China proíbe supergrupos de assumirem o controle de grupos de mídia

No momento em que a reestruturação da mídia brasileira traz a ameaça concreta de seu controle por grandes grupos econômicos e financeiros – com interesses dos mais diversos – é importante entender o que se passa na China.

O controle da mídia por supergrupos traz uma série de inconveniências para a democracia:

  1. Blinda seus malfeitos, como ocorreu com o caso da licitação da Zona Azul de São Paulo, vencida pelo BTG Pactual. A mera expectativa de parceria futura com o banco fez a mídia se calar.
  2. Compromete a democracia, à medida em que a mídia vocalizará apenas temas de interesse dos proprietários e novas ferramentas permitem censurar notícias contrárias.
  3. Pode levar à desestabilização de governos, como ocorreu no Brasil.

Do Taipei Times

Alibaba pressionou para vender seus ativos de mídia

COMPETIDOR DE CENSURA? Uma fonte disse que a velocidade e a escala de um programa para remover postagens ligadas a um escândalo do Alibaba irritou as autoridades do governo chinês. 

O governo chinês quer que o Alibaba Group Holding Ltd (阿里巴巴) venda alguns de seus ativos de mídia, incluindo o South China Morning Post (SCMP), devido às crescentes preocupações sobre a influência do gigante da tecnologia sobre a opinião pública no país, uma pessoa familiarizada com o assunto disse.

Pequim expressou dúvidas sobre as participações na mídia do Alibaba em várias reuniões ocorridas no ano passado, disse a pessoa, pedindo para não ser identificada porque as discussões são privadas.

Funcionários do governo estão particularmente chateados com a influência da empresa nas mídias sociais na China e seu papel em um escândalo online envolvendo um de seus executivos.

O co-fundador da Alibaba, Jack Ma (馬雲), tem estado no centro de uma repressão governamental que começou no ano passado, visando o gigante do comércio eletrônico e sua afiliada financeira Ant Group Co (螞蟻 集團).

O Wall Street Journal informou anteriormente que Pequim está pedindo ao Alibaba que se desfaça das propriedades da mídia.

Ma e Alibaba construíram um amplo portfólio de ativos de mídia, abrangendo canais online no estilo BuzzFeed, jornais, empresas de produção de televisão, mídia social e ativos de publicidade.

A Alibaba tem uma participação importante na Youku (優 酷), um dos maiores serviços de streaming da China, Sina Weibo (微 博), e outras empresas de notícias online e impressas, incluindo o South China Morning Post, o principal jornal em inglês em Hong Kong.

A discussão sobre a venda do jornal começou no ano passado, disse a pessoa.

Embora nenhum comprador específico tenha sido identificado, espera-se que seja uma entidade chinesa.

“Esteja certo de que o compromisso do Alibaba com o SCMP permanece inalterado e continua a apoiar nossa missão e objetivos de negócios”, disse Gary Liu (劉 可 瑞), diretor executivo da empresa jornalística, aos funcionários em um memorando interno revisado pela Bloomberg News.

A Bloomberg News informou no mês passado que Pequim ficou alarmada com as participações na mídia do Alibaba após um escândalo envolvendo Jiang Fan (蔣 凡), então o parceiro mais jovem da empresa de comércio eletrônico.

Postagens sobre o escândalo começaram a desaparecer das redes sociais, incluindo o Sina Weibo, atraindo a ira de funcionários do governo.

O cão de guarda da Internet da China penalizou o site de microblog por interferir na disseminação de opiniões.

A escala e a velocidade com que o site removeu as postagens irritaram os funcionários do governo, que o consideraram como uma barreira, disse na época uma pessoa a par do assunto.

Os reguladores também ficaram chocados com a extensão dos interesses da empresa na mídia após revisar suas participações e pediram que ela apresentasse um plano para reduzir substancialmente os interesses, relatou o Wall Street Journal, citando pessoas familiarizadas com as discussões.

Pequim teme que o Alibaba possa usar seus ativos de mídia como uma ferramenta para controlar a opinião pública, criando um “círculo vicioso”, disse a pessoa.

A mídia da empresa já desempenhou um papel importante para influenciar a visão do público sobre o emergente setor de fintech, disse a pessoa.

Luis Nassif

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