Grupo Abril anuncia pedido de recuperação judicial

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Divulgação
 
Jornal GGN – O Grupo Abril anunciou nesta quarta-feira (15) que entrou com um pedido de recuperação judicial, justificando-se pelo impacto dos meios digitais no mercado de comunicação e pela profunda crise econômica no Brasil. No anúncio, a editora que está perto de completar 70 anos desde que foi fundada afirmou precisar submeter à recuperação R$ 1,6 bilhão a ser negociado com seus credores. 
 
“A medida, prevista em lei, serve para que a empresa possa buscar um novo equilíbrio de suas contas, afetadas nos últimos anos por uma combinação de duas forças negativas”, informou, em nota, a Exame, uma das revistas do grupo.
 
“Uma delas é a ruptura tecnológica que atinge mundialmente as atividades de comunicação – incluindo o jornalismo e a publicidade. A outra diz respeito aos impactos da profunda crise no Brasil, cuja marca mais evidente foi uma queda acumulada de 10% no produto interno bruto per capita, causando a perda de milhões de empregos e dificuldades para inúmeras empresas”, explicou.
 
Entretanto, a reestruturação da empresa vem sendo feita há mais de um ano. Em outubro de 2017, por exemplo, a Legasi (antiga 44 Capital) iniciou diversos cortes para reduzir o endividamento do grupo, que atingia no ano passado R$ 330 milhçoes, de acordo com relatório da PriceWaterhouseCoopers.
 
Com troca do comando da Abril, nas mãos de Marcos Haaland, executivo da A&M, o grupo já havia demitido cerca de 800 funcionários e fechado a produção de parte das revistas e sites. 
 
“Do total de investimentos em publicidade das grandes empresas em 2010, uma fatia de 8,4% era dirigida para revistas. Essa participação caiu para 3% em 2017. A circulação de revistas, no mesmo período, baixou de 444 milhões de exemplares por ano para 217 milhões”, anunciou.
 
O pedido de recuperação judicial foi ingressado hoje na Justiça e ainda precisa ser analisado por um juiz para definir um plano de recuperação, que será apresentado pelos credores da editora em até 60 dias. 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

17 Comentários

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  1. A escolha de Sofia

    Devo desejar a recuperação da empresa e a manutenção dos empregos ou torcer pela falência da Abril por razões ideológicas? Ela tem 9 mil funcionarios. Temos desemprego de 13,5 milhões. Aumenta um nadica de nada.

    1.   Imagino que você esteja

        Imagino que você esteja brincando ou perdendo a lucidez (espero sinceramente que seja a primeira hipótese). Por esse raciocínio, dá para defender insânias como “vitórias rápidas” dos EUA em invasões e sucesso financeiro para a Globo.

  2. NEGOCIATA DOS LIVROS DIDÁTICOS E ASSINATURAS

    Essa Editora não estava envolvida na venda de livros didáticos e assinaturas de revistas para vários Governos?

    1. NEGOCIATA FEITA ENTRE ‘HONESTOS’

      Este crime produzido entre Livro Didáticos e Assinaturas foi rpoduzido em Governos Redemocratas. Lembram? Os tais “Honetos”. Que fariam Política de outra forma. Que não eram e ainda combateriam as tais Elites. Os AntiCapitalistas. Para quem Política nunca poderia ser Profissão. E deveria haver um revezamento entre os mandatário do Poder. E vocês cairam feito patinhos. Patinho ou Mortadela? Pato Amarelo? 40 anos perdidos entre Medíocres. Mas vou contar uma Novidade. Os medíocres Esquerdopatas estão Bilionários. E compartilhando Lisboa, NY ou Paris.  

  3. Bummmmmmmm

    Esses fomentadores do golpe acreditavam que lascando o Brasil eles não seriam atingidos? Acreditavam eles que os golpistas iriam socorre-los com a grana do trabalhador  brasileiro eternamente? Esqueceram eles que, falindo o Brasil, milhares de empresas fechariam as portas gerando desempregos e a consequente perda de arrecadação, cuja parte das verbas eram   desviadas de suas finalidades para sustenta-los? Queriam “ferrar”  o LULA e estão sendo ferrados. Quero mais é que se explodam.

  4. A mídia, antinacional,

    A mídia, antinacional, financiada e fundada por estrangeiros, sempre exalou ódio ao povo….

     

    O inferno é pouco para eles………

  5. Não passa um dia sem que eu

    Não passa um dia sem que eu ouça a história de alguém que delirou com saida da Dilma e agora amarga, ou a renegociação trabalhistas, ou a demissão sumária. Agora essa turma larga (literalmente) lágrimas amargas, mas merecem um sonoro BEM FEITO. A eles todo o meu desprezo e deboche.

    Vale o mesmo para a Abril. 

  6. Assim como Al Capone foi em

    Assim como Al Capone foi em cana não pelos assassinatos que fez e mandou fazer, mas pela questão fiscal, a Abril, pelo que entendi do post que o Nassif fez sobre a agonia da empresa, se ferrou não pelo jornalismo de esgoto que fomentou mas por decisões empresariais absolutamente desastradas. E nem podem ter a cara de pau de dizer que foi o governo que ferrou com ela, por ter cortados as verbas estatais. Tanto no governo Temer quanto nos goernos petistas não faltou dinheiro do estado. pro grupo. Enfim, a manchete que todos os que prezam a democracia gostariam de ver um dia chegou = “Abril Fechou” rss. A próxima poderia ser a Jovem Pan. 

    1. Veja agonizando.

      Amigão quem sustentava a editora Abril e consequentemente a revista veja era o PSDB através do governo do estado de São Paulo desde Covas até Alckmin passando por Goldman e Serra. E também a prefeitura de SP com todos os seus prefeitos conservadores que ali passaram.

      https://www.viomundo.com.br/denuncias/namarianews-governo-paulista-desova-mais-de-r-155-mi-na-abril-folha-estadao-istoe-epoca-e-panini.html

      1. Sim, toda a tucanada era

        Sim, toda a tucanada era assinante de veja. Até aí é compreensível , afinal a Abril era porta-voz dos tucanos. Agora o que é incompreensível é o governo Lula e Dilma não terem, não digo cortado as verbas de publicidade estatal da Abril, mas reduzí-las pela metade. O governo Lula deu apoio a outros veículos de imprensa, mas não cortou os que descaradamente jogavam sujo contra ele. Bem, o governo petista mostra que ser republicano além da conta é caminho certo pro governo que pratica isso se ferrar. 

  7. E serão demitidos porteiros,
    E serão demitidos porteiros, ascendoristas, copeiros, motoristas, funcionários das gráficas, pessoal administrativo e todos das revistas extintas que ficavam de fora do núcleo político estruturado em torno da Veja.
    A corte de puxa sacos dos Civita que fica concentrada nessa área será preservada até o fim.
    Como sempre quem vai pagar a conta será o andar de baixo.

  8. Bella Notícia
    Muito boa Notícia!Só sera melhor quando esse lico falir de vez!!!!!! Os funcionários deveriam cobrar o Pato Amarelo da FIESP. Muito bom. Hoje é um dia feliz!!!

  9. A Abril Z

    As causas atribuidas em nota ao deblaque do Grupo Abril centram nas mudanças tecnológicas do setor e seu impacto sobre o negócio de revistas impressas. Eu chamo as causas de déficit de inovação, rigidez corporativa e de miopia empresarial. Mas, devem ir além. Podem, também, repousar na perda de qualidade jornalistica e na má governança. 

    Há indicações de que a radicalização política da linha editorial do principal produto, Veja, adotando um modelo de “leitura de consultório médico”, sensacionalista, superficial, não raro, jornalisticamente irresponsável, afastou o público mais qualificado, formador de opinião e de referência. A consequências mais prováveis foram a perda de leitores – disfarçada canhestramente com distribuição gratruita para “assinantes involuntários” – e a queda da receita publicitária.

    A má governança é patente. Passa por erros de posicionamento estratégico e de gerenciamento ordinário. 

    As mudanças no mercado de mídia e comunicação, em curso e se aprofundando, estão postas à mesa há mais de década. A absoluta maioria dos grandes períodicos mundiais se ajustaram e institucionalizaram mecanismos de adaptação permanente. Mantêm-se atentos ao perfil de público, aos meios de interface com o leitor e aos canais de venda e distribuição. Senão acompanhando vis-a-vis, nunca distanciados das tendências de mercado. A Abril parou no tempo.  

    Já a situação econômico-financeira pode ser descrita como castastrófica. Tecnicamente, o seu estado atual é de insolvência e de incapacidade de gerar valor. Mas, isso, também, não se formou agora. Os prejuízos se sucedem a diversos exercícios e os que se viu é um “empurra com a barriga” com base em postura meramente reativa, medidas parciais, tardias e insuficientes.  

    A empresa enfrenta, em destaque, três grandes desafios internos, um de ordem editorial, outro ligado ao modelo do negócio e um terceiro conexo à relação da geração de caixa com o montante da dívida. Todos são graves, exigem enfrentamentos difíceis, complexos e com resultados em longo prazo. Demandam por tempo e por investimento, dois fatores escassos no caso da Abril. Há, ainda, outros fatores a ponderar, dentre eles: poder contar com um time preparado e motivado para lidar com situações críticas e de alto grau de stress; poder dispor de um sistema de gestão adequado para planejar, controlar e orientar a decisão e; poder manter  mercado. Esse tripé sustenta a massa crítica mínima necessária para startar a recomposição das bases do negócio sendo o corriqueiro em situações similares ver essa massa crítica já estar ou ser comprometida, em todo ou em parte.

    Por pior que seja o quadro, a hipótese de salvamento da Abril não deve ser descartada. Pesa contra o pedido de RJ o elevado comprometimento dos ativos frente ao montante da dívida, a inadequação das estruturas de capital, prejuízos operacionais continuados e a insuficiência de bens para garantir credores. Em tese, há o risco do juízo não acolher o pedido e decidir pela decretação da falência. Por outro lado, essa decisão não é usual. Via de regra o Judiciário acolhe o pedido ponderando sobre a função social da empresa. Na sequência, uma administração adequada, com habilidade negocial e gerencial pode, de alguma forma, evitar a falência.

    Pesam contra o sucesso da recuperação, variáveis exógenas, como o cenário econômico adverso e quanto ao objetivo da contratação da atual administração. Não é possível afirmar, mas, simplesmente indagar se a consultoria foi contratada por iniciativa independente dos acionistas e do conselho de administração da companhia ou foi, digamos assim, uma “indicação” dos bancos. Sendo a segunda hipótese seria factível aventar que a missão encerra o resgate ou a mitigação do risco desses bancos. Contribui para essa impressão a marcação de data para permanência dos atuais gestores informada para quando concluida a aprovação do plano de recuperação pela assembleia de credores.

    Alheia a qualquer outra consideração o que, sem sombra de dúvida, merece ressalva é a possibilidade concreta de recomposição do negócio. Mesmo que não vá à total bancarrota não é crível que o Grupo Abril volte ao que foi. O mais provável é que venha a se tornar uma walking dead company, uma Abril Z.

    É aguardar para ver.

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