Fernando Rodrigues e a arte de fugir da notícia

Nos tempos em que era a mais bela mulher do planeta, Ava Gardner veio ao Rio e se hospedou no Copacabana Palace. De noite, desceu no bar do hotel, bebeu todas e se engraçou com o pianista. Contam as lendas que chegaram a ir ao seu apartamento. Mas, ante tão esplendorosa criatura, o pianista falhou, para desdém dos pósteros.

Fernando Rodrigues teve o seu momento com Ava Gardner, o acesso exclusivo a um material que muitos repórteres (de fato) cortariam um dedo para obter, uma enorme lista de pessoas com contas no exterior, em um banco especializado em esconder a identidade dos correntistas.

Na lista, os mais inocentes eram ex-maridos querendo esconder patrimônio da esposa. Mas deviam ser minoria. Afinal, era um banco especializado em esconder a identidade de grandes operadores, a maior lavanderia já revelada nesses tempos de Internet.

Com os milhares de nomes, certamente se poderá montar o raio x dos escândalos políticos, financeiros, do crime organizado de toda uma era no Brasil. E com o Google inteiro permitindo bater nomes e complementar informações.

No Google, há listas de traficantes, de políticos envolvidos em denúncias, de administradores públicos e privados suspeitos, de operadores políticos de todos os partidos. Não se trata de trabalho complexo bater os nomes da lista com os dos suspeitos. Exige competência e esforço.

O que segurou Rodrigues, então?

A primeira é sua histórica dificuldade em avançar em temas complexos. Não deveria, posto que por anos cobriu o mercado de dívida brasileira em Nova York. Mas falta-lhe a garra para avançar no entendimento de temas complexos e discernimento para filtrar o que recebe.

Foi assim no enorme estardalhaço que fez com contas de bancos brasileiros em off-shores. Não soube separar operações fiscais de empresas globalizadas – montadas em geral para amparar captação de recursos -, com lavagem de dinheiro. Praticou um escândalo da tapioca em cima de dois mega-anunciantes – Itaú e Bradesco – e dançou.

Agora, com essa lista  do HSBC na frente, com a Ava Gardner sonhada por todos os repórteres de sangue, mas sem a retaguarda de um jornal, amarelou.

Precisaria de discernimento para analisar os nomes, sabendo que mais cedo ou mais tarde seus critérios seriam julgados pelos colegas e pelo público.

Mas qual o risco que teria se colocasse nomes que, depois, se descobrisse amigos da casa? Qual a margem de manobra para denunciar aliados? E se uma denúncia fosse interpretada como favorável ao governo? E se fizesse um carnaval em cima de uma não-denúncia?

No começo, tomou uma decisão que atropelou todos os conceitos jornalísticos conhecidos: em vez de dar o “furo”, encaminhou a lista para autoridades públicas. A essência do sigilo de fonte e da liberdade de imprensa é justamente o direito do jornalista ir atrás de documentos oficiais, e publicá-los, ao largo dos sistemas institucionais. Rodrigues recebeu os documentos e entregou para as autoridades atestarem sabe-se lá o quê.

Aceitou suas limitações jornalísticas e passou a fugir do furo como o diabo da cruz.

Com O Globo entrando no jogo, haverá reportagem. Mas sempre com os filtros impostos pelo jornal-mãe.

Luis Nassif

41 Comentários

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  1. Nassif, minha aposta é que na

    Nassif, minha aposta é que na lista, além dos “amigos da casa”, está também o dono da casa. Daí, o bico calado.

    Rodrigues, coitado, é um fraco. É o sujeito que poderia ser mas não foi.

    Não espero dele nenhum arroubo de coragem cívica.

  2. A raposa tomando conta do

    A raposa tomando conta do galinheiro. Mas, como a própria matéria aponta, a tal lista foi entregue para as “autoridades públicas”. Quem são essas autoridades e o que está sendo feito com essa lista? Precisamos saber.

    A propósito, como anda a CPI do HSBC? 

  3. disse tudo Nassif

    Agora que ele está sem os holofotes, talvez peça ajuda para um jornalista de verdade, ou mostra a lista para todo mundo ver, afinal, todas as contas são ilegais, por tanto, trata-se de uma lista de pessoas que cometeram um crime contra o Brasil.

    Ótimo artigo Nassif.

  4. disse tudo Nassif

    Agora que ele está sem os holofotes, talvez peça ajuda para um jornalista de verdade, ou mostra a lista para todo mundo ver, afinal, todas as contas são ilegais, por tanto, trata-se de uma lista de pessoas que cometeram um crime contra o Brasil.

    Ótimo artigo Nassif.

  5. Será isso, ou não?

    Estou olhando outro aspecto da situação do jornalista (sic) mencionado ao se deparar com lista.

    Ao encaminhar uma lista “vazada” – acobertada pelo sigilo bancário da Suiça – para as autoridades se manifestarem ele estaria eivando de nulidade a prova de eventual crime.

    O Brasil precisa agir mediante o ajustado em tratados para obter essa tal lista. Tanto é que há notícias de que procurou a França – e não a Suiça – para obter tal lista, já que na França o ato do ex-empregado “vazador” não é considerado como crime – e na Suiça houve o crime de violação de sigilo.

    E se a prova foi colhida ilegalmente ela é desconstituída na Justiça. É a regra do jogo. Assim, esse pedido de obtenção da prova no estrangeiro se dá mediante requisição de autoridade competente. Ainda mais que se o crime se perpetrou noutro País, com vista a repatriar outros bens eventualmente suprimidos ainda se encontram lá fora.

    A Polícia Federal e a Receita Federal precisam ser requisitados, para agirem, por órgão competente, depois que a prova for internalizada legalmente no Brasil. Não é a notícia do “vazamento” pela imprensa que irá fazer isso. Ainda bem que o Governo não embarcou na casca de banana que o “jornalista” (sic) colocou pelo caminho.

    1. Essa é a pergunta que não

      Essa é a pergunta que não quer calar. Que razões levaram o ICIJ a negar acesso à lista a Amauri Ribeiro Jr. Ele era membro fundador da instituição e foi limado sem nem ter sido ouvido direito.

  6. “Com O Globo entrando no

    “Com O Globo entrando no jogo, haverá reportagem.”

    Ah, Nassif! Reportagem?! O Globo?!

    O que haverá é mais chantagem comercial e política! Não há a menor dúvida em relação a isso.

    “Filtros”…

  7. Amarelou.

    O nome que se dá a isso, não nos meios jornalísticos, mas na vida cotidiana, é “amarelão” isto é, quando a pessoa é absolutamente incapáz, de “segurar” um B.O, e joga-o, para quem segurar possa.

    Mesmo com tantos anos no jornalismo dito investigativo, o Fernando Rodrigues, “amarelou” e perdeu a chance, de notabilizar-se, numa categoria, que ultimamente, só tem sofrido revezes, dado o baixo nível dos profissionais.

    Cada categoria(assim como na dos músicos, daquele pianista, que tambem “amarelou”) tem seu dia de “brochar” e a Ava Gardner, que merece.

  8. Esse encaminhamento dos nomes

    Esse encaminhamento dos nomes às autoridades competentes foi a “maçã podre” em um eventual inquérito, que anulará toda a futura operação.

  9. isso tem que ir para a receita

    Não entendo como essa lista não vai para a receita federal e “jornalistas” selecionados tenham monopolio delas. Como assim? Se é para publicar tem que publicar TODOS os nomes. E todos os jornalistas tem que ter acesso.

  10. Não foi incompetência, foi

    Não foi incompetência, foi deslavado puxasaquismo. Ele não via a hora dos chefões pegarem o pepino.

    O Globo pegou e livrou um dos mascotes do jornalismo patronal do abacaxi. A Vênus Platinada vai descascar e fazer um maravilhoso suco a seu favor. 

    Do PSDB rolará a cabeça de algum prefeitinho desafeto dos grandões.

    No setor Empresarial, chegou a hora dos filhos de Roberto Marinho mostrarem quem manda nessa “jossa”. Quem não se enquadrar, Eike Batista está aí de exemplo.

    Do PT está difícil, o Fernando Rodrigues passou um tempão com a lista na mão e não encontrou nem um primo dos vizinhos dos petistas. Agora conhecendo o Globo, competência para inverter a informação não lhes falta. O Brasil está cheio  de donos de Fribois para insinuarem sócios de Lula e Dilma. Farão aquela lambança no Jornal Nacional que a plebe entenderá que a culpa dos desvios é do PT. Essa tem sido a função da Globo e seus jornalistas. Foi por muito pouco tempo que vi alguma coisa séria nesse grupo de Mídia. 

    O que a Midiona fez com o PSDB, com o nosso Judiciário e Procuradorias vai nos perseguir por muito tempo. Esses 03 grupos brasileiros estão sendo os braços armados para destruir o Brasil.

    Nessa barbárie, eu só tenho um consolo. A história tem andado muita rápida e não vi milicos e nem seus parentes ficarem bilionários. Agora, quando essa cachaça passar, o mundo real verá quem ficou bilionário com essa lambança toda no Brasil. De que servirá os milhões ou Bilhões em mãos de  Servidores Públicos e seus familiares, se não puderem ostentar. 

     

  11. pois no último programa do

    pois no último programa do Dines que assisti, as três figuras que participaram foram o tal jornalista aqui citado, a onbusdman da folha e outro jornalista, do globo. lá pelas tantas fernando rodrigues denunciou veementemente o chefão da receita federal por nao investigar uma lista supostamente enviada à receita federal com nomes correntistas HSBC no escândalo (é preciso dizer que as posições dão conta de um espirito de corpo egoicamente inflado?). não houve o contraditório. nota zero para o Dines que se diz observador da imprensa e comete o mais básico erro de jornalismo. detalhe: tudo isso aconteceu onde? na TV Brasil! se não é motivo para indignação, nao sei mais o que seria. ou devo estar esperando demais de um governo que não se comunica, se trumbica. ou a comunicação pública em tempos de tevês comerciais golpistas não é algo importante, ou mesmo estou exagerando quando leio os sujos e depreendo que há um ar golpista nas redações, nas ruas (com os imbecis, claro) e nas ondas eletromagn´ticas…

     

  12. Fernando Rodrigues

    Fernando Rodrigues
    Do UOL, em Brasília

    “Cardozo disse ter considerado as revelações publicadas na 5ª feira (12.mar.2015) no UOL e no jornal “O Globo” “de grande abrangência e mostrando como se trata de algo que merece ser averiguado”.

    Embora os dados sejam de uma agência do HBSC na Suíça, é o governo francês que teve acesso a todo o acervo de informações por meio de um ex-funcionário daquela instituição bancária, Hervé Falciani. Ele retirou tudo do escritório do banco em Genebra e entregou os arquivos para o governo da França.

    Em 2010, a então ministra da Economia da França, Christine Lagarde, repassou os dados para o governo da Grécia. Mais adiante, as informações foram fornecidas para outros países que se interessaram –como Reino Unido, Bélgica e Espanha. A Argentina recebeu os arquivos no ano passado, 2014.

    São cerca de 106 mil clientes (8.667 relacionados ao Brasil) que mantinham perto de US$ 100 bilhões no HSBC de Genebra, nos anos de 2006 e 2007, segundo informações compiladas pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, que comanda a investigação desse caso em parceria com o jornal francês “Le Monde”. No caso do Brasil, o saldo total das contas é de aproximadamente US$ 7 bilhões. A apuração brasileira está sendo publicada no UOL e no “Globo”.

    Segundo José Eduardo Cardozo, o acordo de cooperação na área judicial entre Brasil e França deverá facilitar o acesso aos dados.

    O acordo em vigor entre o Brasil e a Suíça é mais restrito do que o firmado com o governo francês e não autoriza fornecer informações apenas com base em possíveis crimes fiscais ou de evasão de divisas.Cardozo disse ter considerado as revelações publicadas na 5ª feira (12.mar.2015) no UOL e no jornal “O Globo” “de grande abrangência e mostrando como se trata de algo que merece ser averiguado”.

    Embora os dados sejam de uma agência do HBSC na Suíça, é o governo francês que teve acesso a todo o acervo de informações por meio de um ex-funcionário daquela instituição bancária, Hervé Falciani. Ele retirou tudo do escritório do banco em Genebra e entregou os arquivos para o governo da França.

    Em 2010, a então ministra da Economia da França, Christine Lagarde, repassou os dados para o governo da Grécia. Mais adiante, as informações foram fornecidas para outros países que se interessaram –como Reino Unido, Bélgica e Espanha. A Argentina recebeu os arquivos no ano passado, 2014.

    São cerca de 106 mil clientes (8.667 relacionados ao Brasil) que mantinham perto de US$ 100 bilhões no HSBC de Genebra, nos anos de 2006 e 2007, segundo informações compiladas pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, que comanda a investigação desse caso em parceria com o jornal francês “Le Monde”. No caso do Brasil, o saldo total das contas é de aproximadamente US$ 7 bilhões. A apuração brasileira está sendo publicada no UOL e no “Globo”.

    Segundo José Eduardo Cardozo, o acordo de cooperação na área judicial entre Brasil e França deverá facilitar o acesso aos dados.

    O acordo em vigor entre o Brasil e a Suíça é mais restrito do que o firmado com o governo francês e não autoriza fornecer informações apenas com base em possíveis crimes fiscais ou de evasão de divisas.”

    “O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, teve uma reunião na semana passada com o embaixador da França no Brasil, Denis Pietton, e discutiu todas as possibilidades de colaboração para ter acesso aos dados dos clientes brasileiros na agência de “private bank” do HSBC de Genebra, na Suíça.

    “Estive na reunião com o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia. O embaixador francês foi muito solícito e nos disse que o pedido deve ser enviado a um juiz de instrução, na França, e que certamente seria concedida a autorização para termos acesso aos dados e receber tudo. Será um caminho rápido, de alguns dias. Embora não seja possível dizer exatamente quando chegam os dados”, relata Cardozo.

    Se for necessário, o ministro disse que pode viajar à França para acelerar o processo. “Todos esses fatos devem ser apurados com muito rigor. Mas precisamos, primeiro, ter acesso oficial às informações. Só assim será possível investigar no âmbito criminal, por meio da Polícia Federal, e no âmbito fazendário, com a Receita Federal”.

    1. O ministro Zé se dispõe ao

      O ministro Zé se dispõe ao sacrifício de ir à França para conhecer melhor o assunto Lista do HSBC. Dedicação é isso aí.

  13. Fernando Rodrigues laranja

    Fernando Rodrigues foi um simples laranja. Ele não tem casife para ser possuidor de um furo de reportagem dessa magnitude. Deixou-se levar na conversa que seu nome entraria para a história. Não compreendeu que a história de seus patrões continuaria no submundo, enquanto que o seu ficaria manchado tal a cor de uma laranja. Amarelão. 

  14. Swissleaks – Observatório da Imprensa

    Nesta matéria o FR tenta sair da saia justa enfatizando a necessidade de investigar, respeitando o direito da dúvida. Muito válido esta posição mas como fica muito claro, ela vale somente para os amiguinhos do andar de cima; sendo o acusado do PT a dúvida não existe.

    Como salientou o Nassif, nosso amiguinho FR além de proteger, ainda não dispõe de competência para a apuração.

     

    https://youtu.be/yf1DRoP3Bxc

  15. Fernando Rodrigues e o jornalismo de hoje

    Fernando Rodrigues é a cara do jornalismo da grande mídia: precisa pedir autorização do patrão pra escrever. Covarde, isso mesmo, um covarde que não merece o nome de jornalista.

  16. F. Rodrigues

    Via a fala dele no Dines. Ridículo, irônico…. não sei qual adjetivo. O grande furo q todo jornalista sonha. Furo é o q se divulga de primeira mão. Sentou em cima do furo.

  17. Sei não, Nassif… Esses

    Sei não, Nassif… Esses repórteres especiais da Folha/UOL, como ele e Josias de Souza, ficaram viciados em comer na mão do Dr. Otavinho. Ele não amarelou não, que só amarela quem tem um mínimo de disposição de jogar o jogo. E acabou fazendo, de forma bem premeditada, o jogo da nossa grande Imprensa familiar; que, a exemplo do Clarin da Argentina, deve estar metida até o pescoço nesta monumental falcatrua. À conferir…

  18. Ava Gardner e Carlos Augusto!!!
     

    Agosto 2012

    Ava Gardner e o cantor cearense Carlos Augusto

    Ayrton Rocha enviou-me de Fortaleza um CD com músicas selecionadas por ele na voz do saudoso cantor cearense Carlos Augusto. Ao ouvi-lo lembrei da história, até hoje não explicada, de que o cantor cearense teria negado fogo num encontro amoroso com Ava Gardner.

    A famosa atriz norte-americana nasceu em Grabtown, na Carolina do Norte. No livro biográfico de Frank Sinatra, escrito por Bill Zehme, foi apresentada como a “mulher-criança e deusa libertina, de olhos cor de esmeralda e pés descalços, que fora casada com Mickey Rooney, Artie Shaw” e que quase leva Frank Sinatra à loucura. Aos 26 anos já era uma estrela de primeira grandeza.

    Nos anos 50 era vendido no comércio um copo longo para uísque com três inscrições: na marca de uma dose estava escrito mulher, homem para duas doses e, quase na boca do copo, estava lá: Ava Gardner.

    Segundo o jornalista norte – americano Bill Zehme, da revista Esquire, Ava “flertava bem, fumava muito, adorava esportes sanguinários, xingava bem, gostava de espaguete, de sexo e sabia colocar o dedo direitinho na ferida”.

    Ela desembarcou no Rio em 1954 para promover seu filme Condessa Descalça. Estava com 34 anos e no auge da carreira e da fama. O Rio de Janeiro que sempre se desmanchou aos pés de celebridades, na época ainda mais provinciano do que hoje, enlouqueceu com a chegada da atriz.

    Fazia pouco tempo da morte de Getúlio Vargas e os agentes de segurança temiam que o país fosse abalado por uma revolução. O tumulto de fato ocorreu, mas foi provocado pela presença dela. A confusão começou no aeroporto do Galeão. A multidão rompeu o cordão de segurança.
    Ela se queixou muito das “mãos bobas”. Depois de muito sufoco e empurra-empurra, Ava conseguiu entrar num táxi. Mas o carro não dava partida. Ela, nervosa, tirou o sapato do pé e bateu na cabeça do motorista. E lá se foram rumo ao hotel Glória.

    Ava Gardner não gostou nada do apartamento que lhe foi reservado. Conta-se que ela quebrou tudo que havia no quarto depois de discutir com o gerente que a expulsou de lá. Os jornalistas Sérgio Augusto e Henrique Veltman, que presenciaram toda a confusão, ajudaram Ava a levar suas malas para o Copacabana Palace. Foi lá que ele conheceu o cantor cearense Carlos Augusto.

    Garotão bem apanhado, voz bonita, revelado por Ary Barroso, estava fazendo sucesso, viajando pelo país ao lado de Emilinha Borba. Trabalhava como crooner da orquestra do maestro Copinha. Cantava no Golden Room do Copacabana Palace. Foi lá, tomando um drinque, que Ava se interessou por ele. Apesar da fama de conquistador, quando a atriz o convidou para ir até o apartamento dela, ele se intimidou. Ele estava diante do que o cineasta francês Jean Cocteau chamou de o “animal mais belo do mundo”. Qualquer um tremia, principalmente sendo escolhido por ela. Assim mesmo, depois de muita insistência, eles subiram.

    O que aconteceu lá só os dois sabiam, mas a malícia do povo não se contentou com o silêncio deles. Os fofoqueiros de plantão colocaram a imaginação pra funcionar. Uns diziam que ele negou fogo, brochou e acabou sendo expulso do apartamento. Há quem jure, como o Ayrton Rocha, que o machão cearense foi lá e domou a fera. Ava morreu em 25 de janeiro de 1990.

    Em sua autobiografia a estrela escreveu sobre a passagem pelo Rio, mas apenas explicou o problema ocorrido no hotel. Não dedicou uma só linha sobre qualquer caso amoroso. Veja:

    “ A United Artists não tinha nos colocado no hotel que eu havia pedido, mas sim numa espelunca que cheirava a fumaça e tinha mais queimaduras de cigarro do que a Carolina do Norte inteira. Por isso me mudei calmamente para o hotel que eu queria. Na manhã seguinte, no entanto, os jornais contaram uma história completamente diferente. Eu tinha chegado bêbada, fazendo confusões, descalça (era verdade que eu tinha chegado descalça, pois o salto do meu sapato quebrara quando fui amassada por uma multidão no aeroporto). Eu destruíra meu quarto, e a gerência do hotel, para provar a coisa, logo chamou fotógrafos, sem ter outra opção a não ser me expulsar.

    O que realmente aconteceu foi que o hotel, numa espécie de vingança por eu ter decidido me mudar, contratou um verdadeiro exército destruidor menos de uma hora depois que saí. Quebraram todos os espelhos, atiraram garrafas de uísque por toda parte, destruíram a mobília, arrasaram literalmente com tudo.

    Nem vamos considerar que eu não teria conseguido fazer todo aquele estrago mesmo com machados e uma semana para trabalhar. Todos acreditaram nas manchetes. Nem uma entrevista à imprensa e nem uma desculpa do governo brasileiro fizeram com que a verdade vencesse a mentira nos jornais do mundo inteiro.”

    Como ela não se explicou, as histórias ganharam versões. Carlos Augusto teria sido ameaçado pelos seguranças da atriz, que prometeram castrá-lo caso abrisse a boca. Ayrton Rocha, que foi contemporâneo dele e de suas irmãs Cleide e Adamir Moura, duas vozes lindas que fizeram sucesso como as Irmãs Vocalistas, conta que Ava Gardner e Carlos Augusto foram além de uma noite de prazer. “Tiveram, sim, um romance de muito uísque e grande paixão.” Segundo ele, os dois seguiram do Rio para Buenos Aires, onde teria surgido um fato novo. O produtor americano de Ava, que viajava com eles, era apaixonado por ela e ninguém sabia. Na capital argentina, o cara se descontrolou e explodiu seu ciúme. Atirou em Carlos Augusto que escapou por pouco. Foi quando ele decidiu retornar, deixando aquela perfeição de mulher e um amor impossível.

    Seja como foi, Carlos Augusto, que morreu em outubro de 1968 aos 36 anos num acidente de carro perto de Fortaleza, nunca desmentiu nem afirmou essa história que virou lenda no Rio. Quando lhe perguntavam sobre aquela noite no Copa – comeu? Ele, com olhar enigmático, apenas esboçava um sorriso, como quem diz: “O que você acha?”

    (*) Wilson Ibiapina (Ibiapina), jornalista, leia também no blog Conversa Piaba:http://conversapiaba.blogspot.com.br/

     

    http://www.casadoceara.org.br/index.php?arquivo=pages/blog/perfil_wilson/e0812A.php

     

      1. Eu tambem. Adorei mais veu

        Eu tambem. Adorei mais veu uma noticia escondida na seção MERCADO( quem lê?) bem la no rabinho da FOLHA. Todas as familias da chamada grande mídia envolvidas. Corruptos golpistas. Famíla Marinho( ate dona Lily , a classuda?) Familia FRias, e a familia SAAD?

    1. Luciano,

      essas biografias estão cheias de furos. Ava Gardner não é americana de nascimento. Ela nasceu na Suécia e cresceu  la. E foi la que ela começou como manequim e depois fez alguns filminhos mudos. Dai em diante, ela fez alguns filmes na Alemanha (ou um so, muito famoso do cinema mudo, onde dizem, teria contracenado com a jovem estreante Marlene Dietcrich. Mais tarde sua grande rival). E so apos esse periodo (antes dos 20 anos) é que ela foi levada para os Estados Unidos, onde a metamorfesearam fisicamente. E tem mais… ela também seria bissexual… Ava bandonou o cinema muito nova, antes dos quarenta anos, e viveu algum tempo em Paris, onde costumava andar a pé pela cidade toda. Muitos parisienses cruzavam com Ava pelas ruas, mercados e café. Alguns contam historias sobre seus habitos na cidade. Marlene, que era terrivelmente sarcastica, irônica e cinica , que também viveu em Paris, costumava dizer “se vc quer encontrar com Miss Gardner, é so andar por Paris. Ela bate perna o dia todo.” Morreu na Suécia, onde esta enterrada ou foi cremada, senão me engano. No mais, é verdade que ela tinha uma personaldade forte, mas era do tipo silenciosa, discreta e foi muito solitaria.

  19. Se deus fosse brasileiro,

    Se deus fosse brasileiro, frodrigues não existiria e essa lista teria caído nas mãos de um jornalista competente, corajoso e, acima de tudo, honesto. Mas olha só o que aconteceu: do cofre do HSBC para o cofrinho do frodrigues. 

  20. Delação negociada, este sim, esse não…

    A lista não serve como prova mas como objeto de denúncia para iniciar a investigação.

    Se bem que, denúncia e provas tem sido meros “acessórios processuais secundários” para a Justicia brasileira. Para ela, valem todas as hipóteses, QUAISQUER hipótesis… desde que sirvam à interesses vários.

    O jornalista piguento vacilou ao mesmo tempo que “prevaricou”. Inocente aquele que acredita que quis proteger provas e não contaminar a investigação. Essa versão é a menos provável.

    Pois há outros caminhos mais fáceis para invalidar ou esconder provas e denúncias.

    É só consultar lá no Projac, com o pessoal da Globo,…

    1. Duas coisas

      Duas coisas: Esse cara veio de uma redação em que havia uma maxima: “Essa é uma hipotese não foi comprovada, mas que não pode ser descartada”. Usada para justificar uma publicação com objetivo unico de abater uma potencia candidata a Presidente da Republica. Segunda coisa, sendo funcionario de quem é, ele esta procurando provas para incriminar unica e tão somente um daqueles 4 “Ps” que se pode denunciar sem provas, basta uma manchete.

  21. Só em desmascarar

    o “grande pensador” da Veja e da Abril, o Guzzo, já me dou por satisfeita. Só para para refrescar a memoria, em 2006 a Veja acusou Lula de ter contas secretas na Suiça. E olha só quem  aparece na lista: um de seus colunistas  mais moralistas a  “cheios de razâo”. Orgasmo.

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