Claudio Leal
Alvo de ataques de aliados da pré-candidata Dilma Rousseff (PT), o coordenador da campanha de José Serra (PSDB) na internet, o cientista político Eduardo Graeff, reage com “um certo conforto” às hostilidades do “outro lado”. Ex-secretário-geral da Presidência no governo FHC, Graeff é acusado de ser o “brucutu-chefe da guerra suja tucana” na web, como definiu o deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ).
“Nas entrevistas, Serra diz que vai manter o alto nível e não faz ataques ao presidente Lula, porque ele é popular. Mas a campanha no site do PSDB é o inverso do que Serra diz, desmente tudo isso. Na internet, eles usam baixarias contra Dilma, numa página mantida pelo PSDB, o Gente que mente”, acusa o pedetista, que levou o confronto à tribuna da Câmara Federal.
Mas Graeff transmite bom humor ao desconforto: “Eles (do PT) estão errando muito. O meu medo é que eu tenha meus 15 minutos de fama enquanto eles se reorganizam”, cogita.
– Você leu o texto do Kotscho? – pergunta Graeff.
Na quarta-feira (28), o jornalista Ricardo Kotscho, ex-secretário de imprensa do governo Lula, publicou em seu blog o artigo “Campanha de Serra começa na frente”, no qual avalia que “Dilma começou sua campanha solo em maré baixa, com tropeços verbais, agenda errática, problemas na coordenação inchada e o mau uso da estrutura de internet”. Graeff ponga na análise de Kotscho:
– Eles vão mal. Então, o que têm que fazer é sair atirando pro outro lado.
O coordenador da campanha tucana defende a existência do site “Gente que mente”, linkado na página oficial do PSDB. No caminho inverso da estratégia de Serra na televisão, a página elenca as “mentiras” de Lula e Dilma, contando com uma “Pinoquioteca”. “Modelo Dilma: empreiteira fica com lucro, contribuinte paga conta”, diz um dos textos, sobre o leilão da usina Belo Monte. Risonho, Graeff expõe:
– Para o “Gente que mente” não existir, é só o outro lado não mentir tanto. Basta não mentir! Há uma insinuação deles, e um desmentido. Por isso fazem uma campanha contra o site. Eles (os petistas) tiraram do ar o anúncio dos 45 anos da Globo. Agora eles querem tirar nossa página.
O tucano admite que criou o domínio “petralhas”, registrado pelo Instituto Social Democrata, criado pelo ex-presidente FHC. O inativo “www.petralhas.com.br” nasceu sob inspiração do livro do jornalista Reinaldo Azevedo, “O país dos petralhas”, uma palavra-valise que vincula os petistas aos irmãos metralhas. Graeff volta a sorrir, ao ser questionado sobre o uso da gíria:
– É uma discussão sobre o nada. Não existe o site “petralhas”, só existe o domínio. Isso faz uns dois anos, foi na época em que saiu o livro do Reinaldo (Azevedo), que me chamou a atenção para a palavra. Enxergaram nisso uma ofensa ao PT. Sei que o Reinaldo e outros críticos usam o termo “petralha”, assim como os petistas usam “tucanalha”. É uma palavra.
Graeff prefere “não avaliar” as estratégias digitais da campanha de Dilma, mas refuta a acusação de que estimula a baixaria.
– Acho que seria justo eles apontarem uma baixaria. “Gente que mente” faz críticas específicas. Se apontassem alguma impropriedade… Mas não apontam. O que podemos fazer é mudar de “gentequemente.org.br” para “gentequementeeodeiaserdesmentida.org.br” – apunhala, e pela frente.
Para o tucano, o nível da campanha PT x PSDB “tende a piorar e melhorar” na web.
– Como a internet é um veículo de comunicação segmentado e às vezes segregado – as pessoas que pensam igual se juntam -, tanto pode levar a coisas construtivas, tanto pode ter debate de alto nível sobre a questão do clima, quanto pode ter um de mocinhas anoréxicas para que elas continuem anoréxicas.
Nesta semana, o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA), apoiador da candidatura de Serra, publicou em seu site um artigo adulterado da cronista Danuza Leão, falsamente atribuído à jornalista Marília Gabriela, com ataques a Dilma Rousseff. Depois do protesto da apresentadora, em entrevista a Terra Magazine, e da notificação de um advogado, Aleluia apagou o texto. Graeff comenta a armação contra Marília Gabriela:
– Essas coisas acontecem. Cansei de receber e-mails com uma comparação entre os governos Fernando Henrique e Lula, atribuído à “The Economist”. É um exemplo de baixaria. Não é um insulto, mas uma mentira.
Ele relembra o episódio da “Carta Brandi”, publicada pelo udenista Carlos Lacerda na Tribuna da Imprensa, em 1953. Os documentos forjados, atribuídos ao deputado argentino Antônio Jesús Brandi, revelavam um acordo secreto entre o então ministro do Trabalho de Getúlio Vargas, João Goulart, e Juan Domingo Perón.
– A política tem um lado que é muito bruto, as piores coisas que as pessoas são capazes de fazer. A internet torna a difusão desse tipo de coisa mais rápido, mas também desconstrói. Por quanto tempo a “Carta Brandi” resistiria na internet?
Eduardo Graeff garante que não se importa em ser o alvo das tijoladas contra a campanha de José Serra na internet. “Eles vão me atacar? Desespero. Não me importo. Podem atacar”. E outra vez gargalha.
Graeff nunca foi dos mais espertos. Levará algum tempo para cair a ficha sobre os efeitos da revelação dessas baixarias sobre sua imagem. Daqui a pouco, até seus chefes acharão mais prudente se afastar dele.
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