Israel e Hamas: a guerra também é feita com tweets

Além de mísseis, o conflito entre Israel e o Hamas tem um novo campo de batalha: as redes sociais. Do lado da Palestina, estão alguns hackers independentes e, mais uma vez, o Anonymous. Do outro, uma novidade: as Forças de Defesa Israel (IDF) , que estão usando o Twitter, o Facebook, o Flickr e até mesmo o Pinterest não só para informar, como também para fazer propaganda.

Sim, é uma novidade: anúncios desse tipo eram feitos em eventos mais formais, como coletivas e reuniões. Agora, muitas das informações estão sendo passadas diretamente ao público. Um tweet basta para comunicar um ataque, como observa o The Verge:

“A operação Pilar de Defesa, como é chamado o último ataque de Israel aos militantes palestinos em Gaza, não foi anunciada numa conferência de imprensa, mas no Twitter. As Forças de Defesa de Israel tuitaram que haviam “iniciado uma campanha generalizada contra locais e operações terroristas na Faixa de #Gaza, principalmente tendo como alvo o #Hamas e a Jihad Islâmica.” Que belo toque: garantir que Gaza e Hamas estejam cientes marcando-os com hashtags e tudo o mais.”

Além do ponto da informação, há um outro lado não tão óbvio no uso das redes sociais: a influência das discussões. O próprio The Verge resgata um artigo de Blake Hounshell publicado no ano passado em que o autor afirma que o Twitter não serve apenas para manifestantes, opositores e dissidentes se organizarem, mas também para pessoas em todo o mundo discutirem fatos.

“Deen Freelon, doutorando da University of Washington, montou um banco de dados enorme com cerca de 6 milhões de tweets sobre os protestos de sete países árabes: Argélia, Bahrein, Líbia, Marrocos, Tunísia e Iêmen. Quando filtrou os dados por localização, ele descobriu que o Twitter também era uma plataforma satisfatória para estrangeiros discutirem as últimas notícias, sejam elas sobre a renúncia de Mubarak, algum discurso de Muammar al-Gaddhafi ou o início de um grande protesto.”

As Forças de Defesa de Israel parecem estar levando bem a sério a batalha nas redes sociais. No blog da IDF, há o jogo IDF Ranks, em que você se cadastra e ganha pontos por cada ação relacionada ao conteúdo do blog: nas palavras do próprio tutorial, “ler, comentar, curtir, compartilhar ou até mesmo visitar”.

Em entrevista ao BuzzFeed, a porta-voz da IDF, tenente-coronel Avital Leibovich, explicitou que o objetivo é transmitir mensagens ao maior número de pessoas possível sem o “toque de um editor” – mesmo que isso signifique violar as regras de uso do Twitter, já que ameaças são contra as normas da plataforma. Leibovich rebate as críticas.

“Quando há mísseis caindo em nossas cabeças, e eu estou falando de 500 nas últimas 72 horas, se é que você consegue imaginar a extensão disso,” ela afirma, “você deseja transmitir uma mensagem de intimidação ao público, e essa é uma boa ferramenta para isso.”

Anonymous e hackers palestinos

Se de um lado, a presença das Forças de Defesa de Israel é uma novidade, do outro, estão velhos (ok, nem tanto) conhecidos do mundo virtual: o Anonymous e alguns hackers.

Não há grandes inovações por aqui. O que chama mais a atenção é que o Anonymous, que já causou grandes estragos, parece estar um pouco perdido: muita trollagem, muitos caps e muito pouco do que se via em outros tempos (leia-se: há uns dois anos): espírito de colaboração.

Por causa disso, as ações não causaram grandes danos, efetivamente: ataques estão sendo direcionados a todos os sites com o domínio israelense (.il), o que tirou coisas que não têm relação direta com o conflito, como pequenos sites turísticos ou de psicólogos da região. Até o Groupon rodou nessa. Um dos poucos alvos mais notáveis foi o site do governo de Tel Aviv (http://tel-aviv.gov.il), segunda maior cidade de Israel. Além disso, senhas de cerca de 2000 e-mails israelenses foram publicadas e alguns bancos de dados deletados, mas nada que tenha gerado um grande caos até o momento.

Já os hackers palestinos, que aparentemente não têm relação com o Anonymous, derrubaram vários sites de empresas em Israel. Segundo o The Next Web, 31 sites caíram nessa, incluindo Coca Cola, Intel, Phillips e Windows, entre outros.

Por enquanto, o confronto segue sem sinais de solução ou desfecho, seja em Gaza, em Israel, ou na Internet.

Fonte: http://www.gizmodo.com.br/israel-hamas-guerra-internet/

Luis Nassif

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