Cobertura de tráfico de pessoas é falho na imprensa brasileira

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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De Agência Brasil

Pesquisa mostra falhas da imprensa na cobertura do tráfico de pessoas

Por Juliana Cézar Nunes

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima em 2 milhões o número de vítimas de tráfico de pessoas no mundo. No Brasil, entre 2005 e 2011, 475 pessoas foram vítimas de tráfico nas áreas de fronteira. Estudos indicam que esse número pode ser ainda maior, principalmente se levado em conta o número de pessoas traficadas pelas redes interestaduais.

Apesar da gravidade do problema, uma pesquisa divulgada nesta semana revela que a imprensa brasileira ainda dá pouco destaque à temática. O levantamento foi feito pela organização não governamental (ONG) Repórter Brasil, com o apoio do Ministério da Justiça e do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).

O coordenador da ONG Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, explica que foram pesquisados cinco veículos de mídia impressa entre janeiro de 2006 e julho de 2013. Mais da metade das reportagens pecaram por falta de contextualização, análise crítica das políticas públicas e formas de prevenção.

“A abordagem fica muito no âmbito criminal, mas pouco se fala das causas do tráfico de pessoas”, destaca Sakamoto. “Quem lê os jornais brasileiros acha que o tráfico de pessoas é feito por gente má, que não envolve redes, empresas, Poder Público, é uma coisa quase que pontual.”

Além da pesquisa sobre a cobertura da imprensa, a organização não governamental Repórter Brasil elaborou um guia com dicas para jornalistas. A ideia é motivar matérias investigativas sobre o tráfico de pessoas, que possam ouvir vítimas, familiares e redes de proteção.

A diretora do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação da Secretaria Nacional de Justiça, Fernanda dos Anjos, diz que a sensibilização dos jornalistas faz parte das ações do Segundo Plano Nacional de Combate ao Tráfico de Pessoas, que pretende aumentar a visibilidade para o tema sob a ótica dos direitos humanos.

“Esse é um processo de pesquisa, de produção de políticas, de produção de guia de referência, que está alinhado a outras políticas como a Campanha Coração Azul e com a nossa rede de referência que produz o enfrentamento do tráfico de pessoas, faz os atendimentos nos estados e as ações de prevenção nas distintas partes do país.”

O tráfico de pessoas é caracterizado pelo recrutamento, transporte e alojamento permanente para fins de exploração sexual, trabalhos forçados, adoção ilegal e extração de órgãos ou tecidos. Denúncias podem ser feitas pelo Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos, ou pelo Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. É simples:

    Boa parte da nossa imprensa é formada por nazistas e para piorar o governo da Dilma é extremamente incompetente na área de comunicação com o povo. É impressionante saber que a Dilma foi torturada e fica sem fazer nada diante desse problema.

     

    Parabéns Dilma por sua incompetência.

     

  2. Um adendo aos grupos-alvo do

    Um adendo aos grupos-alvo do trafico de pessoas. Eu sou um imigrante brasileiro nos Est.Unidos. Assim como a maioria dos compatriotas que vivem aqui, estimativa de quase dois milhoes, vim pelo Mexico uma primeira vez, e por Bahamas, na ultima. Sou de Valadares, Minas, cidade-simbolo dessa imigracao ilegal, onde operam organizacoes crimimosas. Empresarios, agentes policiais, e agencias de turismo “facilitam” a viagem, uma vez que o consulado americano via de regra nao concede vistos a pessoas dessa regiao de Minas, o Vale do Rio Doce. Para tanto, vistos falsos, passaportes idem, confisco de titulos de propriedade de casas, carros e ameacas de morte e de entrega ao servico de imigracao americano,caso nao honremos uma quantia que varia de 10 a 20 mil dolares. Hoje sou requerente ao asilo aqui nos Est.Unidos por oferecer denuncia a coiotes que nos agenciaram, alguns deles presos aqui apartir de nossa denuncia. 

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