Gollo

Manchas de óleo: o crime, por Gustavo Gollo

Crime ambiental em andamento no Atlântico Sul, por Gustavo Gollo

Manchas de óleo e negacionismo, por Gustavo Gollo

Manchas de petróleo: encobrindo o crime ambiental, por Gustavo Gollo

Manchas de óleo: a mancha bomba, por Gustavo Gollo

Manchas de óleo: o tamanho do monstro, por Gustavo Gollo

 Avacalhando o país 2

Avacalhando o país, por Gustavo Gollo


Manchas de óleo: por que estão ocultando o gigantesco crime ambiental?, por Gustavo Gollo

Manchas de óleo: o que está sendo ocultado?, por Gustavo Gollo

Manchas de petróleo: mapeando o crime

 Mais sobre a farsa do petróleo venezuelano

A farsa venezuelana

A catástrofe oceânica e a farsa em andamento, por Gustavo Gollo

 Desastre monstro no Atlântico Sul

Especulação sobre a catástrofe que assola o litoral brasileiro, por Gustavo Gollo


Crime ambiental em andamento no Atlântico Sul, por Gustavo Gollo

Catástrofe ambiental no Atlântico Sul, por Gustavo Gollo

Um elefante embaixo do tapete


https://jornalggn.com.br/blog/gustavo-

Site da Marinha

https://www.marinha.mil.br/noticias/3a-fase-da-operacao-amazonia-azul-tem-reforco-da-esquadra-brasileira

A Operação “Amazônia Azul – Mar Limpo é Vida!” (…) acontece na área marítima compreendida entre os estados do Rio de Janeiro e Pará (…) áreas afetadas pelo derramamento de óleo que atingiu o litoral brasileiro, no segundo semestre do ano passado.

O Grupo-Tarefa (…) se dirigiu ontem em direção às regiões Norte e Nordeste do país, locais que foram mais afetados pelas manchas de óleo. Na operação (…) estão envolvidos cerca de 2.900 militares (…) prontos para atuar na limpeza de qualquer vestígio de óleo que venha a ser encontrado durante esse período

 

Redação

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador