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Internet revela crimes de guerra

Do Estadão.com

Ativista vê ”crimes de guerra” em ações

Fundador da WikiLeaks diz que documentos indicam atuação de ”esquadrão da morte” contra crianças e outros civis afegãos inocentes

Gustavo Chacra – O Estado de S.Paulo

O fundador da ONG WikiLeaks, Julian Assange, disse ontem que os mais de 90 mil documentos militares publicados no domingo em seu site revelam que crimes de guerra foram cometidos pelas tropas dos EUA e seus aliados da Otan no Afeganistão. Ele ainda defendeu a autenticidade do material.

Assange deu como exemplo as operações da chamada Força Tarefa 373 – que qualificou como “um esquadrão da morte” das forças especiais americanas -, encarregado de assassinar uma série de pessoas incluídas em uma lista arbitrária. “Mataram pelo menos sete crianças e outros inocentes”, denunciou o fundador do WikiLeaks, que ressaltou também que algumas pessoas eram incluídas nessa lista “por recomendação de governos locais ou de outras autoridades com poucas provas e sem supervisão judicial”.

O site WikiLeaks conseguiu concretizar o sonho de seus fundadores ao revelar 92 mil documentos secretos americanos sobre a guerra do Afeganistão. Em menos de 48 horas, a organização sem fins lucrativos, que já havia divulgado outras informações e vídeos sensíveis, transformou-se em um importante ator político nos EUA.

O australiano Julian Assange, um dos controladores do WikiLeaks, celebrava o resultado do vazamento dos documentos, comparando-os aos Papéis do Pentágono, que foram divulgados em 1971 e alteraram de forma definitiva a maneira pela qual os americanos encaravam a Guerra do Vietnã (mais informações nesta página).

Toda a ação do WikiLeaks foi preparada com calma, para que o impacto da divulgação fosse o maior possível. Normalmente, depois de uma checagem interna, o site publica diretamente nas suas páginas cerca de 30 vazamentos diários de documentos enviados por fontes anônimas ao redor do mundo.

Desta vez, sabendo do peso das informações, o site preferiu ser mais cauteloso. Primeiro, entrou em contato com o jornal The Guardian, de Londres. Posteriormente, ampliou o leque para The New York Times e para a revista Der Spiegel. Assim, os documentos seriam divulgados, simultaneamente, em algumas das publicações mais importantes de três países importantes: Alemanha, EUA e Grã-Bretanha.

Os jornalistas ajudaram a verificar melhor os documentos e o New York Times convenceu o WikiLeaks a não publicar alguns que pudessem colocar em risco a segurança de pessoas. Esta foi a primeira vez que o site concordou em atrasar a publicação de documentos. As três publicações também foram responsáveis por falar com membros do governo e cruzar informações.

Fundada há três anos, a organização opera de uma forma similar à Wikipédia em alguns pontos. Há colaboradores espalhados pelo mundo. A diferença em relação à enciclopédia virtual está no mecanismo de coleta de informações. Pessoas com documentos que contêm revelações importantes podem colocar tudo no site, sem precisar se identificar.

Cautela. Os documentos sobre a guerra no Afeganistão são, até agora, a maior revelação do WikiLeaks. Por causa da ação, alguns analistas e os próprios fundadores acreditam que, com a exposição, mais segredos podem ser enviados para o site.

Até então, um dos principais escândalos revelados pelo WikiLeaks havia sido a divulgação, em abril, do vídeo de um helicóptero Apache dos EUA matando civis. O site também publicou uma cartilha sobre como deveriam ser tratados os prisioneiros de Guantánamo. 

Luis Nassif

Luis Nassif

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