Globo tem offshore nas Bahamas e não apresenta declaração à Receita Federal

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Reportagem do site Poder 360, parte da série Paradise Papers, mostra que a família Marinho, dona da Rede Globo, possui uma offshore nas Bahamas desde 1983, com a desculpa de que ela era usada para venda de programação internacional.
 
O portal solicitou, mas a Globo não quis enviar o comprovante de que as autoridades brasileiras têm conhecimento dessa offshore.
 
“Não é ilegal brasileiros serem proprietários de offshores, desde que devidamente declaradas à Receita Federal e ao Banco Centra”, destacou o portal.
 
“Apesar de solicitado, não foi enviado ao Poder360 documento que comprove a devida declaração ao Fisco por parte dos membros da família Marinho ou da TV Globo Ltda”, denunciou.
 
A reportagem também abordou as contas do grupo Abril em paraísos fiscais.
 
Por Ana Krüger
 
Paradise Papers têm dados de offshores do Grupo Globo e Editora Abril
 
No Poder 30
 
Entre os mais de 13,4 milhões de documentos investigados nos Paradise Papers o Poder360 identificou registros de offshores e trusts relacionados a empresas de comunicação brasileiras. Entre elas, a Editora Abril e o Grupo Globo.
 
No caso do Grupo Globo, membros da família Marinho são apontados como diretores da Global International Company Limited. A TV Globo Ltda. aparece como principal acionista. De acordo com os documentos, a offsfhore é controlada pela família, pelo menos, desde 1983.
 
A offshore mantida pelo Grupo Globo foi registrada nas Bahamas. Ao longo dos anos, a diretoria da empresa sofreu algumas alterações, mas sempre com a presença dos Marinhos.
 
Nos documentos estão o patriarca Roberto Marinho (1904-2003) e os filhos Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho e José Roberto Marinho.
 
Os arquivos foram obtidos pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung a partir de 2 escritórios especializados em offshores e em bancos de dados de 19 paraísos fiscais, que mantêm esses registros de maneira secreta. Paraíso fiscal é como se convencionou classificar países nos quais cobra-se pouco ou nenhum imposto.
 
Não é ilegal brasileiros serem proprietários de offshores, desde que devidamente declaradas à Receita Federal e ao Banco Central.
 
O Grupo Globo foi contatado pelo Poder360. Enviou, por meio de sua assessoria de imprensa, a seguinte resposta: “A Globo International, com sede nas Bahamas, era de titularidade da Globo Comunicação e Participações S/A (GCP) e sua função era a venda de programação internacional. Foi extinta em 2011, e sua atividade passou a ser realizada pela GCP diretamente”.
 
Apesar de solicitado, não foi enviado ao Poder360 documento que comprove a devida declaração ao Fisco por parte dos membros da família Marinho ou da TV Globo Ltda.
 
RBS
O envolvimento do Grupo Globo com offshores em paraísos fiscais vai além da família Marinho. O chairman e presidente do Grupo RBS, Eduardo Sirotsky Melzer, é ligado a 1 sub-trust administrado pela Appleby. O Grupo RBS é a maior afiliada da Rede Globo no Brasil e é responsável pela programação no Rio Grande do Sul.
 
Documentos analisados pelo Poder360 nos Paradise Papers mostram que o sub-trust é vinculado ao AF Wealth Preservation Trust. De acordo com o site Justia Trademarks, o trust é dedicado a prover soluções em segurança financeira para clientes internacionais.
 
Dados obtidos pela investigação mostram o modo de operação da empresa. A AF Wealth Preservation Trust (chamada Master Trust) recebe os ativos dos aplicadores (settlor). Cada settlor se torna proprietário de 1 sub-trust. Neste caso, Sirotsky é o settlor.
 
Esses sub-trusts, por sua vez, são administrados pela Appleby (trustee) e protegidos por uma entidade identificada como R&H. Os beneficiários destes sub-trusts podem ser o próprio settlor e/ou sua família.
 
Registros mostram que a empresa se dedica, entre outros objetivos, a minimizar os riscos associados à propriedade das apólices de seguro offshore, administração de ativos em busca de potenciais credores e fornecimento de soluções de segurança financeira.
 
Segundo 1 powerpoint obtido pela investigação, uma das ferramentas usadas pela AF Wealth Trust para proteger os ativos de seus clientes é entregar apólices de seguro de vida offshore. A reportagem obteve acesso ao documento assinado pelo chairman da RBS:
 
 
O Poder360 pediu que o executivo comprovasse que o sub-trust foi devidamente declarado ao Fisco. Por meio de sua assessoria de imprensa, Sirotsky negou qualquer irregularidade:
 
“Desde 2013, Eduardo Sirotsky Melzer tem uma participação como investidor na AF Wealth Preservation. A operação está regular com a Receita Federal”. Da mesma forma que o Grupo Globo, ainda que solicitado, não foi apresentado documento que reforçasse a regularidade fiscal.
 
EDITORA ABRIL
O grupo Abril, cujo título mais famoso é a revista semanal “Veja”, está relacionado a 4 offshores registradas em Cayman, 1 paraíso fiscal caribenho. Documentos investigados pela reportagem relacionam o conglomerado à Editora Abril S.A.; à Abril Investments Corporation; à Mogno Corporation e ainda à Cedro Corporation. Todas as empresas são vinculadas à sede do grupo, em São Paulo.
 
Os arquivos a que o Poder360 teve acesso indicam a participação da Editora Abril na liquidação da Mogno Corporation e da Cedro Corporation. O liquidatário, responsável pelo processo, é apontado como Manoel Bizarria Guilherme Neto, diretor do Grupo Abril.
 
 
Os nomes das offshores constam em várias listas de clientes da Appleby e em extratos de movimentações financeiras mantidos pela administradora. A maior parte das transações foi efetuada em 2006.
 
A Editora Abril é responsável pela publicação de 25 revistas no Brasil.
 
Por meio da assessoria de imprensa, o Grupo Abril enviou a seguinte nota:
 
“As citadas empresas, exceto a Mogno Corporation (que não pertence nem nunca pertenceu ao Grupo), foram abertas, registradas e encerradas devidamente junto aos órgãos competentes, tanto no Brasil quanto no exterior, assim como suas respectivas contas. Elas foram divulgadas nos balanços contábeis publicados. A Abril esclarece também que não possui nem nunca possuiu trusts em nenhum lugar do mundo”.
 
Leia mais aqui.
 
 
 
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

9 Comentários

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  1. Ah! Não acredito! A Globo

    Ah! Não acredito! A Globo metida em negócio ilicito? Pois se desonestos nesse país são só o Almirante Othon e os filiados do PT.

  2. Globo: inimiga do Povo

    Destruir o poder político da Globo é extremamente fácil…

    Mas é preciso um cabra arretado como o Brizola. Parece que esse cabra não existe mais…

  3. Sonegação dos Marinhos
    Agora se entende a exposição desmedida que os meios informativos proporcionaram às declarações de cunho preconceituoso, emitidas por um dos seus porta vozes. William Waack foi boi de piranha. Enquanto se discute sobre racismo, por declarações vertidas há um ano, notícia bem mais relevante é obstada ao grande público. A velha estratégia de lançar fumaça para distrair os hipnotizados receptores da informação. E a vida segue, sempre com o dedo em riste a apontar os erros alheios. Seria interessante que a bancada de oposição requisitasse à receita federal os dados desses contumazes sonegadores. Sonegam impostos e a verdade factual.

  4. MISSÃO#1: DESTRUIR O MITO QUE OFFSHORE É INVESTIMENTO!!

    A primeira coisa necessária a se fazer é destruir esse mito ingênuo que ter uma offshore pode ser uma simples opção de investimentos onde o cidadão busca menos burocracia.

    POUQUÍSSIMAS PESSOAS TEM UMA REALIDADE NA QUAL SEJA ÚTIL TER UMA OFFSHORE!!!

    Uma dessas pessoas foi Paulo Coelho que foi pego com contas na Suíça e explicou que era necessário pois ele vendia livros em toda Europa.

    Todos os jornais que abordam o assunto deixam claro que ter um offshore pode ser legal se a pessoa declarar… isso é óbvio… mas é um investimento inútil, não rentável e de difícil acesso para a maioria das pessoas.

    Os comentaristas chegam a defender a prática dizendo que é para pagar menos imposto… pois imposto seria roubo….desviam o foco totalmente.

    No Brasil, ter Offshore é indício forte de corrupção, propina, desvio de dinheiro público!

    Um desses doleiro da Lava-Jato chegou a dizer que recebia 150 mil para movimentar contas… mais que belo investimento é esse!!! “O cartão de crédito da Globo deve ter uma anuidade de 160 mil… por isso é melhor ter uma offshore…”

    Aliás… esses bacanas que falam que tem offshore para não pagar impostos já devem milhões em impostos!!! A Globo mesmo, além de sonegar, não pagar, ser perdoada… ainda usa offshore.

  5. Funcionária da Receita

    Eu quero saber sobre o dossiê contra a rede Globo que foi furtado da receita por uma funcionária. O caso não foi para frente e a Globo foi poupada de milhões. Tem ainda o caso da casa na praia (dos Marinho) que apareceu naqueles papéis (panamá papers) da Fonseca…

  6. Paradise papers

    Ficam todos pianinho quando saem essas divulgações de gente grauda nos paraisos fiscais. Devem estar todos la: Globo, Abril, Estadão, Folha etc. 

  7. Juntando todos os vazamentos ocorridos… QUAL FOI A PUNIÇÃO???

    Já foram no mínimo 5 vazamentos de banco de dados gigantes contendo milhares de clientes em situação suspeita.

    Que eu me lembre sem usar o google teve Swileaks, HSBC, PanamaLeaks, Bahamas e agora esse Paradise Paper… cada um desses esquemas continha milhares de pessoas e os dados eram fartos e de fácil investigação:

    1-ALGUÉM FOI PRESO???

    2-ALGUM ESQUEMA FOI DESBARATADO???

    3ALGUMA LEI FOI PROPOSTA PARA COIBIR A PRÁTICA???

    4-EXISTE ALGUMA “FORÇA TAREFA” DA POLÍCIA INVESTIGANDO???

    “the answer my friend… is blowing in the wind…”

     

    7000 CONTAS FORAM ABERTAS NA SUÍÇA… ISSO AÍ É UM PROCESSO DEMOGRÁFICO CONSIDERÁVEL… MAIS IMIGRANTES PRA SUÍÇA FORAM ABRIR OFFSHORE DO QUE ALGUNS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS ESTUDADOS NAS CIÊNCIAS SOCIAIS.

     

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