Discurso de Bolsonaro contra carnaval é tática de manipulação de ódio

Generalizar uma situação específica para o movimento como um todo é um técnica chamada "exemplar saliente", comum em discursos de ódio

Jornal GGN – A tentativa do presidente Jair Bolsonaro de difamar o Carnaval, usando para isso um caso específico e generalizando a situação para o movimento como um todo, é um técnica chamada “exemplar saliente”, comum em discursos de ódio.

O “exemplar saliente” é quando se utiliza um caso fora da curva, geralmente negativo e distorcido de maneira sensacionalista, para representar todo um grupo social, segundo definição do professor de Ciências Cognitivas e Linguística na Universidade da Califórnia em Berkeley, George Lakoff.

É o que mostra o artigo “Vídeo obsceno: tática de Bolsonaro é comum em discursos de ódio”, do blog “Entendendo Bolsonaro”, do Uol. De acordo com o professor de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero e doutor em Educação pela USP, Rodrigo Ratier, foi o que o presidente fez na polêmica publicação nas redes sociais na noite desta terça-feira (05).

Bolsonaro compartilhou um vídeo de uma pessoa urinando sobre outra como expressão sexual durante um episódio no carnaval. Reportagem da Folha de S.Paulo, que conversou com pessoas que estiveram presentes no local, mostra que a cena foi um caso “isolado no evento” e que não houve mais manifestações como aquela.

Mas assim foi a fala de Bolsonaro: “Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conslusões”.

A técnica de exemplar saliente é uma forma de manipulação de fatos. Em artigo para o The Guardian, Lakoff explica que são exemplos dessa estratégia o uso de casos de “imoralidade, inferioridade intelectual, criminalidade, falta de patriotismo, preguiça, falta de confiança, ganância e tentativas ou ameaças de dominar seus ‘superiores naturais'”.

Nessa maneira de manipulação de discurso, geralmente atrelado ao ódio, o emissor da mensagem generaliza um caso isolado para denegrir, depreciar ou difamar a imagem de todo um grupo.

Outros exemplos práticos são vistos quando internautas conservadores compartilham imagens de nudez feminina em protestos, por exemplo, relacionados ao machismo, para indicar que o movimento é “depravado”. Também o caso recente das denúncias em salas de aula contra professores para indicar que há uma “doutrinação” por parte dos docentes.

Leia mais sobre as conclusões observadas por Rodrigo Ratier na coluna do blog Entendendo Bolsonaro, no Uol.

6 Comentários

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  1. Ruy Castro – Folha de hoje
    Há quem esteja pensando nisto a respeito de Sergio Moro, ministro da Justiça de Jair Bolsonaro. Enquanto juiz em Curitiba, seu rosto estava coberto pela meia-máscara.
    “João do Rio em seu conto “O Bebê de Tarlatana Rosa”, de 1910. O homem se encantou pela mulher que conheceu no cordão e cujo belo nariz ele só podia adivinhar por trás da meia-máscara que ela usava. Brincaram e se beijaram pelas ruas por toda a noite de terça. Na madrugada de Quarta, quando ele a obrigou a tirar a máscara, descobriu que ela não tinha nariz.

  2. Isso é também uma tática de criar microescândalos para abafar e manter esquecidos os macroescândalos, como por exemplo, o escândalo do laranjal roubando o Fundo Partidário, o escândalo dos funcionários fantasmas roubando verbas do seu gabinete e do gabinete dos filhos e, o escândalo da proximidade e das homenagens dele e dos filhos a milicianos.

  3. Há Bozos que reclamam que estamos torcendo contra Jaja Pornô, o presidente Nono (non sense), aquele que consegue nos envergonhar mais do que o 7×1, com direito a (mais) manchetes de escárnio no The Guardian, The New York Times e outras mídias pelo mundo.
    Ora, não se trata de torcer contra” … os bozotários é que têm que torcer (e muuuito) à favor!
    Nós não precisamos torcer por algo que, desde sempre, sabemos que não pode ser sério ou dar certo.
    Torcer mesmo, só para este pesadelo psicodélico acabar logo.

  4. O moço mijante tanto quanto o moço mijado e, muito mais, os operadores do capital do dólar agradecem os holofotes que Bolsonaro voltou para essa armação. O primeiro e o segundo, talvez apenas pela fama que adquirem no “mundinho”, pela divulgação; talvez recebendo algum trocado da “direita”, pela performance gravada e pela gravação. Os terceiros, por tirar o foco da verdadeira indecência que é o que o golpe está fazendo contra nosso país, que vai da difamação do Brasil no âmbito internacional – interesse dos EUA, donos do dólar, e de quem com eles se alinha -, ao sucateamento do estado, passando pelo empobrecimento geral para enriquecimento de poucos.

    O que Bolsonaro estava fazendo quando “descobriu” esse vídeo? Quem lhe indicou? Que interesse tem o presidente do executivo federal nesses assuntos?

  5. Se o Bolsonaro tivesse acesso a vídeos do médico Abdelmassih estuprando suas pacientes/vítimas sedadas, mesmo sentindo-se desconfortável, ele não só não hesitaria em publicar tais vídeos nas redes sociais, a fim de que todas as pessoas, inclusive crianças e adolescentes, pudessem ver e tirar suas próprias conclusões, mas também afirmaria taxativamente que todo médico é estuprador.

    Nesse caso, o Abdelmassih e todos os demais médicos estariam errados. O Bolsonaro estaria certíssimo, né, Miniotas?

    O problema é o Abdelmassih estuprar suas pacientes, não o Bolsonaro mostrar as cenas de estupro para as crianças e adolescentes desavisados.

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