Jornal implica Lula em denúncia, repercute e só corrige mais de 3h depois

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Reportagem produzida pelo Estadão Conteúdo modifica a realidade ao afirmar que Bernardo, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, ao prestar depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, em audiência nesta segunda-feira (28), teria mencionado que a pressão sofrida pelo pai era para livrar Luiz Inácio Lula da Silva das investigações da Lava Jato.
 
Bernardo prestou depoimento por videoconferência aos investigadores de Curitiba, para apurar se houve uma tentativa do ex-senador Delcídio do Amaral de obstruir a Justiça nas investigações. Neste contexto, o filho do ex-diretor afirmou que recebeu R$ 50 mil em nome de Delcídio, sob o pretexto de ajudar a família de Nestor, para “comprar o silêncio do pai”, sem comprometer os investigados na Lava Jato, entre eles o ex-senador.
 
Mas a ação que apura tentativa de obstruir a Justiça inclui, além de Delcídio, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na banca de investigados. Por outro lado, além da falta de provas contra Lula nos autos, as testemunhas não mencionaram o ex-presidente nessa tentativa de “calar” o investigado da Petrobras, Nestor Cerveró.
 
Quem fez este trabalho foi a imprensa. A reportagem “Juiz marca interrogatório de Lula e Delcídio em Brasília” foi publicada às 16h47 desta segunda (28). Foi corrigida somente às 20h13, com a informação de que Lula não foi mencionado por Bernardo, ao contrário do que havia publicado.
 
Nessas quase quatro horas de erro, o material foi disseminado por todos os veículos, por meio do Estadão Conteúdo. G1, IstoÉ, Uol, entre outros replicaram a informação errada. E somente a noite, já no fim do dia, é que fizeram o alerta: “A nota enviada anteriormente contém uma incorreção. Ao contrário do informado, Bernardo Cerveró não citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em depoimento por teleconferência prestado à 10ª Vara da Justiça Federal”.
 
“O Estado falta com a verdade ao afirmar que ‘Na análise de Bernardo esse dinheiro era para comprar o silêncio do pai, em relação ao então líder do governo (Delcídio), a Lula, Bumlai e André Esteves, entre outros acusados'”, posicionou-se o advogado de Lula Cristiano Zanin Martins.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

10 Comentários

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  1. Qual a novidade? A “imprensa”

    Qual a novidade? A “imprensa” paulista e carioca não existe mais, agora são apenas vagabundos armados de porrete a perseguir o ex-presidente Lula. E não há punição contra isso, não vem ao caso.

  2. Ração pra ruminante “esperto”

    Depois que a ração vai ao cocho, o ruminante corre às redes sociais para avisar pro resto da boiada que tem forragem fresquinha.

    Como a digestão só se dá bem depois, o animal não consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo, ruminar e pensar. Quanto mais se a ração vier da velha e carcomida imprensa brasileira.  

     

  3. Este é um golpe tão velho que

    Este é um golpe tão velho que deveria haver punição imediata para o veículo de informação que tivesse ainda a cara de pau de usá-lo, com o fim de engordar seu faturamento pela via político-ideológica. Pobre povo, que cai nas garras de pegadinhas bancárias feitas à boca do caixa, pegadinhas telefônicas de que seus parentes foram sequestrados, e pegadinhas informativas como essa, elaboradas por criminosos de quinta categoria que se dizem “jornalistas”. 

  4. Esse é padrão da mídia de esgoto

    Prezados,

    Apenas os ingênuos, os ‘polianas’, os incautos ou os de má-fé acreditam que seja simples ‘engano’ ou esquecimento. O PIG/PPV é uma ORCRIM parceira de outra, a da Fraude a Jato. Toda a perseguição e assassinato de reputação do ex-presidente Lula são feitos de forma ardilosamente pensada. Apenas horas depois de repercutir uma notícia mentirosa contra Lula é que os veículos de mídia fazem uma envergonhada correção, que jamais tem a repercussão da notícia falsa e criminosamente plantada.

    Sem a estatização do jornalismo da Globo e sem uma Ley dos Medios, a democracia não tem a mínima chance de sobreviver no Brasil.

     

  5. 4 h de noticia contra lula

    Sendo o Estado uma refercia a outros orgaos de midia, o erro do estado se estende a todos os outros meios. Se os outros não publicarem a mesma errata, o estado é responsavel integral pela omissão dos outros. O fato juridico é o Estado e o Estado deve pagar pelas consequencias. Os outros podem alegar ignorancia, mas são cumplices a partir do momento que o Estado publica a errata.

  6. Não é mole não

    Além da ma-fé de Sergio Moro, a banca de advogado do ex-presidente Lula tem que enfrentar todo santo dia as mentiras da imprensa.

    1. Tá, mas aí o GGN faz uma

      Tá, mas aí o GGN faz uma imagem que apenas reforça o erro da IstoÉ, repete as manchetes erradas, e só depois com algum esforço se consegue entender do que se trata . . . . Eu particularmente não leio nada da imprensa golpista, então não fui atingido por esta matéria, o que me atingiu foi ver isto no GGN, jogando para o inimigo . . . .

      1. Não faço parte da equipe do GGN (infelizmente:)

        Mas…. Antes das imagens tem uma chamada denunciando justamente a ma-fé desses veiculos. Parece claro qual é a intenção do GGN e nos não somos crianças para não entedermos o proposito desta matéria, que é um alerta.

  7. Um passarinho me contou que
    Um passarinho me contou que ao mesmo tempo que essa notícia falsa foi divulgada um grupo de pessoas em carros de som descaracterizados tentou incitar o ódio e s violência contra Lula em algumas das capitais brasileiras. Não tenham dúvidas de que é orquestrado.

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