Caso Nisman: Intrigas, mentiras e o lugar da informação, por Ângela Carrato

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

do Observatório da Imprensa

CASO ALBERTO NISMAN

Intrigas, mentiras e o lugar da informação

Por Ângela Carrato

Nos últimos dois meses, os principais veículos de comunicação da Argentina, tendo à frente os diários Clarín e La Nación, não mediram esforços para sustentar manchetes contra o governo de Cristina Kirchner envolvendo a morte do procurador federal Alberto Nisman. Encontrado com uma bala na têmpora direita em seu apartamento, em 18/01, véspera da data em que iria apresentar relatório final sobre o atentado à Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), acontecido 20 anos antes, o caso passou a ser apresentado como “o cadáver” que iria por fim ao governo.

No relatório, Nisman, mesmo sem qualquer prova, denunciava a presidente Cristina Kirchner, seu chanceler, Héctor Timerman, e outras pessoas do primeiro escalão, por terem feito um acordo que previa a venda de grãos aos iranianos e o fornecimento de petróleo iraniano à Argentina, em troca de que o governo argentino “acobertasse”‘ acusados pelo atentado no qual 85 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. A acusação serviu para que setores oposicionistas, capitaneados pela mídia, passassem a utilizar pesada artilharia contra a Casa Rosada.

Na primeira semana de fevereiro, o Clarín subiu tanto o tom que, a partir de um sofisma, acusou a presidente de “assassina”. O jornal considerou que se era responsabilidade do governo garantir a segurança do procurador e se isso não aconteceu, a presidente era responsável, portanto assassina. O fato mereceu do chefe de gabinete da presidente, Aníbal Fernández, a foto que ganhou manchetes em todo mundo: ele rasgando algumas páginas daquele diário que, como qualquer argentino sabe, é visceralmente de oposição ao kircherismo.

A partir de então, o assunto começou a dividir as opiniões, pela ausência de indícios de que Nisman pudesse estar certo e também porque as investigações ganharam novo rumo. Pouco depois da “Marcha do Silêncio”, oficialmente convocada por procuradores colegas de Nisman, para lembrar um mês de sua morte, em 18/02, que reuniu 50 mil pessoas (número que a mídia tentou inflar para 500 mil), informações inconvenientes aos oposicionistas, em meio a muitas cortinas de fumaça, começaram a vir a público.

A principal delas, praticamente ignorada pelo Clarín, diz respeito a uma conta conjunta não declarada que Nisman mantinha nos Estados Unidos, com o técnico em informática Diego Lagomarsino. Este técnico foi a última pessoa a vê-lo com vida e também quem lhe emprestou a arma calibre 22 encontrada junto ao seu cadáver. Além da descoberta de que Lagomarsino é, na realidade, funcionário do serviço de informações argentino, contratado irregularmente por Nisman, não consta que fossem amigos a ponto de possuírem conta conjunta no exterior. Situação no mínimo estranha que foi noticiada apenas pelo diárioPágina/12 e pela TV Nacional, a emissora pública argentina.

Outra contradição, propositalmente ignorada pelo Clarín, diz respeito às disputas dentro do serviço de informações. O setor está longe da unidade, com uma parte expressiva leal ao governo e outra, menor, possivelmente ainda com vínculos e vícios dos tempos da ditadura. Esta parte está entre os suspeitos de terem interesse na morte de Nisman, diante do potencial de desgaste que poderia representar, em ano eleitoral, para um governo que vem sendo implacável na denúncia e criminalização de antigos torturadores.

Para continuarem ignorando esta possibilidade, Clarín e La Nación não deram importância a outras declarações de Lagomarsino segundo as quais Nisman não só havia dispensado sua segurança pessoal, como pediu que lhe arranjasse uma arma para defender suaschicas. Como suas filhas, duas adolescentes, estavam no exterior e ele próprio dispensara proteção oficial, a quem temia?

Bênção e desculpas

Mesmo subtraindo tais informações aos argentinos, Clarín e La Nación não conseguiram evitar que fatos novos, dando conta da estreita relação e subserviência de Nisman aos interesses norte-americanos, passassem a ser conhecidos. Veiculado por Página 12, e também disponível no livro do jornalista argentino Santiago O’Donnell, Politileaks (Editora Sudamericana, 2014), outro perfil de Nisman, diferente do herói que morre (ou é morto?) em prol de uma boa causa, começou a vir a público.

À venda em qualquer livraria de Buenos Aires, o livro de O’Donnell, a partir dos segredos revelados pelo WikiLeaks, dedica um de seus 22 verbetes a Nisman. Nele, o procurador aparece como uma pessoa fraca, medrosa e que antes de tomar decisões importantes a respeito de seu trabalho, ia pedir benção à Embaixada dos Estados Unidos. Os e-mails e telegramas disponibilizados pelo WikiLeaks mostram que o governo dos Estados Unidos “impulsó y alentó la investigación de los sospechos iraníes acusados de haber cometido el atentado en 1994”. Mais ainda, o livro revela que diversos funcionários norte-americanos mantiveram numerosos contatos com Nisman.

Nestes encontros, insistiram que o promotor deveria deixar de lado outras pistas e concentrar-se apenas na iraniana, com Nisman sempre se mostrando solicito diante destes pedidos e conselhos. A título de exemplo, em 2006, com três semanas de antecedência em relação à divulgação oficial, Nisman informou à Embaixada dos Estados Unidos que o juiz Rodolfo Canicoba Corral iria processar os suspeitos iranianos. Pela função que ocupava, não poderia ter antecipado esta informação para outro governo. Pior ainda. Em maio de 2008, Nisman telefonou tantas vezes para a embaixada dos Estados Unidos para desculpar-se por não ter avisado sobre o pedido de prisão que havia feito para o ex-presidente Carlos Menem que “a sede diplomática escribió tres cables distintos dando cuenta de las sucesivas ampliaciones del pedido de desculpas” (O’Donnell, p.260).

Quando o assunto já dava sinais de esfriar na Argentina, eis que a revista brasileira Vejapublica, em 14/03, matéria sob o título de “Chavistas confirmam conspiração denunciada por Nisman”. A matéria (se é que pode ser assim chamada) bem ao estilo do jornalismo marrom que Veja tem praticado, não dá nomes às fontes. É, no entanto, farta em adjetivos e insinuações, ao mesmo tempo em que tentar criar uma conexão entre a morte de Nisman, a presidente argentina e supostos interesses do governo da Venezuela ligados à obtenção de tecnologia nuclear.

“Cheiro” de intriga

A matéria, não assinada, parece redigida por alguém com mente criativa e forte inspiração em livros e filmes de espionagem. Caso contrário, como aceitar que uma revista, que em outros tempos já foi séria, possa publicar algo que cheira às intrigas plantadas na mídia pelo serviço de inteligência dos Estados Unidos, magistralmente reveladas pelo jornalista Tim Weiner?

Em Legado de Cinzas (Record, 2008), Weiner traça a história da CIA desde seu começo em 1945, antes mesmo de terminada a Segunda Guerra Mundial, até meados de 2006, quando o livro foi concluído. Vencedor do prêmio Pulitzer, o autor, que durante 20 anos cobriu as atividades da CIA para o jornal The New York Times, explica que uma das especialidades dos dirigentes da CIA sempre foi cultivar editores, colunistas de jornais, homens de TV e rádio, além de seduzir congressistas e políticos, dentro e fora dos Estados Unidos. Como escreve Weiner, referindo-se a Allen Dulles, um dos mais festejados ex-dirigentes da CIA…

“Dulles mantinha contato estreito com os homens que dirigiam o New York Times, o Washington Post e as principais revistas semanais da nação. Podia pegar o telefone e editar um furo de reportagem, assegurar-se de que um correspondente estrangeiro irritante fosse afastado, ou contratar os serviços de homens como o chefe do escritório da Time em Berlim e o correspondente da Newsweek em Tóquio. Era costume de Dulles plantar histórias na imprensa” (Weiner, p.99).

Ao que tudo indica, Veja, depois do festival de mentiras que tem pregado aos seus leitores em matéria de política nacional, dedica-se agora a ações de igual porte na América do Sul, coincidentemente plantando notícias que envolvem dois governos com posturas críticas aos Estados Unidos: Venezuela e Argentina. Valendo-se de informações atribuídas a venezuelanos exilados nos Estados Unidos, a semanal da editora Abril, acusa Cristina Kirchner de ter sua campanha eleitoral em 2007 financiada pelo Irã em troca da impunidade para os terroristas que atacaram a entidade judia e apoio ao programa nuclear iraniano. Mais ainda, numa salada temática que deixaria perplexos autores de best sellersde espionagem como Ian Fleming e John Le Carré, reúne ingredientes tão mirabolantes como armas nucleares, conspirações, segredos, venezuelanos, argentinos e iranianos.

Veja não deixou, sequer, de adicionar, como manda o figurino, pitadas de pimenta à estória, envolvendo a então embaixadora da Argentina na Venezuela, Nilda Garré, apresentando-a como “amiga íntima” do falecido presidente venezuelano, Hugo Chávez, com quem teria vivido cenas tórridas à la 50 tons de cinza ao mesmo tempo em que intermediava assuntos relativos a questões nucleares entre os dois países. Garré, que é a atual representante da Argentina na Organização dos Estados Americanos (OEA), reagiu tão logo tomou conhecimento da publicação.

Namoradas e verba pública

Em carta enviada à Veja, exigiu direito de resposta, em meio impresso e digital, com o mesmo espaço e destaque dado ao assunto pela revista. Citando a Constituição brasileira e também o que determina a OEA sobre liberdade de expressão, dá mostras que pretende ir fundo para garantir seus direitos. Com isso, Veja, que já está às voltas com processos no Brasil envolvendo calúnia, difamação e manipulação dos fatos, também pode vir a ser processada no exterior.

Aqui, a resposta de Garré foi publicada, por enquanto, apenas pelo site Carta Maior (www.cartamaior.com.br). Na Argentina, mereceu destaque na edição de domingo (22/03) do Página/12 que, em artigo assinado por Horácio Verbitsky, faz um apanhado das mais recentes informações sobre o caso Nisman. Informações que, curiosamente, Veja e quase toda a mídia brasileira fazem questão de continuar ignorando.

Nem Veja nem jornais como O Globo e Folha de S.Paulo publicaram uma linha sequer sobre o fato de que as apurações sobre a morte de Nisman incluíram, nas últimas semanas, informações que os adversários de Cristina Kirchner preferiam que jamais fossem divulgadas. Imagens recolhidas no celular do promotor o mostram em discoteca cercado por namoradas. Mais ainda: ele pagava contas em motéis e viagens em primeira classe para si e suas namoradas com verba pública. Verba que custeava igualmente a vida que mantinha, viajando com frequência para locais paradisíacos do Caribe e morando em um luxuoso apartamento em um dos pontos mais nobres de Buenos Aires, o bairro de Puerto Madero. Detalhe: a maioria das viagens se deu em períodos de trabalho, quando deveria estar cuidando das investigações do atentado à Amia.

Depois destas revelações, o centro de Buenos Aires amanheceu, na semana retrasada, com centenas de cartazes ironizando a “Marcha do Silêncio” e a tentativa dos oposicionistas à Casa Rosada de compararem a morte do procurador ao atentado que sofreu a revista Charlie Hebdo, em Paris. Sob a foto de Nisman com as namoradas em uma festa se pode se ler, nestes cartazes, a pergunta: “Je suis Nisman?” Parte da população e também familiares das vítimas do atentado à Amia têm dado mostras de insatisfação com a cobertura tendenciosa realizada pela maior parte da mídia argentina. Tanto que as “Marchas do Silêncio” estão visivelmente perdendo adeptos. A mais recente reuniu pouco mais de 100 pessoas. Mesmo assim, a mídia, Clarín à frente, não demonstra intenção de render-se aos fatos.

Twitaço mundial

A artilharia do Clarín contra o governo de Cristina Kirchner mantém-se firme, em que pese a recente desmoralização de que a publicação foi alvo. Depois de anos denunciando corrupção nos governos Kirchner (Néstor e Cristina), foram atingidos em cheio pelo escândalo das contas suíças no banco HSBC (SwissLeaks).

Neste caso, não há como culpar o governo argentino ou qualquer outro “bolivariano” pelas informações, já que elas foram fruto do trabalho de um Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) com sede em Londres. O consórcio reúne profissionais de 65 países, que se debruçaram nos dados obtidos pelo WikiLeaks, e foram divulgados em primeira mão pelos jornais The Guardian (inglês) e Le Monde(francês). Segundo estes jornais, este pode ser o maior escândalo financeiro internacional de todos os tempos.

Este, aliás, é um ponto que parece unir a mídia argentina à brasileira, uma vez que aqui também os dirigentes do grupo Abril, da Folha de S.Paulo e a viúva de Roberto Marinho, entre outros 19 “barões” da mídia, igualmente figuram na lista dos correntistas da agência suíça do HSBC. Nos próximos dias deve começar a funcionar no Senado uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o assunto, que envolve também políticos, jornalistas, empresários e artistas brasileiros.

Talvez por isso, mesmo contando com correspondentes em Buenos Aires, O Globo e Folha de S.Paulo têm publicado apenas parte da estória envolvendo os desdobramentos do “caso Nisman”. Somente informações e aspectos contrários aos atuais governos da Argentina e da Venezuela são divulgados, contribuindo para gerar confusão e infringir medo às populações destes países e também à própria população brasileira.

É importante observar, ainda, que estas pseudoinformações contribuem para dar contornos de realidade à postura do presidente norte-americano, Barack Obama, que, em 09/03, através de decreto, declarou a Venezuela como sendo uma “ameaça à segurança dos Estados Unidos”. Sob o argumento que o governo de Nicolás Maduro viola direitos humanos de seus opositores e está envolvido em corrupção, Obama pretendia complicar a situação da Venezuela e de alguns países da América do Sul.

Só que o tiro ameaça sair pela culatra. Além do apoio dos países da Unasul à Venezuela, estão chegado de todas as partes mensagens de solidariedade ao governo de Maduro e exigindo que o ocupante da Casa Branca mude de posição, com o assunto se transformando no tema do maior twitaço mundial já registrado. Em pouco mais de uma semana, dois milhões e 500 mil assinaturas contra o decreto de Obama foram coletadas e a meta dos organizadores do protesto virtual é chegar a 10 milhões de assinaturas. Diante de um número tão expressivo, será que, finalmente, intrigas e mentiras vão dar lugar à informação?

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Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG. Este artigo foi publicado no blog Estação Liberdade

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

19 Comentários

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  1. Nisman

    A Justiça argentina não julga reus que não foram ouvidos no processo. Por isso o caso Amia está parado nos tribunais, depois de vinte anos do atentado.  O Nisman queria que as principais figuras do governo do Irã viessem depor em Buenos Aires, e até tencionava pedir à ONU a extradição de Rajsanjani e seus ministros.Como o Irã não aceitava a imposição, a presidente Cristina negociou a ida de autoridades argentinas àquele país para ouvir lá os acusados. Com isto, o processo poderia andar e ser concluido. Daí o Nisman sugeriu que ela fazia isto para impedir o esclarecimento do caso. Afinal, quem estava impedindo a conclusão do processo?

  2. Veja e CIA

    Que já leu o livro de Weiner citado, – Legado de Cinzas –  logo percebe que as reportagens políticas da Veja são muito parecidas com os relatórios que agentes da CIA mandam aos seus superiores. Principalmente quando o assunto envolve interesses que contrariem os norte-americanos.  Caso atuais  de Venezuela, Argentina, Banco dos BRICS, (Pré-sal), Israel/Pelestina,/Iran./Siria/Libia – E por aí vai….

  3. Que bom ver esse artigo aqui

    Excelente artigo sobre o caso Nisman e a crise da informação em que vivemos. Faz muito tempo que não leio a Veja e parece que ela se supera em inventividade.

    Não interessa a imprensa sul-americana informar com isenção; mas sim criar uma realidade paralela, muito distante dos fatos e dessa forma continuar a existir à margem do poder politico-econômico.

    Outra coisa que chama atenção é quanto de homens que fazem parte de nossas instituições (sem falar em jornalistas), ainda beijam as mãos dos americanos. Abjeto.  

  4. Excelente artigo

    A sorte de Cristina é que  não há contra ela uma emissora de televisão com o poder da TV Globo. Mas aqui no Brasil o estrago é feito todos os dias pelo correspondente Ariel Palacios, que só falta declarar Cristina rainha das bruxas más.

    1. MÍDIA ARGENTINA

      O  grupo Clarin é super poderoso, Maria. Magneto & cia possuem TV, rádio, jornais. Sem falar, no outro grupo, o La Nacion. Só que o governo argentino fez algo que aqui seria impensável: tornou a TV Pública  atuante, bem equipada e com grande audiência. A ATC rebate as agressões da mídia contra o governo todas as noites através do programa 6,7,8.  Assim, há como conhecer os dois lados da notícia.

      Clarin e La Nacion odeiam Cristina Kirchener, principalmente por causa da Ley dos Medios que impede o monópolio da comunicação, pela denúncia contra o papel prensa etc…

       

  5. “Aníbal Fernández dijo que

    “Aníbal Fernández dijo que presentó una denuncia contra Adrián Bastianes, quien difundió en una red social fotos del cuerpo sin vida del fiscal Alberto Nisman, tomadas momentos después de que fuera encontrado en su departamento de Puerto Madero. Entran en juego los artículos 255 y 153 del Código Penal.

    En los Tribunales porteños, este personaje que se hace pasar por abogado sin serlo, de 38 años es conocido por ser un frecuente denunciador de varios funcionarios del gobierno nacional y también por representar a un pequeño grupo de querellantes en el juicio que se sigue por la tragedia de Once.
    Tanto en Twiter como en Facebook, Bastianes, precandidato a jefe de Gobierno porteño por una agrupación denominada Voz Ciudadana, desarrolla una profusa militancia en contra del gobierno nacional y convocó en varias oportunidades a movilizaciones contra el Ejecutivo que se realizaron en los últimos años.
    Adhirió a la marcha del 18 de febrero que organizaron un grupo de fiscales, donde se lo vio detrás de la primera fila de los funcionarios judiciales que encabezaron esa convocatoria. En lacuarta imagen de este post se lo observa en la marcha en Brasil contra Dilma asociándola a Crisitna.
    Es curioso que justamente él tenga acceso a las fotos filtradas del expediente judicial.”

       

  6. Nisman trabajando

    “Cuando la modelo Florencia Cocucci fue a declarar a la ficalía de la doctora Fein, el diálogo resultó sorprendente:

    –¿Quién pagó el viaje en primera y los gastos en Cancún? –preguntó la fiscal.
    –No sé, todos los arreglos los hizo Alberto –contestó la modelo.
    –¿Pero entonces pagó él?
    –No sé.
    –A ver, ¿pagó usted el pasaje y los gastos en Cancún?
    –No, la verdad que no –redondeó Cocucci.
    En aquella escapada de noviembre, Nisman viajó a Cancún con Cocucci y con otra chica, una modelo contratada en la fiscalía. Sólo los pasajes costaron cerca de 12 mil dólares.
    Sin embargo, lo más impactante es que Nisman no pidió vacaciones para irse a las playas con las dos modelos.

    Según los registros, durante todos esos días de noviembre estuvo trabajando. Esto significa que durante el tiempo de playa y sol, él cobraba su sueldo habitual y, además, se le iban a liquidar, por separado, las vacaciones, porque en forma oficial nunca se las tomó. 

    Viajaba al Caribe o a Europa pero en los papeles figuraba que estaba trabajando. Por lo que se ve hasta el momento, durante todo 2013 y 2014 realizó varios viajes de placer con distintas modelos. Ninguno figura como período de vacaciones ni hay pedidos de licencia.”

  7. Muito mais coisa

    Tenho acompanhado o caso Nisman pelo Página 12 e nesse angu tem até mais caroço que o que esse bom artigo de síntese elenca.

    O problema do Nisman ser um mulherengo inveterado, um “macho” argentino que pediu ao estranho amigo Lagomarsino um revólver velho (se ele foi assassinado por profissionais de inteligência, por que não o teriam feito com uma arma que não pusesse em dúvida sua eficiência?) com o pretexto de defender suas “chicas”, não alimenta tão simplesmente uma crítica moral (ainda que justa) sobre a malversação de recursos públicos nas suas baladas.

    O panorama social que se conforma por trás dos embalos e extravagâncias de Nisman o torna, na realidade, uma figura extremamente “vulnerável à extorsão” (http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/1-268733-2015-03-22.html).

    O fato de Nisman redigir peças judiciais e, antes de encaminhá-las, ir à embaixada dos Estados Unidos, para que a embaixada as revisasse e corrigisse (http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/4-268748-2015-03-23.html), raia a piada e o ridículo quase completo.

    O fato de sua ex-mulher, a juíza Sandra Arroyo Salgado, ter entrado de sola no andamento do processo, fazendo uso de expedientes judicialmente abusivos para forçar a barra em favor da interpretação de que Lagomarsino matou Nisman (http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/1-268729-2015-03-22.html), torna a coisa toda um lodaçal de interesses escusos ainda maior.

    Suspeita-se que possa haver interesse financeiro, em torno de um gordo seguro de vida de Nisman em favor das filhas, caso se descarte judicialmente o suicídio (razão de não pagamento do seguro) em favor da tese de homicídio.

    A história toda está começando a se tornar um grande tango. Fora a dimensão política evidente, assim como o Caso Cabezas, do final dos anos 90, o caso Nisman tem potencial para se tornar mais uma história exemplar sobre o poder e a intriga na sociedade argentina. Quem quiser um preâmbulo para essas histórias, assista ao filme “Cenizas del Paraíso”, do diretor Marcelo Piñeyro.

  8. A “chave”

    A chave de toda esta história está na frase lançada embaixo pelo Ricardo:

    uma figura extremamente “vulnerável à extorsão” 

    Isso define bem o sujeito.

    Aqui no Brasil é possível compreender quando pessoas – com o rabo preso – são extorquidas de alguma forma pelo PIG ou pela CIA mesmo, ainda considerando a penetração do FBI na nossa PF.

    Algum político importante, por exemplo, com fama de playboy e adepto ao uso de drogas, pode ser uma pessoa extremamente vulnerável à extorsão.

  9. Parace que a estratégia é a

    Parace que a estratégia é a mesma na Agentina e no Brasil, usar o judiciário e a mídia para promover o golpe, não sendo possível usar os militares, em função dos enormes e indesejáveis efeitos colaterais, usa-se o judiciário e a mídia para dar um verniz “civilizado” ao golpe.

  10. Os textos da Ângela Carrato deveriam vir com mais frequência

     

    Luis Nassif,

    Há mais tempo, não sei se era no jornal Hoje em Dia ou se no jornal semanal Jornal de Casa, eu gostava de ler os artigos de Ângelo Carrato.

    Você recentemente deu destaque a textos dela que, como este “CASO ALBERTO NISMAN Intrigas, mentiras e o lugar da informação”, também apareceram primeiro no Observatório da Imprensa.

    Não fiz nenhum comentário nos outros dois textos dela que foram publicados aqui no seu blog no post “Imprensa mineira: por quem os sinos dobram, por Ângela Carrato” de quinta-feira, 01/01/2015 às 13:07, e no post “A agonia dos Diários e Emissoras Associados, por Ângela Carrato” de quarta-feira, 14/01/2015 às 08:37 (Neste post vale ver o Comentário de João Bosco Rocha enviado quarta-feira, 14/01/2015 às 09:14 e seus desdobramentos). Não fiz comentários não só pela data em que não era a melhor para fazer comentários como pelo fato de os textos dela serem muito factuais e assim não há bem o que acrescentar. Ela manifesta a opinião dela, mas de modo tão amparado pelos fotos que o muito que valeria a pena dizer seria “parabéns”. Normalmente eu prefiro manifestar para um destinatário que eu admiro e em geral expressa uma opinião diferente da minha. O elogio puro e simples eu faço mais para indicar trecho meu com o mesmo teor.

    É o caso deste post “Caso Nisman: Intrigas, mentiras e o lugar da informação, por Ângela Carrato” de quarta-feira, 25/03/2015 às 10:34, em que eu sinto que não teria mais nada a acrescentar além do elogio. Não diria mais nada se já não houvesse dito antes. Para esclarecer reproduzo o final do meu comentário enviado sexta-feira, 20/02/2015 às 20:01, portanto, há mais de um mês, para você junto aos seu post “Os cenários políticos possíveis” de sexta-feira, 13/02/2015 às 05:00, em que você se propõe a discorrer sobre os três cenários políticos possíveis no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff: “Cenário 1: impeachment”, “Cenário 2: Dilma sem mudanças” e “Cenário 3: Dilma com mudanças”.

    A relevância que você dá ao tema do impeachment, eu sempre considerei como meramente de apelo comercial e com pouco conteúdo. O meu comentário foi para expor essa minha avaliação e eu aproveitei para fazer uma comparação da Argentina com o Brasil mostrando o papel da imprensa e a questão do Ministério Público e então eu aproveitei para fazer referência ao Alberto Nisman.

    Antes de transcrever lembro que o meu comentário para você tentava abordar dois posts o que me levou a o enviar, primeiro equivocadamente, para um post para onde eu pretendia enviá-lo em seguida. Eu não sou abordava o post “Os cenários políticos possíveis”, como também analisava o post “A arte coletiva de destruir a riqueza nacional” de sexta-feira, 20/02/2014 as 17:39, aqui no seu blog e de sua autoria. Na parte inicial do trecho final que pretendo transcrever a seguir do meu comentário em “Os cenários políticos possíveis” eu refiro ao que você dissera no post “A arte coletiva de destruir a riqueza nacional”. Transcrevo então, a seguir, o que eu afirmei no final do meu comentário para você lá no post “Os cenários políticos possíveis”:

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    “Então é isso, uma semana depois você busca ressuscitar o assunto do impeachment, na tentativa de criar uma terceira onda e o faz de modo violento, ao acusar o PGR de ser o garantidor da República “no caso de um interregno na democracia brasileira”. E o pior é que você acrescentou no espaço entre travessões uma frase medonha. O PGR apresentou-se como garantidor da República “para o caso de um interregno na democracia brasileira”, “perante o governo Obama, em princípio contra qualquer disrupção da ordem democrática”.

    Interessante que se viesse sozinho o trecho “perante o governo Obama” seria cabuloso. Mas o temor medonho que o trecho me acometeu, arrefeceu com o meigo e tenro complemento que você deu a Obama: “em princípio contra qualquer disrupção da ordem democrática”. Será apenas um mero interregno, quem sabe!

    Esse papel do PGR parece que foi retirado do que aconteceu na Argentina com o procurador que não era geral Alberto Nisman. Em 31/01/2015 o New Yorker publicou a reportagem “What Happened to Alberto Nisman?” e de autoria de Jonathan Blitzer e que pode ser vista no seguinte endereço:

    http://www.newyorker.com/news/news-desk/happened-alberto-nisman

    É impressionante a concisão do texto de Jonathan Blitzer e eu reproduzo um parágrafo em que ele parece dizer tudo (Não acompanhei muito os jornais no mês de janeiro e fevereiro e pode ser que algo semelhante tenha sido publicado na imprensa brasileira, embora eu pelo que eu conheço da nossa imprensa tenho a impressão que não):

    “This theory that Stiusso was somehow directing Nisman’s investigation is riddled with conjecture. But the notion that Nisman was a kind of cipher for Argentine and foreign-intelligence operatives has its roots in certain demonstrable facts. Diplomatic cables released by Wikileaks reveal that Nisman obsessively consulted with the American Embassy. He went to the Embassy with advance tips on his investigation, he shared knowledge about judges’ leanings, and he showed Embassy officials drafts of his arrest orders and made revisions based on their comments. In October, 2006, Nisman formally accused Iranian officials and a Hezbollah operative of orchestrating the AMIA attack. U.S. Embassy representatives told Nisman that they were “convinced” his case was solid, and “congratulated” the Argentine prosecutors for their “dedication.” Some of the same cables refer to U.S. efforts to impose international sanctions against Iran for its nuclear program, a campaign that the Argentine government joined at the United Nations”.

    Este parágrafo que é o ultimo da segunda parte do texto diz muito sobre o procurador Alberto Nisman. Interessa-me aqui as três primeiras frases e duas palavras da terceira frase. Transcrevo-as a seguir o trecho que me interessa com a tradução do tradutor do Google:

    “Esta teoria de que Stiusso de alguma forma dirigia a investigação de Nisman é cheia de conjecturas. Mas a noção de que Nisman era uma espécie de cifra para agentes de inteligência argentinos e estrangeiros tem suas raízes em certos fatos demonstráveis. Telegramas diplomáticos divulgados pelo Wikileaks revelam que Nisman obsessivamente consultou a Embaixada Americana.”

    As duas palavras são “Wikileaks” e “obsessivamente”.

    Quem entrar na internet com Nisman e Wikileaks vai espantar de ver quantas vezes ele aparece na embaixada americana. Não era uma presença como a do nosso ilustre comentarista Andre Araujo, ou Motta Araujo. Uma presença que engrandece o Andre Araujo. Além de ser uma presença que fazia Alberto Nisman pequeno, há ainda, pesando sobre a presença dele, a palavra que Jonathan Blitzer utilizou para de certo modo expressar ou traduzir o comportamento de Alberto Nisman: “obsessivamente”.

    O PGR não teria sido obsessivo apresentando-se como fiador “para o caso de um interregno na democracia brasileira”, mas se o fizesse seria decerto pequeno por fazê-lo “perante o governo Obama, em princípio contra qualquer disrupção da ordem democrática”.

    Então, um assunto que eu imaginava morto renasce. E renasce com trombetas. E os cenários que você divisa neste post “Os cenários políticos possíveis” ficam muito estreitos. O governo da presidenta Dilma Rousseff é medíocre e pela própria natureza humana não há como proceder a uma mudança. Assim o “Cenário 3: Dilma com mudança” é um fantasioso sonho idílico fruto de uma concepção idealista de governo, Estado, capitalismo e democracia que só se imagina possível na fértil mente durante uma noite de um delírio onírico.

    E o “Cenário 2: Dilma sem mudanças” que seria o provável dada ao ridículo da idéia do impeachment, agora é certamente a única via possível e com a tutela do PGR e do presidente do auspicioso país do norte.”

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    Ia cortar o link para o artigo “What Happened to Alberto Nisman?” no New Yorker, mas resolvi deixa-lo. É só um link e não creio que ele venha afastar da publicação por muito tempo o meu comentário.

    Agora, depois disso fiz mais referência ao assunto Alberto Nisman. Não é a mais recente, mas vale transcrever também a parte final de comentário que eu enviei terça-feira, 24/02/2015 às 21:59, para Motta Araujo, junto ao post “A razão de Estado sumiu do Oriente Médio, por Motta Araújo” de terça-feira, 24/02/2015 às 11:43, aqui no seu blog e de autoria dele. No final do meu comentário eu afirmei o seguinte:

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    “E recentemente no post “Os cenários políticos possíveis” de sexta-feira, 13/02/2015 às 06:00, eu fiz um comentário, enviado sexta-feira, 20/02/2015 às 20:01, em que aproveitei para mencionar a diferença de qualidade entre a presença do procurador argentino recentemente falecido Alberto Nisman no Wikileaks e a sua presença. O endereço do post “Os cenários políticos possíveis” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/os-cenarios-politicos-possiveis

    Aliás, hoje vi um post intitulado “Marcha Nisman – Por Santiago O´Donnell” de sexta-feira, 20/02/2015, em que se dá para perceber que mesmo na oposição Alberto Nisman não era bem vindo e uma das razões era exatamente a presença dele no Wikileaks, enquanto a sua presença para oposição ou governo só o engrandece. O endereço do post “Marcha Nisman – Por Santiago O´Donnell” é:

    http://santiagoodonnell.blogspot.com.br/

    E então é isso: fosse você menos de direita, menos preconceituoso e menos elitista e a gente ia preferir que você estivesse do nosso lado.”

    – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – – –

    Bem, não queria deixar nenhum link em meu comentário, deixei um e depois deixo mais dois. Não tem importância, pois eles servem ao propósito de mostrar a semelhança do que eu já observara antes e do que afirma Ângela Carrato neste post “Caso Nisman: Intrigas, mentiras e o lugar da informação, por Ângela Carrato” como também deixa links importantes para mais bem confirmar o artigo de Ângelo Carrato. De certo modo nem chega a ser confirmação porque o que ela afirmou já é em si suficiente.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 25/03/2015

  11. PERO NO PASARAN

    Excelente artigo. Traz uma ótima síntese de diversas evidências das deletérias práticas de regime change no âmbito das pantomimas midiáticas em torno do caso Nismán. A perseverança dos que buscam a luz da verdade alcança crescentes avanços no combate às trevas do obscurantismo fascistóide. O uso sistemático de mentiras meticulosamente preparadas e a cumplicidade com mercenários inescrupulosos, nos poderes judiciários e midiáticos, são traços comuns evidenciados pelos vis factóides encenados diariamente contra os atuais governos da Argentina, da Venezuela e do Brasil. A direita golpista faz da mentira sua principal arma de guerra. Pero, no pasaran!

  12. PERO NO PASARAN

    Excelente artigo. Traz uma ótima síntese de diversas evidências das deletérias práticas de regime change no âmbito das pantomimas midiáticas em torno do caso Nismán. A perseverança dos que buscam a luz da verdade alcança crescentes avanços no combate às trevas do obscurantismo fascistóide. O uso sistemático de mentiras meticulosamente preparadas e a cumplicidade com mercenários inescrupulosos, nos poderes judiciários e midiáticos, são traços comuns evidenciados pelos vis factóides encenados diariamente contra os atuais governos da Argentina, da Venezuela e do Brasil. A direita golpista faz da mentira sua principal arma de guerra. Pero, no pasaran!

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