João Gilberto desmente entrevista à Vejinha

O perfil de João Gilberto no Facebook acaba de divulgar a seguinte nota:

João Gilberto Prado Pereira

URGENTE: Através dessa nota, gostaríamos de DESMENTIR a Veja Rio edição de 9 de junho de 2010,cuja matéria com o sr. João Gilberto é FALSA ! O sr. João Gilberto não concedeu entrevista à tal revista e diz desconhecer a repórter que assina a falsa matéria.A Veja Rio agiu com má fé,sendo anti-ética e irresponsável. Atenciosamente. Christiane Lessa/ Hugo Grimaldi Filho ( Moderadores do Perfil do sr. João Gilberto)há ± 1 hora

João Gilberto Prado Pereira 

 muito. feio. da Veja Rio.hoje. que coisa. feia! colagens.de frases. eu fa.lando. que vou me naturalizar. argentino. que mentira ! falando dos Caymmi. que fal.ta.respeito. a Veja Rio. deste dia. foi infeliz. eu. extrema.mente. triste. com tamanha men.tira. porque publicam .colagens? mentiras? vergonhoso. feio. merecem. uma vaia. prefiro paz. joão.

VejaRio. uma ver.gonha. menti.rosa. não.rea.lizou entrevistas. repi.to ado.ro o cae.tano. meu a.migo. à ele. aos caymmi. à quem de.vo. res.peito. minha des.culpa. pela impren.sa. ver.gonho.sa. que viv.e. ten.tan.do. me por. em apu.ros. com os. que.ridos. carinho. respeito. joão. 

Da Vejinha-Rio
Perfil

Diálogos com o gênio

Sofia Cerqueira

Às vésperas de completar 79 anos e realizar uma rara temporada de shows nos Estados Unidos, João Gilberto fala sobre suas disputas com as gravadoras, as decepções com o Brasil e sua devoção à ioga e à meditação

Dario Zalis
Os famosos pilotis da Gávea: a área mais movimentada do câmpus

Ouvir João Gilberto ao telefone é uma experiência fascinante. A voz baixinha, quase sussurrada como no jeito de cantar que o tornou mundialmente conhecido, de repente se eleva abruptamente em momentos de entusiasmo. A exaltação acontece ao discorrer sobre problemas do país, ao rebater a fama de perfeccionista, em comentários sobre a seleção brasileira, em sua fixação por luta livre, ao recitar um poema de Carlos Drummond de Andrade ou simplesmente ao contar suas visitas a um templo hinduísta, em Los Angeles. Em alguns raros momentos, muda de novo e ganha um tom áspero, irreconhecível e surpreendente. Isso ocorre, por exemplo, quando fala da disputa que trava com sua antiga gravadora, a EMI Music, em que acusa a multinacional inglesa de ter distorcido e adulterado suas primeiras gravações para relançá-las em uma coleção batizada de O Mito. Em síntese, trata-se de alguém imprevisível, que pode surpreender o interlocutor a todo instante. Contrariando a lenda de que economiza nas palavras, ele gosta de falar — sempre pelo celular. Passeia por assuntos que vão desde as últimas notícias dos telejornais, a crença em carma, o interesse por horóscopo, a curiosidade em torno de paranormais até os combates de vale-tudo, sua atração preferida na televisão. Adora enaltecer as qualidades da ioga e é capaz de recitar de cor um longo pensamento do guru indiano Paramahansa Yogananda (1893-1952). Expressa-se com extrema lucidez na maior parte do tempo, alternando um humor ferino com uma doçura quase de criança. Em outros momentos, o discurso revela-se difuso, como quando discorre sobre uma suposta conspiração dos Rolling Stones para manter seus discos fora do mercado.

Dentro de duas semanas, João Gilberto deixará o apartamento em que vive sozinho no bairro do Leblon para subir ao palco do Carnegie Hall, em Nova York. A apresentação acontece no dia 22 em meio ao CareFusion Jazz Festival. Nos dias 25 e 29, ainda tem mais dois concertos agendados, em Boston e Chicago, respectivamente. Serão os primeiros shows desde 2008, quando se comemorou o aniversário de cinquenta anos da bossa nova, gênero musical diretamente associado ao seu estilo de cantar, inaugurado com a gravação de Chega de Saudade, em 1958. É também uma rara ruptura na rotina de isolamento monástico em que se enclausurou. Hoje, seu contato com o mundo externo é mínimo. Passa o tempo tocando o violão, mantido sempre a dois passos de distância, e vendo televisão. Suas refeições são encomendadas nos restaurantes dos arredores e entregues pelo sistema de delivery, com a porta entreaberta. Nem sempre foi assim. Até o início dos anos 90, gostava de tirar o Monza cinza-grafite da garagem e dar longos passeios de carro durante a madrugada. O crescimento da violência urbana o levou a abandonar o hábito. Outra mudança foi o surgimento de um incapacitante medo de avião que o obrigou a diminuir consideravelmente as viagens pelo mundo. A reclusão acabou por reforçar ainda mais a fama de excêntrico, obsessivo, esquisito e, principalmente, brilhante. A seguir, o leitor encontrará a opinião do músico, e sua maneira peculiar de expressá-la, sobre os mais diversos temas. São conversas realizadas ao longo dos últimos seis meses, entremeadas com depoimentos de amigos e pessoas próximas ao gênio, que completa 79 anos na próxima quinta-feira (10).

Perfeccionismo
“Não sei se eu sou assim. Não tem essa história de som perfeito. O que tem é você fazer uma coisa, vir um sujeito e desfazer. E aí você não gostar do que o cara fez. Então você é chamado de perfeccionista. Certa vez estava gravando um disco na Polygram (João, lançado em 1991), na Barra, e dizia: ‘Puxa, está diferente’. E eles diziam: ‘Não está, é a mesma coisa’. Gravava, no outro dia estava mudado. Bom, eu peguei o maestro Guerra-Peixe (César Guerra-Peixe, que morreu em 1993, aos 79 anos) e fomos à gravadora num dia bem cedinho. Escolhemos as músicas. No outro dia tinham mudado. O disco saiu do jeito que não é. Ficou como na América se diz, sem a mordida. Tira a garra, o que pega. Eles sabem muito bem mexer no negócio, não fica nada, não transmite. Aí viro exigente.”

O violão
“Eu tinha um único violão, agora tenho uma porção deles. Isso porque me deram. Mas você só se apega a um. É igualzinho a tudo na vida. Ele está sempre ali, adiante, a dois passos. Acho que não consigo ficar um dia sem tocar. Sento assim, ele está perto, dou um acorde.”

Insônia
“Não sei nem quanto tempo durmo. É pouco. Todo dia naquela luta. Posso estar muito tempo na cama, procurando o sono, mas não durmo. Vou até horas tardias da madrugada, às vezes já vem até a luz.”

Luis Nassif

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