GGN, um projeto baseado no jornalismo colaborativo

Um aspecto interessante, porém não explicitado na mensagem do fundador, é sua eventual relação com o grupo de investidores português Ongoing, que controla os jornais O Dia e Brasil Economico, além do portal iG… Afora esse aspecto curioso, convém observar esse tipo de iniciativa.

Todos serão jornalistas?

O jornalista e empresário Luis Nassif lançou, nesta sexta-feira (03/05), o jornal digital GGN, um projeto baseado no jornalismo colaborativo.

Um primeiro olhar sobre a proposta ainda não impressiona em termos de desenho, recursos técnicos ou inovação, mas, pelos antecedentes do empreendedor, pode-se imaginar suas perspectivas.

Embora apresente um aspecto ainda modesto, a iniciativa tem grande potencial para agregar produtores de notícias e opiniões espalhados pela rede digital de informações.

GGN se apresenta como “o jornal de todos os brasileiros” e, segundo seu criador, vai propor um “jornalismo de mediação numa plataforma de construção coletiva do conhecimento, com informações e coberturas estruturadas, onde a notícia do dia é apenas uma última atualização dos fatos”.

Trata-se, segundo seu enunciado, do primeiro jornal colaborativo do Brasil.

Na edição inaugural ainda há pouco conteúdo, mas os leitores-colaboradores são convidados a enviar textos, fotos, vídeos e desenhos, que serão provavelmente agregados por temas.

Um aspecto interessante, porém não explicitado na mensagem do fundador, é sua eventual relação com o grupo de investidores português Ongoing, que controla os jornais O Dia e Brasil Economico, além do portal iG.

GGN também está hospedado no site horia.com.br e tem como um dos administradores um profissional ligado ao grupo Ongoing, configuração diversa daquela usada para o controle da empresa original de Nassif, a Agência Dinheiro Vivo.

Aliás, embora seja o anfitrião do convite para o lançamento do projeto, Nassif não consta no registro do domínio como seu proprietário ou controlador.

Afora esse aspecto curioso, convém observar esse tipo de iniciativa.

O impacto das mídias digitais no ambiente comunicacional é bastante conhecido mas ainda não há estudos conclusivos sobre as mudanças que essa ruptura pode produzir no futuro próximo.

Alguns analistas costumam acompanhar a evolução das tecnologias e os novos negócios que estimulam, e que estão criando um ecossistema diferente daquele que marcou a história do capitalismo nos dois séculos anteriores.

O jornalismo colaborativo, inaugurado com o advento do wikinews.org, já tem dez anos, mas ainda não produziu o impacto anunciado.

A ecologia da informação

Ainda não se pode avaliar o nível de ambição do jornalGGN, mas sabe-se que a tecnologia de agregação computadorizada de conteúdos avançou muito nos últimos três anos, abrindo a possibilidade de construir pacotes de informações sem a participação de um editor humano.

O sistema conhecido como adnetwork, ou rede de anúncios, criado por uma empresa americana para selecionar, atrair e organizar espaços publicitários, ao mesmo tempo que monitora as impressões do público, vem sendo adaptado para o jornalismo.

Em cima dessa plataforma tecnológica, um empreendedor clarividente apoiado por investidores pode causar um efeito significativo no mercado de mídia.

Não se pode sequer especular se esse é o caso da iniciativa que tem como arauto o jornalista Nassif, principalmente porque o projeto colocado no ar nesta sexta-feira ainda tem poucos recursos e se apresenta com a formatação convencional dos sites tradicionais.

No entanto, pode-se afirmar que o conceito de agregadores faz muito sentido num contexto em que a mídia tradicional enfrenta um processo de entropia no ambiente comunicacional.

Se for considerado o exemplo do ecossistema biológico, aquilo que se pode chamar de ecossistema da informação promete ser mais rico e dinâmico quanto maior for a diversidade de seus biomas – conceito que aqui poderíamos trocar pelo neologismo infoomas.

Aquela nebulosa que era chamada de ciberespaço continua se expandindo e se diversificando.

As redes de relacionamento virtual se consolidam como uma nova forma de sociabilização na qual a conexão substitui, amplifica, filtra e renova os vínculos sociais.

Por trás das atividades dos usuários, os algoritmos se desenvolvem celeremente como vírus no organismo vivo, alimentando-se das informações fornecidas pela comunicação entre os indivíduos.

Esse sistema de sistemas está sendo apropriado por um novo tipo de marketing, criando controvérsias sobre invasões de privacidade.

Por que não poderia servir para abrigar um novo jornalismo?

Redação

8 Comentários

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  1. Boas Vindas ao GGN!

    Olá Nassif e Nov@s Amig@s GGN,

    Estou com 51 anos de idade e posso dizer que fui criado nesse ambiente da massificação da notícia como polarizadora e norteadora de idéias que constroem e moldam os rumos que nossa sociedade se organiza. Devo ter sido mais um deslumbrado com a televisão e suas mensagens, assim como muitas outras pessoas devem ter sido também.Quando eu percebi o quanto a mídia comercial (erroneamente auto-intitulada “grande mídia”) acabava por prestar um serviço parcial, injusto e às vezes irracional aos fatos históricos e sociais de nossas vidas, sai a procura de alternativas mais interessantes e mais confiáveis. Mas aqueles anos de minha juventude e maturidade, os conhecidos obscuros anos 70, ainda não tinham um cardápio mais atraente para oferecer  e mais diverso em que eu pudesse confiar.

    Salvo uma ou outra publicação mais corajosa- na maioria das vezes fadadas a uma extinção rápida- me sentia órfão de um repassador de notícias  e críticas imparciais à altura de minha sede por uma boa informação.

    Ao passar dos anos, com o advento da rede mundial de computadores se desenvolvendo e mais recentemente as redes sociais ultrapassando a casa do seu primeiro bilhão de usuários, senti uma espécie de alívio e perspectivas do exercício livre pressuposto na comunicação livre e direta para os cidadãos.

    Para mim a internet é o instrumento mais livre e democrático que eu pude experimentar e exercitar nesses meus anos de vida.

    Sinto e pressinto que essa ferramenta poderá libertar da ignorância programada pelo atual sistema financeiro sob o qual vivemos todas aquelas pessoas que almejam se expressar, interagir e colaborar com um novo mundo possível. Talvez um mundo menos coisificado e mercantilizado e com perspectivas de um salto qualitativo nas relações do animal humano com a natureza.

    O jornalismo colaborativo é uma das ferramentas que poderá trazer luz para esse túnel escuro que se tornou o jornalismo de massa nacional e internacional.

    Na esperança de novos horizontes imparciais, ágeis na transmissão de notícias e na alimentação dinâmica da informação como meio de evolução do ser humano em sociedade, venho desejar aqui vida longa e ótimas matérias ao GGN!

    Sinto-me acolhido nesse espaço, que, espero, ultrapasse o virtual e venha ajudar na construção de novos rumos para o jornalismo e a critica nacional.

    Abraços cordiais,

    Cabeto Rocker Pascolato

    Toronto, Ontário, Canadá

  2. Sucesso à iniciativa

    Boas vindas e vida longa ao Jornal GGN. Nos últimos três anos, os blogs do Nassif, Azenha, Paulo Henrique Amorim, Brizola Neto e de outros brasileiros e brasileiras incansáveis me abriram os horizontes. Nunca havia lido notícias e análises sobre tantos temas – principalmente os ligados à política e economia do País -, nem tido contato com tanta diversidade de opiniões. Posso dividir minha experiência pessoal em antes e após os blogs. Sem dúvida, o conteúdo rico e plural dessa nova mídia, feita por e para os brasileiros que efetivamente constroem a realidade, veio para transformar nossas vidas. Muito sucesso e contem comigo.

  3. Bovespa & Judiciário – Capitalismo à brasileira

    vou poupar este, mas, por favor, repensem a diagramação para não ofender a inteligência dos que aqui ainda vem.

    Censura é covardia expressa.

  4. Olha, eu sou jornalista. Sou

    Olha, eu sou jornalista. Sou fã de blogs e meios alternativos de informações. Consulto muitos blogs pelo país e gostaria de ver mais e mais jornais colaborativos ativos. O Brasil Wiki, por exemplo. Infelizmente esse site não está sendo mais atualizado.

    Eu escrevo de tudo e as pessoas adoram conteúdos de blogs, como no meu blog Jogos Para Xbox, onde dou detalhes de games, fugindo da mesma de sites grandes de notícias sobre o assunto. Também tem muita mídia especializada em receitas culinárias, mas no meu outro blog Saboreie Receitas Culinárias, a galera sempre comenta, fala que pode ser blog é legal…

    O mais legal dos blogs também é que para quem trabalha com otimização SEO, como eu, os blogs são bem vistos pelos mecanismos de busca, e por muitas vezes conteúdos colaborativos ganham mais destaques. 

    Adorei seu artigo e sempre vou acompanhar esse site.

    http://www.paulosebin.com.br

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