Imprensa omite histórico de suas fontes, por Augusto Diniz

Partidarização do noticiário diminuiu na imprensa a contextualização histórica de suas fontes. A mídia tradicional tem se tornado palco de relatos sem descrição mínima das pessoas que estão sendo usadas como seus portadores de informação.

Se uma das atividades do jornalismo é contextualizar a informação, vivemos uma das fases mais capengas nisso. O momento atual como este aponta a necessidade ainda maior de se interpor nos relatos dados às notícias, para localizar melhor no tempo e no espaço o fato. Mas não é bem isso que está acontecendo.

Esse problema tem sido identificado com maior frequência em matérias com fontes usadas pela grande imprensa alinhadas ao seu pensamento. Muitas não vêm sendo apresentadas a contento, o que é uma desinformação ao receptor da notícia – principalmente quando a fonte trata de temas que a ela também pode ser objeto de embaraço.

Talvez os casos mais gritantes ocorram no espaço dedicado pela grande imprensa à oposição no Congresso Nacional, seus membros que ocupam cargos-chave na casa e “supostos” lideres de movimentos contra o governo.

Se levantamentos apontam que quase a metade de deputados federais e senadores sofrem algum tipo de investigação pela Justiça, é de se fazer valer entre jornalistas que fontes desse tipo devam ter dobrada atenção quando tratadas em reportagens.

A situação fica mais aguda quando a memória do próprio consumidor da notícia vem à mente com algo desabonador relacionado à fonte ali apresentada, mas que absurdamente foi omitido pelo veículo.

Há momentos até patéticos: fontes sendo tratadas como paladinos da ética, para discorrer sobre moralidade e retidão na administração pública, com histórico de suspeitas de desvios de recursos e improbidade administrativa.

Esse tipo de falha, de não contextualização da fonte na matéria, quando ela deveria ser tratada como “porta-voz por conhecimento de causa”, é um dos piores exemplos do mau jornalismo. Ela dissolve a imagem da imprensa como ambiente do aprimoramento das instituições e aperfeiçoamento do debate.

Um veículo da grande mídia pode argumentar que a não menção de dados comprometedores de fontes pode estar relacionado à posição que elas ocupam – a chamada fonte oficial.

Mas em um ambiente contaminado como este (o político) e de um sistema (o político) reconhecidamente com problemas, não faz muito sentido dar tanta trela a quem se deveria ter redobrado cuidado com o que se ouve – a não ser que o jornal, a revista e a emissora de televisão estejam querendo usar a fonte em prol de seus interesses.

Redação

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  1.  Nas fotos ao lado, Dias
     Nas fotos ao lado, Dias Toffoli, o presidente da 2a. Turma do STF, que promete libertar o chefe da quadrilha dos empreiteiros do Lava Jato, Ricardo Pessoa –  Nesta reportagem da revista Veja desta semana, que começou a circular neste sábado em Porto Alegre, intitulada “Operação Cala-Boca”, fica claro que o chefe da máfia dos empreteiros presos em Curitiba, Ricardo Pessoa, da UTC, vai continuar de boca calada, sobretudo depois de ter vazado para revista uma série de ameaças oblíquas contra Lula, o governo e o PT, recebendo em troca a garantia de vários ministros de que ele e seus companheiros de crime serão soltos pela 2a. Turma do STF, formada pelos ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Teori Zavascki, Celso de Melo e Carmem Lúcia. Dias Toffoli, que não fazia parte da 2a. Turma, pediu para presidi-la e foi para lá. Ricardo Pessoa chegou a dar sinais de que faria delação premiada, mas recuou depoisd as promessas. Há duas semanas, a presidente Dilma Roussef disse a itnerlocutores que o STF  começará a libertar os empreiteiros presos em Curitiba.Ela sabe do julgamento que começará dentro de alguns dias na 2a. Turma do STF.  A revista ouviu ministros do STF e eles confirmaram que os empreiteiros serão soltos pela Corte Suprema, queira ou não queira o juiz Sérgio Moro. Leia toda a assustadora reportagem: Empreiteiros presos e corruptos ainda não alcançados pela Operação Lava Jato depositam suas últimas esperanças em ação no STF que será julgada nos próximos diasPor: Daniel Pereira e Hugo Marques03/04/2015 às 14:55 – Atualizado em 03/04/2015 às 15:30Compartilhe no FacebookCompartilhe no TwitterCompartilhe no Google+Enviar por e-mailVer comentários (0)Em novembro passado, o juiz Sergio Moro determinou a prisão de executivos de oito empreiteiras acusadas de saquear os cofres da Petrobras e, com o dinheiro roubado, pagar propina a políticos alinhados ao governo, sobretudo do PT, PMDB e PP. Se o mensalão resultara na prisão da antiga cúpula petista, o petrolão levava à cadeia, sob a suspeita de corromperem agentes públicos, destacados financiadores de campanhas eleitorais. Batizada de Juízo Final, essa etapa da Operação Lava-Jato era a aposta dos investigadores para chegar ao comando do maior esquema de corrupção do país. Em depoimentos formais, delatores e operadores já haviam dito que os cofres da empresa eram surrupiados como forma de levantar recursos para comprar apoio partidário ao governo. O quebra-cabeça estava quase montado. Faltava, no entanto, que um grande empreiteiro informasse quem ordenara essa transação criminosa. Faltava a identificação do chefe, do cabeça, do responsável pelo desfalque bilionário. Para esclarecer essa dúvida, o Ministério Público começou a negociar acordos de delação premiada com executivos de construtoras. Já o governo colocou ministros em campo a fim de mantê-los em silêncio.Essa queda de braço se desenrola há quase cinco meses. Investigadores e advogados de defesa compartilham da mesma análise: quanto mais o tempo passa, maior a probabilidade de um empreiteiro de primeira linha contar o que sabe e, portanto, maior a agonia do governo. Mas essa agonia, ao que parece, está perto de acabar.​Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff disse a interlocutores, numa conversa reservada no Palácio do Planalto, que o Supremo Tribunal Federal (STF) começará a libertar os executivos encarcerados na Lava-Jato. Se essa previsão se confirmar, a tendência é que os empresários abandonem as negociações com os procuradores, tornando praticamente nula a possibilidade de colaborarem com as apurações. Dilma fez tal prognóstico ao falar do julgamento que a Segunda Turma do STF fará, nos próximos dias, do pedido de libertação do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC. Amigo do ex-presidente Lula e considerado o chefe do clube que fraudava contratos na Petrobras, Pessoa ameaçou contar às autoridades detalhes do petrolão se não deixasse a carceragem da Polícia Federal.​Conforme VEJA revelou, ele disse a pessoas próximas que pagou despesas pessoais do ex-ministro José Dirceu e deu 30 milhões de reais, em 2014, a candidaturas do PT, incluindo a presidencial de Dilma Rousseff – tudo com dinheiro desviado da Petrobras. Pessoa também garantiu ter na memória detalhes da participação dos ministros Jaques Wagner (Defesa) e Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social), tesoureiro da campanha de Dilma em 2014, na coleta de dinheiro para candidatos petistas. “O Edinho está preocupadíssimo”, escreveu num bilhete, em tom de ameaça, ainda no início de sua temporada de cárcere. A Segunda Turma do STF é formada por cinco ministros: Teori Zavascki, Celso de Mello, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Apesar de Zavascki ser o relator do caso, as atenções estarão voltadas para Toffoli. Ex-funcionário da liderança do PT na Câmara, ex-assessor do mensaleiro José Dirceu e advogado-geral da União no governo Lula, Toffoli se mudou da Primeira Turma para a Segunda Turma a fim de completar o quórum do colegiado e afastar o risco de que os julgamentos do petrolão terminem empatados, o que beneficiaria os investigados. O currículo do ministro e seus sucessivos votos pela absolvição no processo do mensalão sugerem um ponto a favor dos investigados. Só sugerem.A VEJA, ministros do STF afirmaram que Pessoa e os demais executivos presos – como o presidente da OAS, Léo Pinheiro, outro amigo de Lula – devem ser soltos. “Em alguns casos, já reputo exagerado o tempo de prisão, tendo em vista que as investigações estão realizadas”, disse um ministro da corte. Esse foi o mesmo argumento esgrimido por Dilma no Planalto. Advogados de defesa alegam que o juiz Sergio Moro mantém as prisões como forma de obrigar os presos a fechar acordos de delação premiada. Não haveria base jurídica para que eles continuassem na cadeia. O ex-ministro do STF Carlos Velloso discorda dessa avaliação e lembra que decisões monocráticas de integrantes de tribunais superiores têm ratificado a atuação de Moro. “Ele não está cuidando de ladrões de galinha. O que tem feito se compara ao que os juízes fizeram contra a máfia na Itália.”Apesar de afirmar que a tendência do STF é libertar os executivos, um ministro admite que o caso de Ricardo Pessoa tem um complicador: ele foi preso, entre outras razões, por tentar intimidar a contadora Meire Poza, que trabalhava para o doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do petrolão. Para a pressionarem a não contar o que sabia, representantes de Pessoa insinuaram que poderiam fazer mal à filha dela. Houve uma tentativa clara e cristalina de atrapalhar a investigação, o que afronta regra básica do Código Penal. “Ameaça a testemunhas é, realmente, um problema”, declarou o ministro.Até agora, as investigações já resultaram na abertura de inquéritos no STF contra cerca de cinquenta políticos e dirigentes partidários. Entre eles, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Homem da confiança de Lula, Vaccari é acusado de receber propina em nome do partido. Na semana passada, Alberto Youssef disse em depoimento que um de seus empregados entregou 400 000 reais, em propina paga pela empresa Toshiba, na sede do PT em São Paulo. O destinatário do dinheiro, afirmou o doleiro, era o tesoureiro. A revelação dos detalhes do esquema de corrupção tem desgastado a imagem de Lula e a de Dilma, que, por enquanto, não estão sob investigação. Uma pesquisa para consumo interno do PT mostrou que a popularidade do ex-presidente também está em queda livre. Numa conversa recente, o chefe petista, preocupado, desabafou: “Não aceito ser chamado de ladrão. Não sei como reagiria se fosse chamado de corrupto na rua ou num restaurante”. Por isso, as atenções dele também estão voltadas para a decisão do Supremo.

     

    1. Prá quem confia na VEJA, vai aí o DNA dos isentos investigadores

      Porque eles não perguntam sobre como o Youssef ficou com milhões após o acordo (rompido) do BANESTADO, porque eles interrompem quando o interrogado fala sobre outras gestões que não do PT, etc…combater a corrupção não é fazer embate para criminalizar um partido ou dar um golpe para fraudar a vontade popular mostrada nas urnas.

      Delegados deixaram digitais: achavam que o golpe ia dar certo

      publicado em 14 de novembro de 2014 às 21:02

      6 - 6-Cardozo3-001

      por Conceição Lemes

      Ontem, quinta-feira 13, a reportagem de Júlia Duailibi, publicada em O Estado de S. Paulo revelou: no período eleitoral, delegados da Polícia Federal (PF) usaram as redes sociais para elogiar Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, e para atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma Rousseff, que disputava a reeleição, bem como a replicar conteúdos críticos aos petistas.

      Esses policiais, que mostraram ser anti-petistas militantes e radicais, são simplesmente os responsáveis pela Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras, empreiteiras, doleiros, partidos políticos, funcionários e ex-funcionários da estatal.

      Pela primeira vez os rostos desses delegados estão sendo mostrados. Para isso, contamos com a preciosíssima colaboração do NaMariaNews, que também nos ajudou na busca dos vídeos, das imagens e dos links que aparecem nos PS do Viomundo, ao final da matéria. Como os delegados mudam de nome dependendo da situação, a pesquisa foi bastante difícil.

      São eles:

      Igor Romário de Paula, da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado

      2 - 1- Igor Romario de Paula

      As investigações da Lava Jato estão sendo conduzidas por delegados vinculados a Igor Romário de Paula, que responde diretamente a Rosalvo Ferreira Franco, superintendente da PF do Paraná.

      Igor Romário de Paula, que atuou na prisão do doleiro Alberto Youssef, participa de um grupo do Facebook chamado Organização de Combate à Corrupção (OCC), cujo “símbolo” é uma imagem da Dilma, com dois grandes dentes incisivos para fora da boca e coberta por uma faixa vermelha na qual está escrito “Fora, PT!”

      Márcio Adriano Anselmo, coordenador da Operação Lava Jato

      10 - 9- Marcio Anselmo 2

      Márcio Adriano Anselmo foi quem, no Facebook, afirmou: “Alguém segura essa anta, por favor”, em uma notícia cujo título era: “Lula compara o PT a Jesus Cristo”

      Na reta final do 2º turno, fez comentários em outra notícia, na qual Lula dizia que Aécio não era “homem sério e de respeito”.

      Escreveu: “O que é ser homem sério e de respeito? Depende da concepção de cada um. Para Lula realmente Aécio não deve ser”.

      O delegado apagou há poucos dias o seu perfil no Facebook.

      Maurício Moscardi Grillo, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários

      15 - 12-Mauricio Moscardi Grillo em VIDEO 1-003

      Maurício Moscardi Grillo é o responsável por apurar a denúncia de grampos na cela de Youssef.

      Segundo a reportagem de Júlia Duailibi, ele aproveita a mensagem de Márcio Anselmo, para se manifestar sobre Lula: “O que é respeito para este cara?”

      Grillo também compartilhou uma propaganda eleitoral do PSDB, como a que dizia que Lula e Dilma sabiam do esquema de corrupção na Petrobrás.

      “Acorda!”, escreveu ele ao comentar a reportagem da Veja, que foi às bancas na quinta-feira anterior ao segundo turno: “Lula e Dilma sabiam de tudo”.

      Erika Mialik Marena, da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e Desvios de Recursos Públicos do Paraná

      Erica

      Na delegacia de Erika Mialik Marena, estão os principais inquéritos da operação Lava Jato.

      Em uma notícia sobre o depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás à Justiça Federal, ela comenta: “Dispara venda de fraldas em Brasília”.

      No Facebook, usava o codinome “Herycka Herycka”. Após a reportagem de Júlia Duailibi,  seu perfil foi retirado dessa rede social.

      A denúncia envolvendo esses quatro delegados da PF é gravíssima.

      Estranhamente, a mídia deu pouca repercussão a ela.

      Estranhamente também, até a hora do almoço da quinta-feira, 13 de novembro, a Polícia Federal, o Ministério da Justiça, a Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal (STF) não haviam se manifestado sobre a denúncia do Estadão.

      O Viomundo contatou então as quatro instituições, via suas respectivas assessorias de imprensa. Primeiro, por telefone. Depois, por e-mail, fazendo vários questionamentos.

      Uma pergunta comum a todos:

      –  Que providências pretende tomar em relação ao caso?

      Ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, perguntamos também:

      – A partidarização explícita dos delegados da PF envolvidos na Lava Jato não contamina o resultado da investigação, já que eles demonstraram evidentes objetivos políticos?

      – A partir de agora a Lava Jato não fica sob suspeição?

      Ao ministro Teori Zavascki , do STF, indagamos:

      –  O comportamento dos delegados da PF não contamina a investigação, comprometendo o inquérito?

      – A partir de agora a Lava Jato não fica sob suspeição, inclusive as delações premiadas?

      À Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde fica a sua sede, perguntamos:

      – O que a PF tem a dizer sobre os evidentes objetivos políticos desses delegados?

      Na parte 1 da entrevista abaixo, o delegado Maurício Moscardi Grillo  fala aos 2,06 minutos sobre a PF e como deve deve agir em casos policiais. Imperdível.

      Ele diz que a Polícia Federal é republicana. Exatamente o oposto do que fizeram os quatro delegados da PF durante as eleições de 2014.

      Por isso, perguntamos também à Polícia Federal, via sua assessoria de imprensa:

      –  Como a sociedade vai confiar numa Polícia Federal que não agiu de forma republicana nessas eleições, mas politicamente em favor do então candidato do PSDB, Aécio Neves, e contra a candidata do PT, Dilma Rousseff, e o ex-presidente Lula?

      Do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, quisemos saber, entre outras coisas:

      – Quais seriam as medidas punitivas aos envolvidos no caso?

      – Como a sociedade vai confiar numa Polícia Federal que não age republicanamente, mas sistemática e politicamente em favor do PSDB e contra o PT?

      Nenhum respondeu. Insistimos por telefone.

      Questionada de novo, a Polícia Federal disse que não se manifestaria sobre o caso.

      O procurador-geral Rodrigo Janot também não respondeu. A assessoria de imprensa da PGR, em Brasília, alegou que ele estava em São Paulo e não tinha sido possível contatá-lo. Desculpa, no mínimo, estranha, já que existe celular hoje em dia e de de vários modelos. Não seria mais digno dizer que não iria se manifestar e pronto?

      Como o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não respondeu às nossas quatro perguntas, acrescentamos agora uma nova:

      – O senhor concorda com a nota dos procuradores do Ministério Público Federal, seção Paraná, em apoio aos delegados da PF?

      A íntegra da nota:

      Operação Lava Jato: Membros da força-tarefa do Ministério Público Federal manifestam apoio a delegados, agentes e peritos da PF

      Os Procuradores da República membros da Força-Tarefa do Ministério Público Federal, diante do teor da reportagem “Delegados da Lava Jato exaltam Aécio e atacam PT na rede”, publicada pelo jornal “O Estado de São Paulo” nesta data, vem reiterar a confiança e o apoio aos delegados, agentes e peritos da Polícia Federal que trabalham nessa operação.

      Em nosso país, expressar opinião privada, mesmo que em forma de gracejos, sobre assuntos políticos é constitucionalmente permitida, em nada afetando o conteúdo e a lisura dos procedimentos processuais em andamento.

      A exploração pública desses comentários carece de qualquer sentido, pois o objetivo de todos os envolvidos nessa operação é apenas o interesse público da persecução penal e o interesse em ver reparado o dano causado ao patrimônio nacional, independentemente de qualquer coloração político-partidária.

      O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também nada respondeu.

      No início da noite, a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça nos prometeu enviar o áudio da coletiva de Cardozo, dada um pouco antes em Brasília. Ficou na promessa. Mais uma vez o vazio.

      Como bem observou Fernando Brito, do Tijolaço, no post  Cardoso, o Lento, pede sindicância sobre “delegados do Aécio”, o ministro da Justiça “resolveu agir 12 horas depois que o país tomou conhecimento de que os delegados federais da Operação Lava-Jato participavam, no Facebook, de animadas e desbocadas tertúlias sobre a investigação que conduzem”.

      Cardozo determinou à Corregedoria da Polícia Federal que abra investigação sobre o caso.

      Na coletiva de imprensa, ele disse:

      Lava Jato - Cardoso 2

      Cardozo mostrou mais uma vez que é inepto e incompetente, para o dizer o mínimo.

      Em artigo publicado nesta sexta-feira 14, no GGN,  Luis Nassif acrescenta:

      O Ministro chega às 11 no trabalho, sai às 12p0 para almoçar, volta às 16 e vai embora por volta das 18h. A não ser que se considere como trabalho conversas amistosas com jornalistas em restaurantes da moda de Brasília.

      Será que é por isso que esta repórter não recebeu as respostas de Cardozo até agora?

      As manifestações dos quatro delegados da PF são cristalinas.  Ou será preciso desenhar para Cardozo?

      Nassif diz mais:

      É  blefe a atitude do Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, de pedir uma investigação para a Polícia Federal sobre o ativismo político dos delegados da Operação Lava Jato. O problema da Lava Jato não é o ativismo de delegados no Facebook, mas a suspeita de armação com a revista Veja na véspera da eleição. Se Cardozo estivesse falando sério, estaria cobrando a conclusão das investigações sobre o vazamento.

      Os quatro delegados têm o direito de ter as suas preferências políticas. A questão é que o comportamento desrespeitoso está longe de ser um caso menor. “É um ato político”, avalia Paulo Moreira Leite, em seu blog.

      Na condição de ministro da Justiça, Cardozo, como bem observou Paulo Moreira Leite, deveria saber que o aspecto do caso está resolvido no artigo 364 no regimento disciplinar da Polícia Federal, que define transgressões disciplinares da seguinte maneira:

      I – referir-se de modo depreciativo às autoridades e atos da Administração pública, qualquer que seja o meio empregado para êsse fim.

      II – divulgar, através da imprensa escrita, falada ou televisionada, fatos ocorridos na repartição, propiciar-lhe a divulgação, bem como referir-se desrespeitosa e depreciativamente às autoridades e atos da Administração;

      III – promover manifestação contra atos da Administração ou movimentos de apreço ou desapreço a quaisquer autoridades;

      A questão, portanto, é política. E  parece que Cardozo não quer se dar conta da gravidade do que aconteceu debaixo do seu nariz.

      Nos últimos 12 anos, tivemos vários momentos em que a Polícia Federal agiu em benefício dos tucanos e contra os petistas. E sempre ficou por isso mesmo.

      Em 2006, tivemos o caso do delegado Bruno, eleitor assumido do PSDB,  que vazou para a mídia fotos do dinheiro apreendido no caso dos “aloprados” do PT. A cena foi ao ar na quinta-feira anterior ao primeiro turno da eleição presidencial e ajudou a levá-la para o segundo turno. O delegado Bruno não foi punido por vazar fotos do dinheiro; pegou 9 dias de suspensão por mentir aos superiores.

      Na campanha eleitoral de 2014, tivemos o caso de Mário Welber, assessor do deputado estadual  Bruno Covas, do PSDB paulista. Ele foi detido pela PF em Congonhas com R$ 102 mil em dinheiro vivo e 16 cheques em branco assinados por Bruno Covas. A Polícia Federal ocultou o quanto pode o caso e continua a fazê-lo.

      Em compensação, em 7 de outubro de 2014, a PF de Brasília vazou imediatamente para O Globo a apreensão de avião que transportava dinheiro suspeito. Em seguida, que o detido no jatinho era da campanha do PT em Minas Gerais. São, como sempre, os dois pesos e duas medidas da mídia e da Polícia Federal.

      Eis que na eleição presidencial de 2014, setores da PF aparecem, de novo, atuando em favor dos tucanos e contra os petistas. O vazamento seletivo da Operação Lava Jato já sinalizava o objetivo político e a Polícia Federal do Paraná como uma das possíveis fontes.

      Agora, as manifestações no Facebook dos delegados PF em postos-chave na Lava Jato escancararam as suspeitas. Eles agiram de forma organizada para interferir no resultado das eleições presidenciais de 2014. Deixaram a PF nua.

      O nome disso é golpe.

      Aparentemente, tudo foi bem armado com setores da mídia, sobretudo, neste caso, com a revista Veja.

      Ela antecipou para quinta-feira, 23 de outubro, a ida para as bancas na semana do segundo turno, para que a matéria sobre corrupção na Petrobras e a Operação Lava Jato tivesse mais tempo de  repercussão na televisão, principalmente no Jornal Nacional,   e, assim, influenciasse o resultado da disputa presidencial.

      Veja trazia na capa as fotos de Lula e Dilma, com o título: “Lula e Dilma sabiam de tudo”.

      Em 25 de outubro, véspera do segundo turno, o doleiro Alberto Youssef  foi hospitalizado. Surgiram então boatos de que ele havia morrido envenenado.

      A PF sabia que o suposto envenenamento e óbito não eram verdadeiros. Porém, deixou que isso fosse disseminado durante horas nas redes sociais e nos programas televisivos de domingo sobre as eleições, especialmente os da Globo. Só foi desmentir no começo daquela tarde. Tal ação fazia parte do golpe em andamento, que acabou não dando certo.

      “Os delegados, flagrados no Facebook,  tinham tanta certeza de que o golpe teria êxito que deixaram digitais e provas pelo caminho. Só isso explica o que disseram”, observa um experiente analista da política brasileira.

      Talvez também porque nesses 12 anos do governos petistas outros delegados da PF ficaram impunes.

      Paulo Moreira Leite alerta:

      A campanha anti-PT dos delegados da Polícia Federal lembra os desvios do Inquérito Policial-Militar (IPM)  da Aeronáutica que emparedou Getúlio Vargas em 1954.

      Em 1954, quando o major Rubem Vaz, da Aeronáutica, foi morto num atentado contra Carlos Lacerda, um grupo de militares da Aeronáutica abriu um IPM à margem das normas e regras do Direito, sem respeito pela própria disciplina e hierarquia.

      O saldo foi uma apuração cheia de falhas técnicas e dúvidas, como recorda Lira Neto no volume 3 da biografia de Getúlio, mas que possuía um objetivo político declarado — obter a renúncia de Vargas. Menos de 20 dias depois, o presidente da República, fundador da Petrobras, dava o tiro no peito.

      Mas atualmente é inconcebível, além de inconstitucional, que isso venha a acontecer novamente. Em hipótese alguma, pode-se encarar com naturalidade o anti-petismo militante e radical dos delegados denunciados.

      Para o bem da democracia, é preciso investigar a fundo a tentativa de golpe do qual esses quatro delegados fizeram parte, assim como é preciso combater seriamente a corrupção.

      Do contrário, a democracia corre o risco de ser golpeada de forma mortal mais uma vez.

      PS 1 do Viomundo: Na coletiva de imprensa, o ministro José Eduardo Cardozo disse que a Corregedoria da PF deve apurar primeiramente se as manifestações dos quatro delegadossão verdadeiras.

      Mas como isso vai ser apurado se o site OCC foi quase que totalmente esterilizado após a publicação da denúncia do Estadão? As provas só podem estar com Júlia Duailibi. Será que a jornalista fez os print-screens das páginas? Ou será que ela só teve acesso às fotos daquelas páginas do Facebook?

      PS 2 do Viomundo: É importante que os leitores saibam que os delegados usam seus nomes cada hora de jeito: ou completos, ou em partes. Isso dá uma grande diferença nas buscas.

      PS 3 do Viomundo: Maurício Moscardi Grillo foi nomeado para o cargo em 25/08/2014 – Seção 2, página 54, de acordo com o Diário Oficial da União. Portanto, depois que as investigações da Lava Jato já estavam em andamento.

      14 - 11- Mauricio Moscardi Grillo-DOU

      Quem quiser ver a segunda parte do vídeo do delegado, ela está abaixo.

      PS 4 do Viomundo:  O delegado Grillo também atuou na investigação do mensalão, em 2009. Veja aquiaqui e aqui.

      PS 5 do Viomundo: A delegada Erika Marena trabalhou com o delegado da PF Carlos Alberto Dias Torres como responsáveis pelo inquérito que investigava Naji Nahas, o ex-prefeito paulistano Celso Pitta e outras 27 pessoas. Tudo derivado da Operação Satiagraha,que envolvia dois outros inquéritos, tendo como alvo o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity.

      Pode-se vê-la falando sobre a Lava Jato neste vídeo e neste outro.

      PS 6 do Viomundo: Já que a Superintendência da PF em Brasília se recusou a responder nossas perguntas, o Viomundo gostaria de recorrer, em última instância, à boa vontade do superintendente da PF do Paraná, Rosalvo Ferreira Franco:

      7- Rosalvo Ferreira Franco 1 – Doutor, o senhor sabia que os seus quatro subordinados estavam atuando politicamente no Facebook, jogando no lixo o caráter republicano da PF como um todo? – Que medidas o senhor, como chefe geral, irá tomar?

      [A produção de conteúdo exclusivo só é possível graças à generosa colaboração de nossos leitores-assinantes. Torne–se um deles!]

  2. Desmascaranado os golpistas, enquanto o Zé , ..ora o zé.

    Delegados deixaram digitais: achavam que o golpe ia dar certo

    publicado em 14 de novembro de 2014 às 21:02

    6 - 6-Cardozo3-001

    por Conceição Lemes

    Ontem, quinta-feira 13, a reportagem de Júlia Duailibi, publicada em O Estado de S. Paulo revelou: no período eleitoral, delegados da Polícia Federal (PF) usaram as redes sociais para elogiar Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, e para atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma Rousseff, que disputava a reeleição, bem como a replicar conteúdos críticos aos petistas.

    Esses policiais, que mostraram ser anti-petistas militantes e radicais, são simplesmente os responsáveis pela Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras, empreiteiras, doleiros, partidos políticos, funcionários e ex-funcionários da estatal.

    Pela primeira vez os rostos desses delegados estão sendo mostrados. Para isso, contamos com a preciosíssima colaboração do NaMariaNews, que também nos ajudou na busca dos vídeos, das imagens e dos links que aparecem nos PS do Viomundo, ao final da matéria. Como os delegados mudam de nome dependendo da situação, a pesquisa foi bastante difícil.

    São eles:

    Igor Romário de Paula, da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado

    2 - 1- Igor Romario de Paula

    As investigações da Lava Jato estão sendo conduzidas por delegados vinculados a Igor Romário de Paula, que responde diretamente a Rosalvo Ferreira Franco, superintendente da PF do Paraná.

    Igor Romário de Paula, que atuou na prisão do doleiro Alberto Youssef, participa de um grupo do Facebook chamado Organização de Combate à Corrupção (OCC), cujo “símbolo” é uma imagem da Dilma, com dois grandes dentes incisivos para fora da boca e coberta por uma faixa vermelha na qual está escrito “Fora, PT!”

    Márcio Adriano Anselmo, coordenador da Operação Lava Jato

    10 - 9- Marcio Anselmo 2

    Márcio Adriano Anselmo foi quem, no Facebook, afirmou: “Alguém segura essa anta, por favor”, em uma notícia cujo título era: “Lula compara o PT a Jesus Cristo”

    Na reta final do 2º turno, fez comentários em outra notícia, na qual Lula dizia que Aécio não era “homem sério e de respeito”.

    Escreveu: “O que é ser homem sério e de respeito? Depende da concepção de cada um. Para Lula realmente Aécio não deve ser”.

    O delegado apagou há poucos dias o seu perfil no Facebook.

    Maurício Moscardi Grillo, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários

    15 - 12-Mauricio Moscardi Grillo em VIDEO 1-003

    Maurício Moscardi Grillo é o responsável por apurar a denúncia de grampos na cela de Youssef.

    Segundo a reportagem de Júlia Duailibi, ele aproveita a mensagem de Márcio Anselmo, para se manifestar sobre Lula: “O que é respeito para este cara?”

    Grillo também compartilhou uma propaganda eleitoral do PSDB, como a que dizia que Lula e Dilma sabiam do esquema de corrupção na Petrobrás.

    “Acorda!”, escreveu ele ao comentar a reportagem da Veja, que foi às bancas na quinta-feira anterior ao segundo turno: “Lula e Dilma sabiam de tudo”.

    Erika Mialik Marena, da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e Desvios de Recursos Públicos do Paraná

    Erica

    Na delegacia de Erika Mialik Marena, estão os principais inquéritos da operação Lava Jato.

    Em uma notícia sobre o depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobrás à Justiça Federal, ela comenta: “Dispara venda de fraldas em Brasília”.

    No Facebook, usava o codinome “Herycka Herycka”. Após a reportagem de Júlia Duailibi,  seu perfil foi retirado dessa rede social.

    A denúncia envolvendo esses quatro delegados da PF é gravíssima.

    Estranhamente, a mídia deu pouca repercussão a ela.

    Estranhamente também, até a hora do almoço da quinta-feira, 13 de novembro, a Polícia Federal, o Ministério da Justiça, a Procuradoria-Geral da República e o Supremo Tribunal Federal (STF) não haviam se manifestado sobre a denúncia do Estadão.

    O Viomundo contatou então as quatro instituições, via suas respectivas assessorias de imprensa. Primeiro, por telefone. Depois, por e-mail, fazendo vários questionamentos.

    Uma pergunta comum a todos:

    –  Que providências pretende tomar em relação ao caso?

    Ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, perguntamos também:

    – A partidarização explícita dos delegados da PF envolvidos na Lava Jato não contamina o resultado da investigação, já que eles demonstraram evidentes objetivos políticos?

    – A partir de agora a Lava Jato não fica sob suspeição?

    Ao ministro Teori Zavascki , do STF, indagamos:

    –  O comportamento dos delegados da PF não contamina a investigação, comprometendo o inquérito?

    – A partir de agora a Lava Jato não fica sob suspeição, inclusive as delações premiadas?

    À Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde fica a sua sede, perguntamos:

    – O que a PF tem a dizer sobre os evidentes objetivos políticos desses delegados?

    Na parte 1 da entrevista abaixo, o delegado Maurício Moscardi Grillo  fala aos 2,06 minutos sobre a PF e como deve deve agir em casos policiais. Imperdível.

    Ele diz que a Polícia Federal é republicana. Exatamente o oposto do que fizeram os quatro delegados da PF durante as eleições de 2014.

    Por isso, perguntamos também à Polícia Federal, via sua assessoria de imprensa:

    –  Como a sociedade vai confiar numa Polícia Federal que não agiu de forma republicana nessas eleições, mas politicamente em favor do então candidato do PSDB, Aécio Neves, e contra a candidata do PT, Dilma Rousseff, e o ex-presidente Lula?

    Do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, quisemos saber, entre outras coisas:

    – Quais seriam as medidas punitivas aos envolvidos no caso?

    – Como a sociedade vai confiar numa Polícia Federal que não age republicanamente, mas sistemática e politicamente em favor do PSDB e contra o PT?

    Nenhum respondeu. Insistimos por telefone.

    Questionada de novo, a Polícia Federal disse que não se manifestaria sobre o caso.

    O procurador-geral Rodrigo Janot também não respondeu. A assessoria de imprensa da PGR, em Brasília, alegou que ele estava em São Paulo e não tinha sido possível contatá-lo. Desculpa, no mínimo, estranha, já que existe celular hoje em dia e de de vários modelos. Não seria mais digno dizer que não iria se manifestar e pronto?

    Como o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não respondeu às nossas quatro perguntas, acrescentamos agora uma nova:

    – O senhor concorda com a nota dos procuradores do Ministério Público Federal, seção Paraná, em apoio aos delegados da PF?

    A íntegra da nota:

    Operação Lava Jato: Membros da força-tarefa do Ministério Público Federal manifestam apoio a delegados, agentes e peritos da PF

    Os Procuradores da República membros da Força-Tarefa do Ministério Público Federal, diante do teor da reportagem “Delegados da Lava Jato exaltam Aécio e atacam PT na rede”, publicada pelo jornal “O Estado de São Paulo” nesta data, vem reiterar a confiança e o apoio aos delegados, agentes e peritos da Polícia Federal que trabalham nessa operação.

    Em nosso país, expressar opinião privada, mesmo que em forma de gracejos, sobre assuntos políticos é constitucionalmente permitida, em nada afetando o conteúdo e a lisura dos procedimentos processuais em andamento.

    A exploração pública desses comentários carece de qualquer sentido, pois o objetivo de todos os envolvidos nessa operação é apenas o interesse público da persecução penal e o interesse em ver reparado o dano causado ao patrimônio nacional, independentemente de qualquer coloração político-partidária.

    O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também nada respondeu.

    No início da noite, a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça nos prometeu enviar o áudio da coletiva de Cardozo, dada um pouco antes em Brasília. Ficou na promessa. Mais uma vez o vazio.

    Como bem observou Fernando Brito, do Tijolaço, no post  Cardoso, o Lento, pede sindicância sobre “delegados do Aécio”, o ministro da Justiça “resolveu agir 12 horas depois que o país tomou conhecimento de que os delegados federais da Operação Lava-Jato participavam, no Facebook, de animadas e desbocadas tertúlias sobre a investigação que conduzem”.

    Cardozo determinou à Corregedoria da Polícia Federal que abra investigação sobre o caso.

    Na coletiva de imprensa, ele disse:

    Lava Jato - Cardoso 2

    Cardozo mostrou mais uma vez que é inepto e incompetente, para o dizer o mínimo.

    Em artigo publicado nesta sexta-feira 14, no GGN,  Luis Nassif acrescenta:

    O Ministro chega às 11 no trabalho, sai às 12p0 para almoçar, volta às 16 e vai embora por volta das 18h. A não ser que se considere como trabalho conversas amistosas com jornalistas em restaurantes da moda de Brasília.

    Será que é por isso que esta repórter não recebeu as respostas de Cardozo até agora?

    As manifestações dos quatro delegados da PF são cristalinas.  Ou será preciso desenhar para Cardozo?

    Nassif diz mais:

    É  blefe a atitude do Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, de pedir uma investigação para a Polícia Federal sobre o ativismo político dos delegados da Operação Lava Jato. O problema da Lava Jato não é o ativismo de delegados no Facebook, mas a suspeita de armação com a revista Veja na véspera da eleição. Se Cardozo estivesse falando sério, estaria cobrando a conclusão das investigações sobre o vazamento.

    Os quatro delegados têm o direito de ter as suas preferências políticas. A questão é que o comportamento desrespeitoso está longe de ser um caso menor. “É um ato político”, avalia Paulo Moreira Leite, em seu blog.

    Na condição de ministro da Justiça, Cardozo, como bem observou Paulo Moreira Leite, deveria saber que o aspecto do caso está resolvido no artigo 364 no regimento disciplinar da Polícia Federal, que define transgressões disciplinares da seguinte maneira:

    I – referir-se de modo depreciativo às autoridades e atos da Administração pública, qualquer que seja o meio empregado para êsse fim.

    II – divulgar, através da imprensa escrita, falada ou televisionada, fatos ocorridos na repartição, propiciar-lhe a divulgação, bem como referir-se desrespeitosa e depreciativamente às autoridades e atos da Administração;

    III – promover manifestação contra atos da Administração ou movimentos de apreço ou desapreço a quaisquer autoridades;

    A questão, portanto, é política. E  parece que Cardozo não quer se dar conta da gravidade do que aconteceu debaixo do seu nariz.

    Nos últimos 12 anos, tivemos vários momentos em que a Polícia Federal agiu em benefício dos tucanos e contra os petistas. E sempre ficou por isso mesmo.

    Em 2006, tivemos o caso do delegado Bruno, eleitor assumido do PSDB,  que vazou para a mídia fotos do dinheiro apreendido no caso dos “aloprados” do PT. A cena foi ao ar na quinta-feira anterior ao primeiro turno da eleição presidencial e ajudou a levá-la para o segundo turno. O delegado Bruno não foi punido por vazar fotos do dinheiro; pegou 9 dias de suspensão por mentir aos superiores.

    Na campanha eleitoral de 2014, tivemos o caso de Mário Welber, assessor do deputado estadual  Bruno Covas, do PSDB paulista. Ele foi detido pela PF em Congonhas com R$ 102 mil em dinheiro vivo e 16 cheques em branco assinados por Bruno Covas. A Polícia Federal ocultou o quanto pode o caso e continua a fazê-lo.

    Em compensação, em 7 de outubro de 2014, a PF de Brasília vazou imediatamente para O Globo a apreensão de avião que transportava dinheiro suspeito. Em seguida, que o detido no jatinho era da campanha do PT em Minas Gerais. São, como sempre, os dois pesos e duas medidas da mídia e da Polícia Federal.

    Eis que na eleição presidencial de 2014, setores da PF aparecem, de novo, atuando em favor dos tucanos e contra os petistas. O vazamento seletivo da Operação Lava Jato já sinalizava o objetivo político e a Polícia Federal do Paraná como uma das possíveis fontes.

    Agora, as manifestações no Facebook dos delegados PF em postos-chave na Lava Jato escancararam as suspeitas. Eles agiram de forma organizada para interferir no resultado das eleições presidenciais de 2014. Deixaram a PF nua.

    O nome disso é golpe.

    Aparentemente, tudo foi bem armado com setores da mídia, sobretudo, neste caso, com a revista Veja.

    Ela antecipou para quinta-feira, 23 de outubro, a ida para as bancas na semana do segundo turno, para que a matéria sobre corrupção na Petrobras e a Operação Lava Jato tivesse mais tempo de  repercussão na televisão, principalmente no Jornal Nacional,   e, assim, influenciasse o resultado da disputa presidencial.

    Veja trazia na capa as fotos de Lula e Dilma, com o título: “Lula e Dilma sabiam de tudo”.

    Em 25 de outubro, véspera do segundo turno, o doleiro Alberto Youssef  foi hospitalizado. Surgiram então boatos de que ele havia morrido envenenado.

    A PF sabia que o suposto envenenamento e óbito não eram verdadeiros. Porém, deixou que isso fosse disseminado durante horas nas redes sociais e nos programas televisivos de domingo sobre as eleições, especialmente os da Globo. Só foi desmentir no começo daquela tarde. Tal ação fazia parte do golpe em andamento, que acabou não dando certo.

    “Os delegados, flagrados no Facebook,  tinham tanta certeza de que o golpe teria êxito que deixaram digitais e provas pelo caminho. Só isso explica o que disseram”, observa um experiente analista da política brasileira.

    Talvez também porque nesses 12 anos do governos petistas outros delegados da PF ficaram impunes.

    Paulo Moreira Leite alerta:

    A campanha anti-PT dos delegados da Polícia Federal lembra os desvios do Inquérito Policial-Militar (IPM)  da Aeronáutica que emparedou Getúlio Vargas em 1954.

    Em 1954, quando o major Rubem Vaz, da Aeronáutica, foi morto num atentado contra Carlos Lacerda, um grupo de militares da Aeronáutica abriu um IPM à margem das normas e regras do Direito, sem respeito pela própria disciplina e hierarquia.

    O saldo foi uma apuração cheia de falhas técnicas e dúvidas, como recorda Lira Neto no volume 3 da biografia de Getúlio, mas que possuía um objetivo político declarado — obter a renúncia de Vargas. Menos de 20 dias depois, o presidente da República, fundador da Petrobras, dava o tiro no peito.

    Mas atualmente é inconcebível, além de inconstitucional, que isso venha a acontecer novamente. Em hipótese alguma, pode-se encarar com naturalidade o anti-petismo militante e radical dos delegados denunciados.

    Para o bem da democracia, é preciso investigar a fundo a tentativa de golpe do qual esses quatro delegados fizeram parte, assim como é preciso combater seriamente a corrupção.

    Do contrário, a democracia corre o risco de ser golpeada de forma mortal mais uma vez.

    PS 1 do Viomundo: Na coletiva de imprensa, o ministro José Eduardo Cardozo disse que a Corregedoria da PF deve apurar primeiramente se as manifestações dos quatro delegadossão verdadeiras.

    Mas como isso vai ser apurado se o site OCC foi quase que totalmente esterilizado após a publicação da denúncia do Estadão? As provas só podem estar com Júlia Duailibi. Será que a jornalista fez os print-screens das páginas? Ou será que ela só teve acesso às fotos daquelas páginas do Facebook?

    PS 2 do Viomundo: É importante que os leitores saibam que os delegados usam seus nomes cada hora de jeito: ou completos, ou em partes. Isso dá uma grande diferença nas buscas.

    PS 3 do Viomundo: Maurício Moscardi Grillo foi nomeado para o cargo em 25/08/2014 – Seção 2, página 54, de acordo com o Diário Oficial da União. Portanto, depois que as investigações da Lava Jato já estavam em andamento.

    14 - 11- Mauricio Moscardi Grillo-DOU

    Quem quiser ver a segunda parte do vídeo do delegado, ela está abaixo.

    PS 4 do Viomundo:  O delegado Grillo também atuou na investigação do mensalão, em 2009. Veja aquiaqui e aqui.

    PS 5 do Viomundo: A delegada Erika Marena trabalhou com o delegado da PF Carlos Alberto Dias Torres como responsáveis pelo inquérito que investigava Naji Nahas, o ex-prefeito paulistano Celso Pitta e outras 27 pessoas. Tudo derivado da Operação Satiagraha,que envolvia dois outros inquéritos, tendo como alvo o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity.

    Pode-se vê-la falando sobre a Lava Jato neste vídeo e neste outro.

    PS 6 do Viomundo: Já que a Superintendência da PF em Brasília se recusou a responder nossas perguntas, o Viomundo gostaria de recorrer, em última instância, à boa vontade do superintendente da PF do Paraná, Rosalvo Ferreira Franco:

    7- Rosalvo Ferreira Franco 1 – Doutor, o senhor sabia que os seus quatro subordinados estavam atuando politicamente no Facebook, jogando no lixo o caráter republicano da PF como um todo? – Que medidas o senhor, como chefe geral, irá tomar?

    [A produção de conteúdo exclusivo só é possível graças à generosa colaboração de nossos leitores-assinantes. Torne–se um deles!]

  3. Só discordo de uma coisa, as

    Só discordo de uma coisa, as fontes “próximas ao Palácio”, ou os chamados “interlocutores do ex-presidente Lula”, são muito piores. Embora não descarte a quantidade de fogo-amigo presente nesse governo, eu ousaria afirmar que pelo menos metade dessas fontes são invenção pura e simples. Da Veja tenho certeza, 99,9%

    1. Tem razão

      O “fogo amigo” anda solto. Mas ainda acho pior aquela fonte historicamente desacreditada que passou a ganhar holofotes do nada, como se tivesse acabado de sair de um seminário de formação de padres.  

  4. Agripino e Igor

    Artigo que me faz lembrar que recentemente foi publicada na fsp, quase lado a lado, uma reportagem sobre uma opinião do agripino assinada como  “líder do dem no senado”e um editorialzinho do igor gielow na página 3…com conteúdo  tão idêntico que me ocorreu que o igor passasse a ssinar suas matérias como “líder do dem na fsp” kkkk

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