Jornalista dos EUA explica porque a mídia internacional é crítica a Bolsonaro

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Um artigo do jornalista Brian Winter, editor chefe da revista Americas Quarterly, dos Estados Unidos, explica porque a imprensa internacional é crítica a Jair Bolsonaro, muito mais do que a maioria dos meios de comunicação de massa brasileiros foram durante a corrida presidencial.

“(…) creio que a maior parte de nossas críticas a Bolsonaro tenham origem não na parcialidade mas sim na parte mais importante do trabalho de um jornalista: a observação.”

Winter afirmou ter estudado Bolsonaro por dois anos antes de analisar e passar a escrever sobre a eleição de 2018 no Brasil. “Fiz entrevistas com ele, com seus filhos e com muitos de seus seguidores. E fica claro para mim que o ex-capitão do exército construiu sua carreira em torno da nostalgia pela ditadura, apoio à tortura, redução nas proteções às minorias e aos suspeitos de crimes, e do desejo de permitir que a polícia mate com mais liberdade.”

“Essas posições são centrais para a identidade dele. Em quase três décadas de vida política, ele sempre foi muito coerente, embora seu tom tenha mudado um pouco, recentemente. (…) Assim, quando escrevo que a presidência de Bolsonaro pode prejudicar as instituições democráticas ou resultar na morte de mais pessoas inocentes, creio que eu esteja refletindo com precisão suas palavras e ideias, como deve um jornalista.”

Segundo Winter, a mídia internacional vê em Bolsonaro o reflexo das teses de “Larry Diamond, cientista política da Universidade Stanford, (que) define (um movimento que ocorre em vários países) como uma ‘recessão democrática’, com deterioração de instituições e direitos na Polônia, Turquia, Indonésia, Venezuela e muitos outros países. As declarações de Bolsonaro sobre fechar o Congresso ou fazer uma limpeza nunca vista na história dos esquerdistas do Brasil parecem se enquadrar a essa tendência mundial. Jornalistas americanos como eu também tendem a ver ecos de Donald Trump — que Bolsonaro admira abertamente e a quem ele imitou.”

O jornalista ainda anotou que “talvez” a imprensa internacional tenha hoje mais liberdade para escrever sobre Bolsonaro do que alguns os brasileiros. “Nas últimas semanas, ouvi queixas diretas de diversos jornalistas brasileiros que afirmam que seus patrões já os estão desencorajando de cobrir Bolsonaro de modo crítico, seja por motivos financeiros, seja por motivos ideológicos. Alguns repórteres estão frustrados, e já começaram a procurar novos empregos.”

Ele ainda destacou no artigo que os meios de comunicação internacionais têm bons repórteres correspondentes, a maioria já vive no Brasil há alguns anos e tem boas fontes aqui. O número desse tipo de profissional cresceu a partir dos anos 2000, com impulsionamento principalmente após a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Não é o caso, portanto, de dizer que esses jornalistas desconhecem a realidade brasileira.

Além disso, ele chamou atenção sobre o interesse em temas sensíveis ao País e o modo como são abordados. Ele indicou que “as audiências para as quais escrevemos talvez se importem mais com a democracia do que a maioria dos brasileiros em 2018. (…) Nossos alertas sobre as instituições e os direitos das minorias são vistos pelos brasileiros, para usar uma palavra que ouvi frequentemente, como mimimi.”

Ele fez também uma “autocrítica” indicando que “jornalistas como grupo, quer no Brasil, quer nos Estados Unidos e em outros países, tendem a estar mais à esquerda do que a população em geral, ideologicamente.” Mas, como frisando anteriormente, quando a pauta é Bolsonaro, o presidente eleito não é vítima de parcialidade neste sentido. Suas declarações de décadas falam por si. Por isso quem tem que surpreender, provando que não fará o governo autoritário e contra direitos humanos com o qual flertou nos últimos anos, é Bolsonaro.

Leia o artigo completo aqui.

 
 
 
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

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  1. Incompreensão
    A mídia estrangeira avalia os governantes sem olhar para seu povo. No sábado o Dr Roberto Kikawa foi morto num assalto. Mais uma tragédia, mais uma família enlutada, menos um médico competente, mais um assassino nas ruas. E a preocupação da mídia é o que Bolsonaro disse ou fez. Ele vai bem obrigado. Mas seu povo muito mal.

  2. Vão continuar achando que é

    Vão continuar achando que é tudo “mimimi”. Até que o “mimimi” acerte os seus rabos.

    Aí, vão pedir ajuda a deus ou jesus já que agora é “deus acima de tudo”.

  3. Le Monde ficou vendo o bonde passar

    A imprensa internacional foi muito mais critica e coerente com as eleições brasileiras, até por não ter os mesmos compromissos/interesses politicos e econômicos que têm os proprietarios da imprensa no Brasil. Porém tivemos também o caso incrivel do jornal Le Monde que através de uma mediana cobertura do Brasil de sua jornalista, passou meses “papagaindo” a imprensa nacional e so acordou quando o galo cantou três vezes. O jornal Le Monde merece a estatueta besouro de ouro do jornalismo janjão. Eh caso para estudo. 

  4. Vivo no Brasil. Temos uma justiça corrupta e um Presidente Honesto. Infelizmente os oculos do marxismo internalizado nos reporteres não os deixa enxergar. Olhe para os regimes democraticos: antiga Alemanha Oriental, China, Coreia do Norte, Cuba, Venezuela, Nicaragua. São alguns dos exemplos que poderiam acordar desta anestesia socialista que foi aplicada na midia.

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