Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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MasterChef Júnior: adultificação das crianças e fim da vergonha, por Wilson Ferreira

 

O episódio do assédio sexual através das redes sociais sofrido pela menina Valentina na primeira edição do reality televisivo “MasterChef Júnior” é a ponta do iceberg de um movimento mais profundo e perigoso: o fim da vergonha como a barreira que continha a sedução pela barbárie e a adultificação das crianças pelas mídias. Sexismo, ódio, assédio sexual e intolerância que invadem as redes sociais lembram as sombrias profecias de escritores libertinos do século XVIII de que um dia as perversões privadas se tornariam virtudes públicas. E as crianças, transformadas em mini-adultos em um programa de final de noite onde correm contra o tempo segurando o choro, são o reforço motivacional para os telespectadores acordarem no dia seguinte e repetirem as mesmas situações na fábrica ou no escritório.

Os leitores devem já conhecer a opinião desse Cinegnose em relação ao reality show MasterChef da Band: é um bullying gastronômico – um programa de final de noite com o objetivo de reforçar subliminarmente a ideologia pela qual seremos regidos quando acordarmos no dia seguinte para trabalhar: o princípio do desempenho.

Correr contra o tempo em busca da eficácia, eficiência, produtividade, mérito e cumprimento de metas sob as chibatadas de algum superior do tipo gerente, diretor, gestor etc. MasterChef transforma isso em diversão ao nos deliciarmos em ver pessoas angustiadas e esbaforidas correndo contra o relógio sob gritos e olhares inquiridores de chefes de cozinha. Igual o que acontecerá com o telespectador no dia seguinte na vida real na fábrica, escritório ou em outra empresa qualquer.

Algo assim como o observado pelo filósofo Theodor Adorno em relação ao riso sadomasoquista ao vermos o Pato Donald sendo mais uma vez demitido pelo Tio Patinhas com um chute no traseiro: riso nervoso porque no fundo sabemos que um dia passaremos por aquilo.

Pois agora a franquia MasterChef quer ir além: não basta apenas reforçar o princípio do desempenho no presente, em adultos telespectadores sadomasoquistas. Agora o programa tem que pensar no futuro: as crianças. 

Elas também devem conhecer o futuro que as aguarda: correr contra o tempo, competição, facas, panelas de pressão e… bullying e assédio sexual.

MasterChef Júnior é mais um produto da franquia que estreou a semana passada na Band onde vinte crianças entre nove e treze anos participam de uma competição culinária. 

Enquanto as crianças em suas bancadas corriam contra o relógio (mostrando os ponteiros em closes dramáticos sob uma trilha de suspense ao melhor estilo do clássico western Matar ou Morrer com Gary Cooper) e seus pais torciam observando a tudo do alto de um mezanino, nas redes sociais os competidores mirins era alvos de comentários adultos elogiosos e outros nem tanto.

Valentina, menina de 12 anos, tornou-se alvo de comentários de teor sexual. Alguns chegando a apologia ao estupro. Infelizmente para Valentina seu refinado ravióli recheado com gema de ovo mole não foi o que a levou ao topo do Trending Topics no Twitter, mas sim a chuva de comentários do calibre de “panela nova é que faz comida boa”, “Valentina: se tiver consenso é estupro?” ou “#valentinaplayboy”.

“Novinha”, “vagabunda”, “já aguenta” foram os “elogios” mais “leves” de homens em perfis do Facebook e Twitter.

Duas questões chamam a atenção nesse triste episódio: a tendência atual da transformação das perversões privadas em “virtudes” públicas e a adultificação midiática das crianças.  

Vergonha e barbárie

Freud afirmava de forma sombria que a civilização não podia existir sem o controle dos impulsos, principalmente o da agressão e da satisfação imediata. Para ele, andamos no fio da navalha do perigo constante de sermos possuídos pela barbárie: a violência, a promiscuidade e o egoísmo. A vergonha é um dos principais mecanismos para manter a barbárie à distância: o temor em praticar certos atos ou manifestar certos pensamentos. Tornam-se misteriosos e temíveis pelo fato de serem continuamente escondidos das vistas do público.

Recentemente o escritor e semiólogo italiano Umberto Eco acusou as redes sociais de “terem dado o direito de falar a uma legião de idiotas”. Talvez seja mais do que isso: as redes sociais vêm anulando o mecanismo civilizatório da vergonha – ódio, intolerância, racismo, sexismo, assédio e perversões tornam-se públicas, não mais como sintomas patológicos mas agora como “opiniões”, “haters”, “politicamente incorretos” ou, o que é pior no caso brasileiro, resistências contra a “demonização” do sexo imposta por uma suposta conspiração chefiada por “feminazis”, a “ditadura gay” e a ideologia do politicamente correto das Esquerdas. 

Certa vez Choderlos de Laclos, autor do romance Ligações Perigosas, do século XVIII, afirmou que um dia as perversões privadas se tornariam virtudes públicas – e ironicamente a profecia realiza-se no sofisticado ambiente tecnológico da Internet. A barbárie que sempre flertou com a civilização e o psiquismo de cada um de nós ganha um inusitado impulso eletrônico-digital.

Adultificação da criança

E relacionado a isso temos o fenômeno da adultificação da criança. TV, cinema e, mais tarde, YouTube criaram uma dinâmica cultura da celebridade que substituíram o antigo modelo paterno de ego ideal. Os pais modernos sempre sentiram que a mídia superou há muito a família como agência socializadora. Por isso, tornar o filho em imagem tornou-se o único legado que os pais podem deixar.

Já foi o tempo em que a mãe orgulhosa mostrava o bebê e a sua foto – o book de fotos era a única memória familiar palpável. Mais tarde, a obsessão do filho fazer parte de books de agências de cast de filmes publicitários. Hoje, a chance de virar uma celebridade em um reality júnior qualquer.

A proletarização dos pais e a vida familiar cada vez mais rarefeita fizeram os filhos serem expostos cada vez mais cedo ao mundo externo, desde a creche nos primeiros meses de vida até chegar ao único legado da paternidade ausente: transformar o filho em imagem e celebridade.

 
Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

20 Comentários

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  1. O buraco é mais embaixo
    Wilson, parabéns por abordar tão bem a questão que já estava me incomodando desde que o “caso Valentina” veio à tona: o problema de programas de TV como esse é muito anterior ao assédio sofrido pela menina. Nunca assisti a essa versão brasileira justamente porque já havia visto as estrangeiras (pela TV a cabo) e já me indignava com a crueldade a que são submetidas essas crianças. E com a anuência dos pais (de olho no $$$)!Humanitas, quo vadis?

  2. Advogado do Diabo

    Advogado do Diabo

    Ainda não assisti um episódio sequer, deste Master Chef Junior, só que a curiosidade aumenta cada dia ao ler e assistir comentários insistentes e a menina como a protagonista. Já até procuere na net pra ver se esta menina é assim tão atraente como a pintam, até agora não consegui flagrar a celebridade, não sei ainda quem é, estou esperando passar na band novo episodio, para finalmente comprovar, ou não, tantos comentários.

    Em matéria de marketing os produtores do referido programa, devem estar muitíssimos satisfeitos.

    Vamos ao assunto.

    Em primeiro lugar a impressão que surge é a existência de um exagero de quem se propõe a opinar, tanto dos comentários sobre a menina, como de quem repudia e critica tais comentários. Guardo comigo que as campanhas nos mais diversos assuntos na sociedade brasileira é de uma incompetência assustadora. Só lembrando a campanha da dengue. Em vez de informar e orientar a população, disseminam o TERROR.

    DENGUE MATA.   CUIDADADO COM DENGUE    VOCE PODE SER O PROXIMO    DEFENDA-SE   ESCONDA-SE

    Não é nada disto. Não obstante as mortes imputadas a dengue, que muito provavelmente, nem isto pode ser considerado como verdade, quem pode afirmar que a dengue apenas potencializou a morte de pacientes que já se encontravam em estado precário de saúde.
    É só ver as estatísticas do numero de mortes e o numero dos doentes. O numero de mortes é completamente desproporcional com os dentes. É desprezível proporcionalmente.

    As campanhas de seca e a URGENCIA  do populacho economizar agua. NO MINIMO SUBSTIMAM COM A INTELIGENCIA ALHEIA. Papagaios de pirata são separados e dão entrevistas públicas, repetindo como um mantra a obrigação do zumbi economizar na hora de tomar o banho. Logo após tais entrevistas destas campanhas imbecis, o noticiário joga na cara dos telespectadores hipnotizados, o ancora de tais programas televisivos, com cara de dolor, avisa alarmado do diluvio que cae na cidade, inundando as ruas, matando afogado na enxurrada o infeliz incauto.

    Campanha do VOTO.

    Só pra não se alongar muito. Ficamos por aqui mesmo. Precisa falar da campanha convocando o “cidadão” pro dever de comparecer as eleições?

    Não vote nulo!  Faça valer seu direito ( ? )

    Bem.
    E a Valentina?

    A primeira impressão é que os críticos dos comentários são tão, ou mais destrambelhados, do que aqueles que criticam.

    Ta todo mundo querendo aparecer. Mostrar ao mundo que existe.                      Inclusive eu (?)…

    O politicamente correto.

    Ta deixando o mundo, chato… Muito chato.

    As feministas então….    Hilario. Após campanhas hidrofóbicas, radicais e intensas, conseguiram finalmente, tornar a nova geração de “homens”, alguma coisa entre a masculinidade e a feminilidade. O tal homem feminino. Só que este homem feminino é como a mulher, passional no relacionamento amoroso, dificilmente digerindo com as separações. O homem não deveria se desequilibrar facilmente qdo a femea fosse embora. O homem protegia sua companheira, deveria mostrar segurança. E jamais agredir. Existe algum estudo antropológico que aponte se houve aumento da violência contra a mulher antes desta geração?

    O ser humano é imperfeito, primitivo, frágil. Os olhos que acusam são os mesmos que necessitam de indulgencia. E assim a hipocrisia reina absoluta.

    1. falou falou e não disse nada que preste

      Como se dizia antigamente: falou, falou e não disse nada que preste.

      Pode reparar que a maioria das pessoas que escreve querem contribuir para a discussão com argumentos racionais o que não tem sido o seu caso. E não é a primeira vez. Esta no blog errado

      1. !

        Como se dizia antigamente…

        Vc deve ser uma pessoa de maturidade.

        Sabe o que é?

        Precisa ter saco pra colocar tudo o que a gente pensa de forma que o populacho entenda.

        Dai a gente tenta alguma coisa subliminar, pra alcançar a maior manada possivel.

        Não importa que vc tenha se incomodado (a) com meus textos.

        Não quero que vc goste de mim.

        Não preciso de voto. E nas eleições, voto nulo.

        Muito provavelmente vc vai me criticar por isto, né não?

        Os inocentes uteis são os que mais precisam de tolerancia. Este meu texto que vc não gostou, esta cifrado, não se trata de escopofilia, diria até codificado, porque se eu fosse mais transparente, ai sim os ativistas de todas as areas iriam querer o meu coro. E eu não sou nada bobo, não. Quero viver até os 100 anos pra ver tanta coisa que ainda ta pra acontecer.

        Abraço

  3. Se a produção do programa não gostasse do que criaram!

    Se a produção do MasterChef Junior não quisesse propagandear o mesmo, simplesmente teria censurado as mensagens e não falado sobre as mesmas.

    E tenho um Blog (que está desativado) em que coloquei uma foto de uma indiazinha de menos de dez anos para ilustrar algo nada a haver com pedofilia ou coisas do gênero. Um tarado, desses que habitam a Internet, mandou uma mensagem nojenta, simplesmente censurei a mensagem e tirei a foto da menina para não incentivar outros tarados da rede.

    Doentes mentais sempre tivemos e sempre teremos, logo ele devem ser colocados no local que eles merecem, na LIXEIRA.

  4. Há uma infantilização do sexo

    Há uma infantilização do sexo com participação indústria da beleza, com a qual muitas mulheres, consciente ou incoscientemenete colaboram, a depilação do púbis iguala mulheres adultas às crianças. Os pelos pubianos indicam a maturação sexual, a retirada é uma busca desenfreada para voltar a ser impúbere.

    1. Já escrevi isso por aqui, de outra vez

      Mas corre-se o risco de ser, eu mulher, entendida como machista.

      Leio tudo, observo tudo e vejo em quem argumenta, aqui, incongruências, inconsistências e, até, uma análise com farol baixo sobre essa questão. Contudo, paro para perceber também as minhas próprias incoerências e/ou inconsistências.

      A conferir. 

  5. Vivemos no Capitalismo e sob a égide do Deus dinheiro.

    Vivemos no Capitalismo e sob a égide do Deus dinheiro.

    Desde sempre fomos levados/ incentivados a enxergar o mundo dos nossos filhos como a possibilidade de realização dos nossos sonhos não realizados/ frustrados. 

    Giramos em círculos.

    O Pai que vê o filho fazendo embaixadinha e leva-o para jogar bola e sonha que ele seja o craque de um grande time para ganhar dinheiro e ter sucesso e dar orgulho para os familiares: meu filho é bem-sucedido.

    A Mãe que vendo a filha com altura e rosto bonito leva-a para fazer o tal do booking, indo com ela para todo lugar, sonhando com a carreira de modelo da filha para a “menina” ganhar dinheiro e ter sucesso e dar orgulho para os familiares: minha filha está ganhando muito dinheiro e ficando famosa.

    E nesse trajeto muito da infância vai sendo perdida. O Projeto dos pais é transferido para os filhos, porque, os pais não lograram a Vida de aparências com o luxo dos apartamentos de 400 metros quadrados, da BMW na porta e das “amizades” selecionadas.

    A criança nunca é criança. É apenas uma antecipação continuada de tudo. E os pais é que coordenam o futuro dos filhos.

    O filho realiza as frustrações dos pais, os filhos podem encher de orgulho os pais, tudo antecipado e sem a formação da criança, do adolescente para encarar a vida de uma maneira equilibrada e madura.

    Ultrapassasse etapas.

    Hoje brincar de bonecas é atividade de criança de 5 anos, com 7 anos já se está preocupado com o futuro da criança. Minha filha vai ser Médica.  Eu não vou deixar minha filha fazer Educação Física, porque é a Medicina que vai garantir um futuro promissor para a minha filha, se ela quiser vai fazer uma pós em Medicina esportiva e trabalhar na área do Esporte.

    O Capitalismo ensina desde cedo a gente a estabelecer metas. Esses pais que sujeitam seus filhos ao Reality Show nada mais fazem do que transferir para os filhos as metas deles. Creem dará certo com os filhos o que não lhes foi possível.

    E nós sabemos, o quanto é comum este fato de interferir na Vida dos filhos, crendo que a felicidade se dá através do encaminhamento da carreira do filho/filha para uma Profissão de sucesso. Felicidade é sinônimo de dinheiro.

    Nas classes médias tradicionais e eu me incluo nela, a felicidade de uma mãe e de um pai é ver o filho/filha lograr uma posição na pirâmide social andares acima dos progenitores, vira um sinal de vitória, um orgulho sem medidas e um peito aberto para se respirar fundo e dizer: – meu filho é um vencedor! Novo emprego com salário 4 vezes maior, apartamento de luxo nos jardins, vai casar e passar a Lua em Dubai, etc.

    Porém, fuja do script, nas classes médias tradicionais, e veja o que acontece com você.

    O Capitalismo não perdoa ninguém. Ele vem para nos agarrar e nos tornar reprodutores de uma lógica de profissão rentável = trabalho bem-remunerado + sucesso profissional e, por fim, felicidade!

    Seja o que for essa Felicidade. Feita de coisas. Feita máquina. Feita repetição. Feita sem reflexão. Feita reprodutora do Sistema. E muitas vezes vazia de sentido, de sentimentos de realização e profundamente superficial. Vida de aparências e sem um sentido mais humano e solidário. E entristecida lá no fundo d´alma.

    O ter acima do SER.  

    Muito da brutalidade e ódio dos tempos de hoje é fruto dessa hierarquização da felicidade, onde, traduzem-se as coisas materiais como sinônimos de ser feliz.

     

    A Ideologia do dinheiro, da sociedade do 1% é o grande Reality Show do Mundo Pós-Moderno. 

  6. Não vi e não gostei. Realitys

    Não vi e não gostei. Realitys são para quem é realmente rico em tempo e pode jogar o mesmo fora. Não é o meu caso.

    A sexualização precoce que o artigo aborda é diga-se de passagem  a outra ponta da pedofilia, os dois casos são doenças sociais, com abordagens diametralmente opostas. Não me interessa a pedofilia, que a policia cuide. No caso da sexualização de crianças não existe nada que impeça, a esquerda até simpatiza, tem esses acolhimentos de meninas grávidas, panfletos. A cabeça de uma pessoa carente que inicia na vida sexual é de que está se valorizando, tornando-se adulta. Na mente de uma menina que engravida ela ganha respeito, “prioridade”.  Eu como pai de meninas se tiver que lidar com isso tenho pouquíssimos instrumentos, fico praticamente impotente. Certa vez procurei colégiios internos e descobri que praticamente não existem mais, felizmente não precisei. O povo quer putaria e fica se queixando quando ela bate à sua porta. Esquerda e direita abraçadas na sexualização infantil, com muita hipocrisia recheando os fatos.

  7. Depois de se lambuzarem com certa questão do Exame…

    ..Nacional de Ensino Marxista – ENEM, de uma autora que defendia o sexo com crianças, ficaram chocados com a pedofilia em programa rastaquera? Típica hipocrisia progressista.

    Falando em Chordelos de Laclos lembrei-me da Marquesa de Merteuil e do Visconde de Valmont, que segundo a historiadora Carole Seymour-Jones existiram em carne e osso no Século XX, chamavam-se Simone e Jean-Paul.

    Não esquecendo que as depravações privadas, praticadas por todas as classes sociais e seguidores de quaisquer ideologia política, tornam-se virtudes públicas pelas mãos dos liberais e dos esquerdistas, principalmente estes.

    Caso alguém peça a fonte faça-me o favor, pesquise, pois abundam.

    1. Praxe acadêmica

      “Depois de se lambuzarem com certa questão do Exame Nacional de Ensino Marxista – ENEM, de uma autora que defendia o sexo com crianças, ficaram chocados com a pedofilia em programa rastaquera? Típica hipocrisia progressista”.

      Ora, Rebolla, todos sabemos que comunistas comem criancinhas. É da natuteza do bicho.

      Mas essa prática gastronômica é vetada aos reaças. A esses resta comer coxinhas.

  8. Só uma perguntinha…

    Onde as meninas da comunidade quilombola Kalunga se encaixam nessa prolixa e prescindível análise?

    ***

    Para as meninas quilombolas a hashtag não chega

    por Djamila Ribeiro — publicado 27/10/2015 

    Diferentemente da comoção em torno de Valentina, do Masterchef Júnior, o caso das meninas negras abusadas no interior de Goiás foi logo esquecido

    Meninas quilombolas

    O caso das meninas quilombolas caiu no esquecimento

    Em abril deste ano, foi noticiada a denúncia de trabalho infantil e exploração sexual contra crianças e jovens negras da comunidade quilombola Kalunga, em Cavalcante (GO), cidade localizada na Chapada dos Veadeiros, a 310 km de Brasília.

    Os relatos dos abusos, investigados pela Polícia Civil, foram à época transmitidos à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (hoje Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos) pelo presidente da Associação do Quilombo Kalunga de Cavalcante (GO), Vilmar Souza Costa.

    O assunto veio à tona numa reportagem da TV Record e denunciava o possível envolvimento de vereadores e ex-vereadores do município em casos de assédio sexual cometidos contra crianças e adolescentes negras.

    Segundo informações da Record, o inquérito dessas denúncias surgiu no final de 2014, a partir de apontamento do Ministério Público de Goiás e mostra que Cavalcante registra, em média, cinco inquéritos similares por ano.

    Após o caso de Valentina, a menina de 12 anos participante do programa Masterchef Júnior, que foi vítima de comentários criminosos por pedófilos nas redes sociais, me lembrei desse caso das meninas kalungas. Como será que o caso está?

    Houve uma grande repercussão à época da denúncia, mas nada parecido com o que ocorreu com Valentina. Com isso, não estou afirmando de modo algum que a violência contra Valentina não deveria ser denunciada e apurada, estou tão somente externando um incômodo por não ter visto grandes sites feministas criarem campanhas de apoio às meninas kalungas ou maior comoção das pessoas.

    A realidade dessas meninas é bem diferente da de Valentina. Tratam-se de meninas pobres que desde muito cedo vão trabalhar e ser exploradas em casas de famílias onde trabalhariam em troca de alimentos. Nesses locais, sofreriam os abusos sexuais pelos patrões. Na comunidade onde vivem não há escolas e, ao viverem longe dos pais, vivenciam maior vulnerabilidade.

    Meninas negras, por sofrerem machismo e racismo, estão muito mais vulneráveis a esse tipo de abuso. Segundo dados da Unicef na pesquisa Violência Sexual, o perfil das mulheres e meninas exploradas sexualmente aponta para a exclusão social desse grupo.

    A maioria é de afrodescendentes, vem de classes populares, tem baixa escolaridade, habita em espaços urbanos periféricos ou em municípios de baixo desenvolvimento socioeconômico. Muitas dessas adolescentes já sofreram inclusive algum tipo de violência (intrafamiliar ou extrafamiliar).

    Ainda segundo essa pesquisa, no Centro-Oeste, o estado de Goiás é o que apresenta a situação mais grave – exatamente onde as meninas kalungas vivem.

    Toda campanha criada no sentido de denunciar esse tipo violência é válida e necessária, mas é urgente pensarmos a partir de um olhar interseccional para que seja possível contemplar meninas com maior vulnerabilidade, sobretudo negras.

    Pesquisei sobre a situação dessas meninas e não encontrei nenhuma informação que falasse sobre o andamento do caso. No mundo delas, onde campanhas com hashtagnão as alcançam, quem não vai deixá-las cair no esquecimento?

    http://www.cartacapital.com.br/sociedade/para-as-meninas-quilombolas-a-hashtag-nao-chega-7864.html

    Mais em:

    Meninas de 10 a 14 anos de comunidade quilombola Kalunga são vítimas de escravidão sexual em Goiás

    Casos de abusos de crianças kalunga ocorrem há mais de 20 anos, diz líder

    1. Acredito que o autor trate do

      Acredito que o autor trate do “tornar público aquilo que é imoral” e não do abuso em si, que acontece independentemente disso. O dado que chama a atenção é a falta de vergonha de quem expõe a imoralidade publicamente, algo que me parece inédito. Uma das caraterísticas do imoral é o atuar pelas sombras. Isso parece estar se alterando.

      Se não entendermos esse fenômeno e só ficarmos com análises moralistas (do tipo, “isso é ruim, é mal e fim de papo”) vamos cair num erro imenso e deixarmos o fenômeno à solta. O problema de tornar público isso é que o compartamento tende a se multiplicar mais, a ganhar validade, a se racionalizar, se encorajar e até entrando na vida pública numa última etapa por via de um partido ou algum tipo de organização. Isso é bastante preocupante.

  9. Juntando o que se pode.

    Do que ouvi aí em cima, em minha compreensão:

    A esquerda estimula isso e depois reclama. Lembro-me, mas, não com detalhes, da visita de um(a) secretário(a) de educação da França, ao Rio de Janeiro da época do Secretário Darcy Ribeiro que entusiasmado levou a autoridade francesa para conhecer o programa infantil mais popular do Brasil à época, Show da Xuxa, ou Programa ou outro qualquer “Coisa da Xuxa”. Ao assistir o programa ele(a)  pergunta ao brasileiro: Isso é um programa infantil? Na França seria proibido. Jamais uma apresentadora de programa infantil, na França, se vestiria como uma dançarina de cabaré, levando as crianças ao mesmo comportamento. Lembra da discussão Xuxa X Serra sobre estímulo à gravidez? Não me consta que a Xuxa comungue de princípios “esquerdistas”. 

    Nos casos apontados há pouco tempo, sobre o “Caso Araceli” e “Ana Lídia”, não me consta envolvimento da esquerda.

    Lógico que não associo a direita a pedófilos, mas, a bem da verdade, é a vertente política que mais olha para o seu umbigo. Se o meu ganho interessa mais que o bem estar do mais necessitado, não é difícil encontar nesse lado mais pessoas achando que “seus direitos” valem mais que o direito de quem não tem direito algum. Também não é difícl chegar a uma opinião de que se alguém não tem direito como eu tenho, logo o direito dele pode ser o meu. Daí a aberrações como homofobia, racismo, “xiitismo” não chega nem a ser um pulo, acho que um palmo estaria mais proporcional.

    Não vejo como estímulo o respeito ao direito, de adultos evidentemente, à liberdade de opção, escolhas etc. Aí a esquerda é bem mais presente.

    Não critico ninguém por votar em desajustados, ou mesmo, por votar nulo. Só não os imito.

    Acho infantilidade dos pais, por mais que não pareça, transferir seus “sonhos” para os seus filhos e assim, não só destruir os sonhos deles, mas, também a realidade. O esforço a que submetem essas crianças chega a ser desumano. Lógico que a criança não percebe, só quando chega a aneroxia e outras doenças associadas é que a ficha pode cair, sem certeza, no entanto.

    Doentes como esses que veem uma criança como objeto de desejo sexual, existem e existirão sempre. Aí o Estado deveria empregar sua força, com força. O descuido com que esses assuntos são tratados, que deveria nos interessar mais que os “eventos econômicos”, afinal, é violência contra criança é, na verdade, uma violência a nós todos. A hipocrisia de destacar uma situação e esquecer das outras, como a das quilombolas, é lamentável, mas, é real.

    Vamos torcer que haja remédio para, pelo menos, diminuir essas repetições.

    De minha parte queria ver a PF, PC, PM tão atuante em outras situações, e dentro de suas atribuições, serem tão proativas como tem aparecido na imprensa brasileira, que cá entre nós, colabora pouco para minorar esses problemas.

     

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