Jornal brasileiro ajuda EUA a repercutir a Lava Jato na África e América Latina

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Reprodução

Jornal GGN – O jornal Folha de S. Paulo se uniu a vários veículos da América Latina e África para repercutir os casos de corrupção descobertos pela Lava Jato, envolvendo principalmente Odebrecht e BNDES, em 12 países. Anunciado no blog Novo Em Folha nesta quinta (22), o projeto “Investiga Lava Jato” é inspirado e sustentado por investigações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre as obras onde a empreiteira admite ter feito pagamento de propina. 

Flávio Ferreira, repórter da Folha e um dos coordenadores do projeto, explicou no Novo Em Folha que os veículos estão unidos para “aprofundar” a cobertura envolvendo a Odebrecht, criando uma narrativa que atende aos “interesses locais”. A ideia é fazer uma “cobertura unificada” sobre os escândalos – sem poupar, a exemplo do que ocorreu em terras tupiniquins, os governos e demais empresas envolvidos.
 
Os jornalistas do projeto se organizaram em março, durante um evento do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, entidade responsável pelo Panama Papers. Eles afirmam que compartilham uma base de dados com cerca de 8 mil documentos, sem especificar a origem do material.
 
A Folha publicou no último dia 15 o que parece ser sua primeira matéria especial para o Investiga Lava Jato: um levantamento de obras da Odebrecht, todas em “países que ela corrompeu”, que terminaram custando 6 bilhões de dólares a mais do que o valor previsto em contrato.
 
Na matéria, há menção ao relatório do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, divulgado no final de 2016, sobre mais de 100 projetos em 12 países em que a Odebrecht teria admitido pagamento de propina.
 
O fato gerou uma proliferação de investigações contra a Odebrecht nesses países, a ponto de a empreiteira exigir da Lava Jato, no acordo de delação premiada, o compromisso de parar de compartilhar informações que possam alimentar processos internacionais, informou a Folha.
 
Apesar do contexto de corrupção criado pela reportagem, a empreiteira respondeu que nas obras que tiveram um preço final acima do previsto, não existiu corrupção. Odebrecht afirma que pagava propina para vencer licitações e não ter obstáculos criados durante o cumprimento do contrato, apenas. “(…)  os acréscimos nos valores dos projetos fora do Brasil não tiveram ligação com qualquer tipo de ilegalidade”, disseram à Folha.
 
A fórmula sobre os gastos excessivos em obras foi replicada em outros artigos. As reportagens do portal foram veiculadas em espanhol e não poupam os presidentes que estavam em exercício na época em que a Odebrecht executou as obras questionadas. É o caso de Néstor e Cristina Kirchner, alvo de uma publicação sobre como se multiplicaram os custos de obras na Argentina.
 
O ex-presidente Lula é citado em apenas um artigo, sobre os “tentáculos da Odebrecht na África”. Com base, mais uma vez, no trabalho do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o Investiga Lava Jato abordou o pagamento de propina por obras em Angola e Moçambique, com financiamento do BNDES.
 
O portal publicou também a foto do encontro de Lula com o então presidente de Moçambique, Armando Guebuza, em 2009, ocasião em que teriam “manifestado apoio” às operações da Odebrecht no país.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

24 Comentários

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  1. Encontro de Freiras.

    Questão de contexto. A Folha está tão mal das pernas quanto o Estadão. A Folha também foi uma das fomentadoras do golpe de Estado em curso. Mas, mais do que uma investigação (muito mais instrutiva é a leitura da Folha até o momento, ou de 2013 em diante, quem sabe?), ela está é interessada em dar uma limpada de barra.

    Afinal, o que importa, em termos de Lava Jato e Odebrecht (que é apenas UMA das envolvidas), é dar um formato distoricido, mas resumido e definitivo, para o tempo que correu.

    Igual àquele filmezinho mequetrefe.

    1. O jornal apenas repercute o

      O jornal apenas repercute o que já foi  promovido pelo MPF, que repassou os processos para outros paises para que esses processem tambem a Odebrecht.

      1. Ándré, você que é uma pessoa

        Ándré, você que é uma pessoa com um impressionante conhecimento de história, já viu um país do tamanho do Brasil fazer isso, colaborar para destruir uma empresa como a Oderbrecht presente em outros países? Fora que, com essa atitude, o Brasil é visto como um leproso por toda américa latina e áfrica, dois mercados fundamentais pro país pra enfrentar o protecionismo americano e europeu (hoje os EUA proibiram de comprar nossa carne). Será que a nossa elite quer se igualar a elite francesa dos anos 30, que permitiu ser invadida pelos alemães para que os invasores dessem um jeito no caos que eles mesmos criaram? É uma sensação de humilhação pior do que perder numa guerra convencional e ser transformado em escravo. 

      2. Caro André
        Repercute porque

        Caro André

        Repercute porque consegue ser mais vira lata e entreguista do que o MPF

        Só não chamo de merda nossa imprensa porque insultaria a matéria fecal

  2. Nós somos os campeões do mundo em vira-latice

    “(…)  O que sentimos ao descrever nossas mazelas gigantescas só pode ser descrito como orgulho desvairado, quase uma forma de ufanismo.

    As revelações da Lava-Jato nos permitem dizer que nenhum outro país é tão corrupto quanto o nosso. E estamos sempre superando nossas próprias marcas. O escândalo do mensalão era o maior de todos os tempos. Agora o escândalo do propinato é maior do que o escândalo do mensalão. Eta nóis!

    Não quero desiludir ninguém, ainda mais depois do golpe na autoestima nacional que foram os 7 a 1 na Copa, mas os americanos nos ganham em matéria de corrupção. Ou pelo menos empatam.

    Notícias do superfaturamento, dos custos fictícios e outras falcatruas de empresas americanas contratadas para reconstruir o Iraque — apenas um exemplo — depois da destruição que eles mesmos provocaram, fizeram murchar minha megalomania.

    Não era só o volume de dinheiro desviado, maior do que qualquer concebível escândalo brasileiro. A Bechtel, a Halliburton, ligada ao então vice-presidente Dick Cheney, e outras empresas americanas ganharam, com exclusividade (“Nossa sujeira limpamos nós” é o lema implícito) e sem licitação, os contratos para reparar os estragos feitos, subsidiadas pelo Pentágono.

    E mesmo com os bilhões de dólares gastos e roubados depois da queda do Saddam, o Iraque continua em ruínas.

    E o pior para o nosso ego é que, com tudo isso, você não ouve os americanos dizerem que são os mais corruptos do mundo. Ainda por cima nos arrasam com sua modéstia”. – Luis Fernando Veríssimo, Empate

    http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:IhYYl09apJwJ:noblat.oglobo.globo.com/cronicas/noticia/2017/04/empate.html+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

  3. A própria elite do Brasil

    A própria elite do Brasil está tornando o país um leproso aos olhos da América Latina e África. Que país vai aceitar uma empresa brasileira agora, tendo o risco de estourar uma denúncia e contaminar o panomora político desse país? 

    Torço que no futuro esse epísódio seja visto como aquelas coisas sem racionalidade, como foi o da hiperinflação alemã e da depressão norte-americana – momentos em que as elites desses dois países deixaram seus países a beira do abismo. No caso americano, Roosevelt salvou o país. No caso alemão, Hitler. 

  4. Roupa suja não se lava em casa

    Roupa suja se lava no estrangeiro.  Se um dono da Folha levar chifre, ele tira o sofá da sala e leva-o para o meio da rua.

  5. Dominação da Conciência

    (1)

    As ligações da mídia e da Lava Jato com o Departamento de Estado dos USA parecem ser maiores do que os acadêmicos afirmaram.

    (2)

    Na Netflix tem um filme chamado La Dictadura Perfecta.

    Qualquer semelhança com as Organizações Globo é mera coincidência.

  6. Imagem acabou

        Acabaram com a gente.

        Vender ou mesmo estabelecer contratos a médio-longo prazo, visando exportação de produtos primários extrativos ou semi-acabados, não é dificil, nem mesmo a concorrência é grande e os preços em sua maioria são internacionais, balizados não pelo exportador mas pelo mercado adquirente.

         Já exportar produtos acabados, ou a nobre exportação de “serviços” ( a que da maior retorno pois alavanca outras ), a construção de confiança com o possivel adquirente, governo ou privado, é um trabalho de anos, que sempre, até para economias desenvolvidas, depende de fatores politicos, diplomaticos, até mesmo financiamentos abaixo do real são aceitaveis e comuns, as “caneladas” entre os competidores pelo contrato ocorrem, operações “heterodoxas” tambem, ainda mais quando paises africanos e asiaticos estão envolvidos. Chineses “exportam” até mão de obra, semi-escrava.

         É um jogo pesado, de Estado, não de ideologia ou partido politico, exportar serviços é vender cultura tambem, é manter empregos no País, não apenas para a empresa vendedora final, mas para as outras nacionais que a auxiliam na linha de produção e fornecimento, portanto esta forma de exportação é mais concorrida, e como fomos atores iniciantes tivemos que pagar um “preço”, e os coxinhas que me perdoem : O MUNDO é ASSIM,  Deltan/Moro não irão muda-lo, aliás deveriam aprender com seus congeneres americanos e europeus, de como a “banda toca” quando são funcionarios do Estado.

          A coisa esta assim : Em fevereiro passado, durante uma feira no Golfo ( Abu Dhabi ), um amigo com relações de anos na região do “barkish” ( “presente” ao comprador , algo normal e corriqueiro na area ), ficou chocado, pois ninguem queria fazer negócio com ele, afinal o nome, a MARCA BRASIL virou sinonimo de perigo, de possivel investigação, dde ações de compliance, então porque comprar Brasil, se nossos concorrentes não tem este problema, perdemos a CONFIANÇA tão demorada e cara para atingir , ela ACABOU, alem de corruptos e corruptores, pegamos a pecha de “dedo-duro”.

          Portanto frente a estas constatações reais, esta reporcagem dos eminentes “jornalistas investigativos”, é só mais uma pá de terra a sepultar nossas ambições externas, espero que estes “jornalistas” se resguardem aprendendo sobre agricultura, agroindustria exprtadora basica, e demais produtos de pais periférico, pois será o que sobrará para eles se deleitarem, e como dizia um amigo já falecido : Jornalista é barato, um editor não vale o que pede, vá direto ao “DONO”, que este vale a pena……..”convencer”.

    1. Muito bom seu comentário e deveria virar post.

      Muito bom seu comentário e deveria virar post.

      No pé em que chegamos, começo a pensar que só mesmo uma ampla insurgência – não sei de que ordem, se militar ou civil ou de ambas as forças irmanadas em defesa do que é nosso –  para que seja retomado o que está sendo destruido ou transferido para corporações/paises interessados apenas em se darem bem em seus negócios e não na defesa do interesse nacional: BNDES, JBS, empreiteiras, Petrobrás, pré-sal, ciencia e tecnologia, saude, programas sociais, cultura, base de alcnantara,…não nos sobra nada: quem mesmo terá condições de desbaratar essa rede poderosa formada pelas tais “forças ocultas” tão presentes na nossa história….mas já não tão ocultas assim: tem até jornal…

    2. Aureliojunior50, você ainda é

      Aureliojunior50, você ainda é otimista. Você acha que ainda haverá agroindústria pros ‘jornalistas’ cobrirem. Do jeito que está, o sonho de quem manda nas finanças do Brasil – a dupla Meirelles Ilan- é transformar o Brasil numa imensa ilhas Cayman, paraíso fiscal, e o resto da população que se vire pra sobreviver. 

      Espero que sua opinião se torne post, pois ela mostra bem os efeitos verdadeiros do que esse moralismo de oitava na economia do país. Diria que hoje o país é visto como um leproso pela América Latina e África, mercados fundamentais num mundo em que EUA e União Européia estão cada vez mais fechados. 

  7. O Brasil, infelizmente, virou

    O Brasil, infelizmente, virou um País de caguetas-sem vergonhas, amparados pelo nosso próprio Estado.

    Demoraremos anos e anos para que escapemos dessa sina.

    Quem ainda tem alguma dignidade e condição para tal o melhor a fazer seria sair do País.

  8. É café pequeno para quem acha que a dita não foi dura mas branda

    Pimenta nos olhos dos Torturados e Assassinados é refresco nos olhos dos Frias.

     

  9. Que tal uma Lava Jato para os

    Que tal uma Lava Jato para os grupos jornalísticos que prestaram auxílio à ditadura militar e colaboraram para a morte de centenas de inocentes que lutavam por liberdade?

  10. “COM SUPREMO COM TUDO”: GLOBO/ MPF CHANTAGEIAM MINISTROS

    “COM SUPREMO COM TUDO”: GLOBO/ MPF CHANTAGEIAM MINISTROS DO STF – À LUZ DO DIA!

    Por Romulus e Núcleo Duro

    “Em suma – mais um triste episódio para a ‘institucionalidade’ (rá… rá… rááá…) brasileira:

    – Ministra que não tem a menor condição intelectual de estar lá no STF;

    – Ministro – Barroso – que se insurge contra o ‘jeitinho brasileiro’ – em Harvard… – tentando dar um ‘jeitão’ e meter um “jabuti” no acórdão.

    Metendo-o, inclusive, na boca de outros Ministros!

    – Chantagem e dossiês rolando soltos!

    – Inclusive com press-release (!): Dallagnol/ Revista Época/ Folha no Twitter na véspera do julgamento!

    – Em consequência, Ministros dando cavalos de pau…

    – E, até mesmo, um dando cavalo de pau no cavalo de pau anterior (!)

    Sim…

    – As ‘instituições funcionam normalmente’ (!)

    – O problema é justamente esse: o ~nosso~ ‘normal’ brasileiro!”

     

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