Em editorial, Estadão diz que mobilidade urbana é bandeira eleitoral

A grande mídia é de fato o maior partido de oposição do Brasil, condição assumida por Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e executiva do grupo Folha de S.Paulo que afirmou:
“… esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada.”

Pois bem,

Enquanto o governador Geraldo Alckmin, sobre os corredores exclusivos de ônibus implementados pelo prefeito Haddad, declara:

“Os corredores são um espetáculo”

O Estadão no editorial  “A demagogia da mobilidade”, publicado nesta quinta-feira 10 , diz:

…”No lugar de implantar, sem planejamento e a toque de caixa, as faixas exclusivas que servirão de cenários para os próximos programas eleitorais do PT na campanha para o governo do Estado, Haddad e Tatto deveriam adotar um plano capaz de harmonizar a utilização de carros com o transporte público, de acordo com as necessidades das várias regiões da cidade.”…

Do Estadão

A demagogia da mobilidade

Ao levantar a bandeira (eleitoral) da mobilidade urbana, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, assumiram o papel de defensores dos sem-carro e passaram a combater, sem pensar nas consequências, a multidão dos que se atrevem a sair às ruas em seus automóveis, mesmo tendo de enfrentar grandes congestionamentos todos os dias. Os congestionamentos são cada vez maiores, mas a dupla já começa a acumular resultados “positivos” nessa batalha, mais do que ousada, demagógica.
 
Ela deve melhorar a arrecadação da Prefeitura com o aumento das multas de trânsito e, assim, ajudar a pagar os subsídios às empresas de ônibus, que, com o congelamento da tarifa, devem atingir no próximo ano a impressionante quantia de R$ 1,65 bilhão.
 
Estima-se que os recursos provenientes das multas crescerão 22% em 2014, atingindo R$ 1,2 bilhão, um novo recorde. Nos primeiros oito meses deste ano, dos 6,4 milhões de multas aplicadas aos motoristas que circulam pela capital, 352,5 mil foram flagrantes de invasões em corredores e faixas exclusivas de ônibus, registrados por um exército de 1,5 mil fiscais de trânsito da CET e mais 690 da São Paulo Transportes (SPTrans).
 
Os donos dos 7 milhões de veículos da capital parecem não ter importância. Eles seriam apenas pessoas egoístas que rejeitam o transporte público. É como se não tivessem compromissos diários, serviços a prestar e nenhuma relevância para a vida econômica e social da cidade.
 
Tanto é assim que, nas próximas semanas, aos marronzinhos se somarão 200 novos radares para ajudar na batalha contra esses paulistanos que não resistem à tentação de circular pelos corredores e faixas de ônibus – espaços em grande parte vazios -, para tentar chegar a tempo aos seus compromissos.
 
Essa má vontade com o transporte individual prejudica a cidade. Não se discute a necessidade de dar prioridade ao transporte público e, no caso dos ônibus, de aumentar sua velocidade.
 
Mas não é preciso fazer isso criando dificuldades para os que usam o carro como instrumento de trabalho. Especialmente para aqueles – como médicos e enfermeiros, para citar dois exemplos – cuja profissão tem exigências que o transporte público não consegue atender.
 
Portanto, em vez de tratar o transporte individual como egoísta e elitista, é preciso estudar a fundo o papel que ele desempenha na vida de grande parte da população. Quanto aos paulistanos que usam ônibus, seus problemas são a falta de conforto, de itinerários que atendam a suas necessidades e a lentidão.
 
Por isso, entre ficar espremidos em ônibus superlotados, depois de longa espera nas filas dos pontos, e suportar os congestionamentos, os que podem preferem esta última opção.
 
No lugar de implantar, sem planejamento e a toque de caixa, as faixas exclusivas que servirão de cenários para os próximos programas eleitorais do PT na campanha para o governo do Estado, Haddad e Tatto deveriam adotar um plano capaz de harmonizar a utilização de carros com o transporte público, de acordo com as necessidades das várias regiões da cidade.
 
Antes de reduzir o espaço destinado aos carros para forçar seus proprietários a deixá-los nas garagens, é preciso criar mais vagas de estacionamento para eles, com a construção – há muito prometida e nunca concretizada – de garagens subterrâneas. E seria bom também retomar o plano de transporte do governo Marta Suplicy que deixava os corredores apenas para os ônibus maiores. Os veículos de média e pequena capacidade seriam os alimentadores dessas linhas-tronco.
 
Hoje, o que se vê são todos esses veículos, às vezes quase vazios, disputando entre si aquele espaço. E muitos invadem as poucas faixas destinadas aos carros para fugir do congestionamento nos corredores e faixas.
 
É preciso, em suma, mais planejamento e menos demagogia.
Redação

16 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Tenho uma sugestão.

    Basta abastecer os carros com Red Bull. Este pessoal não tem jeito, o “bom?”dia são paulo viro um denuncimo disfarçado de utilidade pública.

  2. Tanto o oposicionismo

    Tanto o oposicionismo irrestrito quanto o governismo irrestrito são duas doenças infantis, pois inibe o debate, inibe a formação de consensos em torno de bandeiras que uniriam oposição e situação, direita e esquerda.

    O Estadao é um daqueles que sofrem do tal do “oposicionismo doentio”.

    Haddad é talvez o governante brasileiro que mais respostas positivas deu às manifestações de junho, tomando iniciativas importantes na questão da mobilidade urbana (em destaque, as faixas de ônibus), e mesmo assim o Estadao faz das tripas coração para criticar uma medida claramente positiva para a população de um modo geral.

    Estatui que a medida visa gabaritar votos para Haddad e o PT. Jura? Me conta outra novidade!

    A questão é que, diferente de penduricalhos, medidas paliativas que só visam ao curto prazo, as faixas exclusivas vieram para ficar, e isto é ótimo. Se o trânsito de SP parar, não será por causa das faixas, mas em decorrência de décadas de falta de planejamento urbano, o que fez as ruas de SP abrigar carros de mais e ruas de menos, é questão matemática!

    Eu não uso meu carro pra ir pro trabalho aqui em SP, até por ter o “privilégio” de morar perto do local de labuta.

    Por esta razão, sei das inúmeras vantagens decorrentes do uso de transporte público, e se a classe média paulistana não está afim de deixar o carro em casa, que fique mais tempo no trânsito mesmo, pois é o transporte público que tem que ser privilegiado.

     

  3. Curiosidade

    Só por curiosidade: Quem criou o rodízio de carros e qual foi a reação do estadão à época?

    No mesmo texto que se diz que os ônibus andam superlotados dizem que os mesmos veículos circulam muitas vezes vazios. 

    É pedir demais um pouco de coerência pra essa gente ???

  4. Somente os mais velhinhos vão

    Somente os mais velhinhos vão se lembrar, mas o Estadão foi contra o Metrô de São Paulo dizendo que a cidade não precisava dele. Eu era criança e, se não me engano, a solução apresentada pelo jornal então era a construção de grandes e largas avenidas.

  5. Li o título do post e não acreditei…

    Mas aí li o titulo do editorial do OESP com “a demagogia da mobilidade”, e aí comecei a rir a rir, precisei de ajuda médica.

    Agora recuperado, posso escrever com tranquilidade o seguinte:

    Os donos e asseclas (“jornalistas” não seria um termo apropriado) do OESP são uns…. cretinos.

    Pronto falei.

    E depois me lembrei que o OESP é muito lido num bairro de São Paulo-capilal onde um grupo da zelites fez um lobby para não ter estação de metrô, por que não é nada chique (chique é o metrô de London – mas não é metrô é “tube” e de New York  – mas não é metrô é “subway”).

    O.K. está tudo explicado.

  6. http://www.cartacapital.com.b

    http://www.cartacapital.com.br/sociedade/vamos-devolver-sao-paulo-aos-automoveis-7590.html
     

    Vamos devolver São Paulo aos automóveis

     

    Um manifesto irônico de Marcio Alemão para a cidade mais populosa do Paíspor Marcio Alemão — publicado 09/10/2013 04:58, última modificação 09/10/2013 20:48     Logo - Marcio AlemãoLeia também
    Maioria dos leitores aprova o fim da produção de foie gras em SP USP: ainda acreditamos na democracia? Caso Alstom: propinas nos transportes e energia em SP estão ligadas

    Chega!

    Eu cansei dessa dessa palhaçada generalizada que tenta fazer de São Paulo, aos domingos, uma cidade civilizada, amiga da natureza, das bicicletas e dos atletas de final de semana.

    Eu quero ter o direito de ir e vir, o velho e famoso e que essa turma de domingo anda me tolhendo, me privando.

    Por que não eleger EMBU das ARTES como a Bike Town? Vão todos para lá e comprem pufs de vaqueta, porta retratos de couro, porta troféus. Façam Embu ser das Artes e das Bikes!

    Por que não transformar Osasco ou Guarulhos em cidades-paraíso das maratonas. 7 por final de semana. Que tal?

    Por que atazanar a vida de paulistanos, como eu, que apreciam o ruído dos motores, a poluição com qual crescemos e gostam de dar uma volta de carro com a família?

    Não foi o presidente Lula que nos incentivou a comprar automóveis? Teve meu apoio. Comprei. Endividei-me, com alegria. E agora, no domingão faço o que?

    Tem incentivo para comprar bicicleta? Tem incentivo para comprar tênis de

    500 mangos?

    VAMOS DEVOLVER SÃO PAULO AOS AUTOMÓVEIS!

    Não somos uma cidade amigável e nunca seremos.

    O fato de você poder andar de bike na Paulista, aos domingos,  não faz de você um cidadão melhor e muito menos holandês. Faz de você um camarada que atrapalha a vida de muitos outros cidadão paulistanos. Idem idem para você, corredor, atleta. Não tem um clube, um bosque, um parque, uma estrada, uma esteira? Você só fica feliz atrapalhando a vida de quem quer passear de carro aos domingos?

    VAMOS DEVOLVER SÃO PAULO AOS AUTOMÓVEIS!

    E quem for paulistano que me siga.

     

  7. O pior cego é o que não quer

    O pior cego é o que não quer ver. Cito Belo Horizonte: Todas- ou disse TODAS- as ruas e avenidas fora do perímetro da Av. Contorno( traçado original dum planejamento tosco, mas que existiu) são mais estreitas que as planejadas. Há avenidas onde só cabem dois carros por mão e uma pista é usada com estacionamento. como são avenidas, o céu, para a altura dos prédios, é o limite, e onde existem os lotezinhos de 12×30 a legislação dá uma senhora mão. Morar em casas sem correr o risco de ter prédios e comércio te cercando é para privilegiados.

    E tudo isso sob os auspícios de Câmara de Vereadores e prefeitura,Governo Federal dando incentivo a compra de carros, crédito a perder de vista, garagens para no mínimo dois carros, etc e tal. E não fiquemos pensando que isto ocorre apenas nas capitais.

    Nós temos o privilégio de espaço, mas a grana manda mais.

    1.   Depois do câncer vitimar

        Depois do câncer vitimar Dilma, Lula, Lugo, Morales, Kirchner e Chavez, eu não tenho a menor dúvida a respeito de qual lado o Estadão ficaria.

  8. Informe: O estadão, cujos

    Informe: O estadão, cujos leitores contam-se nos dedos, é financiado pelos classificados, principalmente os que anunciam automóveis. Ou seja, o editorial é jabaculê pura e simples.

    PS: Claro que eles escreveriam contra medidas no transporte público que favoreçam a “gentalha” que votou no Haddad, mesmo que as revendoras de carros não tivessem encomendado. Mas a vida está dura e o dinheiro é muito bem-vindo, obrigado

  9. Eu entendi bem? No país da

    Eu entendi bem? No país da falta e mau uso de recursos, o jornal acha que dinheiro que poderia ser aplicado em Saúde (“padrão Fifa”, lembram?) deve ser aplicado na constrção de estacionamentos subterrâneos?!!!!

    É pracabá co piqui de goiás!!!

  10. “A grande mídia é de fato o
    “A grande mídia é de fato o maior partido de oposição do Brasil”

    Isto!

    “Jornalismo é oposição, o resto são secos e molhados”
    Millor Fernandes

    1. “…a declaração da dirigente da ANJ tem contexto histórico diferente desta, de Millôr Fernandes, muito lembrada por quem defende os delitos de informação da mídia: “Imprensa é oposição; o resto é armazém de secos e molhados”. Na ditadura militar, era preciso se opor ao cerceamento das liberdades. Entretanto, sobraram armazéns de papel e via satélite naquele tempo.” (Rafael Motta)

      http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/

      os_armazens_dos_opositores_irresponsaveis

  11. Estadão constrangedor

    Editorial do Estadão sobre mobilidade é constrangedor

    Publicado em 11/10/2013por 

    Em editorial, o jornal o Estado de São Paulo afirmou que a bandeira da mobilidade urbana e a do defesa dos “sem-carro” é demagogia. O gatilho para o texto irado do jornal são os 220 km de faixas exclusivas para ônibus na cidade. O editorial mostra que o maior problema urbanístico de São Paulo é político. O que o Estadão defende são os mesmos argumentos que construíram o caos urbano paulistano. Digo que o problema é político pois o debate sobre a mobilidade urbana está longe de estar concluído. São Paulo precisa definir qual será sua estratégia ao longo das próximas décadas, caso queira superar seus graves problemas urbanos, um deles os congestionamentos. É preciso criticar duramente a proposta urbana embutida no editorial do Estadão, pois ela não é apenas do jornal da marginal Tietê, mas também de boa parte dos paulistanos.

    Primeira questão é vincular as faixas ao aumento das multas de trânsito. É óbvio que toda nova restrição gera aumento das multas. Em especial nos seus primeiros “oito meses”. Conforme os motoristas vão identificando as faixas e vendo que as multas são para valer, o número delas irá diminuir. Foi o que aconteceu em todos os corredores e faixas implantados anteriormente.

    Os donos dos 7 milhões de veículos são importantes. Dependerá deles o futuro da cidade. Caso eles se utilizem mais do transporte público, nossa cidade será melhor. Esta é a experiência por todo o mundo. E para usar mais transporte público, este precisa ser de melhor qualidade, ele precisa ser mais rápido. Em São Paulo a fumaça dos carros representa 90% da poluição do ar, causa de uma série de doenças.

    As políticas de boa vontade com o transporte individual, destruíram o espaço público e a paisagem paulistana. Chega a ser hilário falar das faixas como espaços em grande parte vazios. Ainda bem, pois caso estivessem cheias, elas precisariam ser ampliadas para dar vazão ao fluxo de ônibus.

    E aí o Estadão chega ao ponto onde a questão política é mais delicada. É preciso sim, criar dificuldades para os que usam o carro. É indispensável a redução do espaço urbano cedido ao carro em São Paulo. Ou seja, quem tem carro precisa perder parte de seus vastos privilégios urbanísticos, para que ocorra a melhoria do transporte público. Não há mais condições de continuarmos a expandir o sistema viário da cidade. Ele é financeiramente inviável, e politicamente impossível. São muitos dispostos a tirar seus carros das garagens, mas poucos, muito poucos, com disposição para aceitar a desapropriação de seus imóveis para a construção das avenidas que desafogariam o trânsito. Ou então a alternativa seria  a construção de novos Minhocões?

    Temo que seja esta a ideia de planejamento que permeia o editorial.

    Outro clichê usado pelo Estadão é falar sobre o trabalho dos médicos e enfermeiros como justificativa para a manutenção do caos. Novamente o jornal mostra parcialidade, pois poderíamos falar sobre os pacientes de hospitais e postos de saúde. Afinal com transporte público mais rápido eles chegam mais rápido aos hospitais para serem atendidos, o que poderia até mesmo, salvar vidas.

    A grande mudança das faixas não está na sua capacidade de trazer novos usuários para o transporte público, mas na diminuição da atratividade do transporte individual como alternativa de mobilidade.

    Mas a cereja do bolo é falar em aumento das vagas de estacionamento em São Paulo. Por conta de uma legislação amplamente favorável ao carro, a capital paulista tem um dos maiores estoques de vagas de estacionamento do mundo. E o velho Estadão ainda pede mais.

    É constrangedor verificar que um meio de comunicação com milhares de leitores diários, consigue em um texto tão curto juntar ideias tão anacrônicas. De proveitoso apenas a noção de que estas ideias circulam de forma vigorosa pela sociedade brasileira e precisam ser devidamente criticadas por todos aqueles que desejam não só cidades melhores, mas um futuro melhor.

    Afinal sustentabilidade e carro não combinam. O uso sábio do automóvel será chave para o futuro da humanidade. Especialmente no momento em que, aparentemente, estamos diante de uma nova era de petróleo e fumaça.

     

  12. No mesmo editorial dizem que

    No mesmo editorial dizem que quem usa carro foge dos coletivos lotados e no final diz que eles andam quase vazios, também escrevem que os carros invadem as faixas de ônibus que são espaços grandes e vazios e depois diz que o que se vê são faixas congestionadas. Vergonha alheia. Mas as relações entre as empresas de ônibus e a prefeitura e o crime organizado mereceria uma investigação de verdade, não essa cpi chapa branca que aprovaram.

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador