As 10 estratégias de manipulação midiática

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Sugerido por Notívago

“As pessoas manipuladas pela Mídia-Empresa não sabem realmente o que está a acontecendo. Mas o pior é que sequer sabem que não sabem.” Armas Silenciosas para Guerras Tranqüilas.

Chomsky e as 10 Estratégias de Manipulação Midiática

No Instituto João Goulart

1. A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes.

A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética.

“Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real.

Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais”

2. CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES

Este método também é chamado “Problema-Reação-Solução”.

Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar.

Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade.

Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3. A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos.

É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (Neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990:

Estado Mínimo, Privatizações, Precariedade, Flexibilidade, Desemprego em Massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4. A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura.

É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato.

Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente.

Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado.

Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5. DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental.

Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante.
Por quê?

Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade.

6. UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos.

Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos.

7. MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão.

A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE

Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

9. REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços.

Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação.
E, sem Ação, não há Revolução!

10. CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes.

Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente.

O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo.
Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.
 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. Destino

    O destino quis assim.

    Foi Deus que quis.

    Estava traçado.

    Há várias maneiras de se definir o que poderia ser chamado por alguns de os desígnios de Deus ou os desígnios do destino.

    Você se acha um cara de sorte ou um azarado?

    Tem estrela?

    As pessoas costumam creditar ou debitar as coisas boas ou ruins que lhes acontecem ao destino.

    Há de fato um destino traçado?

    Se há, podemos interferir no destino que nos foi traçado?

    Segundo Freud, “destino é um desejo que se cumpre”.

    O nosso desejo tem essa força?

    Há dois tipos de desejo; o individual e o coletivo.

    Desejar um bom emprego, sorte para os filhos no vestibular e outros tantos, dos mais simples aos mais complexos, é algo seu.

    Há quem diga que um desejo coletivo pode ter força para gerar uma energia positiva capaz de fazer algo acontecer.

    De que dependerá a concretização do desejo coletivo?

    Da força do desejo em si?

    Da quantidade de pessoas que se incorporam a aquela corrente positiva em torno do desejo?

    Na Copa do Mundo realizada no Brasil, houve dois desejos muito fortes, porém em direções opostas.

    Um era o de que a copa fosse um retumbante fracasso na sua organização.

    O outro, o de que o Brasil fosse o campeão da copa, mas que também, para orgulho do seu povo, mostrasse ao mundo do quanto o país é capaz.

    Qual contou com mais força de participação?

    A paixão do brasileiro pelo futebol dispensa comentários.

    Houve mais gente com pensamento positivo para que o Brasil fosse campeão de futebol do que de fracasso na organização da copa.

    Pela maior “força” do desejo que incorporou mais gente, não teríamos tido maiores probabilidades de nos sagrarmos campeões de futebol do que de fracassarmos na realização da copa?

    As coisas não são tão simples.

    A concretização das coisas exige que ao desejo se alie a determinação, a força do fazer acontecer.

    O sucesso da organização foi absoluto.

    Apesar do grande esforço e desejo maior ainda da mídia no sentido contrário.

    A Copa das Copas.

    Quanto ao futebol…

    Vigorou a soberba, a festa, a arrogância de um passado longínquo do país do futebol, ainda hoje estimulado pela imprensa, apesar das evidências em contrário, que se tornaram flagrantes justamente nessa copa.

    Uma imprensa em boa parte defasada nos seus conhecimentos de como anda o futebol no “resto” do mundo, aquele que não acontece no “país do futebol”, agora sim entre aspas.

    Imprensa que chegou a dizer que no time de Felipão havia comando e competência, numa clara alusão ao governo brasileiro, prenunciando o sucesso do futebol e o fracasso monumental do governo na organização da copa.

    Como negar o poder da imprensa?

    Entretanto, ainda que se reconheça inegável a sua força, a imprensa brasileira tem colecionado sucessivas derrotas.

    Para citar algumas.

    Há 12 anos consecutivos perde eleições.

    O seu fracasso na Copa do Mundo foi estrondoso.

    E vergonhoso.

    Vem perdendo a guerra que trava diuturnamente para derrubar os governos trabalhistas nesses últimos 12 anos.

    Já perdeu força toda a movimentação que fez no sentido de impedir o governo Dilma Rousseff de exercer as funções para as quais foi reeleito.

    E não será a sua sanha avassaladora e covarde de destruição da Petrobrás, movida única e exclusivamente por seus interesses (como nos outros casos), que irá destruir o maior patrimônio desse país.

    Há por trás de tudo isso um desejo maior.

    O do povo brasileiro.

    Que insiste em fazer o seu destino.

  2. Eu conheço um mandamento do

    Eu conheço um mandamento do Chomsky… Nunca confesse a responsabilidade de nada… De um jeito ou de outro Impute à mídia ou seus inimigos todas as provas que existem contra você.

    Algo como a Kirchner está fazendo hoje…kkkkk

  3. Concordo com quase tudo, mas…

    Concordo e vejo essas técnicas serem usadas o tempo todo. Mas faria uma ressalva ao item número 10. Na verdade não acho que a mídia conhece melhor o indivíduo do que ele mesmo. Até porque seria impossível que a mídia tivesse tantas informações sobre tantas pessoas… O que acontece é somente mais uma pretensão da sempre pretensiosa mídia: a mídia ACHA que conhece o indivíduo melhor que ele mesmo. E partir de um padrão que ignora as diferenças entre os indivíduos a mídia baliza suas ações neste puro ACHAR e o reveste de pesquisas de opinião e argumentos de cientistas e especialistas, mas no fundo é puro achismo. A mídia na verdade nem intenção tem de conhecer o indivíduo pois a ela só interessa ter uma forma de produção barata de conteúdo que forçosamente é imposta sobre os indivíduos, sem nem ter curiosidade de conhecer o que este indivíduo pensa. 

    Concluindo a mídia não conhece o indivíduo melhor do que ele mesmo, a mídia impõe uma visão inventada por ela mesma sobre o que o individuo deve ser e pensar. Infelizmente a grande maioria da população se deixa levar neste processo e age como zumbis controlados por controle remoto.

    1. Discordo

      de vc e confubdiu mídia com o “Sistema”. Esse sim, muito mais poderoso e abrangente que a Mídia, essa apenas um dos meios (o mais poderoso) de controle e de manipulação.

      Mas existe todo um aparato que começa com a educação alienante que todos rcebemos. e hoje com a tecnologia (e a internet) , o conhecimento do “Sistema” sobre nós é imensurável.

  4. Estratégia da Distração

    As Organizações Globo são mestres na implementação dessa ação estratégica:

    1) quando ocorre algum desastre natural: as televisões da Globo ficam horas mostrando, por exemplo, as águas turbulentas de uma enchente, e, para economizar custos, repetem várias vezes as mesmas imagens. E para responsabilizar os governos que não rezam por sua cartilha, entrevistam moradores que perderam tudo, sem informar, entretanto, que os mesmos habitavam áreas de risco.

    2) quando ocorre algum incêndio provocado pela ação humana, não se cansam de mostrar as labaredas queimando tudo mesmo depois de controlado o fogo e, logo em seguida, entrevistam especialistas em gerenciamento de risco, todos pagos pela emissora, para responsabilizar o poder público por negligência, incompetência e corrupção.

    3) para os jornalistas amestrados dessas emissoras qualquer aspecto do gerenciamento da vida humana, que envolve  alguma responsabilidade de governos aos quais as Organizações Globo faz oposição, está em crise permanente, oferecendo riscos à saude, ao conforto e à vida da população.

    Entretanto, quando os acontecimentos ocorrem em áreas de responabilidade de governos apoiados pela mídia, a abordagem jornalística é totalmente diferente, tentando mostrar a eficácia e a presteza dos governos no atendimento da população.

    Ou seja, a estratégia da distração também serve para apoiar a estratégia da denúncia, no caso de governos não alinhados, e a estratégia da louvação, no caso dos governos amigos.

  5. todos os itens são utilizados

    todos os itens são utilizados diuturnamente pelos

    interesses conservadores do grande capital…

    grandes empresas, grande mídia, etc…

    o item seis

    – o uso da emoção em detrimento da racionalidade –

    foi e é muito usado pelo estilo do jornalismo de esgoto

    representado primordialmente pela revista veja…

    usa a emoção da indignação, por exemplo, contra a corrupção,

    para levar seus leitores a acreditarem no restante das falácias

    que impregna suas páginas de invenções e mentiras.

    esse estilo ampliou-se para o restante da grande mídia dominada

    por um número ínfimo de representantes desse cruel e gande capital.

    isto é, o estilo de esgoto ampliou-se para as as ditas seis famílias que

    hegemonizam esse setor da comunicação social no brasil.  

    bastou então armar as tramóias da colusão de interesses desses

    setores com os setores mais retrógados da sociedade

    para resultar no que estamos vivendo atualmente.

    uma ditadura midiática que praticamente trai os interesses da nação

    para favorecer interesses escusos e obscuros…

  6. Este decálogo já foi

    Este decálogo já foi publicado algumas vezes no blog. Desmenti uma vez, mas ele continua sendo divulgado como de autoria de Chomsky, que afirmou em uma entrevista:

    “I have no idea where it comes from. I did not make this compilation myself, I have not written or posted it on the Web. I guess whoever did it could argue that they are interpretations of what I have written here and there but certainly not in this form or as a list .”

    “Não tenho ideia de onde isso veio. Eu não fiz essa compilação. Não escrevi nem postei isso na Web. Suponho que o autor dela poderia argumentar que são interpretações do que eu escrevi, aqui e ali, mas certamente não nessa forma e não como uma lista.”

    https://plus.google.com/+RicardoNunoSilva/posts/WebBgjeB8tq

    O texto existe, mas o original é de autoria do francês Sylvain Timsit (2002).

    http://www.syti.net/Manipulations.html

    Há um gráfico das estratégias que também atribui o trabalho a Chomsky:

    http://blogdoedwilson.blogspot.pt/2012/09/noam-chomsky-e-as-10-estrategias-de.html#.VMPistLF_X4

     

     

     

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