Jornalistas com iPhones substituem fotógrafos

Por Adamastor

Diário do Nordeste

Jornal demite fotógrafos e coloca no lugar jornalistas com iPhones

POR CARLOS CARDOSO

Um dos maiores desafios da Velha Mídia tem sido entender a Internet. Há casos de sabotagem explícita, casos onde donos de jornais desqualificaram o Online dizendo ser uma moda passageira e casos onde tratam a internet como apenas uma mídia diferente, repetindo a linguagem de sempre e fracassando de forma miserável.

Por outro lado a adoção entusiasmada da Internet também não é uma boa opção. Sem entender direito como a coisa funciona queima-se pontes, mata-se a galinha dos ovos de ouro e termina-se com um produto que não é uma coisa nem outra.

O Chicago Sun-Times está seguindo direitinho essa receita de desastre. Em uma das decisões mais absurdas da História do Jornalismo desde o dia em que deram uma coluna para o Sakamoto, o jornal decidiu demitir todo seu staff fotográfico.

Isso mesmo. O Passaralho passou e levou os 28 membros da equipe. Fotojornalistas com anos de experiência, editores fotográficos, todo mundo rodou bonito.

O jornal não vai virar texto puro. É pior que isso. Em um comunicado explicaram que os repórteres irão passar por um treinamento de “fotografia básica com iPhone” e farão as imagens dos eventos que cobrirem. Eventualmente também usarão freelancers, o que imagino que signifique comprar foto do Instagram de alguém.

MESMO que não houvesse a questão da dupla-função, mesmo que o Will McAvoy Bernstein Kent Salgado da Silva Bresson, o maior jornalista/fotógrafo do Universo fosse o responsável pela matéria, câmeras de celulares ainda não são câmeras de verdade.

Você não tem escolha de lentes, não tem ergonomia, não tem agilidade, não tem profundidade de campo nem outros 500 parâmetros onde uma câmera de verdade supera de longe um celular. Propor essa substituição, no campo do hardware, mostra que a direção do jornal trata a fotografia jornalística como “faz qualquer bosta que tá bom”.

Pensando bem, sorte tem esses 28 demitidos, que não precisam mais trabalhar em um lugar onde seu ofício não é respeitado.

Luis Nassif

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