Mais dúvidas no Datafolha: jornais x Internet

Mais um ponto polêmico na pesquisa Datafolha.

Segundo duas matérias na Folha de Hoje (veja na sequência), os jornais superam a Internet como fonte de consulta para as eleições: 12% dos entrevistas se informariam pelos jornais contra 7% pela Internet.

Tenho plena convicção de ter lido, na semana passada, pesquisa mostrando que a Internet já supera os jornais.

Além disso, pesquisas muito mais rigorosas, conduzidas pelo Instituto Vox Populi para o grupo Máquina, mostram um cenário diametralmente oposto: a Internet aparecia como segunda fonte de informação (atrás aprnas da TV), par 20,4% dos entrevistados, contra 10,5% dos jornais impressos.

Quem tiver mais dados, ajude a enriquecer o debate.

Da Folha

No Brasil, a TV é muito mais importante do que a internet 

FERNANDO RODRIGUES

DE BRASÍLIA

A pesquisa Datafolha coloca ciência numa tese sempre propagada pelos marqueteiros: a massa de eleitores disponível para ser influenciada está em frente à TV.

Mesmo antes do levantamento do Datafolha havia indícios fortes da preponderância da TV sobre os outros meios de comunicação quando se trata de influir no processo eleitoral. Tome-se o caso da candidata pelo PT a presidente da República, Dilma Rousseff. Ela ultrapassou a barreira dos 30% das intenções de voto em fevereiro -justamente quando apareceu de forma hegemônica em programas do PT.

Em maio, com uma nova bateria de comerciais petistas a seu favor, Dilma Rousseff empatou tecnicamente com José Serra (PSDB).

O tucano talvez tenha tirado menos do que poderia das propagandas televisivas: os comerciais do PSDB pró-Serra foram transmitidos no meio da Copa do Mundo.

Estrategistas serristas argumentam que houve um efeito. As propagandas, mesmo durante o torneio de futebol, sustentaram o candidato e impediram uma erosão de sua taxa de intenção de votos nas pesquisas.

Ontem, no início da noite, José Serra tinha pouco mais de 309 mil seguidores no microblog Twitter. Dilma Rousseff vinha a seguir com 128 mil. Marina Silva ostentava a marca de 110 mil.

Como a internet é um meio interativo por excelência, a impressão inicial é que esses exércitos de seguidores podem fazer a diferença no momento em que o processo eleitoral esquentar. É sempre bom para um político ter 100 mil eleitores fazendo campanha de maneira espontânea.

Mas há dois problemas. Primeiro, só 7% se informam sobre a eleição na web. Segundo, as mensagens dos militantes internéticos parecem ser dirigidas só aos que já decidiram o voto.

Tentar falar com quem ainda está indeciso pode ser uma estratégia útil na web. Dos 7% que dizem usar a internet como meio principal para obter dados dos candidatos, 32% respondem que ainda podem mudar de opinião. Essa taxa é menor entre os que usam TV (26%), jornais (28%) e rádio (24%).

PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010 

TV é a principal fonte de informação dos eleitores 

Segundo Datafolha, jornal vem em 2º lugar na preferência de entrevistados

TV é a mídia preferida para obter informações para 65% das pessoas; jornais têm 12%, e rádio e internet, 7% cada um

UIRÁ MACHADO
DE SÃO PAULO

A televisão é o principal meio de comunicação utilizado pelos eleitores brasileiros para se informar sobre os candidatos que disputam as eleições neste ano.

Segundo o Datafolha, 65% dos entrevistados afirmam que a TV é a mídia preferida para obter informações.

Os jornais aparecem em segundo lugar, com 12% de preferência, e a internet e o rádio vêm em terceiro, com 7% cada um. Conversas com amigos ou familiares são apontadas por 6%.

INTERNET

Nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, em 2008, segundo informações do Pew Research Center, instituto de pesquisa americano, a internet era a principal fonte de informação de um quinto do eleitorado do país.

No Brasil, a popularidade da rede é baixa mesmo quando o Datafolha pede para os entrevistados citarem três meios de comunicação usados para se informar: 27% mencionam a internet, que fica atrás de conversas com amigos e familiares (32%).

A TV é lembrada por 88% e continua em primeiro lugar. Em segundo vêm os jornais, com 54%, e rádio aparece em terceiro, com 52%.

O Datafolha ouviu 10.905 eleitores em 379 municípios de todo o país (exceto Roraima). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.

SEGMENTOS

Entre os principais candidatos à Presidência, a internet tem maior penetração entre os eleitores de Marina Silva (PV): 11% dizem que a rede mundial de computadores é a principal fonte de informação, contra 7% dos que têm intenção de votar em José Serra (PSDB) e 7% dos que afirmam querer votar em Dilma Rousseff (PT).

Acima da média nacional, 70% dos nordestinos afirmam que a TV é a principal fonte de informação sobre os candidatos, e os moradores do Sudeste são os que menos preferem essa mídia (60%).

A TV é também o veículo mais citado pelos mais pobres: 68% entre os que têm renda familiar mensal acima de dois salários mínimos, em contraposição aos 47% dos que ganham acima de dez salários mínimos.

O jornal, por sua vez, tem maior penetração entre os mais ricos: 24% dos que têm renda familiar mensal acima de dez mínimos.

O melhor desempenho da internet ocorre entre os mais escolarizados (20% entre os que têm ensino superior), os mais ricos (18%) e os mais jovens (14% dos que têm de 16 a 24 anos).

Vox Populi: Mídia brasileira tem alta credibilidade

Embora a TV se mantenha soberana como principal fonte de informação, o rádio e a internet são mais confiáveis

Por Alexandre Zaghi Lemos

Embora a TV se mantenha soberana como principal fonte de informação da população brasileira, o rádio e a internet têm mais credibilidade. É o que revela pesquisa encomendada pelo Grupo Máquina ao Vox Populi, que ouviu 2,5 mil pessoas maiores de 16 anos, entre 25 de agosto e 9 de setembro, no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

O levantamento mostra que os sites de notícias e blogs jornalísticos já são a segunda principal fonte de informações, citados como primeira opção por 20,4% dos entrevistados e ficando atrás apenas da TV, com seus 55,9%. Na sequência, aparecem jornais impressos (10,5%) e rádio (com 7,8%).

Com uso crescente no País, as redes sociais foram citadas como principal fonte de informação por 2,7% da amostra, ficando à frente das versões online dos jornais (1,8%) e das revistas impressas (0,8%) e online (0,1%).

Quando o assunto é credibilidade, o ranking sofre modificações consideráveis. O Vox Populi pediu que os entrevistados dessem notas de 1 a 10 neste quesito aos meios de comunicação listados. Resultado: o rádio pulou para o primeiro lugar, com média 8,21. Em seguida, estão sites de notícias e blogs jornalísticos (8,2), TV (8,12), jornais online (8,03), jornais impressos (7,99), revistas impressas (7,79), redes sociais (7,74) e revistas online (7,67).

Como as notas médias variaram apenas meio ponto percentual, pode-se concluir que não há crise de credibilidade nos veículos de comunicação brasileiros – pelo menos na avaliação do público.

O economista Luis Contreras, consultor do Grupo Máquina e coordenador da pesquisa, foi surpreendido pelo fato de as redes sociais, embora um fenômeno recente, já desfrutarem de credibilidade similar aos demais meios. “Entre os usuários dessa nova mídia, 40% consideram-na como de credibilidade muito alta. Isso nos mostra claramente que não podemos ignorar o poder das redes sociais na formação de opinião”, frisa.

Ednilson Machado, sócio-diretor do Grupo Máquina, acrescenta que a pesquisa aponta uma tendência das pessoas se informarem pelas redes sociais, até então vistas mais como plataformas de relacionamento. “Isso faz da internet um ambiente ainda mais promissor. Como as redes sociais demandam muito tempo de interação, acabam sendo um veículo mais próximo das pessoas”, avalia.

Como a tradicional mídia eletrônica representada pela TV e pelo rádio se saiu bem na pesquisa, o dado negativo foi mesmo a menor relevância de jornais e revistas impressos. “A internet já tem praticamente o dobro de citações como principal meio de informação em comparação aos jornais impressos, que tradicionalmente são considerados de mais credibilidade entre os formadores de opinião”, salienta Machado.

A avaliação pública expressa pela pesquisa contrasta com o resultado de uma consulta feita no ano passado pelo próprio Grupo Máquina a 600 formadores de opinião. Perguntados sobre quais suas fontes de informação, mais da metade (53%) citou a mídia impressa (jornais e revistas), deixando a TV com menos de 10%. Na ocasião, a internet já aparecia bem colocada, com aproximadamente 30% das citações.

Luis Nassif

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